A Única Cor escrita por Gwynbleidd


Capítulo 6
Ato 1 - Sugadores da Cor


Notas iniciais do capítulo

Capítulo com um detalhe a mais no final, é uma brincadeira para deixar pistas no ar rsrs
Houve uma reestruturação no dia 07/10/2016. Somente algumas palavras foram trocadas.



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—Mag... Posso chama-la assim?— Perguntou a garota filha daquele senhor para Johanna, que é conhecida agora como Margareth.

—Claro, por que não?

—Então, qual é a história dos sugadores de sangue?— Ela perguntou novamente, aquele assunto a fez esboçar um grande sorriso em seu pequeno e bonito rosto, um ar jovial e inocente rodeava aquela garota e algumas memórias felizes vieram à sua mente.

—Eu conheci alguns deles na verdade, e não eram pessoas ruins, não mesmo... Foi tudo por causa da cor.— Aquela grande felicidade logo virou um triste sentimento que tomou conta dela, relembrar aquilo é doloroso até os dias de hoje, deu lhe a impressão que os longos espinhos daquela rosa perfuram o seu pescoço milímetro por milímetro novamente, trazendo-lhe muita dor e medo, apenas de pensar um calafrio correu por sua espinha e a fez suspirar.

Uff.

As Rosas de Sangue.

Uff.

(...)

 

O irritante choro da recém nascida alegrou espontaneamente todos os presentes no quarto da duquesa. Seus pais, marido e irmão rodeavam a grande cama onde ela está deitada segurando a mais nova integrante da família. Quando todas as crianças, independente de sua posição social, nascem elas ganham um presente dos deuses, são banhadas com o precioso sangue vermelho de suas mães, os  bracinhos dela estão cobertos pelo liquido viscoso e colorido, seu corpinho frágil está todo róseo e ela respira a vida. Inala o ar. Enche seu peito! Preciosa! A preciosa vida!

—Ela é linda.— Falou o duque com orgulho e muita emoção, é possível ver no seu rosto, entre os contornos dos olhos que tanto choraram durante todo o processo de parto e as dobras que o sorriso forma em seu rosto.

—Se acalme pai.— Falou o médico retirando as suas luvas brancas e depositando sobre uma bandeja prateada, retirou também a mascara preta com o bico de corvo e limpou o suor da testa, havia sido um longo processo de parto. —A menina é saudável e muito quente, nunca vi um bebê tão quente quanto esse.

—Mas isso não é ruim?— Perguntou o pai da recém mamãe.

—Claro que não...- O médico respondeu de espontâneo.—Ela é abençoada, tenho certeza disso. Você não sente mãe?

Todos olharam para a duquesa deitada na cama que apenas acaricia os cabelos ruivos da garota.

—Ela foi abençoada... Muito abençoada...

 

(...)

 

No passado uma garota com um grande talento nasceu, dizem que ela veio a esse mundo com o dom de reter a cor em si mesma, dizem que a sua vida está destinada a grandes e nobres feitos. Ela veio a esse pobre mundo, ela que é tão linda e pequena, os seus cabelos parecem com um retrato da alvorada, há fios alaranjados de tonalidade mais clara, mais escuro, mais avermelhado, como um verdadeiro mar beleza e vida, feito pelas mãos de um grande pintor o seu sorriso é extremamente lindo, colorido, vivo e o mais importante de tudo, a garota é feliz, como toda criança normal e sem maldades no coração ela se diverte correndo pelo castelo, fazendo bagunça e quebrando as coisas por ai.

—Inverit! O que está fazendo?— Sua irmã mais velha olhou-a com olhos fulminantes, com o brilho da cor vermelha do fogo rompedor de mil almas, pronto para fazer mais uma vitima! A irmã se aproximava para ver em que ela mexia, encontrou atrás da menor uma grande toalha branca cheia de manchas pretas.

—Eu?— Perguntou a garotinha com apenas oito anos de idade, ela não tinha culpa pelo que fazia e seu sorrisinho inocente amolecia o coração da irmã mais velha, que lutava para não ceder o seu ato de maldade extrema.

—Sim! Você sabe o que a mamãe vai fazer não sabe?

A mais velha se aproximou batendo o pé no chão de maneira assustadora...

— O que a mamãe vai fazer?— Perguntou com medo enquanto a outra continuou avançando até as duas estarem frente a frente.

—Muitas cócegas!

Disse agarrando-a pela cintura e brincando com os dedos na barriguinha da menor, cada esfregada na pele dela era uma nova gargalhada feliz, até o momento que não aguentou mais e rolou no chão fazendo um escândalo.

—Para por favor, para!

Atacou-a ferozmente até vê-la ficar vermelha como uma rosa, por um momento a maior parou com a brincadeira e a observou... Passou a mão na bochecha de sua irmã descendo os dedos até os cabelos ruivos dela, sabia o quão linda ela era, ambas ficaram se olhando por um tempo, e embora fosse quatro anos mais velha, as duas eram muito parecidas, com exceção da cor, Inverit é muito mais bonita e mimada por conseguir reter o vermelho em si, porém a mais velha não queria pensar naquilo, sentia que isso era injusto de mais com ela, mas também sentia muita alegria e amor pela irmã mais nova, seria como uma amiga para a vida inteira.

—Inverit.— Uma voz masculina, dura e severa que causou medo nas duas, adentrou na sala de brincar, ambas levantaram rapidamente e agiram como se nada estivesse acontecendo, a mais velha pegou a toalha das mãos da outra e escondeu atrás de suas costas.

Não demorou muito até o prenunciador daquela poderosa  voz surgir, um homem alto com estatura de guerreiro, barba comprida e bem feita, nas suas costas trás sua espada de combate, ele é acompanhado por uma comitiva de guerreiros de menor patente.

—Filhas, vocês estão bem?

—Sim papai, estávamos brincando. — Respondeu a mais velha.

—Bom. Inverit o rei convoca sua presença, estamos de partida e não demore.

Ele virou de costas e saiu por onde entrou, Inverit ficou sem saber o que fazer, apenas continuou segurando na mão de sua irmã na esperança de que ela a salvaria do pai, do rei e dos compromissos chatos que a davam por causa de seu lindo talento.

—Vai lá amorzinho, eu espero você voltar, não precisa ter medo.— Ela sorriu para animar a menor que não estava a vontade com a decisão do pai, dizer que iria esperar ela voltar não era o suficiente, por isso precisou melhorar na sua argumentação.

—Quando voltar eu prometo que vamos fazer uma brincadeira nova então vai lá!

—Oba!!

Inverit abraçou a mais velha com carinho e saiu correndo brincalhona atrás de seu pai, depois que ela saiu tudo ficou quieto e ela pode vê-lo de relance, um vulto preto que parecia as observar, claramente era ele, pois podia senti-lo em seu coração.

—Thomas...

Ele não estava mais lá.

Ela também não voltou mais para brincarem.

Nenhum deles voltou

 

(...)

 

—Então essa garota é a primeira sugadora de sangue? — Perguntou o menino filho do velho.

—O que? Claro que não!— Johanna disse de maneira grossa, como se tivesse sido diretamente insultada pelo jovem.

—Ela foi a primeira vítima de um bando de idiotas sem escrúpulos! Mentirosos filhos de umas mulheres de esquina!

Os olhos da mulher inflamaram-se de raiva e o lugar começou a esquentar de maneira exponencial, Allie conhecia aquilo já, sabia o que podia acontecer caso a mulher perdesse a calma.

—Hanna.— Ele segurou nos braços dela, sentia medo sim, mas aquilo não o impediu de ser corajoso.—Olha, os pássaros estão cantando lá fora, a chuva já passou.

Ao olhar pela janela e ver que havia luz entrando para dentro da casa o estado de raiva e estresse foi esvairindo-se e dando lugar a mulher racional de antes.

—Me desculpem... É uma história muito pesada para se contar.

—Tudo bem, nos que pedimos desculpa dona... Percebo que você também perdeu pessoas queridas para eles, está tudo bem agora.

Todos que estavam dentro da sala sentiam medo e mesmo tentando esconder ela percebeu e se sentiu envergonhada pela situação.

—É melhor irmos, preciso levar meu filho até um amigo meu.

—Amigo?— Allie perguntou confuso.

—Sim, preciso conversar sobre algumas coisas.

 

(...)

 

Vislumbre do passado. Pedaço xx (rasurado)

As grandes rochas escuras, úmidas e nem um pouco aconchegantes, criam aquilo que é o caminho de um corredor interno de algum tipo de caverna, sarcófago ou tumba. O ar é gelado e trás um odor pútrido como a morte que há muito tempo se instalou no local, as poucas tochas presas à parede são a única fonte de iluminação e calor, pequenas brasas e labaredas vermelhas de tom fantasmagórico voando em um fundo negro e escuro.

O cavaleiro negro desce com cuidado pela escadaria, seus dedos sem luva sentem a textura ora lisa ora afiada dos poros rochosos, sozinho ele escuta apenas a sua respiração e os seus passos, foram longos e tortuosos metros até ver a luz ao final e reflexos alaranjados brilhando nas paredes molhadas, no final entrou em uma tumba revestida com ônix, algumas estátuas brancas de grandes guerreiros e deuses servem como pilar para o teto e de enfeite para lugar, ao redor da sala estão dispostos doze tumbas de concreto fechadas e de cada uma saem fios transparentes cheios de um líquido vermelho, esses fios levam até o centro onde há um chafariz que no momento está fora do seu local original e da passagem para uma escadaria em caracol que leva até o mais profundo abismo. Ele olhou lá para baixo, respirou fundo e começou a descer.

 


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