A garota trancafiada.

Ela é bela, como o passar de páginas.
        Sua caligrafia indiferente ao tempo,
        Palavras curvadas e sorrisos lineares,
        Me deito no berço do conhecimento.

E este é meu reduto de letras.
        Apresento-lhes, o pátio, a sabedoria.
        O cadeado fechado, jamais aberto.
        A escadaria em versos.

Para aqueles que aqui ousam se aventurar,
        A garota trancafiada irá lhe receber,
        Pois assim, a beleza jamais lhe deixará ir,
        E assim, o conhecimento irá lhe guiar.

Patchouli.

"Mas eim?" *Pergunto a mim mesma olhando aquela poema, estampado na frente da maior biblioteca de Magnólia, enquanto adentrava o local.*
"Isso aqui é enorme." *Penso enquanto eu olho os cinco andares, com mais que alguns quilômetros quadrados cada.* - Tem alguém ai? *Pergunto, fazendo minha voz ecoar naquele mar de livros.*

*...*

*Não se ouviu uma resposta.* "Cadê a bibliotecária?" *Comecei a chamar, mas ninguém me respondia, então segui em frente, dando uma olhada nos titúlos ali presentes.* "It, O misterioso senhor Quin, O diário dos sonhos, Another..." *Depois continuei a procurar por alguma alma viva ali, mas sem sucesso, indo em direção a mesa da bibliotecária que estava a uma boa distância.*

*Quando finalmente cheguei lá, eu entendi parte do poema, havia uma garota com mais ou menos uns quinze anos, literalmente pilhada em cima de vários livros, com um deles aberto.

"Me deito no berço do conhecimento." *Penso com uma risada, malvada.* "E eu pensando que ela estava falando figurativamente." *Ela era uma garota de cabelos roxos, vestida o que parecia somente com um vestido longo e branco, com uma boína e um ornamento em formato de lua na cabeça.*

— Acorda. Vamos, eu não vim aqui pra nada. *Digo a ela com um sorriso, enquanto a cutuco com o dedo.*

*Então ela abriu um dos olhos aos poucos, e assim que me viu.*

— Waaaaah! Waaaaah! *Ela deu grito se debatendo nos livros, fazendo a pilha embaixo dela cair, e fazendo ela cair junto, enquanto fazinha um barulinho.* ~ Mukyun!

"Que?" *Me perguntei ao ouvir o gritinho de susto da garota e dando uma risada ao vê-la cair no chão.* - Que exemplo de funcionária... *Digo com um ar de deboche para a garota, enquanto a ajudava a levantar.* - Dormindo no horário de trabalho? *Pergunto com um sorriso cínico.*

*A garota ficou muito vermelha, e logo pegou um livro para tampar o seu rosto, enquanto falava numa vozinha bem fina.* - P-p-prazer! *Disse ela estendendo a mão, trêmula por trás do livro que ia da cabeça ao começo do torso da garota.* - É, bem... a biblioteca está aberta o tempo todo. E... e... eu também tenho que dormir. *Ela me diz apressada, se sentando na cadeira a minha frente.* - Como eu posso ajudá-la?

*E ela disse isso tudo por trás do livro em seu rosto.* - Você é estranha. *Dou uma risada malvada.* - Mas não me importa, eu só quero saber se aqui tem um livro sobre a magia das estrelas, porque me interessou.

*Logo após a pergunta, a garota abaixou o livro, mostrando só os olhos que eram também muito roxos, ela ainda estava vermelha.* - Nessa biblioteca temos, mil setecentos e trinta e quatro livros que falam especificadamente sobre esse assunto, sete mil oitocentos e vinte e nove livros que citam, e cinco mil e oito artigos sobre o funcionamento e caracteristicas. *Ela diz os números rapidamente, como se estivesse procurando na memória as informações.*

— Os livros especificos estão no segundo andar, setor 3A, corredor #8, interceção G, da décima quinta prateleira a décima oitava da esquerda para a direita. *A garota diz novamente com os olhos vidrados em algo que parecia estar além de mim, o que me fez ter curiosidade para olhar para trás e não ver nada, assim que me virei e ela parou de falar, os olhos pareceram voltar ao normal, fazendo ela ficar vermelha novamente e escondendo o seu rosto no livro.*

— Você é uma garota muito estranha sabia? *Pergunto com uma risada debochada.* - Você tem alguma doença pra ficar vermelha tão fácil assim, ou é só por vergonha besta mesmo? *Pergunto novamente dando uma risada debochada da garota, mas dessa vez eu ouvi uma resposta não gaguejada, apesar de fina da mesma forma.*

— Você é mais estranha, com esses chifres e esse cabelo pintado. *Ela diz com um quê de acusação na voz, antes de perceber o que tinha dito e ficado com vergonha de novo.* - N-n-não que eles não sejam bonitos e legais. *Ela disse parecendo se desculpar.* - N-n-na verdade... eles são bem bonitos! *Então ela parou um tempo, ajeitou sua boína.* - É! É, é uma boína bonita! *Ela diz, enquanto o livro escapa das suas mãos e mostra que ela esta sorrindo, quase que instantaneamente ela fica vermelha de novo, vai pegar o livro no chão, esticando a mão e fazendo a cadeira cair em cima dela.*

~ Mukyu.

*Novamente ela fez o barulinho estranho, quando caia, dessa vez eu não me segurei na risada e estava gargalhando, então ela se levantou com o livro em frente ao rosto, parecendo mortificada.* - E-eu quis dizer que os chifres são bonitos. *Ela explica apontando para os chifres acima de minha cabeça.* - É... é... quer que eu a leve lá? *Ela perguntou apontando para o segundo andar.* 

— Aceito sim. *Respondo a ela com uma risada sádica.* - Mas quem vai cuidar da biblioteca, enquanto você me leva lá? *Pergunto curiosa com outra risada.*

— Ah... ahm... ahm... *Murmura a garota olhando para os lados, parecendo procurar algo ou alguém.* - Koa! *Grita a garota, parecendo exigir todo seu pulmão para quase não fazer som.* - Koa! *E assim ele repetiu "Koa" por alguns minutos, até algo aparecer do quinto andar voando.*

— Ai está você! *Dessa vez em uma voz autoritária.* - Temos uma visitante. Ela precisa de ir no segundo andar. *O que vinha do quinto andar, era uma mini pessoa, com asas de morcego nas cosas e na cabeça, ruiva com olhos vermelhos e trajando algo parecido com um uniforme escolar, gravata, saia e jaqueta.

— Tudo bem Patchy! *A mini pessoa, sorria mostrando estar feliz.* - Eu cuido daqui pra você!

— Se não se importar Kijin. Você poderia nos teleportar para o segundo andar? *Ela me pergunta ainda escondida atrás do livro que segurava.*

— Espera ai, como você sabe meu nome? *Pergunto curiosa para a garota, sem saber como ela poderia ter descoberto e então percebo que ela baixa novamente o livro deixando somente os olhos a vista.*

— Registro 35064. Magos da Sabertooth. Página 40. Linha 27 a 30. Kijin Tenjigo, também conhecida como Escárnio das Trevas, adentrou a guilda a cinco anos atrás, possuí atualmente 16 anos, com 1,68 m de altura, 57 Kg. Possui ótimas relações com Saber, o espiríto da guilda, faz parte do time Sabertale junto com Kori Hinohime, há uma má relação com Ethel, o líder da guilda, apesar de respeitá-lo, ficou conhecida pelo seu extremo sarcasmo, falta de empatia com desconhecidos, arrogância e pela frase: "Meu propósito na vida é importunar o mundo." Usa magia de Gravidade e mais recentemente de tempo, boatos dizem que a mesma está buscando aprender uma magia defensiva.

*Então após soltar toda informação de uma vez, ela parou, deu uma respirada e continuou.*

— Passado... desconhecido. As duas únicas pessoas que possuem tal informação, são Tammy e Saber. Há citações em setenta e seis artigos do conselho mágico, e oito citações na revista "Bruxa Semanal", há também três citações no livro: "Magos prodigíos."

*Então novamente a cor voltou aos olhos da garota, me olhando com interesse.* - Pode me chamar de Patchouli, oude Patchy se preferir. 

*Eu fiquei boquiaberta. Não consegui esconder o choque de ter ouvido todas aquelas informações, jogadas em mim, daquela forma, mas depois de um momento, eu dei uma risada, e coloquei um sorriso malvado, encostando em seu ombro.*

— Patchy? *Pergunto a ela novamente.* - Você é muito enxerida para ficar bizoiando a vida dos outros assim. *Digo a ela, enquanto nos teleporto para o segundo andar, e sem se sentir afetada como a maioria das pessoas, ela começou andar em passos curtos sem olhar para o caminho, virando e fazendo curvas, mas sem tirar a cara do livro, mas ainda assim ela parecia envergonhada.*

— E-e-eu não sou enxerida. *A voz saia como uma acusação, mas a finura da voz era tal, que parecia mais como uma reclamação.* - É o meu trabalho. *Diz ela fechando o livro, colocando embaixo do braço e pegando um de uma prateleira enquanto a gente andava, abrindo e começando a ler.*  - E... e... é porque eu me interesso pelos magos de Fiore. 

"Era engraçado ver ela ficando com vergonha por qualquer coisa." *Eu dou uma risada má ao vê-la se explicar.* - Relaxa, eu não ligo de você ser uma bisbilhoteira enxerida. *Digo com outra risada.* - Eu só quero ler sobre a magia. *Digo a ela enquanto andava.* - Ela me interessa, coisa que você não consegue. *O que é uma baita mentira, a cada segundo que passava, estava mais e mais intrigada com a garota.*

*Então ela virou com uma cara feia para mim.* - E-e-eu sei mais coisas sobre você! E-e-eu sei que você não quer que informações suas sejam espalhadas! Pare de me trata mal, se não eu vou contar pra todo mundo! *Começou a falar em um tom ameaçador, que não era nada ameaçador, então sorri para ela.*

— Como você mesmo disse... "Eu não tenho empatia com desconhecidos." *Dou uma risada.* - Posso te matar, ninguém vai saber que fui eu e... 
*Então eu senti uma aura de poder emanar dela e uma dor começou a me apertar o peito.*

— Você não vai matar a Patchy! *Disse a mini garota, voando em direção a ela e apontando o dedo para a minha direção, enquanto lágrimas caíam.* - Ela é minha melhor amiga! Você não vai matar ela! Eu vou matar você primeiro! 
*Assim que terminou de gritar para mim, algo pareceu ter acontecido, e ela perdeu o brilho nos olhos, a dor passou, e ela foi pousar no ombro de Patchouli, para então tomar cor novamente.*

— Koa! Não aja dessa forma com os visitantes. *Patchouli a alertou com uma voz fina, enquanto eu tossia e escorava em uma das prateleiras.*

— Desculpe Kijin. Koakuma, não sabe que você costuma ameaçar as pessoas para ver as reações. *Ela diz com o rosto ainda escondido por trás do livro, o lendo, enquanto ficava vermelha.* - Chegamos.

*A garota disse, enquanto abaixava o livro com uma mão e apontava o lugar com o dedo indicador.* - É ali. *Então começou apontar para outra direção.* - Depois de pegar o que você preferir, naquela direção a mesas com chás de camomila e biscoitos para você comer caso queira. *Ela explica, então olha novamente para a demôniozinha calada, sentada no ombro dela.* - Ah é mesmo! *Exclama Patchouli sorrindo.* - Eu esqueci. *Então de repente, a mini pessoa ruiva no ombro dela, começa a voar sorrindo.*

— Desculpa Patchy! Eu vou voltar para o meu posto! *Diz ela feliz, voando em direção a mesa da bibliotecária, e então ela virou-se novamente para mim, que estava calada, extremamente surpresa pelos últimos acontecimentos.* - Devolva o livro para o mesmo lugar, não use a magia de espaço para roubar e não cause um alvoroço aqui. *Patchy dizia sorrindo, me alertando e dessa vez não foi uma tentativa de ameaçar, ela parecia realmente estar só avisando.*

— Obrigada. *Engulo seco com um sorriso para a garota.* - Então não diz pra ninguém não ok? *Digo a ela com um sorriso sádico.* - Você não precisa ser enxerida e fofoqueira. *Dou uma risada debochada.*

— Não irei. *Ela respondeu com um sorriso e se afastou lendo o livro, eu pude perceber que ela lia bastante rápido, pois voltando, ela colocou o livro novamente na prateleira aonde ela tinha tirado no começo, e pegou um outro e começou a ler.* - Que garota estranha... *Digo a mim mesma, enquanto vou a preteleira, pego um livro sobre a magia das estrelas que parecia ter o maior número de páginas e vou em direção ao lugar que ela apontou com chá e biscoitos.*

— Ultimamente ando encontrando muitas pessoas estranhas. *Dou uma risada malvada.* - Primeiro aquela louca da Lunevoir, agora uma minhoca de livro. *Dou mais uma risada malvada.* - Por que ninguém é normal? *Pergunto novamente com uma risada, sabendo da ironia dela reclamar da normalidade dos outros.*