No caminho de volta a Orlando, estávamos todos calados. Ben ia dirigindo a minivan, e eu, Lacey e Radar no banco detrás. Eu apenas olhava pelo vidro e deixava o pensamento ir o mais longe possível. Lacey comia umas rosquinhas, e Radar estava ouvindo música muito concentrado com fone de ouvido. Pra quebrar o silêncio, Ben tenta sintonizar uma rádio que tivesse tocando uma música que todos gostássemos, e, estava tocando uma música de Ed Sheeran chamada kiss me. Quando ouvi a melodia já comecei a cantar o inicio. Ben e Lacey me acompanharam; enquanto Radar ainda continuava concentrado. Lacey tira o fone do ouvido de Radar, que começa a cantar conosco, só que, a letra incrivelmente errada. Todos rimos quando ele começa a cantar.

— Assim não dá cara! Desse jeito você vai ser processado pelo Ed Sheeran! — brinquei.
Todos nós rimos.

Desde que deixamos Nova York é a primeira vez que interagimos mais, e a primeira também, que consigo sorrir de verdade.

Depois de horas, enfim, chegamos. Ao chegar em frente a minha casa, vejo a polícia, juntamente a meus pais, aos pais de Lacey, de Ben e Radar, enquanto a mãe de Lacey gritou:

— Minha filha voltou ai meu deus! Eles voltaram!

Vi meus pais vindos em minha direção e minha mãe disse:

— Quentin querido, estávamos tão preocupados... A polícia já tinha procurado vocês por várias rotas. Onde vocês estavam? Você está bem? Oh Deus, o que aconteceu Quentin? E Margo você a encontrou? — interrompi a minha mãe e disse:

— Calma mãe! Não aconteceu nada. E sim, estamos bem, muito bem. Apenas... — olho pra Radar que estava falando com os seus pais ao meu lado, e ele também me olha e continuo — Eu fui procurar Margo, eu tinha pistas e tinha quase certeza que ela estaria lá.

— Você a encontrou? — perguntou meu pai olhando profundamente em meus olhos.

Respiro fundo e penso o que eles diriam aos pais de Margo se eu falasse que ela tinha ido embora de novo, e eu não tinha feito nada pra impedir; mas era a decisão dela e eu tinha que respeitar; e também o que eu podia fazer para impedi-la?

— Eu encontrei... — e antes que eu terminasse de falar os pais de Ben vem até mim e a sua mãe falou:

— Quentin, estávamos muito preocupados você não faz ideia. E a colação de grau? Não acredito que vocês não compareceram. — falou mexendo a cabeça como negação.

Olhei pros meus pais e disse:

— Eu sinto muito por ter faltado à colação de grau, sinto muito mesmo, eu sei o quanto vocês sonharam com isso, mas eu tinha que ir, eu precisava — olhei para mãe de Ben e terminei — Sério, eu sinto muito por ter levado Ben comigo, foi culpa minha...

Ben colocou o braço sobre meu ombro, e disse:

— Q, não tem nada a ver com o fato de eu ter faltado, ele é meu melhor amigo, meu irmão, eu apenas queria ajudá-lo. Não podia deixá-lo só.

— Tudo pra achar essa garota? Como é o nome dela mesmo...? Ah! Margo! — respondeu o pai de Ben irritado.

— Não pai! — falou Ben — Ela é importante pra ele, muito importante. E eu como Radar e Lacey não íamos deixá-lo na mão.

— Eu sinto muito mesmo. Não punam Ben por isso, por favor, se existe alguém culpado por toda essa confusão essa pessoa sou eu. — disse pra defender Ben e também visando defender Radar e Lacey — Eu queria muito encontrá-la, não fazem ideia do quanto...

— Tudo bem, eu sei que você queria muito encontrá-la filho, talvez ela esteja em um lugar que você nem imagina, não é tão fácil assim não é? — falou minha mãe; e mexi a cabeça dizendo que sim, tinha que concordar. —Vamos pra casa, você precisa de um banho e descansar.

— Vou levar meu filho também, é o melhor que faço aqui — disse a mãe de Ben.

Virei-me e então olho pra Ben, e vejo Lacey e Radar olhando pra mim de longe e falo bem baixinho apenas movimentando a boca:

— Obrigada por tudo...

Eles apenas sorriram e acenaram pra mim, parecendo que entenderam.
Esperava que os pais de Radar e Ben também viessem me culpar de seus filhos não ficarem pra colação, mas só os de Ben vieram, talvez estivessem apenas deixando pra amanha, ou não.

Entrei em casa, e escutei meus pais conversando, falando que a polícia disse que estava tudo bem, eram só adolescentes, mas tinha o motivo daquela viagem, Margo, que ainda estava desaparecida e que infelizmente eu não tinha conseguido encontrá-la.

E pensei:

Bom, eu a encontrei e ela estava bem, não muito saudável, mas bem. O problema é que ela não é alguém que é possível ser convencida a voltar pra casa por um cara como eu.

E finalmente entrei em meu quarto, tomei um bom e tão esperado banho, deitei na cama e simplesmente adormeci.