Aos dez anos
Os garotos da escola eram ruins
Eles levantavam a sua saia
A garota gostava dos seus cachos
Porém as mães das outras meninas não
Então ela foi chamada de "bonita"
Pelo professor
Que gostava que ela ficasse no seu colo

Aos quinze anos
Os ficantes eram bons e gentis
Eles também eram bons na cama
Porém ela um dia escutou
A sua vizinha a chamando de "puta"
E nisso ela se baseou

Aos vinte anos
O seu namorado era violento
Mas ele sempre dizia que a amava
E que ela da violência era a causa
Ela tinha medo de ficar sozinha
E ele a chamava de "louca"
E nisso ela acreditava

Aos vinte e cinco anos
E a sua mãe sussurrava no seu ouvido
Que ela não podia, ela não podia
E que estava na hora
De refazer a sua progressiva
E era chamada de "frágil"
E nisso ela se tornou

Aos trinta anos
Gerou um bebê, era uma menina
E logo a menina cresceu
E ela se culpava por tudo
Pobre menina, que herdou seus cabelos
Pobre menina, que nasceu mulher
E foi chamada de "mamãe"
E nisso ela se apoiou

Aos cinquenta anos
Sua filha era grande
E uma adolescente rebelde
Usava preto, usava roupas largas
Beijo uma garota
E foi chamada de "aberração"
Por sua própria mãe
E nisso ela viu o que se tornou