A Única Cor escrita por Gwynbleidd


Capítulo 4
Ato 1 -O caminho da Cor 1


Notas iniciais do capítulo

Ah foram dias muito corridos na faculdade, mas trago mais um capítulo! Vocês vão perceber que tem o 1 depois do nome do Capítulo é que não gosto de deixar muito longo então vou dividir ele.
Comentários são bem vindos sempre!



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(...) Ponta Imperial (...)

A capital corre como uma criança brincalhona de dez anos, não para e não pode parar, o movimento é o que faz a cidade ser tão querida, bela e apaixonante, porém tão odiada por todos. Pensando bem, todos formam a cidade e ser parte da capital de um grande império é como ser o caçula mais bajulado de um pai.

As torres habitadas pelos humanos por pouco não atingiram a copa das arvores imperiais, seus troncos milenares servem de alicerce para as residências, seus galhos compridos ligam-se, unem-se, são um, são todos, estão entrelaçados entre si por um poder oculto, um poder invisível aos olhos ocupados da população que nunca para de correr, assim como a criança que é brincalhona, nunca para.

Do alto da maior torre, do pico do mais imponente arranha-céu, o centro, o coração da arvore da vida, lá há um individuo banhado em vermelho carmesim e como uma águia ele observa aquele lixo de cidade, isso mesmo, um lixo de cidade. Os seus olhos acompanham uma sutil linha vermelha pintada pelas ruas da cidade, que apenas daquele ponto pode ser vista, como o barbante de Ariadne que magicamente se desenrola pelo labirinto do monstro. Aquela linha construída com tijolinhos de barro vermelho leva em direção ao mais perfeito e belo cristal vermelho já encontrado, o dito coração da Terra, a obra de arte feita pelas mãos de seus deuses.

—King Red...— Uma voz o chamou com tom amigável e familiar.

—Lorean meu irmão.

O rei virou para ele com um largo sorriso esboçado em seu rosto, dizem que ao encarar os olhos rubros de King Red, pode-se vislumbrar a silhueta da morte ali escondida, perdida naqueles orbes que já viram o vermelho do sangue incansáveis vezes, é a mesma coisa que encarar o seu próprio fim, ser jogado em um tanque transbordando de sangue, medo e dor. Sua sobrancelha grossa completa o estereótipo de homem malvado e frio, sua barba preta desce da costeleta e faz todo o contorno de seu rosto formando uma ponta presa com miçangas vermelhas.

—Admirando a vista da cidade? É sempre bom dar uma última olhada, pois em breve o torneio dos heróis irá começar e será o fim de tudo.

—De tudo não Lorean, dos miseráveis apenas, nossa raça estará a salvo.

Lorean o encarou com seus modestos olhos cinza e pensou naquilo que o rei falou. Ele sabe que não estaria incluso nessa raça se não fosse pelo fato de ser filho da criada da casa de King Red Father, lógico que não apenas por isso, o homem é um guerreiro formado e suas habilidades com o machado são notórias, facilmente ganhou destaque na tropa real, e devido ao fato de ter passado sua mocidade próximo do rei, entrou rapidamente para o elite três, o grupo de guerreiros mais poderosos da tropa, mas apesar de tudo isso... Nunca teria a chance de ascensão para uma casa nobre de verdade.

—Sim, estaremos a salvo...— Disse por fim e recebeu um olhar de satisfação de King Red, que passou por ele e desceu as escadas do terraço em direção ao seu quarto, o homem que restou olhou em seu relógio de prata, são 15 horas.

—Onde estará minha Johanna uma hora dessas...

 

(...)

 

Aquela chuva torna o lugar mais miserável do que já é, a água que escorre pelos cantos das ruas de paralelepípedos é escura e se acumula nos cantos, nas esquinas, em tudo quanto é buraco dessa merda onde o solo não é nivelado, um rato grande e feio mordisca a metade da metade de um pão que alguém deixou cair no chão, o gato de cima do toldo preto só espera o cavalo que anda na rua passar, uma égua branca com a crina escovada para a direita, ela carrega em seu lombo a dama mais bela da região, uma jovem alta de ombros finos e postura elegante, seu cabelo está preso em duas tranças nas costas.

Apesar do clima só piorar ela continua cavalgando, não que ela ligue para a chuva, pois a água parece escorrer por sua pele sem afeta-la nem um pouco, o rosto está seco como em um dia de sol, as tranças balançam com o movimentar da égua. Preso à lateral do animal a moça mantém um peculiar guarda-chuva na cor vermelha.

—Dona...— Ela nem virou a cabeça, é como se apenas sentisse a presença do garoto que insistia em chama-la.

—Dona...

A égua parou e o menino montado em um pônei branco e cinza parou também, desajeitadamente, ridiculamente ao seu lado, os olhos temerosos do garoto buscaram o dela, e a sensação que ela passa de sempre ter certeza no que faz o deixa mais aliviado e seguro, chega ao ponto de ser absurdo estar seguro ao lado de uma pessoa totalmente desconhecida. As imagens de seus tios lhe vieram a mente, nem sempre estar perto de uma pessoa quer dizer que você a conheça.

—Eu ainda não me apresentei devidamente não é?

—Hummm... – Concordou com um gesto de sua cabeça, a sua franjinha quadrada caiu em seus olhos.

—Bom... Eu vim da capital por sua causa, na verdade, por sua causa e pela sua mãe que me escreveu uma mensagem.— Talvez ele fosse jovem de mais para entender o conteúdo agora, pensou.

—O que ela disse? Ela deixou alguma mensagem para mim?— O falar dele se alterou perceptivelmente, falar sobre a mãe ainda é muito delicado para Allie.

—Bom, ela queria que eu viesse cuidar de você, suspeitava que algo de ruim poderia lhe acontecer, por isso eu vim e vou fazer o que ela me pediu.

Se os olhos são a janela d’alma, a alma dele é um caos de dúvidas e perguntas para fazer, a mulher não queria passar por aquilo, o clima estava horrível e seu humor também acompanhava o ambiente.

—Mas por enquanto.— Ela continuou. —Meu nome é Johanna.

—Ah, o meu é Allie.

A mulher riu descontraída. — Sim eu sei lembra?

Quando riu, seu sorriso se libertou pela primeira vez, foi como a sensação de beber a mistura de chocolate com leite quente, coisas que para ele são especiais, encheu o peito do garoto e nem a chuva gelada o fazia tremer mais, ele ficou feliz por instantes, importantes segundos que poderiam durar muitos outros segundos. Johanna a mulher da cor mais bonita, talvez a segunda cor, pois sua mãe era a primeira. Ela tomou algo de sua bolsa, um embrulho com formato redondinho, e o entregou.

—O que é isso?

—É uma bala medicinal, é gostosa não se preocupe! Impedira que pegue uma gripe com a chuva e o frio.

Ele estendeu a mão e aceitou com gratidão. Oras o primeiro presente que ganhara dela, sentia vontade de guarda-lo para sempre, mas percebendo as intenções do menino Johanna fez uma careta e ele colocou o doce na boca.

—Ótimo, agora me siga, estamos indo para a capital.

 


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