Void escrita por Lilindy


Capítulo 9
Capítulo 6 - Respostas


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas, mais um capítulo. Esse é enorme!!! Agradecemos os comentários de Apenas Lorena, Elaine Nascimento e Nathy ♥ E também a mais um acompanhamento! Então, vamos a mais um capítulo!! Boa leitura!



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Thomas Heinfield falava desesperadamente o quanto não queria a presença do FBI na Eichen House. Malia o encarava tentando o fazer parar de falar.

— Escuta doutor, isso é uma investigação, não possui autoridade para passar por cima do FBI.

— Claro que possuo! Claramente as atitudes desta novata corrompem até meus melhores enfermeiros. – Heinfield aponta para Zoey enquanto fala, a garota levanta-se de onde estava sentada, irritada.

— Eu cansei das suas atitudes antiéticas e nada profissionais, doutor! Como pode? O comportamento de rebeldia dos pacientes é conseqüência dos maus tratos e negligência!

— Negligência? – Heinfield encara Zoey. – O que sabe sobre comandar uma instituição como essa? Você sabe alguma coisa? Obviamente não, é só uma criança tentando impressionar seu chefe! Até sei bem o por que foi admitida.

O doutor olha a garota de cima a baixo após sua declaração.

— O quê?! – Zoey caminha até Thomas Heinfield, levanta seu punho  direito, a vontade de socá-lo fazia suas mãos formigarem. Mesmo assim ela abaixa seu braço e o encara. – Você é desprezível!

Falando isso Zoey sai da sala batendo a porta com força. Sabia que Thomas não autorizaria mais suas visitas, nem os interrogatórios. Porém, ainda tinha uma pessoa em que ela poderia confiar naquele local.

— Viram? – Perguntava Heinfield para os agentes presentes na sala. – Não existem mais negociações, não vou permitir. Ela é a culpada de toda a inquietação desse lugar, incluindo o mau comportamento de Warner.

— Quando diz mau comportamento, está insinuando o fato de Warner oferecer ajuda para o FBI  depois de tantas tentativas e o senhor doutor ficar sem nenhum crédito ou fama com isso? – indaga Theo, continuando logo em seguida.

— Podemos passar por cima de você, a situação pode apertar, quer ser responsável por mais vítimas?

Heinfield revira os olhos, encarando o agente Raeken em seguida.

— Não tente me enganar rapaz, está tentando defender a namoradinha fingindo que importar-se com os pobres e inocentes. Mas quer a mesma coisa, quer os créditos do caso!

Theo se levanta rapidamente, puxa o doutor pelo gola de sua camisa e o impressa na parede.

— Você é um patife!! Me dê uma boa razão para não esmurrar esse seu rosto! – Falava Theo claramente irritado, Heinfield por sua vez estava surpreso e encurralado pelo agente.

— Theo! Theo! – Malia levanta-se de sua cadeira. – Ei, para! Larga ele, não vale a pena! – Pede Tate, colocando a mão sobre o ombro direito do seu parceiro, tentando acalmá-lo.

— Theo, para! Vamos, vamos. – Malia o afasta do doutor que por sua vez afasta-se dos dois.

— Vão embora ou eu chamo a segurança! Vão!

                                                    ***

Zoey encara Barney, implorando com os olhos para entrar no corredor do andar de baixo e tentar falar com Roman.

— Senhorita Starling, eu não posso! Serei demitido!

— Só cinco minutos, cinco minutos contados no relógio Barney. Heinfield não permitirá uma outra visita e eu preciso de uma pista, de uma resposta. Por favor, Barney! – Pedia a garota para o enfermeiro. Barney suspira e pega as chaves logo depois.

— Cinco minutos senhorita, apenas isso.  Seja rápida.

— Obrigada Barney, obrigada! – Agradecia Zoey, sorrindo para o enfermeiro.

                                                 ***

Roman estava sentado no chão de sua cela. Ouvia as vozes vindo da televisão colocada em frente a sua cela, embora seus pensamentos estivessem longe das notícias televisivas. Os olhos fechados visualizavam Zoey. Seus cabelos, seus olhos, as expressões de seu rosto e até a sua voz que parecia combinar perfeitamente com todas as suas características que a tornavam tão encantadora para ele.

— Senhor Warner? – Ele escuta a voz, aquela voz. Será que estava delirando? Por fim, resolve abrir os olhos e lá estava ela, de pé, parecia cansada. Os cabelos desarrumados e agora soltos, batiam em sua cintura.

— Senhor Warner? – Roman levanta-se e desvia seu olhar. Será que ela estava mesmo ali? Será que tinha conseguindo permanecer no caso? Ou a reunião teria sido um desastre? Isso explicaria a expressão de desespero no rosto da garota.

— Senhorita Starling, parece apreensiva. – Observa ele se aproximando do vidro.

— Talvez, só temos cinco minutos. Eu preciso de uma pista!

— Então aceitou meus termos? Sabe, faz 3 anos que eu não vejo um rio ou...

— Não temos tempo para isso! – Zoey interrompe Roman. – Eu não tenho mais autorização para está aqui! – Ele sorri.

— Sem um acordo? Que pena, Starling, eu não posso ajudar. – Ela coloca os cabelos para atrás, mordendo o lábio.

— Só uma dica, considerando que não terá mais envolvimento no caso. Eu só preciso de uma dica, senh... – Ela pausa sua frase. Roman encosta-se no vidro, muito próximo a ela. – Roman. É tudo que peço, não  irei importuná-lo mais. Só estou pedindo uma pista.

— Está pedindo? E o que eu lhe pediria em troca? – Ambos se olham, a garota vê as mãos de Roman, fecha os olhos, tentando tirar aquilo da cabeça.

— Não temos tempo para isso Warner, por favor! – Ele dá de ombros.

— Sem acordos, sem trocas. – Fala ele afastando-se do vidro. A garota o observa,  frustrada e impotente. Balança a cabeça e sai do campo de visão de Warner, andando derrotada no corredor. No caminho Zoey avista Biggs e assustada, ela apressa os passos.

— Ainda não terminei com você, formosura! – Biggs lambia os lábios. – O que me diz de outro machucado, hein? – Zoey estava espantada – Vamos, espere eu sair daqui outra vez, docinho. – Biggs encarava-a com seu olhar perverso.

— Zoey! Zoey! – Roman a chamava – Zoey!

Ela corre até a última cela. Roman parecia furioso, atordoado, a expressão de raiva o dominava. Controlando a respiração ele olha para ela.

— Irei ajudá-la. – A confusão surge em Zoey, como assim ele iria ajudá-la?

— Quê? – pergunta ela em um sussurro. – Roman...

— Escute, de acordo com você temos mais um minuto e nada mais que isso certo?

— Certo. – Responde ela.

— Faça você mesmo. – Diz ele. – Me pediu uma pista e estou lhe dando uma, ainda que pequena. Decifre-a. – Zoey assente, andando em direção a saída.

— Zoey? – Ela vira-se, olhando para ele, que parecia novamente preocupado. – Ande mais rápido dessa vez, por favor.

Fazendo um gesto afirmativo com a cabeça, andando quase correndo pelo corredor até ás grades da entrada e Barney fechá-las.

                                              ***

Zoey coloca as chaves do seu carro na mesa e tira sua jaqueta, tinha sido um longo dia. Os pulsos ainda latejavam e uma dor fina na cabeça indicava uma enxaqueca chegando. A garota resolve tomar um longo banho, molhando os cabelos, vestindo seu pijama após sair do banho. Liga seu notebook, mas antes de se sentar em frente ao aparelho na cama do seu quarto, liga para mãe Rachel. Após duas chamadas, finalmente ela atende.

— Alô?

— Mãe?

— Filha! Graças a Deus você ligou, estava preocupada! — Zoey deita em sua cama.

— Preocupada? Por quê? — Rachel suspira.

— Os jornais de Beacon Hills destacam você tentando encontrar o imitador de um tal de Ruffin Warner.

— Roman. Roman Warner,mãe! – Ela a corrigi, sorrindo um pouco.

Eu não acredito que essa notícia foi até ai! Viu? Essa cidade é uma parasita, nem notícias próprias consegue produzir.

Rachel gargalha com a afirmação da filha.

Vamos me conte, como está a sua vida em Nova York?

Zoey conta seus últimos dias em seu novo lar, esclareceu as coisas sobre o trabalho e também soube como estava indo a senhora Starling na cidadezinha natal de Zoey. Depois de meia hora de conversa, a garota se despede da mãe prometendo a fazer uma visita no dia seguinte, no sábado.

Ela volta sua atenção para o notebook. Uma chamada no skype.

— Alli! – Ela sorri após aceitar a chamada e ver o rosto da amiga.

— Agente Zoey Starling, sua sumida! Como ousa me ignorar por tantos dias?

— Ela é uma dramática Zo, ignore-a. – Liam puxa o notebook da irmã, aparecendo no vídeo.

— Liam! – Zoey pega uma almofada e coloca na cabeceira da cama, encostando-se em seguida. – Oi! – Diz a garota sorrindo.

— É só isso que você me diz? – Indaga Liam, Allison toma o notebook do irmão. – Me devolve isso! Pronto. – Allison olha para Zoey através do vídeo. – Aceita mais duas chamadas, são a Lydia e Kira.

— Ah, ok. – Zoey aceita e agora tinha três telas de vídeo para prestar atenção. – Oi pessoal!

— Oi agente federal, pode começar esclarecendo quem é Roman Warner? – Lydia pergunta apontando para o jornal com a manchete em suas mãos.

— Ou apenas pode nos contar como é a cidade. – Fala Kira toda fofa, tomando seu chá.

— Eu voto nessa opção. – Declara Zoey, tentando mudar de assunto.

— Eu voto em você esclarecer a ligação para Kira ao invés de ligar para mim! – Allison fala, apoiando seu queixo em sua mão esquerda. – Isso só para começar. Liam, não mexe nas minhas coisas. Eu já disse! – Alli sai de sua cadeira, voltando logo depois a sentar em frente ao notebook. – Pronto, voltei. Vamos,vamos, fale!

— Certo. – Zoey respira, tomando fôlego para começar. As três amigas a olhavam e pela primeira vez era Zoey que traria novidades para o grupo.

— Bom, eu liguei para Kira porque foi o primeiro número que apareceu, além do mais,  não achei que você iria fazer tanto drama Alli!

— Drama? – Pergunta a garota, uma careta em seu rosto. – Tá, ta bom! Posso considerar essa explicação.

— Próxima pergunta. Quem é Roman Warner? Por que não disse para gente sobre essa cara? – Lydia indaga enquanto olhava suas unhas.

— Eu não sabia que ficaria com o caso. – Fala Zoey. – Ele é um psicopata.

— Jura? – Lydia revira os olhos. – Me diz aí, ele é bonito?

— Quê?! – Allison pergunta. – Eu não acredito nessa sua pergunta Lydia! Ele é um assassino, por Deus, quem iria prestar atenção?

— Eu também achei essa pergunta horrível! – Fala Kira – Mas pensando bem, a Lydia fica de olho até no Liam.

— Eu já disse meus motivos. – Defende-se a ruiva.

Zoey gargalha, porém logo a atenção é voltada para ela novamente.

— Ele é mesmo bonito, Zo? – Pergunta novamente a ruiva, aqueles olhos verdes a encarando.

A garota morde os lábios. Zoey adorava a cor dos olhos dele, as pintinhas distribuídas pelo rosto, a pele pálida e seu tique de passar a mão pelo queixo, sem dúvida a deixava distraída. E quanto a  voz? A voz mais calma que ela já ouvira. Apesar de achar tudo isso, disse a resposta mais simples possível, ultimamente tentava evitar pensar em Roman.

— Eu não prestei atenção nisso Lydia, tinha outras coisas a pensar.

— Você vem amanhã? Diga que sim! – Indaga Kira, sorrindo. – Allison não para de importunar todas nós!

— Ei! – Reclama Alli.

Nesse momento, Zoey recebe uma mensagem em seu celular. Esquecendo que todas a  estavam a vendo, ela lê a mensagem.

— Droga, Theo! – Zoey tinha esquecido do seu encontro com o agente. Na verdade ela não sabia o que era realmente. – Porcaria!

— Quem é Theo? Zoey? – Questiona Allison.

— Ele é um agente? – Lydia já estava curiosa.

— Conhece ele a quanto tempo? – Kira também faz sua pergunta.

— Ele é... bom..é... – Zoey complica-se até que finalmente responde. – Ele é um mal entendido que não consigo me livrar!

— Peraí! – Allison arregalha os olhos. – Você tem um encontro?

— Não! Na verdade, eu não quero ir e tenho a viajem amanhã. Seria melhor eu avisá-lo.

— Não! – Disseram Allison e Lydia ao mesmo tempo.

— Cancelar? Claro que não Zoey! – Afirma Alli. – Você vai a esse encontro.

— Não está me ouvindo? Parecia que ele iria insistir durante uma vida toda se eu dissesse não!

— Me diz, ele é bonito? – Lydia novamente indaga. Zoey dá de ombros.

—É, ele é. Mas...

— Você vai a esse encontro e pelo amor dos deuses da moda, vista algo bonito! – Implorava Lydia.

— Zoey, se não quiser ir não vá. – Fala kira com Chewie no colo.

— Kira! – Allisona a repreende. – Você vai sim! Pensa bem, quem sabe não gosta dele.

— Eu não gosto dele, ao menos não desse jeito! E eu me visto bem para sua informação, senhorita banco a estilista Martim! Além do mais, eu não sei se é um encontro.

— Claro que é! Não se faz de anta! Leia a mensagem em voz alta. – Pede a ruiva.

— Tudo bem, tudo bem.

Zoey pega seu celular e ainda que relutante lê.

“Posso passar na sua casa no sábado? Sei que não conhece a cidade, podemos fazer um tour por ela. Te vejo ás 19:30?”

— Isso definitivamente é um encontro! – Declara Alli. – Responde que “sim” a ele Zo, anda!

— Preciso responder? – Indagada Zoey, definitivamente não era boa na questão encontro!

— Claro ! Ele não é vidente! – Diz Allison, animada demais. Zoey apenas escreve um “ok” e um emoji sorrindo.

— Agora mostra. Anda, queremos ver! – A garota mostra a tela do seu celular para a tela do seu notebook.

— Satisfeitas? – Kira gargalha com a situação.

— Sua resposta foi ótima, Zo! – Diz Kira enquanto brinca com sua cadela.

— Use batom, vestido, salto, essas coisas femininas que você geralmente evita.

— Lydia, eu não sei não. Aqui faz muito frio. E salto? Por acaso eu vou para um casamento? – Zoey fazia caretas enquanto falava, seu estilo nunca agradou Lydia! Porém, para a garota, seu estilo era ótimo!

— Escove os dentes, pois quando vocês voltarem para ele te deixar em casa, ele definitivamente vai tentar beijar você! – Lydia continua com seus conselhos, ignorando as perguntas e comentários de Zoey.

— Tentar? Pelo amor de Deus! Claro que ele vai beijar ela! – Afirma Alli. Zoey revira os olhos, não queria beijar Theo!

— Podemos mudar de assunto? – Pergunta Zoey.

E foi assim que Zoey e as meninas conversaram por um bom tempo, até a garota pegar no sono.

                                              ***

O despertador toca como usualmente fazia. Toca uma vez, duas vezes, até que Zoey o faz parar. A garota suspira, ainda deitada, os cabelos nos olhos e é a claro a sonolência bem presente. Ela espreguiça-se  e sai da cama indo fazer sua higiene matinal. Com a escova de dentes na boca, Zoey vasculhava seu quarto em busca de uma blusa, até que para por um momento e olha para o calendário pendurado em uma das paredes de seu quarto.

— Droga! – Resmunga ela ao lembrar-se que era seu dia de folga e havia acabado de acordar ás 6:00 da manhã.

Ainda com a boca cheia de pasta de dente, Zoey prende seus longos cabelos castanhos e liga seu notebook. As últimas palavras de Roman ainda ecoavam na sua cabeça. Faça você mesmo. Aquilo com certeza era uma pista, precisa apenas descobrir o que aquilo significava. A garota senta-se em frente a mesa e acessa os arquivos de Roman Warner.

“ Psicólogo descoberto e preso em 2013 “

Lê Zoey em voz alta, sua voz tão baixa, quase como um sussurro.

“ Família morta quando criança.”

Zoey morde o lábio enquanto lê, estava concentrada.

— A família dele morreu? – Indagava para si mesma enquanto lia.

A garota continuou suas pesquisas, nenhum arquivo mencionava alguma referência a frase Faça você mesmo. Nenhuma palavra, nenhum sinal, nada! A garota fecha os olhos e pensa.

— Faça você mesmo, faça você mesmo.

Fechando todas as janelas de pesquisa, Zoey resolve arriscar e digitar a frase no famoso site de busca.

— Por favor, alguma coisa, alguma coisa. – Suplicava Zoey. – Espera aí!

A garota clica em um link que lhe chama atenção. Uma página abre, era um site de um armazém local.

— Armazém Faça Você Mesmo. – Lia ela, anotando o endereço e o telefone do local.

— Hora de trabalhar!

                                                ***

Com ajuda do GPS do seu carro ligado, Zoey procura o armazém em Nova York. Não ficava muito longe de sua casa e ela havia feito contato com o vigia do local, que permanecia fechado a 3 anos. Fato esse que batia com o tempo da prisão de Warner.

Enquanto dirigia, resolve ligar para Malia, não queria falar com Theo, estava tentando evitá-lo. Talvez por não querer sair com ele e por mais que Malia a odiasse, ela seria eficaz.

O que você quer, Starling? – a voz sonolenta da agente do outro lado da linha não era nada amigável.

Bom,eu estou indo atrás de uma pista. Preciso que avise o Craford sobre um armazém chamado Faça Você Mesmo. Já estou chegando no local.

Zoey desliga, já havia chegado e localizado o vigia. Um velho, agasalhado bastante simpático acena para ela. Starling desliga o carro, colocando suas luvas, afinal o dia estava de congelar!

— Bom dia! Ah, senhor Frederick, certo? Sou a agente Starling, nos falamos pelo telefone. – Ela aperta as mãos do velhinho, o cumprimentando.

— Ah sim!  Como eu disse senhorita, eu não fico muito tempo por aqui. Quer dizer, eu costumava vigiar constantemente o local, mas ninguém vem por aqui!

— Entendo. Desde 2013, certo? – Ela olha para o grande portão quase fechado completamente, exceto por uma pequena brecha. A placa enorme, acima do armazém parecia enferrujada.

— Lembra da última pessoa que possa ter passado por aqui?

— Honestamente, não senhorita. Eu tentei abri-lo, mas como pode ver, emperrou. – Fala o velhinho, apontando para o portão.

Zoey olha novamente para a abertura, não gostava da idéia de entrar no local, mas parecia ser a única opção.

— Senhor Frederick, caso eu fique presa lá dentro ligue para esse número. É do departamento do FBI da cidade. – Diz ela, entregando um pequeno pedaço de papel com o número do departamento onde trabalha.

— Tudo bem. – Diz o vigia, pegando o papel. Zoey afasta-se em direção ao portão, abaixa-se, deitando no chão logo em seguida.

— Vamos lá. – Ela rola cuidadosamente para dentro do armazém.

Zoey rola cuidadosamente para dentro do armazém. O cheiro era péssimo! O lugar estava em completa escuridão, exceto pela luz que entrava pela brecha de onde a garota havia acabado de entrar e a lanterna que Zoey tinha trazido consigo.

Bandeiras, troféus, retratos, o local parecia um depósito de lixo e era maior do que parecia. Foi quando surpresa, Zoey avista ao fundo do estabelecimento, uma limosine. Ao andar em direção ao automóvel, a garota senti uma dor leve em sua coxa esquerda. Ao olhar constata, tinha se machucado quando entrou no armazém. Outro machucado para a sua coleção de acidentes!

— Merda! – Resmunga ela.

Ignorando o ocorrido ela avança até o carro, com cuidado abre a porta do veículo, avistando algo grande no brando traseiro. Um grande pano branco cobria alguma coisa, pelo formato em que o pano estava, parecia ser um grande pote coberto.

Entre os diversos cheiros que estavam presentes no local, o cheiro de formol era o que mais se destacava, irradiando as narinas de Zoey. A moça cobre o nariz com a mão esquerda e com a direita segura uma das pontas do pano branco, levantando logo em seguida.

— Deus! – Zoey leva um susto ao se deparar com uma cabeça dentro de um grande pote de vidro! Era uma cabeça de um homem! Seus cabelos pretos, bigode e pele branca ainda eram bem visíveis, pois a cabeça estava ali, conservada pelo formol.

Zoey engole seco, aquilo sem dúvida era uma pista importante!

                                                 ***

Malia arrumava seu quarto quando seu celular toca, novamente pertubando a agente.

— Isso só pode ser brincadeira! – Mesmo sem vontade, ela atende.

— Alô? – A voz de Craford no outro lado da linha era clara e direta. Starling havia encontrado um corpo, ao menos uma parte de um, no armazém.

— Aquela filha da mãe! – Braveja Malia, que apesar da irritação estava impressionada com Starling. A agente precisava ir ao departamento imediatamente.

                                             ***

Zoey havia tido todas as informações possíveis para Craford assim que chegou no departamento. Mas era seu dia de folga e por algum motivo Craford não queria ela lá. “ Claro!” pensou ela. “ Sou uma novata!”

Ainda precisavam reconhecer de quem pertencia a cabeça, isolar o local, chamar os peritos e outras mil burocracias e falatórios! Mesmo insistindo em ficar, a garota foi dispensada e aborrecida tinha voltado para casa.

Agora encontrava-se tentando fazer conexões com tudo que Roman havia falado para ela até agora. Starling pega um pedaço de papel e começa suas anotações.

— Certo, primeira fala de Roman. – Zoey começa a escrever no papel tudo que Warner tinha lhe falado.

1 – Cortes debaixo das axilas ( grande quantidade de sangue)

2- Não é um imitador, mas conhece Roman.

3- Gosta de holofotes! Quem ele é? O que procura?

4- 6 cortes em todas as vítimas, os cortes são feitos com faca.

5- Adaptação e inspiração. Conflito de quem ele quer ser e quem ele poderia ser.

6- Possui Roman como mentor.

7- Armazém : Faça Você mesmo. Cabeça conservada em formol.

Zoey pensa mais um pouco sobre a última parte.

— A cabeça tem as mesmas características das vítimas! – constata ela boquiaberta.

A garota pega seu celular, precisava ligar para Craford, mas ao olhar as horas...

— 18:30? Quê?

Como tempo havia passado de maneira tão rápida? Theo estaria na sua porta daqui uma hora! Zoey suspira. Deveria ter cancelado essa saída ou deveria chamar de encontro? Na verdade, Zoey não se importava. Iria apenas por educação e talvez bancar a simpática não fosse tão ruim. Talvez conhecer a cidade também não fosse ma idéia.

Ela fecha os olhos, direcionando o olhar para o papel de anotações logo depois. Sentia que estava próxima, só precisava de um empurrão.

                                                ***

Kira vestia o short que Lydia havia lhe emprestado. Como Zoey não estaria presente nesse sábado, as meninas decidiram fazer uma reunião.

— A que horas a Alli vai aparecer? – Kira penteava os cabelos negros enquanto perguntava.

— Ela vem com o Issac e provavelmente estão lidando com o Liam, o chantageando para ficar com o Mason essa noite. – Lydia aparece no campo de visão de Kira, usando um vestido florido.

— O que acha? – Pergunta Lydia encarando Yukimura com seus olhos verdes, agora marcados com lápis de olho. A ruiva dá uma giradinha, mostrando o look.

— Você está linda! – Afirma Kira, colocando sua jaqueta preta e falando depois. – Mas você já sabe, o Liam não vem! Supere isso!

— Infelizmente. – Declara Lydia. – Mas e você? Eu ouvi dizer que o tal Scott também está vindo, Yukimura! – a asiática senta na cama com a afirmação da ruiva.

— Q..Q..Quem? Como? O quê? – Gagueja a morena enquanto Lydia revira os olhos.

— Digamos que a Allison falou com o Issac e uma coisa levou a outra! – A ruiva sorri para a amiga enquanto a mesma permanecia estática.

— De nada! – diz Lydia, já que Kira não fazia menção de falar o tal obrigada.

— Lydia! Eu, eu...

— Relaxa, você tem todo o direito de sair e se divertir hoje. Você e o tal Scott Mccall!

— Tudo bem, tudo bem. – Kira respira fundo e pega seu celular. – Falando em saída, a Zoey não tinha um encontro hoje? E se me lembro bem, um que ela não queria ir!

— Claro que ela queria! Talvez inconscientemente, mas queria.

As duas descem as escadas da enorme casa dos Martim.

— Cadê a Alli? Sempre demora! – Reclama Lydia.

— O cinema fica aberto até meia-noite! Sem surtos, Lydia! – repreendia Yukimura.

— Sem surtos digo eu! Não surte quando você vê o doutor amor! – Brincava a ruiva, implicando com a amiga.

— Doutor amor?! Você é horrível! – Ria Kira. Lydia pega uma garrafa de vinho na prateleira.

— Você já vai começar a beber?

— Claro! Não sei se você notou, mas eu sou a única solteira hoje á noite! E esta garrafa vai ser minha companheira hoje! – Declara a ruiva com seu sorriso cínico.

A buzina do carro do Isaac apita duas vezes, as duas garotas saem do casarão e vão em direção ao carro, entrando no veículo.

— Oi! – Fala Allison no banco do carona ao lado do motorista. – Deu trabalho, mas Liam está com o Mason e hoje podemos relaxar. – Diz Alli, virada em direção ao banco de trás para dá atenção as amigas.

— Lydia, Kira, esse é Scott. – O rapaz moreno sorri para as duas, apertando a mão de ambas. Lydia resolve deixar Kira bem próxima dele, deixando-a sentar no meio, enquanto a ruiva batia fotos em seu celular.

Isaac acelera rumo ao cinema da cidade.

                                                   ***

Em Nova York, Zoey verificava o papel com suas anotações outra vez! Já estava pronta. Usava um casaco para lhe proteger do frio e esperava por Theo. Torcia para que ele não aparecesse. Soltou os cabelos e bocejou, tudo que pensava era sobre a pista, a cabeça do homem no armazém.

— Tem que ter uma conexão, algum sentido. O que eu estou deixando passar? – Questionava-se a garota.

Uma mensagem chega em seu celular. Era a Allison, havia mandado uma foto dela e dos amigos. Mas que era o moreno perto da Kira? Zoey sorri, mandando um emoji triste como resposta, queria está lá! A legenda da foto era :

“Cadê você por aqui? Lydia está solteira, alerta!”            

— Idiota! – Ria a garota com a mensagem.

“ OBS: Me conta sobre o encontro com Theo!!! “

Zoey revira os olhos, Allison nunca esquecia nada. A campainha a faz guardar seu celular e colocar o papel no bolso de seu casaco.

— Só uma saída Zoey, só uma saída. Isso não é um encontro!

 Ela pega as chaves e abre a porta. Theo estava lá, sorrindo para ela. Usava uma camisa e calça pretas, um colar prateado com uma chave pendurada nele em seu pescoço se destacava entre o negro de suas roupas.

— Oi! Está pronta? – Zoey faz que sim com a cabeça.

— Espera, as chaves do meu carro. – Theo faz uma careta.

— Zoey, meu carro está bem ali! – Fala ele apontando para o veículo estacionado perto da casa dela. – Não tem problema você entrar nele. Sabe, é dia de folga. Hoje sou apenas Theo e você Zoey.

— Ah claro! Tudo bem, que idiotice a minha! – A garota sai e tranca a porta de sua casa.

— A não ser que prefira andar. – Sugere Theo. Ela dá de ombros.

— Eu não conheço a cidade, vivo usando o GPS. – Ele assenti

— Carro é melhor. – Diz ele, abrindo a porta do veículo para ela.

— Obrigada. – Zoey agradece, estava um pouco desconfortável. – Onde vamos?

Theo entra e liga o carro. Zoey olha para ele. Apesar de não ligar muito para a aparência dele, tinha que reconhecer, ele estava muito bonito!

— Bom, eu disse na mensagem que iríamos fazer um tour, mas mudei de idéia. Você está com fome? Por que eu estou, mas podemos ir ao cinema. – Zoey pensa um pouco.

— Comida. Quer dizer, com fome. Ou melhor, estou sim. – Theo gargalha um pouco com a confusão de palavras de Zoey.

— Tudo bem, vamos comer.

O celular de Zoey vibra e ela o pega para verificar. Era sua mãe, havia acabado de mandar uma foto do seu jantar.

“ Comendo macarrão. “  Era a legenda. Zoey gargalha.

— É difícil vê você sorrir desse jeito! – Diz o rapaz enquanto dirigia.

— Minha mãe, ela... ela é meio como aquelas tias que postam fotos de tudo nas redes sociais! É um modo dela se comunicar comigo. – Explica Zoey.

— Então, você também manda fotos para ela? – Indaga Theo.

—É, mando. – Ambos sorriam.

— Então, o que vai mandar para ela hoje? – Zoey entende o que ele quer dizer.

— Antes que feche a cara... – Começa Theo. – Eu estava me referindo a comida.

— Ahhh ! – Zoey alivia sua expressão. – Desculpa. Eu,eu pensei que... – Justificava-se Zoey.

— Tudo bem, sem problemas. – Fala Raeken.

Uma pequena pausa se faz. Theo puxa assunto.

— Então, como é sua mãe? Bonita como você? – Zoey revira os olhos e sorri.

— Theo... – Começava Zoey, enquanto dava de ombros com a afirmação dele, não se achava bonita. – vai dizer que nunca reparou na Malia?

— Malia? – Pergunta ele enquanto estaciona o carro. Ambos saem do veículo e a garota pôde ver onde estava. Starbucks, uma padaria adorável próxima a Times Square. O cheiro dos pães e café fazia o estômago de Starling revirar e a garota ficar com água na boca. Theo chega perto dela e ela começa novamente.

— É, ela é muito bonita! Eu particularmente acho que combinam. – O agente abre a porta do local, estava lotado. – Nunca pensou sobre isso?

Os dois sentam-se em uma mesa, um de frente para o outro.

— Eu achei que odiasse ela! – Comenta Raeken, olhando o cardápio.

— Não, eu não odeio. Já ela parece me odiar! Quer dizer, ela me odeia! – Declara a garota.

— É, isso eu não posso negar. Mas antes que vire a nossa madrinha, eu sinto desapontar você, mas eu e Malia somos amigos. Não a vejo desse jeito. – Fala ele e ela assenti.

— Mas nunca se sabe quando duas pessoas podem ficar juntas. – diz Zoey.

— Digo o mesmo. – Theo encara Zoey com seus olhos azuis, fazendo Zoey pigarrear sem graça. Raeken estende o cardápio para ela.

— Aqui sempre é lotado. – Começa ele. – Sempre venho. Particularmente, eu adoro as tortas.

— Tortas? – Zoey olha para o balcão. Vários doces expostos, parecendo que pediam para serem devorados. – Como consegue decidir entre os sabores? – Questiona ela, olhando para o cardápio.

— Provando cada um deles. – Diz Theo sorrindo. – Porém, sugiro que escolha a torta de chocolate. Sempre foi a melhor, a não ser que queira comer outra coisa.

— Eu não sei, você conhece o lugar. Torta de chocolate. Me diga que é um pedaço grande. – Comenta ela sem querer, ficando um pouco envergonhada.

— É, é sim.

— Ótimo! – Zoey faz um sinal de positivo com as mãos juntamente com uma careta de alívio. O rapaz começa a gargalhar, fazendo Zoey ficar um pouco envergonhada, no entanto ela sorrir.

— Pare Theo! Shiu, shiu! Todos estão olhando! – Ele para.

— Desculpe, só tente não ser tão engraçada! – Declara ele, ainda com um sorriso no rosto.

— Eu não fui, eu... – Zoey faz careta enquanto falava, ela foi apenas espontânea. – Só foi um comentário. – Ela volta a olhar o cardápio, procurando um refrigerante.

                                              ***

Ambos comiam em silêncio. Cada vez mais o local parecia mais cheio. Zoey tira seu casaco, colocando-o ao seu lado. Com a quantidade de gente, o calor tinha aumentado no estabelecimento.

Theo bebe um gole do seu refrigerante e comenta logo depois.

— Quanto tempo faz que não treina Zoey? – ela para de comer.

— Está tão visível assim? – Indaga ela. Ele assenti.

— Você parece cansada. Zoey, você precisa descansar. – Ela toma  um gole de sua coca-cola.

— Não, estou bem. Só faz uma semana, quer dizer, quase duas que não treino, mas eu estou bem.

— O departamento tem uma academia e áreas de treino. Existem alunos lá, você pode passar por lá. Tecnicamente ainda não é uma agente, então pode participar das aulas.

— Não acho que seria confortável, quer dizer, além de você e da Malia, não conheço ninguém. – Theo cruza seus braços sobre seu peito.

— Eu estou por lá. Apareça.Ninguém vai se incomodar, ok? – Ela assenti, voltando a comer sua torta. Theo puxa papo.

— Soube que encontrou algo hoje. Uma cabeça. – Diz Raeken com o tom de voz baixo. Ele inclina-se e apóia seus braços na mesa.

— Sério Zoey, como faz ele falar? – Ela semicerra os olhos.

— Ele? Quer dizer, Roman Warner? Eu, eu não sei. Apenas pergunto e ele responde, de certa forma. – Theo sorri.

— O que foi? – Pergunta ela.

— Nada, só pensando. E se..se, um grande se nessa história toda. E se ele for tão gentil e agradável com você porque esteja apaixonado por você?

Zoey para de comer após as palavras de Raeken. A imagem do rosto de Roman vem em sua mente. Aquele rosto lindo, os olhos, as mãos quentes.

— Isso é um absurdo! – Fala ela nervosa. – Apenas fui educada e ele colaborou comigo.

— Mas é uma possibilidade certo? Eu não o culparia. – Diz Theo a encarando com seu sorriso, Zoey por sua vez ignora a cantada de Theo e lembra-se do papel em seu casaco.

— Embora que antes disso eu achasse que ele fosse gay.

— Gay? – Zoey pega o papel.

— É. Aquela frescura toda, a música, o jeito dele. – Ela revira os olhos e estende o papel para Raeken.

— O que é isso? – Theo pega o papel.

— Todas as pistas que Roman me ofereceu. Escuta, a cabeça que encontrei, ela tem as mesmas características das vítimas do assassino. É homem, com cabelos escuros, bigode, pele branca. Isso  quer dizer que provavelmente o assassino não possui 6 vítimas apenas.

— São 7 vítimas. – Sussurra o rapaz. – Espera, Roman pode ter matado essa cara. Pode ser um truque.

— Não acho que seja. Eu só não entendo os cortes, o sangue. Por que Roman falaria tanto sobre os cortes? Ou o Faça Você Mesmo? Deve haver algum detalhe nas vítimas que eu deixei passar.

Theo suspira, a olhando meio desconfiado. Zoey percebe.

— Theo, o que você está escondendo? – Pergunta ela, a testa franzida

— Não fique brava mas as vítimas...elas,elas foram encontradas quase sem sangue algum. Todas as seis.

Zoey fica boquiaberta, pega o papel das mãos de Raeken e anota o fato nele.

— Zoey...

— Deveria ter me contado! – fala ela.

— Eu sei. Me desculpe, ok? – Zoey fica pensativa.

— Precisamos falar com Roman. – Declara a garota.

— Como? Heinfield não vai autorizar, Zoey. E a essa hora...

— Posso falar com Barney. É o único jeito Theo, quer dizer, nós... – Zoey faz uma pausa, suspira, caindo em si.

— Desculpa, desculpa. Estávamos comendo aqui e eu simplesmente comecei a falar de Roman e ...

— Sem problemas. Talvez eu mereça. – Afirma ele um pouco pensativo. – Você pode tentar amanhã. Posso falar com Craford, certo?

Ela balança a cabeça positivamente.

— Quer um Starbucks? – Pergunta ele.

        Os dois saem da padaria. Zoey bebe seu café, entrando no carro. Ela pensa no papel, pensa no enfermeiro Barney, sua consciência martelava. Ela precisava fala com Warner, precisava decifrar o enigma que tinha forma-se na sua cabeça. Theo a leva para sua casa, os dois saem do carro, a garota pega as chaves de sua residência.

— Obrigada por hoje, foi divertido. – Sorri ela. – Vou me lembrar da padaria. – Diz ela, apontando para o copo de café.

— Esqueceu da foto para sua mãe. – Zoey dá uma risada com a observação de Theo.

— Verdade. – A garota abre a porta apressadamente, precisava ligar para Barney. – Bom, eu vou entrando.

— Claro.

Zoey entra, porém Theo puxa delicadamente seu braço e a beija. Zoey é pega de surpresa, logo se afastando.

— Theo. – A garota coloca uma de suas mãos na testa.

— Eu sei, eu... eu exagerei. Mas podemos esquecer essa parte? – Theo encarava Zoey, ela assenti.

— Olha, hoje eu percebi que podemos ser amigos de verdade. Mas eu não posso dizer a você que iremos passar disso.

— Isso não significa que vou parar de tentar. – Theo chega mais perto de Zoey, acariciando seu rosto. A garota tira devagar as mãos dele de seu rosto.

— É sério Theo. Boa noite. – Ela fala, sem graça.

— Boa noite, Zoey. – Ela acena ainda sem graça, fechando a porta logo depois.

Colocando as chaves na mesa, tinha que pegar o celular e ligar para Barney, Porém seu celular começar a tocar.

— Alô?

— Starling. — Era a voz de Craford. – Tenho uma notícia para lhe dizer. – Uma pausa. – Hoje á tarde, Biggs faleceu. Warner foi o responsável.

— Quê? Como? – Pergunta ela.

Alguns prisioneiros ouviram Warner sussurrando para ele a tarde toda. Biggs morreu tentando comer a própria língua. – Novamente uma pausa, agora mais longa. – Starling, você está ai?

Zoey tentava absorver o fato. Tentava não conectar o fato de Biggs ter a machucado e a  insultado com o fato de Warner ter o matado. Será possível?

Estou, eu só não sei o que pensar a respeito, senhor.—Craford suspira um pouco.

Entendo. Enfim, bom trabalho hoje. Bom trabalho, Starling.

Obrigada, senhor.

Assim que seu chefe desliga, a garota liga para Barney.

                                                  ***

A chuva caia lá fora, e o barulho dela acalmava Roman que assistia Tv no mudo. Dias assim o faziam lembrar de Zoey, ultimamente não parava de pensar na garota. O que tinha feito a Biggs nada mais foi do que algo merecido, ele a tinha insultado, a machucado. Seus pensamentos são interrompidos pelos passos de alguém, eram passos apressados. A cela e o corredor estavam no escuro. Ele permanece sentado, atento aos barulhos.

— Roman?

Ela senta-se no chão, cabelo molhados juntamente com suas roupas. Uma caixa sai do lado esquerdo da cela, provavelmente servia para enviar coisas a Roman quando precisasse. Zoey ainda que relutante olha o conteúdo do compartimento, e vê o objeto. Roman havia lhe mandado uma toalha. A garota a pega.

— Obrigada. – Agradece ela, utilizando a toalha para se enxugar.

A escuridão só a deixava ver o contorno do psicopata.

— Então, Faça Você Mesmo, um armazém. Grande jogada, tenho quase certeza que a vítima, o dono da cabeça, não foi sua culpa.

— Não o matei, apenas deixei do jeito que encontrei. – A voz calma de Roman faz eco pelo corredor.

— Foi ele, não foi? O assassino possui 7 vítimas. Como não se encaixa no padrão dos 6 cortes e o fato do armazém está fechado há 3 anos me faz presumir que foi a primeira vítima.

— Bingo, Starling. Muito bem, fez sua lição de casa! – As luzes de sua cela se ascendem, Roman fecha os olhos com a claridade.

— Obrigado, Barney. – Roman abre os olhos, olhando Zoey pela primeira vez na noite. – Achei que não pudesse aparecer na Eichen House, Starling.

— Não posso, mas Heinfield não está aqui e ambos sabemos o quão gentil Barney pode ser. – Ela suspira, o encarando depois. – Queria que eu fosse lá. – Afirma ela. Ele sorri.

— Eu disse que ajudaria você. Espero que pense na minha proposta. – Ele continuava a encará-la.

— Cortes abaixo das axilas, 6 cortes, em todas as vítimas. De início eu confesso que não descartava a possibilidade dele realmente ser um imitador. Até o senh... você falar em adaptações e inspiração. Então tudo fez sentido.

Roman levanta-se, sentando-se de frente para ela. Os olhos atentos em seu rosto.

— Por que? – Pergunta ele sorrindo.

— Vocês dois são próximos ou eram. Conhece ele, sabe quem ele é. Ele se adaptou a matar com a primeira vitima, que aliás, também conhecia você. – Declara Zoey.

— Benjamin Raspel. Prefiro ele morto. Sabe, a terapia não estava dando certo. – Diz Roman com desdém. – Que infortúnio ele ter as mesmas características plausíveis para nosso criminoso. – O olhar cínico e maldoso presente em seu rosto.

Zoey morde o lábio, estava conseguindo algo.

— Prossiga. – Pede ele.

— A inspiração é óbvia, você, é claro. Mas ele possuía seus próprios conflitos, estava começando a trilhar seu próprio caminho. Começar como você foi um escape perfeito. Mas existem singularidades, assim como você disse. Os cortes, eu logo isso ao estado das vítimas serem encontradas quase sem sangue nos corpos. O que ele quer Roman?

Questionava Zoey, os olhos cheios de curiosidade. Warner suspira, fechando os olhos.

— Conflitos. Quem ele é, quem ele poderia ser. Vaidade, holofotes. – A garota volta a raciocinar.  – Pense. – Zoey lembra-se da descrição das vítimas.

— Pálidas, sem sangue. – Ela continuava seu raciocínio. – Vaidade. É alguém que poderia pagar suas consultas e conhecia Benjamin Raspel justamente por isso.

A garota olha para Warner, o olhar interrogativo em seus olhos.

— Está em um belo discurso, tenho certeza que irá descobrir.

— Você sabe quem é, poderia dizer. – os dois se encaravam.

—É, poderia.  Mas estou aqui, entretido com suas tentativas. – Ela suspira, olhando para as paredes da cela de Warner.

— Seus desenhos,onde estão? – Roman levanta-se

— Punição de Heinfield. Sabe, quem vê este programa religioso? – Pergunta ele, apontando para o programa que passava na TV. – Gostava deles? – Ele encosta-se no vidro.

— Eram interessantes. Roman, o nome. Apenas o nome. – Ele sorri.

— E nossas trocas? Zoey, está pedindo demais! Enquanto você ganha, eu permaneço aqui! Rodeado de pessoas que querem me matar, como o doutor Thomas. – Ela se levanta.

— A transferência é algo que não posso prometer. – Fala ela atordoada., passando as mãos no cabelos.

— Sabe, Barney mencionou o comportamento do agente Raeken na reunião. Ele parece ter uma preocupação com você ou melhor dizendo, ele parece querer você. O que me diz, Zoey? – Perguntava Warner.

— Francamente, isso não me interessa. Sinceramente, isso é o tipo de coisa que Biggs diria, Warner. – Ele sorri.

— Não mais. – O sorriso maldoso predomina no rosto de Warner. A garota engole seco. – Ele não parece saber sobre seu desprezo por ele. – Continua Roman.

— Desprezo? – Zoey faz uma careta. – Então você virou expert no assunto Agente Raeken agora Warner? Por que?

Roman morde o lábio, a olhando de forma intensa. Os olhos movendo-se pelo rosto da garota.

— Ele era um dos seus pacientes. – Repete ela. O assassino dá de ombros.

— Parece cansada, senhorita Starling. Tão desesperada assim por informações para vim me ver? Sabe, você tinha as respostas, tudo o que eu fiz foi  confirma-las. – Ele continua e encarando.

— O que está insinuando, senhor Warner? – Zoey pergunta.

— Talvez quisesse me ver, quem sabe. – Ele sorri, cinicamente. – Não vai fazer a clássica pergunta?

— Que pergunta? – Zoey franze o cenho. Roman passa uma de suas mãos pelo queixo.

— Por que matei o Biggs? Vamos, faça. – Zoey revira os olhos.

— Matou ele porque ele foi rude. O histórico dele diz que você dois não possuíam boas relações.

Roman gargalha com a afirmação de Zoey.

— Do que está rindo, senhor Warner?

— Já sabia que ele estava morto e não ficou surpresa quando fiz menção de sua morte. Você só não queria tocar no assunto porque sabe que minhas motivações para matá-lo não foram essas. Você tem medo da verdade. – Roman diz essa última frase com olhar sério.

— Quando isso se transformou em algo sobre mim, Warner? Me recusa a dá uma informação e é isso que propõe? Um julgamento imaturo sobre mim?

— Então... – Roman continua. – A leve exaltação no seu tom de voz prova que estou certo? – Ele morde o lábio, seu tom de voz calmo era algo muito convidativo.

— Estou certo sobre suas motivações para vim até aqui? Sobre Biggs? Sobre a necessidade de aprovação ? Sobre suas conclusões do caso? – Ele  encosta sua mão direita no vidro. – Estou certo Zoey?

Ela fecha os olhos, lembrando-se da quentura das mãos dele. Da calmaria que ele transmitia. E se ele estivesse certo? E se ela tivesse concluído tudo sozinha? Quer dizer, Roman mal tinha falado. E se ela só quisesse vê-lo ao invés de ter passado algumas horas com Theo? E a morte de Biggs? Total coincidência ele morrer depois de tê-la ameaçado e Roman ter ouvido tudo? E sobre ele ter decidido ajudá-la? Sobre até mesmo ele ter perguntado acerca do que ele sentia por outra pessoa? Zoey abriu os olhos e respirou fundo, tantas perguntas das quais não tinha resposta.

— Eu vim pelo caso, Roman. – É tudo que ela diz. Ele a olha.

— Claro que veio. – Ironiza ele, virando-se de costas para ela. – Boa noite, Zoey. Pense no que eu disse. Também pense na minha oferta.

A garota até espera ele se virar, mas isso não acontece. Ela então anda em direção a saída, confusa e atordoada. Roman deita-se na cama de sua cela, aquela garota o intrigava. Fecha os olhos, a imagem angelical seu rosto permanece. Será que sonharia com ela? Será que ele conseguiria dormir?

                                                   ***

 Zoey tinha aceitado treinar com o agente Raeken. Após horas de treinamento com Theo e até mesmo com Malia e depois de ter feito o relatório sobre suas descobertas, ela retira-se para beber água no corredor principal do departamento.

Zoey e todos os outros agente presentes escutam a notícia:

“ A filha da senadora Catherine acaba de desaparecer! O assassino imitador de Roman Warner volta a atacar na cidade?”

— Impossível! – Comenta Malia para Zoey. -  O assassino, ele não tinha m padrão? – Indagava Tate.

— Não, ele tomou gosto pela coisa. Ganhou fama, confiança e a atenção dos holofotes. Não era um imitador, Malia! Ele só estava se adaptando. – Declara Zoey.

— Quanto tempo nós temos? Tem certeza que é ele? Como vamos salvá-la? É a filha da senadora! A mídia vais nos massacrar!

— Eu sei! Temos 3 dias no máximo! – Malia volta a falar.

— Você disse que Roman sabe quem é! Por que ele não fala?

A televisão mostrava um apelo da senadora ao assassino.

— Por que ele quer uma transferência!


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Notas finais do capítulo

Então, gostaram? Bom, como você notaram o capítulo foi muito grande. Por isso queremos saber, vocês preferem capítulos assim ou gostam mais quando dividimos em partes? Ou preferem capítulos mais curtos? Nos digam, assim saberemos.Qualquer erro, opinião pode nos falar! Bjus, Lili ♥



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