Melindres de um covarde. escrita por OhhTrakinas


Capítulo 1
One-shot!


Notas iniciais do capítulo

Oiolaaaaaaaaaaa!!! o

Amigos e amigas, dessa vez aqui estamos com uma one-shot! o/
Esta one-shot faz parte de um amigo secreto lá de um grupo do facebook voltado á Kuroko no basket. Eu adoreeei escrever essa one-shot, apesar de enrolar para finalmente terminá-la. kkkkkk

ESSE PRESENTÃO LINDO, QUE ESPERO QUE GOSTE MUITO, É PRA VOCÊ LIRA STARK! SUA MARAVILHOSA.

Tentei fazer uma fanfic que continha drama e os ship que tu curte. Tu disse que poderia ser aokise ou akakuro. ENTÃO EU BOTEI OS DOIS. HUEHUEHUEHUE
E drama.. Bom, eu bem que tentei, MAS BOTEI SIM.
Cê sabe. Eu sou do humor, da felicidade, então é complicado pra eu escrever dramas bonitos, mas fiz o possível de verdade, tudo para te agradar Monamour ♥ (Não sou expert que nem a Daiko, aquela destruidora de corações ;u; KKKK)

Um beijão na bunda e boua leitura á todos e a você, querida.

Inté o/

[EU MESMA BETEI ESTA MERDA. EU REVISEI... Mas sipáh um errinho passou aí, eim :y]



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/683909/chapter/1

Balançou o cigarro entre os dedos, fazendo com que as cinzas caíssem da sacada de seu prédio, e acertassem em cheio o técnico que veio arrumar seu micro ondas. Sorriu ao ver que o acertou, percebia que seus reflexos ainda eram bons, afinal, jogava basquete no colegial e sua pontaria era ótima, vivia acertando as cestas... Mas parece que com o passar dos anos, não ficava acertando cestas, mas se dedicava em acertar cinzas de cigarros em técnicos babacas que cobravam um absurdo para concertar um maldito micro ondas!

   Oitenta reais para concertar uns botões? Que absurdo! Melhor comprar outro...

   Depois de trocar um singelo gesto com o técnico onde era necessário a elevação de seu dedo do meio, assoprou a fumaça que estava presa em seus pulmões, fazendo uma pequena nuvem química flutuar e sumir. Olhou o relógio de pulso e viu o horário. Sim, relógio de pulso... Usava apenas porque achava charmoso, mas enfim.

   Mais um dia de trabalho, mais um dia para pegar transito, mais um dia... Pra enfrentar os seus monstros internos diários.

[...]


  Estava calor, afinal, é normal fazer mais de 30°C quando se está no verão, porém agradecia aos deuses por causa da empresa em que trabalhava conter potentes ar condicionados. Desceu do taxi em que estava e correu para o prédio da empresa, sem antes, lógico, deixar o preço sugerido para o taxista.

   Ao entrar lá dentro, Aomine Daiki suspirou aliviado. Ahh, como era bom sentir um arzinho refrescante sobre seu terno preto e quente!

—Está atrasado, Aomine-san. –Disse a mulher que ficava na recepção. Até hoje o moreno não decorou direito o nome dela, mesmo depois de estar trabalhando á anos naquele lugar.

—Não sabe o inferno que está lá fora, senhorita Karen.

—Marlene.

—Ok... –Passou direto, colocando seu cartão na catraca. Seu destino é o elevador, mas antes tinha que pegar um copo de café para deixá-lo ainda mais acordado naquela tarde entediante... 

   Pegou o copo de café, e foi bebericando a bebida até chegar frente ao elevador, apertando o botão. Poucos segundos mais tarde, as portas se abrem, e ele entra, logo sendo interrompido por mãos menores que as suas, e mais claras.

   Quem entrou no elevador junto a ele, foi Kuroko, seu amigo de trabalho.

—Bom dia, Tetsu. –Disse o moreno, com sua voz rouca de puro desinteresse, terminando de tomar o ultimo gole do café. Viu as portas do elevador se fecharem.

—Dia, Aomine-kun... Chegando agora? –Perguntou o azulado menor, segurando algumas pastas.

—Sim. Como disse á Judith, o transito está um inferno.

—Marlene.

—Isso. Que tanto de pastas são essas?

—Documentos que passei a noite organizando para entregar ao Akashi-kun hoje de manhã... –Disse de forma cansada.

—Já disse que o Akashi faz você de escravo... –Murmurou.

—Eu particularmente não ligo. –Deu de ombros.

   Aomine o encara de canto, não percebendo nenhuma mudança facial no amigo por falar aquilo mas, sabia bem dos sentimentos contidos que o azulado tinha pelo ruivo “imperadorzinho-de-merda”. Não que tivesse certeza, mas, era só olhar para a relação de empregado e patrão que os dois tinham. Ok, não era nada demais para os bestas que não prestavam atenção, mas já viu cada sorrisinho troxa sair dos lábios de Akashi e por incrível que pareça, coradas tímidas das bochechas pálidas de Tetsuya. Era uma graça.

   Se perguntava quando que os dois iriam para os “finalmente”!

   Mas também, Aomine não podia falar absolutamente nada! Não tinha nenhuma moral...

—Então... –Daiki iria começar um assunto aleatório enquanto o elevador subia, mas foi interrompido por um balanço drástico.

   O elevador para.

—Ahh, que belo clichê! –Reclamou o moreno.

—Isso geralmente acontece em filmes de comédia romântica, não é? –Comentou Kuroko.

—Foi o que quis dizer.

—Geralmente com o casal protagonista que se gosta...

—O que não é o caso.

—Sim.

   Passou alguns segundos até que escutaram a voz abafada de um rapaz que gritava, tentando fazer com que Aomine e Kuroko escutassem.

—Ahh, merda! V-vocês dois aí, esperem um pouco, foi apenas um erro técnico! –O homem parecia nervoso. –Aquele maldito Willian, eu bem que avisei!

   Aomine respirou fundo, encostando as costas na parte espelhada do elevador.

—Parece cansado. –Disse Kuroko.

—Talvez. –Murmurou o moreno. –Fiquei pensando em algumas coisas durante a noite... E hoje mais cedo foi um estresse por causa do meu micro ondas e um patife que não tem noção de preço.

—Hmmm, ficou pensando no que? –E em uma rara ocasião, Kuroko esboça um sorrisinho leve de interesse. –Por acaso estava pensando no-

   E o elevador balança novamente, de forma brusca, voltando a subir.

—E voltamos a programação normal... –Brinca, Aomine.

—Ainda bem, já estava ficando nervoso... Bom, continuando, por algum acaso estava pensando no-

   E como se fosse uma brincadeira de mau gosto, Kuroko mais uma vez foi impedido de completar a tal frase que deixaria Aomine constrangido. A porta do elevador se abre, porém não no andar que os dois tinham como destino, ainda tinha mais uns cinco andares pela frente. Sim, o prédio era imenso.    

   As portas se abrem, mostrando o andar que estavam, espaçoso, cheio de mesas e computadores, mas pouco movimento. Apesar de tudo, o elevador continuava ali parado, sem ninguém entrar.

—Ué? –Questionou Kuroko, levantando uma de suas sobrancelhas.

—Tsc, deve ter sido um idiota que apertou o botão sem querer. –Aomine se move para apertar o botão novamente e continuar a subir, todavia é interrompido quando braços apressados impedem a porta de se fechar, e uma pessoa totalmente atrapalhada força a sua entrada no elevador.

—NÃO FECHA AINDA! –Gritou a tal pessoa.

   Finalmente conseguiu entrar, mas tropeçou na pequena elevação que havia no azulejo e entrada do elevador, indo em direção á parede espelhada. Mas, para impedir que tal acidente concretizasse, Aomine pensou rápido e esticou um de seus braços, segurando o outro pelo corpo, abraçando sua cintura com força e o puxando para si de forma possessa. Ok, bem dramática esse salvamento, mas estamos falando de Kise Ryouta. Qualquer deixa para se aproximar mais do loirinho que desse, Daiki aproveitaria.

—Opa, Kise! –Disse o moreno, soltando o outro, que ainda estava um pouco atordoado.

—A-ahh~ Ahh, desculpa! Eu tinha apertado o botão, mas saí apenas para cumprimentar uma pessoa, e quando vi a porta se fechando eu entrei em desespero e acabei tropeçando... –Explicou Ryouta, de forma nervosa e constrangida. –Me desculpa por isso Aominecchi... E Kurokocchi... Bom dia aos dois. –Completou com um sorrisinho agradável.

   Os dois responderam e uníssono.

   Finalmente chegaram em seu andar, saindo dali, Kuroko se despediu de forma breve dos dois amigos de trabalho e foi em direção á sala do grande poderoso chefão... Akashi.

—Por que Kurokocchi está segurando tantos papeis? Parece pesado. –Perguntou o loiro.

—Coisas que Akashi pediu para ele fazer.

—Pra mim, o Akashicchi faz do Kurokocchi um escravo. –Murmurou o menor.

—E você acha que eu não penso desse jeito também? –Respondeu com um sorriso de canto.

   Os dois se viram e rumam para seus lugares, divisórias espaçosas e de certa forma aconchegante, um bom lugar que era calmo, com pouco movimento e barulho, onde pudessem se concentrar o bastante e escrever para as diversas revistas que a empresa trabalhava.

   Aomine sentava perto de Kise, em uma distancia não muito grande, o suficiente para levantar o olhar e encará-lo de forma contida, escondendo seus sentimentos.

   Chegou frente a sua mesa, jogou a maleta que segurava na mesa do lado, que era vazia, não sentava ninguém; e se esparramou em sua cadeira confortável. Agradecia sinceramente a Akashi, apesar de ser um patrão difícil de lidar que se achava um “imperadorzinho”, teve a competência de deixar o ambiente de trabalho para seus funcionários o mais aconchegante possível.

   Ligou o computador e logo foi em seus arquivos, vendo o que diabos teria para fazer hoje.

   Vejamos... Carro bate no meio de uma rodovia movimentada e mata três pessoa. Uma pessoa se suicida pulando da ponte. Três ladrões assaltam um ponto de ônibus. Policiais trocam tiros com rapazes menores de 16 anos na favela perto do centro... E é preso em flagrante um vereador, roubando dinheiro do caixa da prefeitura.

   Pois é, só desgraça. Mas Aomine estava acostumado a ler e escrever tanta merda, falando das noticias que ocorrem nesse estado em que o moreno vivia. Infelizmente não podia fazer nada se o seu ganha pão são noticias sangrentas de homicídio e suicídio. E se o mundo fosse na maior paz? Como ele iria trabalhar?

   Pois é, a vida é foda.

   Mas ás vezes, em finais de tarde, quando não aguentava mais escrever em jornais apenas falando de desgraça, pensava o quão seria ótimo trabalhar na área em que Kise estava. O loiro escrevia para revistas sobre fofocas, falando das celebridades e alguns artigos de moda. Mas lembrara que um dia, numa saída de bar na sexta-feira, quando Ryouta estava “alegre” demais, e acabou desabafando: “Não sabe o quão ruim é ficar escrevendo sobre essas celebridades pomposas e metidas! Quem diabos quer saber se aquela vagabunda comprou um pastel numa feira? E daí se aquela morena colocou silicone? Fooooda-se se o casal perfeito se separou, casamento de gente famosa não dura!!!” E ainda acrescentou. “E todas aquelas modelos não passam de mortas de fome... Eu fui modelo quando era mais novo. Eu era uma gracinha. Melhor que elas, aí...”.

   Foi um tanto cômico escutar as diversas bobagens que Kise ficava falando enquanto estava bêbado. Ele tinha a capacidade de falar sobre a comida de tia, e acabar terminando falando sobre o assunto dos pandas e o risco que eles correm em extinção.

   “Os pandas são fofinhos, Aominecchi~”

    Kise era uma figura. Daiki já se acostumou de ás vezes pegar-se pensando no loiro. Em vez de estar começando a trabalhar, escrever para o jornal de noticias policiais e criminais, não, estava ali, com a mão apoiada no queixo e encarando de forma descarada para o outro que nem percebia que estava sendo observado...

   Ryouta estava digitando em seu computador de forma ágil, parando apenas para reler o que acabou de escrever. Era bela a forma que seus olhos com cílios grandes observavam a tela de forma concentrada. Via aquela boca pouco carnuda e rosada mexendo-se minimamente, lendo de forma muda. Viu até quando a língua passou entre os lábios, umedecendo-os.

—Vai babar no teclado, Aomine-kun. –E Kuroko aparece de repente, fazendo com que o moreno arregale os olhos e dê um pulo de puro susto, quase caindo no chão.

—PORRA, TETSU! –Gritou, chamando a atenção das pessoas que estavam ali, inclusive de Kise, mas o mesmo apenas deu uma risadinha e voltou ao seu trabalho.

—Deveria ir falar com ele, falo isso pra você á uns meses, já.

—E eu sempre vou continuar respondendo a mesma coisa; cuida da sua vida! –O moreno se ajeita em sua poltrona. –O que quer?

—Vim aqui para dizer que Akashi mandou deletar as noticias da terceira e quarta coluna que te enviaram. Essas daí não liberou o acesso ainda. E... Akashi-kun quer falar com você.

—Comigo? Por quê? Eu não fiz nada... Quer dizer, se for por causa da impressora branca, aquela merda já estava quebrada! E eu não sei que diabos de mancha de café é aquela! –Mentiu, foi ele.

—Aomine-kun, se contenha! –Soltou uma leve risada. –Nem eu sei o que diabos ele quer falar com você, apenas me disse para ir lá.

—Tsc... Lá vem bomba. Aposto que descobriu que fui eu que derrubei café naquela bosta.

—Mas acabou de dizer que não foi você...

—...


   Não era rara as ocasiões que era chamado para ir na sala de Akashi, mas também não ia com frequência. E não era algo que Daiki gostava de fazer, pois sabia que sempre iria lá para discutir sobre, fazer mais coisas, mudar seu horário e outras coisas chatas que sempre o irritavam.

   Abriu a porta da sala de seu patrão e entrou em silêncio, falando apenas um “Licença” baixinho. Viu Seijuuro sentado em sua poltrona preta de couro, os braços apoiados em sua grande mesa executiva. Tinha um ar soberano. Sempre era assim...

   “Maldito imperadorzinho de merda” –Pensou Aomine ao encará-lo. Sinceramente, adorava o apelido que botou nele.

—Me chamou, senhor Akashi?  -Perguntou Daiki, já sentado na poltrona da frente da mesa do patrão.

—Sim, Tetsuya disse para você vir para cá. Enfim, precisamos conversar sobre uma coisa simples...

   “Simples, aham. Simples a minha bunda! No mínimo deve ser algo complicado e irritante. Vai me pedir para fazer a coluna de outros três jornais, vai mandar eu fazer hora extra, vai ter que diminuir o meu salário por causa da maldita multa que o você levou no mês passado por causa daquela notícia cabulosa do presidente!” –Pensava rapidamente com certo ódio interno.

—Você é amigo de Tetsuya, não é?

—O que disse? –Teve seus pensamentos raivosos serem cortados ao meio quando escutou a voz de Akashi.

—Perguntei se você é amigo de Tetsuya.

—Sim... Somos grandes amigos na verdade.

—Sente algo por ele? Me reporte se acaso estiver invadido seu espaço de privacidade...

—Naah’, que isso. Eu não sinto nada pelo Tetsu, nós somos amigos, só amigos. Mesmo. –Tentou deixar isso bem claro. Ok, Aomine não estava acreditando que Akashi havia o chamado, não para falar de coisas chatas sobre a empresa, mas para falar sobre o Kuroko! AHÁ! Aomine tinha razão. O malandro do Akashi está mesmo a fim do azulado.

—Isso de certa forma me alivia. Mas isso não vem ao caso... –Coçou a garganta com um murmúrio. –Vejamos, o motivo de sua vinda até aqui, é que quero sua ajuda. Já que é tão próximo de Tetsuya, imagino que saiba de seus gostos, não é?

—Mais ou menos...

—O suficiente para saber do que o mesmo gosta? Como por exemplo, o que ele iria preferir ganhar de presente de aniversário? Afinal, o aniversário dele está próximo.

—Desculpa qualquer coisa, mas... O senhor tá dando em cima do Tetsu, senhor Akashi? –Infelizmente não conseguiu conter um maldito sorrisinho que brotou em sua boca. Um sorrisinho de deboche, como se tivesse dizendo: “Ahhh, safado~”.  Mas foi logo cortado quando viu o olhar desaprovador do ruivo.

—Eu perguntei do que ele gosta...

—Basquete, cachorros e chocolate branco, senhor... –Respondeu rapidamente, já com seu sorrisinho morto. –Há outras coisas, lógico, mas eu não sei...

—Basquete? Achei que Tetsuya fosse mais cultural, que preferisse desfrutar de quadros, esculturas em museus, ou então bebidas refinadas em restaurantes caros... Basquete é algo tão... Informal. Digo. Você me entende, não é?

—... Olha, senhor, isso é você, né? Na verdade Tetsu adora basquete; fica gritando na arquibancada e xinga o juiz de todos os nomes que você possa imaginar. E as bebidas preferidas dele eu não sei, mas sei que um dia, numa saída nossa, ele virou três copões de cerveja, duas vodkas e conseguiu beber no gargalo um wisky barato em tempo recorde... Lógico que depois disso ele vomitou na mesa e caiu desmaiado. Podia ter morrido...

   Akashi ao escutar aquilo se sente totalmente surpreso. Não queria muito transparecer o quão surpreso e assustado estava, mas era difícil. Estava calado. Não conseguia falar...

   Enquanto Aomine... Aomine queria rir.

—Realmente ele é outra pessoa quando está falando comigo. –Disse apenas essas palavras.

—É... –Respondeu por fim. –Mas não ligue para isso senhor Akashi, ele é uma boa pessoa, sabe disso. Posso me retirar?

—F-Fique a vontade... –Estava realmente espantado.

   Quando Daiki saiu da sala, Akashi soltou uma lufada de ar, relaxando os ombros e... começando a rir. Não de forma exagerada, mas de forma pouco contida, pouco divertida. Mas dava uma risada boa. Realmente estava desacreditado da pessoa que realmente era Kuroko Tetsuya. O azulado mostrava-se calmo, paciente, e devotado a ele! Nunca que iria imaginá-lo virando bebidas alcoólicas em tempo recorde e caindo desmaiado no chão de tanto beber. Nunca!

   E isso só o deixou mais interessado no azulado... Até porque ninguém sabia mas, Akashi também era bom de bebida.

—Quem sabe no aniversário dele, não o convide para ir em minha casa e competiremos quem consegue virar uma Karloff  inteira em menos tempo...


   Enquanto isso, Aomine que estava com uma sensação de dever cumprido, realmente acreditando que havia ajudado um certo casal a se juntar, voltou para a sua mesa. Sentou-se de forma espaçosa e estava pronto para começar a escrever, porém, algo lhe chama atenção.

   Uma mulher, funcionária da empresa, estava conversando com Kise de forma alegre. Todos da empresa sabiam da sexualidade do mesmo, então não tinha motivos para ter ciúmes, mas ainda assim, estranhava a quantidade de mulher que ficava no pé do loiro. A mulher conversava alegremente com o mesmo, e Kise respondia a altura, com risadas alegres, num timbre lindo. Aomine era um psicotapa. 

   A mulher então, puxa uma chuchinha e prende os cabelos loiros e macios de Kise. A chuchinha rosa prendia num rabo de cavalo um tanto fofo os cabelos sedosos do loiro. Mais risadas foram trocadas, sabe-se lá o assunto que os dois estavam tendo. Num toque, a mulher disse que estava ocupada e precisava voltar ao serviço.

   Não se preocupando e pegar a chuchinha de volta, a tal mulher se vira e se despede de Ryouta, indo para seu lugar. Kise solta mais uma risada calma, e quando iria tirar a chuchinha de seu cabelo, Aomine o interrompe:

—Não precisa tirar... Até que ficou bonitinho. –Disse o moreno de seu lugar, com um sorriso calmo, não transbordando nem uma malicia. Mas logo tomou consciência do que havia falado, e por Deus, que bagulho gay!

   Kise ao escutar aquilo, se sentiu constrangido, não conseguiu conter a vermelhidão de seu rosto ao escutar um elogio, mesmo que daquela forma, vindo de Aomine.

—Ahh que isso, Aominecchi... –Sorriu de forma tímida e puxou a chuchinha, deixando seus cabelos mais uma vez livres.

   Ás vezes Daiki tinha atitudes um tanto constrangedoras para cima de si. E Kise não reclamava... Gostava do jeito que o moreno agia consigo, de forma descontraída, fazendo piadas bobas e as vezes ficava com cara de tédio, resmungando de tudo e de todos e o quão cansado sempre era...

   Achava-o um homem incrível, apesar de tudo. Mas... Não tinha porque falar disso com ele. Realmente, desnecessário... Até parece que Aomine iria ligar; pensava.

   O moreno engoliu a seco, pensando no que havia falado para Kise. “Até que ficou bonitinho~ AHHHR, QUE MERDA!”. Não era possível ver, mas sua expressão beirava ao desgosto e ridículo. Estava com vergonha de si mesmo... Vergonha de ficar secando o colega de trabalho a mais de três meses, ficar com vergonha de si mesmo de não ir lá e falar com ele uma simples frase! “Ei, você, vamos jantar essa noite e não aceito um não como resposta!” Ok, um pouco rude, mas geralmente funcionava nas novelas!

   Era um covarde. Isso que ele era.

   Aomine sabia que Kise era gay, e isso de certa forma o aliviava, pois sabia que tinha chances. E também sabia que várias vezes o loiro ficava com as bochechas vermelhas por causa de suas atitudes, mas... Primeiro, Kise era branco demais, sua pele era delicada e macia, então qualquer coisinha, ficava vermelha sim! Então não era nada demais ele corar, que merda! E o mesmo nunca o correspondeu quando o moreno dava suas “investidas”... Sempre ficava encolhido, um pouco encabulado e sempre falava, “Ahh, que isso, Aominecchi~”... E PRONTO!

   Daiki pensava que deveria desistir de tentar alguma coisa com Kise. Não tinha coragem de convidá-lo para um encontro e também sabia que o mesmo não sentia nada por si...

   Era o que acreditava fielmente.

   -Hunf... Sou conselheiro amoroso para os outros, mas para mim mesmo... Não consigo me ajudar em porra nenhuma... –Resmungou baixinho, girando sua poltrona e finalmente dando inicio ao seu trabalho.

  [...]


   Levantou os braços, espreguiçando e relaxando o corpo. Estava cansado. Aomine não aguentava mais escrever sobre as desgraças diárias que aconteceu naquela semana, e olhando para o relógio, viu que já estava na hora de parar e ir para a casa... Ahh, finalmente, final de tarde, chegou para lhe agraciar com a boa noticia de ir embora da empresa...

—Está cansado? –Comentou Kise, que se levantava de sua poltrona, estralando sua coluna.  

—Lógico que estou... –Murmurou.

   Ryouta encara a grande janela que ocupava grande parte da parede, e vê o tempo fechando, dando inicio a uma grande tempestade. Por sorte trouxe guarda-chuva... Mas se perguntava se Aomine também trouxera, e duvidava disso, pois o mesmo era sempre desatento.

—Nossa, parece que vai chover forte. –Comentou o loiro, puxando assunto.

   Daiki se vira um pouco encarando a janela, tendo certeza de que o loiro estava certo.

—Ahh, que maravilha... Eu não trouxe!

   E lá estava a sua chance. O peito de Kise começa a palpitar, estava levemente nervoso, e sabia que não deveria estar, porque era algo bobo. Mas o loiro respira fundo e tenta fazer um convite. Um simples convite para Aomine dividir o guarda-chuva consigo e quem sabe irem caminhando juntos até a estação do metrô com seus ombros coladinhos e dando risada a cada vez que reclamassem da água fria molhando seus ombros descobertos... E quem sabe se no meio daquela agitação, Ryouta não o convidasse para ir em uma cafeteria tomar algo quente...

—Aominecchi, que tal-

—Eu vou ter que pedir para a Marcia me emprestar um guarda chuva... Espero que ela aceite. –O moreno o interrompeu, não prestando atenção no que o outro lhe dizia. Mas logo percebeu que acabou o cortando. –Hum? Disse alguma coisa?

   Kise se sentiu um pouco derrotado, mas logo desistiu. A pouca coragem que havia consigo, acabou se esvaindo.

—É Marlene, Aominecchi... –Sorriu de forma doce... –E não é nada não... Eu não disse nada.

—... Hm... –Levantou uma das sobrancelhas.

   Todos daquele andar estavam prontos para irem embora e aos poucos o lugar ia ficando vazio. Akashi já havia ido embora e aproveitou para dar uma carona a Kuroko, que prontamente aceitou. Kise e Aomine estavam sozinhos no elevador, e a todo momento o moreno torcia para que aquela droga parasse e os deixassem presos ali dentro. Sozinhos.

   Mas clichês não acontecem... Tudo ocorreu normalmente de forma silenciosa. Triste.

   Saíram do elevador e Kise se despediu do mesmo, mas parecia que o loiro queria dizer alguma coisa, mas viu que não foi dita. O menor saiu de forma apressada para fora do prédio, passando pelas catracas e abrindo seu guarda-chuva.

   Lá fora, Kise sentia as gotas de chuva forte caindo, de forma pesada. Estava bem forte. Poderia estar dividindo aquele guarda-chuva com Aomine, até tentou arranjar coragem para fazer tal convite agora pouco mas, mais um vez desistiu.

   Era um covarde.

  Suspirou e viu seu celular vibrando. Pegou e atendeu.

—Alô? Kise!?

   O loiro reconheceu a voz, vendo que era de um amigo.

—Kasamatsucchi? O que foi?

—Acabei cortando caminho por causa do transito, e por sorte estou passando na frente do prédio onde você trabalha... Vai querer uma carona?

   Estava um pouco difícil de entender o que o amigo queria dizer, mas escutou as palavras “sorte” e “carona”, e acabou aceitando...   

   Enquanto isso, lá dentro do prédio, no hall da entrada. Aomine estava com uma sensação um tanto ruim. Estava um tanto curioso para saber o que o loiro tinha a dizer para ele, e também estava a fim de falar com o mesmo... Queria... Queria fazer um convite... Sim, um convite! Um convite informal para sair. Para descontrair.

   E foi numa coragem desconhecida que surgiu em seu peito e logo o dominou. Sorriu. Finalmente não seria mais um covarde. Finalmente falaria com Kise e o convidaria para sair. Não tinha nada demais naquilo!

   A passos largos o moreno passou as catracas e passou pela recepção.

—Tchau Marlene! –Gritou.

—É Marle... Hn!?

   E sem se preocupar com a tempestade que estava lá fora, Daiki saiu sem guarda-chuva nenhum, não se preocupar em molhar seu terno e sua maleta. Sentia os pingos fortes e gelados derramarem-se em seu corpo quente, e começava a correr para a calçada, fazendo as poças de água espirrarem. Um pouco ao longe viu Kise. E sua coragem não diminuiu. Estava feliz por isso.

—Kise!!! –Gritou. Gritou em meio á chuva, em meio ao trovão ensurdecedor.

   O loiro não ouviu.

   Desistiu de chamar sua atenção na base dos gritos, mas não desistiu de correr e chegar até nele. Mas, enquanto corria, logo foi parando... Aos poucos seus passos foram diminuindo, e pouco tempo depois não corria mais.

   Kise entrou num carro, e graças aos vidros não serem filmados, deu para perceber que era um homem que estava no motorista. Aomine viu Kise cumprimentar o estranho de forma alegre, com um abraço.

   Aquela cena o deixou de certa forma desconfortável. Propícia para aquela tempestade que estava tendo, caindo sobre si...

—OBRIGADO, KASAMATSUCCHI, VOCÊ ME SALVOU! –Kise gritava de dentro do carro.

—Ahh sai pra lá! Está todo molhado, que merda! –O moreno começa a dirigir. –Então, como foi o dia?

—Normal, como todos os dias. –Suspirou fundo.

—E como está indo o seu relacionamento com o senhor... Aomine, né? Esse é o nome dele? –Kasamatsu sabia do amor escondido de Kise.

—Hahaha, eu não estou em nenhum relacionamento com ele, Kasamatsucchi! Pare com isso... –Sorriu mais uma vez, de forma um pouco contida, um pouco triste. Um tanto melancólica. –Eu sempre tento falar com ele, mas eu não consigo... Eu só sei ficar observando ele de longe, vendo ele trabalhar... Não tenho coragem de ir e falar com ele, puxar um assunto e convidar para sair. Parece algo simples de se fazer, mas... Eu sou um covarde. –Disse o loiro, olhando para a janela e vendo a chuva forte cair.

—Mas não desista, Kise. Um dia você arranja coragem.

—Mas eu acho que vou acabar desistindo dessa ideia.

—Hm? –Kasamatsu levanta uma de suas sobrancelhas. –Como assim? Achei que gostava dele.

—... –Deu uma pequena pausa. –E-eu gosto... –Suas bochechas tomaram uma tonalidade rósea. –Acredito que não tenho chances... Andei conversando com umas mulheres da minha empresa e elas dizem que eu devo desisti... Todas elas dizem que ele é hetero.

   E com isso, Kasamatsu continuou dirigindo, Kise continuou pensativo e Aomine continuou ali, tomando chuva, se culpando o quão era idiota...

   Se sentia um completo idiota. E aquela chuva apenas o piorava mais.

   Daiki levantou seu rosto, e sentiu os pingos de chuva caírem sobre seu rosto, de forma dolorida. Abriu os olhos, mesmo que só um pouco, para encarar a imensidão do céu cinza escuro. Numa tonalidade de cor morta...

   “Está explicado porque ele não presta muita atenção em mim... Ele tem um namorado!” –Pensou de forma um tanto melancólica e derrotada.

   Respirou fundo, admitindo ser um grande perdedor e um grande medroso. Covarde...

   Começou a caminhar pela calçada cheia de gente e guarda-chuva, tomando um rumo reto, voltando para seu apartamento.

   Era para ele estar tendo uma companhia naquele momento, mas ficou caminhando sozinho...

   Sozinho...

   Sozinho...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E é isso. :y

Gostou? Gostou.
Não gostou? Não gostou.
COMENTE!
Me ajuda demais da conta :D