Sua camisa estava suja de sangue, o cheiro já o estava incomodando. Sal com ferrugem, esse era o cheiro de seu próprio sangue manchado naquela camisa.

            Sam saiu do banho e jogou a camisa no lixo do banheiro, não queria se preocupar muito se estava manchada ou não. Só queria tirar o próprio cheiro de si mesmo. Ele mesmo não estava se suportando.

Lembranças felizes. O paraíso não parecia tão paraíso agora, parecia seu próprio tormento. Suas lembranças não eram boas o bastante. Não eram de certo modo felizes. Eram solitárias, egoístas – ele admite.

Ele se apoiou na pia e se olhou no espelho, mas logo abaixou o rosto. Não era bom o que o reflexo transmitia. Ele não gostava. Ele tinha medo.

Seu cabelo grande caíam em seus olhos vermelhos devido ao choro silencioso. Ele não se importava se o pinicava. Não dava para se importar. Seu peito doía. Ele queria fé, mas não tinha mais onde buscar. Dean veio em sua memória. Ele queria voltar a ser aquele pequeno garoto que colocava sua vida nas mãos do irmão mais velho.

Sam de enroscou na toalha e se atreveu a olhar novamente no espelho. Novamente, ele viu o que não queria, se viu perdido, confuso, fraco e por mais que seu irmão estivesse sempre ao seu lado, sozinho. Ele sabia que estava perdendo Dean, sabia que isso estava se tornando irreversível. Queria evitar, mas não tinha força, não conseguia. Ele ainda queria ser ‘normal’. Ele queria xingar, queria... queria ficar no céu. Queria acabar com o sofrimento de Dean. Dean sofria por ele e isso o estava corroendo.

Ele também estava corrompido. As lembranças de Dean eram as que ele queria ter, ele queria poder ouvir as voz suave de sua mão o chamar de meu pequeno anjo. Queria que sua mãe pudesse ter cortado as bordas de seu sanduíche. Queria poder reconfortar sua mãe, e concertar as burradas de seu pai. Ele queria ser Dean. Ser ele mesmo estava o matando, e matando quem estava ao ser redor. Não seria melhor se ele tivesse realmente morrida da primeira vez?

Suas mãos tremiam encima da pia de mármore branco. Sua imagem ruim refletida no espelho. Sem esperança. Deus não se importa. Quem vai se importar?

Dean.

Ele não merecia o que Zacharias o fez ouvir da boca de sua mãe. Ele era importante sim, mas não podia negar a realidade que continha ali. Todos que Dean amava e protegia se afastavam - concientemente ou inconcientemente-, ele mesmo se afastou. Não queria, mas parecia mais forte do que ele. Dean não merece o que ele está passando. O melhor para o seu irmão. Era isso que Sam queria... era isso que Dean merecia.