Out of the dome escrita por MorangoeChocolate


Capítulo 1
Brave


Notas iniciais do capítulo

E aí, pessoal! Decidi retomar essa fic, com uma proposta um pouco (bem!) diferente. Estou um pouco enferrujada, então espero que o capítulo não esteja muito maçante!



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   Tinha sido um plantão comum como qualquer outro, ou pelo menos tão comum como poderia ser, em meio ao pleno calor característico de meados de julho em Tóquio. Ainda estava com a mão direita dentro do bolso do jaleco, sentindo o celular sob os dedos enquanto observava a lua cheia através da janela do hospital, pensando seriamente sobre a decisão que havia acabado de tomar.

Me chamo Sakura Haruno, tenho 24 anos, sou formada em nutrição e pós-graduada em pacientes psicóticos que me deixam louca durante 68 horas semanais!

 Faço residência no Hospital Central de Tóquio fazem 2 anos, onde juntamente com outras três nutricionistas, nos dividimos entre liderar a equipe da cozinha e cuidar para que os pacientes se alimentem corretamente durante suas passagens pelo hospital. Cuido especialmente dos pacientes que fizeram e farão a cirurgia bariátrica, pois é a minha especialização. Ah, e também levar esporro, porque residente é residente e isso vale para todas as especialidades! Socorro, Grey!  

— Sakura-san!

 Me sobressalto com a voz de Megumi me chamando enquanto terminava de abotoar seu jaleco e ajeitava os longos cabelos loiros em um rabo de cavalo.

— Boa noite, Megumi-san! 

— Ainda bem que te encontrei! A paciente do quarto 305 está ensandecida! Não para de gritar que os biscoitos foram comprados com o dinheiro dela e que isso é uma injustiça! – Disse rolando os olhos castanhos.

Dou risada.

— Megumi, a dona Aiko-san sabe bem que não pode comer nada com excesso de açúcar e gordura depois de ter feito uma cirurgia como a bariátrica! Ela fez o acompanhamento pré-cirúrgico comigo, você sabe bem como trabalho! Ela seguiu todo o protocolo, cumpriu os objetivos e perdeu o peso combinado. Ela olhou nos meus olhos e disse que estava pronta para assinar os termos e obter a carta de liberação, isso depois de eu ter passado quase a última consulta inteira falando sobre os termos, fiz questão de destacar parágrafo por parágrafo e colocar tudo em pratos limpos para ela antes de assinar a carta. Ela não pode se fazer de morta agora e dizer que nunca nem viu nada sobre isso! Portanto, fiz mesmo!

Megumi dá risada enquanto senta no banco de espera para acompanhantes em frente à janela. Já deveriam ser umas quatro horas da madrugada e o corredor estava vazio.

— Ok! O que você fez, Sakura? Eu já imagino, mas, me conte!

Sentei ao lado dela, desenrosquei a tampa da garrafinha de água que estava na minha mão e bebi alguns goles e respirei fundo. Apesar do tratamento um pouco mais formal no ambiente de trabalho, Megumi, além de ser nutricionista também, era minha amiga pessoal. Nos divertimos compartilhando alguns casos engraçados que ocorriam em meio aos nossos plantões, esse era um deles.

— Então, eu tinha acabado de chegar e estava passando visita nos pacientes quando o Dr. Morino me chamou e me deu uma bronca dizendo que a dona Aiko tinha acabado de ter síndrome de Dumping e que isso era inaceitável para um hospital desse porte... Menina! Só faltou me chamar de incompetente! Sabendo que somos em quatro nutricionistas! Eu dou conta do meu plantão e faço o possível para deixar todos os prontuários atualizados e com detalhes para que as meninas saibam como estão as coisas na troca de plantão. E outra, esse hospital é gigantesco para apenas duas nutricionistas por turno! Enfim, não vamos entrar nesse mérito. – Respirei fundo engolindo minha indignação, lembrando que estávamos no corredor do hospital.

— Sakura, não te cortando. Você sabe que o Dr. Morino faz o que pode para te provocar porque você não dá atenção as investidas dele, né?! Mas, enfim, continue!

— Pois ele que continue gastando saliva e passando raiva sozinho. Ah, tá que eu com 22 anos vou dar papo para um homem de quase cinquenta, ainda mais um sem-vergonha casado! Além de que ele não faz o meu tipo. – Falo mantendo o tom baixo. – Aí, onde eu estava?

— Ibiki te dando bronca...

— Ah! Disse que ia ver a paciente e desci para o terceiro andar. Quando cheguei lá, vejo uma sacola suspeita nas mãos do marido da dona Aiko. Ele ainda tentou esconder na maior cara-de-pau! Enfim, pedi licença e abri o armário do quarto. Se eu não tivesse visto, eu não acreditaria! Tinha uma distribuidora de doces dentro daquele armário, sem brincadeira! Pedi para a Kaori-san trazer uma sacola enquanto eu conversava com a paciente e o marido dela. Megumi, você sabe que procuro ser o mais amável possível, nós sabemos que não é nada confortável estar em um hospital, precisar passar por uma cirurgia grande como essa. Reconhecemos todos os mecanismos fisiológicos e alguns agravantes psicológicos, mas, ela não podia se fazer de morta a essa altura do campeonato! As vezes precisamos ser um pouco arbitrárias, principalmente quando isso pode acabar em morte! Dei uma bronca e frisei bem os riscos que ela corre fazendo isso! E falei para o marido dela que no momento a maior demonstração de amor que ele pode dar a ela é não fornecer os alimentos restritos e apoiar a recuperação dela! Mas, quando ela me viu colocando todas guloseimas do armário dentro da sacola que a Kaori entregou, ela surtou! Nem dei bola, joguei tudo na sacola e saí!

Megumi tentava segurar o riso.

— Sakura, eu não acredito!

— Ah, eu fiz! Se eu não fizesse isso, ela ia virar presunto! Não no meu plantão, meu amor! Eu podendo evitar, irei!

— Você é doida! Mas, me diga, por que desembestou a falar? Sei que você faz isso quando está nervosa, mas algo me diz que não é por isso que você está assim!

— Por que você tem que ser sempre tão xereta? – Disse enquanto soltava os fios rosados do coque bagunçado que tinha no topo da cabeça. - Aliás, você chegou três horas mais cedo para me render, não é? Por que estamos sentadas bem lindas e conversando igual a duas gralhas fazem vinte minutos, sendo que você deveria estar verificando os prontuários?

— Porque a Kaori-san mandou no grupo que já está fazendo isso, e me falou que as coisas estão tranquilas por enquanto! E não mude de assunto!

— Você programou tudo, não é?

 Sorri desacreditada enquanto encostava a cabeça no vidro da janela. Típico da Megumi, ela é bem dessas! Perde o emprego, mas não perde o babado!

— Não é de hoje que você está estranha, sabia?

— Está bem, eu sei que precisamos conversar com calma! Mas, nesse exato momento você está de plantão, e eu preciso ir para casa dormir! – Desconversei enquanto me levantava.

— Ok, mas não fuja!

— Não irei! Precisamos mesmo marcar aquele café! Que tal no fim do teu plantão? Passo aqui te buscar e tomamos um café juntas!

— Ah, não! Me diz qual café que eu te encontro lá!

Ri sabendo que a Megumi tem pavor de andar de moto. Motos são econômicas e eu tenho um grande carinho pela minha bebê!

— Está bem, sua medrosa! Eu te mando uma mensagem! Bom plantão! - Digo me dirigindo para o elevador enquanto acenava para Megumi.

Pego o elevador vazio e vou para o vestiário. Abro o armário e pego minha bolsa, trocando de roupa rapidamente. Passo pela recepção me despedindo das recepcionistas, e quase corro em direção ao estacionamento. Coloco o capacete e subo na moto indo para casa.

Há exatos nove dias eu recebi um e-mail da universidade de Tampa me parabenizando por ter conseguido passar para o mestrado de ciências do exercício e nutrição que eu tanto queria. Fiquei surpresa porque, uma coisa é você entregar toda a documentação e pensar que talvez nem dê em nada visto que é difícil um estrangeiro ser aceito, outra coisa é você receber um e-mail de confirmação! Cara, surreal! Passado o choque, conversei com o Naruto e o Gaara-kun. Não tentei esse mestrado em Tampa à toa! Gaara e Naruto são amigos muito queridos para mim! Eram afilhados do meu falecido pai, nos conhecemos desde que me entendo por gente. Aos meus quatorze anos, infelizmente eles tiveram que se mudar para a Flórida. Queria ir com eles nessa época, e tia Kushina até tentou, mas com a família que eu tenho, com a mãe que eu tenho, não deu certo.

Conversei com Gaara sobre ir morar com eles durante um ano, que era o tempo do mestrado, podendo ser estendido em até dois anos. Ele ficou empolgadíssimo e decidimos fazer surpresa para o Naruto quanto a minha chegada, pois ele é muito escandaloso e é quase uma tradição entre nós o “enrolar o Naruto”!

Estacionei a moto na vaga e subi os quatro lances de escada do prédio simples que eu morava. Entrei no apartamento gravando cada detalhe, e me joguei no sofá enquanto encarava o teto.

Aluguei esse pequeno estúdio após terminar a faculdade. Minha vida familiar era quase perfeita até os meus doze anos de idade, que foi quando meu pai faleceu.

Ah, que falta faz o senhor Kizashi! Sempre fomos muito unidos! Ele, como um bom pai coruja da única filha, me levava para passear, fazia todas as minhas vontades, gostávamos das mesmas músicas, mesmo sabor de sorvete e até nossas manias eram parecidas. Como ele teve uma infância difícil, ele buscava me dar todo o conforto possível, tínhamos condições financeiras boas o suficiente para nos dar uma vida confortável, porém, simples. Kizashi trabalhava em uma empresa de transportes como gerente, e minha mãe era esteticista em uma clínica. Mebuki detestava isso, ela sempre quis mais, nunca nada esteve bom para ela. Após Kizashi ter morrido em um acidente de carro retornando para casa após o serviço, Mebuki não aguardou sequer um ano e já estava casando com um empresário do ramo de automóveis, e me arrastando para morarmos na casa dele que ficava em uma das áreas mais caras de Tóquio.

Mebuki era controladora e mesquinha, tudo tinha que ser do jeito dela, nada menos que isso. Me tirou das aulas de violão que eu frequentava desde os nove anos de idade, e permitiu apenas que eu continuasse com as aulas de piano, pois era de seu gosto. Ela sempre detestou meu jeito de vestir, então cortou e jogou fora as roupas que não lhe agradavam, me permitindo apenas as roupas que eram boas aos olhos dela. Me afastou de Naruto e Gaara, que eram meus amigos mais próximos, e por pouco não me afastou de Karin também, apesar de sempre ter olhado torto para a ruiva. De acordo com ela, Karin, Gaara e Naruto não eram boas companhias para mim pois usavam alargadores nas orelhas e andavam de skate e Karin fez um sidecut e começou a pintar os cabelos ruivos alaranjados de um tom bem vivo de vermelho aos quinze anos. Na verdade, assustava a Mebuki que eles me incentivavam a independência, e a co-dependência dela sempre foi doentia. Ela queria que todos dependessem dela, e em sua mente, apenas quem lhe obedecesse estaria fazendo o certo.

Com o passar dos anos, Mebuki ficou cada vez mais controladora, sobre o que eu vestiria, estudaria, com quem eu falaria e até mesmo o que eu comeria! Me obrigava a pintar meus cabelos de um loiro acastanhado como era o dela própria, pois eu nasci com os cabelos de um tom rosado, quase como iogurte de morango. Não sei por qual anomalia genética, porém, vim assim e Mebuki não gostava nada pois para ela, o fato de eu ter os cabelos rosados me fazia parecer uma aberração, e ela não seria mãe de uma aberração. As coisas somente pioraram quando ela juntou-se à filha de Hontu, seu atual marido, para me depreciar de forma velada. Os dias vividos naquela gigante e luxuosa casa foram uma tortura para mim, me sentia dentro de uma redoma de vidro, onde ter a liberdade de tomar as próprias decisões era um sonho distante.

O ápice foi aos meus quatorze anos, quando tia Kushina, irmã de meu pai, e tio Minato, seu marido, tiveram de se mudar para Sarasota, na Flórida, pois o trabalho de Minato em uma multinacional exigia essa mudança. Fiquei arrasada, nem mesmo vê-los escondido eu poderia mais. Naruto era meu primo. Gaara era filho de um amigo de infância do meu pai e da tia Kushina, infelizmente sua mãe morreu de câncer de mama quando ele tinha apenas sete anos, seu pai não aguentando esse fato, acabou morrendo após bater o carro em uma árvore enquanto dirigia embriagado. Tia Kushina, como madrinha, o pegou para criar como seu próprio filho. Crescemos juntos, meu pai era padrinho dos meninos, estudávamos na mesma escola, onde conhecemos Karin ainda no ensino fundamental, éramos um quarteto bem unido. Quando fiz quatorze anos eles se mudaram, sofri a partida deles por muito tempo, mas Karin ainda alegrava os meus dias. Decidimos começar a trabalhar quando fizemos quinze anos, Karin não precisava, mas queria me fazer companhia.

 Trabalhei escondida por três anos na loja do senhor Kimimaru, vendendo artigos alternativos como camisetas de bandas famosas, canecas, CD’s e até artigos decorativos. Na época, Mebuki gerenciava sua própria clínica das 8h às 18h, Hontu trabalhava das 7h30 até as 20h, Yui estudava em uma escola de período integral e ia direto para o curso de inglês que fazíamos juntas às 17h, pelo menos eu gostava do curso. Guardei todo o meu salário sem gastar um iene sequer, pois precisaria de todo o valor que pudesse juntar para sair de perto da presença de Mebuki.

Ao terminarmos o ensino médio com dezessete anos, quase dezoito anos, Karin se mudou para a Califórnia, onde seu pai possuía uma empresa e ela deveria ir para lá estudar administração e aprender o ofício do pai. Fiquei feliz pois ela realmente queria ser uma grande empresária, porém, senti que minha vida estava cada vez mais sufocante.

Ainda aos dezesseis anos decidi cursar nutrição, queria cuidar e fazer a diferença na vida das pessoas na área da saúde. Estudei como louca para passar no vestibular. Ia para a escola durante a manhã, almoçava rapidamente, entrava no serviço as 13h e saia as 16h, comia algo e ia até o curso de inglês que cursava junto com Yui, onde nos ignorávamos das 17h até as 19h, voltávamos com o motorista de Hontu para casa, onde eu tomava banho, jantava com a família comercial de margarina e ia para o quarto me afundar nos livros até meu cérebro não conseguir mais absorver as informações, que era em torno das duas e meia da madrugada, quando eu desmaiava de sono  e acordava com o despertador as 4h30 em ponto para começar tudo novamente. Foi uma época louca, mas todo o esforço valeu à pena.

Quando estava no fim do último ano do ensino médio, perto da ida de Karin, recebi a notícia de que tinha passado em segundo lugar na Todai, simplesmente a melhor faculdade pública do Japão! E não só lá, mas em todas as quais tinha me inscrito. Foi um dos melhores dias da minha vida, aplacou um pouco a tristeza de ter a minha melhor amiga longe. Peguei o dinheiro que havia juntado e me mandei para o dormitório da faculdade. Contei para Mebuki apenas no dia da mudança, pouco depois do meu aniversário de dezoito anos. Ela surtou, disse que eu cursaria direito pois ela era a minha mãe e eu deveria seguir o plano que ela traçou para a minha vida, ela que mandava e eu não poderia sair fazendo o que bem entendesse, não interessava se eu já tinha dezoito anos. Saí debaixo dos gritos de Mebuki, que no fim, não poderia fazer nada, pois eu já tinha atingido a maioridade, apenas me disse que assim que eu passasse pelas portas, eu não seria nada para ela. Naquele dia, saí levando apenas a roupa do corpo e o cartão poupança com uma boa quantia de ienes que tinha juntado durante os 3 anos que trabalhei com o senhor Kimimaru. Não respondi nada, pois para mim, só de estar realizando meu sonho era o suficiente.

Passei quatro anos na Todai, estudando e realizando estágios remunerados em um ritmo bem pesado. Com o dinheiro dos estágios comprei a minha moto, que me acompanha até hoje. Me formei com honras e fui aceita no programa de residência do Hospital Central de Tóquio, onde eu receberia um salário enquanto fazia a especialização, com a duração de dois anos e diploma de pós-graduação em nutrição clínica com especialização em obesidade, cirurgia bariátrica e metabólica. O qual eu tinha apresentado minha dissertação e finalizado em fins de junho, e fui chamada para continuar trabalhando no hospital desde então.

Vivi de forma simples desde que saí da casa de Hontu, mais me sentindo muito bem em minha liberdade pessoal e financeira. Ano passado, em uma síncope decidi entregar a documentação para realizar o mestrado em Tampa. Desde que os meninos se foram, eu queria ir com eles, conhecer outros lugares, mudar de ares e sair das garras da minha mãe narcisista e manipuladora. Mas, como iria sem dinheiro, emprego e muito menos a liberação da minha mãe? Na época ainda era menor de idade. Com muita fé, suor, lágrimas e noites em claro, saí da convivência tóxica que Mebuki me proporcionava. Admito que com o meu psicológico um pouco ferrado, mas, nos dias atuais, quem nunca?! Se você tem seu psicológico em ordem, você é privilegiado, querido! Mas, admito também que não guardo rancor ou mágoas. Já ouviram a frase “Não podemos nos livrar dos nossos defeitos, pois não sabemos quais sustentam nossa estrutura”? Pois bem, encaixo essa frase na minha vida. As coisas são o que são, eu não poderia mudar Mebuki, mesmo que por anos eu só quisesse ser amada, aceita e apoiada como filha. Aprendi muito em como não ser e como não agir. Aprendi a ser livre e a respeitar a liberdade do outro.

Após todo esse rolê, cá estou! Confirmei hoje para a universidade que em novembro já estarei em Tampa para o início do mestrado. Tenho até o fim do mês de julho para deixar tudo organizado aqui em Tóquio, pois quero comprar minha passagem para o mais rápido possível! Tóquio é linda, mas, assumo que um pouco sufocante quando lembro de algumas situações vividas aqui.

Me levanto de meus devaneios, e vou tomar um banho. Ainda de peças íntimas, me observo no espelho do banheiro. Gosto de observar a mulher que lutei e ainda luto para me tornar. Como um reflexo de todo esse tempo de aceitação e construção. Tenho 1,72m de altura, cabelos rosados que vão até um pouco abaixo dos meus cotovelos, olhos grandes e verdes levemente puxados. Seios grandes, pois coloquei silicone sim, porque eu quis e com o meu dinheiro! Braços proporcionais e levemente definidos. Cintura delgada onde exibia uma tatuagem na lateral esquerda de cintura. Glúteos grandes, acompanhados de algumas estrias, as quais observo com carinho. Coxas e panturrilhas grossas. Não sou uma musa fitness super definida, mas meu corpo é bem estruturado e avantajado pelos seis anos de academia, de forma harmoniosa.

Sou uma mistura das raízes brasileiras da família de Kizashi e das raízes japonesas de Mebuki. Sim! Meu pai tinha um pezinho no Brasil, meu avô paterno era brasileiro, veio trabalhar no japão, onde se estabeleceu, conheceu e casou-se com a minha avó e tiveram juntos Kizashi e Kushina.

 Sempre fui gordinha durante a infância e parte da adolescência. Não bastava os cabelos rosados e grandes olhos verdes, eu costumava ser acima do peso, o que era um prato cheio para as crianças maldosas, e também para Mebuki que destilava seu veneno de forma mais velada perante a Kizashi. Chamava o bullying de cuidado e preocupação. Na pré-adolescência, perdi peso devido ao estirão e as dietas restritivíssimas de Mebuki. Tanto que durante o primeiro ano de faculdade, vivi uma vida bem desregrada, falando sobre a minha alimentação. Estudantes de nutrição e nutricionistas também são gente! Ganhei 10 quilos nesse tempo, mesmo treinando. Ainda foi de menos, não sei como não desenvolvi uma compulsão alimentar.

Quando entrei na Tonai, foi um tempo de libertação e aceitação pessoal. Raspei os cabelos tingidos de loiro, fui bem radical mesmo! Não queria lembrar das condições abusivas de Mebuki ao olhar para os fios tingidos! Logo na calourada fiz essa proeza. Meu próximo passo foi me matricular em uma academia, me interessava e queria, pois Karin praticava, e me dizia que era divertido e relaxante, mas Mebuki não permitia porque segundo ela, puxar ferro não é para moças. Ela apenas me deixava correr, e não só deixava, como obrigava! Todos os dias acordávamos as quatro e meia da manhã para correr exaustivamente até as 6h, quando retornávamos para casa e dávamos início as atividades do dia.

Eu até passei a gostar de correr, mas não do jeito que Mebuki fazia. Quanto à academia, eu me apaixonei pela musculação! Até hoje, levanto as 5h, faço meu desjejum e realizo a atividade. Prefiro ir nesse horário pois a academia está quase vazia, e é mais fresco durante o verão. Não, não sou perfeita e não é fácil, mas tem certas atividades que você conta até 3, levanta e vai! E são os únicos horários que tenho! Não gosto de treinar a noite, a academia enche e tem que ficar esperando para usar os aparelhos, não tenho saco.

As 7 da manhã estou entrando no serviço, onde fico até as sete da noite de segunda à sábado. Sábado à noite tiro um tempinho para mim, saio com alguma amiga ou vejo um filme com algum lanche. Domingo eu relaxo um pouco e à cada dois domingos eu preparo as marmitas para 15 dias e congelo. Assim mantenho minhas refeições equilibradas, fazendo escolhas saudáveis e de forma prática! Não tenho tempo nem para me coçar, quanto mais para cozinhar todos os dias! E não, nutricionista não tem que saber ou gostar de cozinhar obrigatoriamente! Superem!

Saí do banho, vesti uma camisolinha curta preta com estampa de gatinhos brancos bem fresca, liguei o ventilador e caí na cama. Amanhã é domingo, e os carneirinhos já estão contando Sakuras.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo foi mais para vocês conhecerem a personagem principal e o contexto de vida dela. Até então a fanfic será toda narrada pela Sakura. Beijos, fiquem com Deus!



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