Can I have this dance escrita por StellaM


Capítulo 1
Die Young


Notas iniciais do capítulo

Atualizando a fic depois de muitos anos sem escrever/ler!

Estou empolgada com essa fic, não concluí ela na época e minha missão além de atualizar é corrigir e finaliza-la.

Boa leitura!



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“Como se fosse a última noite de nossas vidas vamos continuar dançando até morrer - Die Young ”

 

Último ato. As luzes iluminavam o palco fazendo-a brilhar ainda mais. Vê-la dançar era como vislumbrar um futuro que eu queria para mim. 

Ela era perfeita, meu exemplo de vida, terminando uma sequência impecável de arabesques concluindo a apresentação e sendo aclamada pela plateia . As cortinas se fecham, para a apresentação e para sua vida.

O exagero de tantos anos de trabalho somados à desidratação e à privação de sono, provocaram lesões musculares, infartos e até problemas neurológicos como alucinações. Ela deixou esse mundo cedo demais, mas com certeza me deixou a grande lição de sempre correr atrás dos meus sonhos.

Eu não lembro quando exatamente a dança entrou na minha vida, talvez antes mesmo de sonhar em nascer já que essa era a paixão da vida da minha mãe. Ela dizia que desde que comecei a andar, também comecei a dançar;, ouvi isso até meus onze anos, quando ela faleceu. 

Você deve achar que eu me privei da dança por causa disso, mas ela era ainda mais fascinante para mim. Meu pai, ao contrário, achou que, por amar a dança assim como minha mãe, eu também herdaria os múltiplos talentos dela, e com o passar dos anos, ele encheu minha vida com música. Ele tem uma agência musical e fazia de tudo para eu ser o novo “talento”, daria certo, se o problema não fosse o seguinte:

— Gabriela, sinto-lhe informar, mas você não sabe cantar!

— Eu sei, você sabe, mas meu pai não sabe. — digo sentando-me — Na verdade ele até sabe, só não aceita. Eu já tive 10 professoras em 6 anos e, quando desistiram, ele contratava outra.

— Vou pesquisar novos exercícios para trabalharmos suas cordas vocais!

— Boa sorte! Eu acho que não vai adiantar. — Olho o relógio em meu pulso, impaciente com a situação. — Sabe, eu tenho um compromisso muito importante, posso sair mais cedo? 

— Mas seu pai está me pagando a hora e ainda não terminamos... 

— Fazemos um trato, eu não vou contar nada, e você recebe do mesmo jeito. — digo vestindo meu casaco. — Vai Clarisse, precisamos ter um bom relacionamento se você quiser continuar como minha professora.

— Tudo bem, mas só dessa vez, viu? — ela diz, acompanhando-me até a porta.

Me despeço correndo até o táxi, torcendo para chegar a tempo ao buffet Wonderland. Visto minha roupa, ou melhor, minha fantasia, e entro na pista de dança. Se meu pai visse isso, me mataria! Trabalho como animadora de festas há 2 anos, e sinceramente, prefiro isso do que as aulas. É aqui que me encaixo, na dança. 

Mas eu ainda não me apresentei devidamente, me chamo Gabriela, tenho 16 anos. Sou negra, de cabelos cacheados e atualmente moro no Rio de Janeiro, isso é, por enquanto, porque logo logo meu destino será a França, numa pequena cidade chamada Ville Kiss. Hoje, é meu último dia por aqui, ao fim da festa, me despeço de toda a equipe com lágrimas nos olhos e muita saudade no coração, foram anos incríveis que eu jamais vou esquecer.

— Então você chegou! — Meu pai diz sentado no sofá lendo alguns folhetos das agências de viagem.

— Oi paizinho! Senti sua falta. — O abraço apertado tentando escapar do sermão.

— Paizinho nada! Você acha que eu não sei que você fugiu da aula de canto? Ou que está trabalhando como dançarina?

— Eu não fugi, só saí mais cedo, antes que os vizinhos da professora achassem que ela estava estrangulando um gato. — digo cruzando os braços. — e como você sabe sobre o emprego? Quem te contou? 

—O motorista, você sempre esquece que tem um! 

— Pai, a gente sempre tem que conversar sobre isso? Eu não levo o menor jeito para música — suspiro frustrada. — O meu talento é dançar, eu já sou uma bailarina formada, em várias modalidades, essa é minha vida. 

— Gabriela, eu não me importo que tenha dança como hobbie, mas só isso, um passa tempo. Seu futuro vai ser na música como sua mãe também foi.

— Mas eu não sou a mamãe! Pai, eu não consigo cantar, eu toco bem, não me incomodo  em fazer as aulas de canto e de música, mas eu não vou ser uma cantora! — Digo estendendo um folheto — Olha! Eu andei pesquisando algumas escolas e tem uma escola de artes na França, dança, pintura, música, teatros... e é integrada com as aulas normais. 

Meu pai estava namorando há pouco mais de 3 anos, à distância. Como ela é francesa, de tempos em tempos ele a visitava até que tomaram a decisão de se casarem, ela também tinha dois filhos que quase nunca estavam em casa quando fazíamos vídeo chamada.

— Sweet Amoris? — ele analisa o papel. — Se não me engano é a mesma escola que Armin e Alexy estudam.

— Viu só como é coisa do destino? Eu prometo estudar música e canto também, eu mantenho minhas notas... 

— Você pensou em tudo não foi? Tudo bem. 

 — S-Sério? — comemoro. Sweet Amoris, aí vou eu! 

(...)

A viagem do Brasil até a Europa me cansou muito devido ao fuso horário, que está 3 horas  à frente do nosso, mais as horas de voo. Tivemos que embarcar praticamente de madrugada para chegar à Ville Kiss no horário que queríamos. 

Meu pai já havia adiantado minha inscrição no colégio, então só precisávamos nos acomodar na casa de Vitória, conhecer meus novos "irmãos", e ver um pouco da cidade, ao menos o básico.

Desci do avião exausta, fiquei levemente irritada com alguns casos de racismo, mas nada de muito diferente do dia a dia de uma pessoa negra, infelizmente. Meu pai tratou de chamar um táxi e o taxista teve a audácia de perguntar se ele era meu pai ou eu fui adotada, devido nossa diferença, parece que não conhecem miscigenação.

Eu dormi grande parte do caminho. O enjoo era forte e minha dor de cabeça maior ainda, a música já me irritava e eu precisava de uma cama urgente, não demorou muito para chegarmos. Suspirei aliviada por finalmente estar ali, e agradecendo por o clima estar agradável.

— Chegamos — meu pai olha para mim e sorri. — deixe- me levar suas malas.

Um misto de receio e medo me invade, "será que vão gostar de mim?", " será que vou me adaptar?", esse acúmulo de "será?" Invade meus pensamentos. Observo atentamente a rua, as pessoas, tudo era tão diferente, uma coisa é mudar de estado, e outra completamente diferente é mudar de continente, vejo meu pai à porta me olhando como se dissesse " Você não vêm?" e respiro fundo, caminhando até ele.

A casa era grande, acolhedora e com tons claros, na entrada vejo uma faixa escrito "Bem vindos” francês, alguns balões e Vitória sorridente em nos ver. A cumprimentei com um abraço apertado seguida do meu pai que parecia ansioso em vê-la. Minha mãe ficaria feliz em saber que ele seguiu em frente e está feliz. 

Vitória era muito bonita, cabelos escuros, branca, suas bochechas e lábios rosados e olhos claros, tinha uma voz doce e parecia ser muito divertida. Mais do que eu podia descobrir apenas por vídeo chamada. 

— Então finalmente nos encontramos pessoalmente! — gentilmente ela sorri — Espero que tenha feito uma boa viagem, vamos fazer de tudo para você se sentir em casa!

— Obrigada! — Sorrio de volta 

— Você tem sotaque, é tão tímida, que graça — ela sorri para meu pai — Isso vai mudar rapidinho quando conviver com Alexy.

— Ah ela não é assim não, só está cansada! — Meu pai comenta recebendo uma careta minha.

— Meus filhos estão na escola, vamos buscar eles, comprar algumas coisas, e  buscar um bolo que encomendei para sua vinda — ela diz enquanto me ajuda com as malas — quer ver seu quarto e descansar um pouco?

Aceno positivamente e subimos a escadaria. Me deparo com um corredor grande, e, pelo que percebi, todos os quartos ficavam nesse andar. Era nítido de quem era cada quarto, pois cada um tinha sua peculiaridade e personalidade. Uma das portas com símbolos de "pare" e "não entre", uma com a bandeira francesa em glitter e uma com flores pintadas que juntando criavam a bandeira do Brasil. 

— Isso ficou incrível! — Sorrio agradecendo a consideração de Vitória.

— O quarto está branco para você decorar como quiser! Gostou? — Ela diz esperançosa.

— Amei, não vejo a hora de decorar! — Rio. — Obrigada, dou-lhe um beijo na bochecha.

— Vou te deixar mais à vontade, depois desça, vamos comprar as coisas para seu quarto e levar alguns documentos para sua escola. — Ela se despede.

Tomo banho para me livrar do enjoo do voo e visto um Short jeans e uma regata branca simples, para ficar confortável ponho uma rasteirinha . Sorrio satisfeita esquecendo o cansaço e descendo às escadas. Vejo Vitória me esperando para irmos.

Aproveito para ver a cidade, tudo era muito bonito, como se fosse tirado de um filme. Havia várias lojas que Vitória disse que passaríamos depois, e, quando chegamos aos portões de Sweet Amoris, mal pude acreditar que finalmente poderia estudar dança em Paris como sempre foi o sonho da minha mãe.

Descemos do carro e eu aproveito para observar tudo ali, o ambiente, as pessoas… enquanto meu pai e Vitória saem para encontrar a diretora. Ouço uma melodia soar pela escola e instintivamente sigo em direção aquele som até chegar em uma sala, pelo que vi parecia a sala de música, havia uma garota na bateria, um garoto de cabelos vermelhos na guitarra e outro no microfone, me escondi na janela para que não me vissem ali.

— Vamos para o último ensaio antes de tocar na aula amanhã — a garota de cabelos ruivos diz batendo as baquetas, eles começaram a tocar em seguida.

(https://youtu.be/TjMPGd20Ryk?si=O1XUA1iiJwFrqpK1)

— Incrível! — deixo escapar quando eles terminam, fazendo-os olhar em minha direção.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Comentem para me motivar!

Até a próxima!