A Única Cor escrita por Gwynbleidd


Capítulo 1
Ato 1 - A Morte e a Cor


Notas iniciais do capítulo

Primeiro *---* Nem sei o que dizer, mas espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/683707/chapter/1

Silencioso e triste é o som da chuva que de tão fraca é praticamente imperceptível aos seus espectadores, a arvore alta retém as gotículas em suas folhas e o galho grosso sustenta um pequeno garoto coberto por uma capa de chuva preta, distante ele observa, distante de si, distante de tudo... Inúmeras lapides cor de cimento estão organizadas em filas e colunas uniformes, uma grama de cor cinza que de tanto ser pisada criou o caminho principal misturado com um barro cinza escuro.

Em volta de uma cova recém-aberta pessoas vestindo negro fazem um ritual antigo no qual enterra-se o morto, chora-se as dores e todos vão embora para suas quentes casas. Limpando o nariz na mão direita o pequenino se encolheu com frio e encostou a cabeça na arvore, sua única e silenciosa companheira, porém tudo o que ele precisava naquele momento era do silencioso e triste som quase imperceptível da chuva.

Depois de quase transformar-se em um dos galho da própria arvore o pequeno garoto saltou do alto e caiu com os dois pés em uma poça d’água, o impacto jogou água para ambos os lados, ele caminhou até o túmulo agora fechado e ficou olhando por um tempo as inscrições da lápide, a terra tem um tom marrom mais avermelhado agora, as flores são todas vermelhas e bonitas. Vermelho a única cor que existe além do preto e do branco. A única cor deles.

—Pelo menos você está em meio a um jardim de flores vermelhas mãe. São bonitas não são? Eu não sei qual o nome daquela.

Apontou para uma rosa diferente, com pétalas mais secas e geométricas. — Mas ela é muito bonita nossa! Lembra-me você, será que eu posso pegar uma? Uma rosa vermelha é tão cara quanto um saco de jujubas da sorte.

O jovem pegou o botão vermelho e olhou de perto, gotas de água estão retidas por entre as pétalas, uma simples flor e ele sabia que as flores não duravam muito então a devolveu para o túmulo da mãe.

—São belas rosas vermelhas... Para quem são? Pequenino.

Uma mulher alta segurando um guarda chuva vermelho analisa o túmulo recente. Seu longo vestido é uma mistura de tons escuros e claros, seus cabelos são brancos como o céu em um dia limpo.

—Para a minha mãe... Ela não está mais viva...

Os olhos claros da dama observaram o garoto de cima, ele esta mais judiado do que se lembrara, não que o garoto fosse lembrar dela algum dia ou notar alguma familiaridade entre eles. Um nítido interesse brilhou nas íris dela.

—Foi o que imaginei, mas na verdade eu perguntei por que precisava confirmar algo, você sabe Allie?

Intrigado o garoto olhou para ela que continuou da mesma maneira desde que havia chegado.

—Confirmar o que? O que eu sei?— O menino perguntou cada vez mais confuso.

—Se você é um filho bastardo de Dom Red.

Ambos ficaram em silencio por um tempo, os cabelos cacheados da mulher balançavam com o vento úmido e gelado, os traços finos do rosto dela desenham um nariz pequeno e pontudo, não diferente a sua boca que também não é grande, porém está pintada com um belo batom vermelho

—Eu não sei do que está falando.— Disse o garoto a evitando.

—Allie... Sua mãe foi morta em uma disputa por poder... E seus tios, bom... Esses não são seus tios de verdade e não se preocupam muito com você então não acho que você tenha muitos lugares agradáveis para morar agora, por que não vem comigo?— A moça esticou o braço direito para ele e estendeu a mão coberta por uma luva branca, mas o garoto recuou e com medo voltou para trás.

—Desculpe, mas eu não te conheço e preciso ir...

—Muito sábio, mas antes de ir deixe-me dar um conselho. Existe um lugar do qual todo ser vivo procura, dos mais céticos ou crentes, entre os racionais ou irracionais, você também vai procurar.

 

(...)

 

—O menino? Onde está o menino?— Disse rispidamente o homem de aspecto morno, barba velha e cabelo ralo.

—Desapareceu querido, deve estar enfiado em algum buraco. Logo ele sente fome e volta.— Colocou um pouco de chá claro quase branco em uma xícara de cor também branca e levou para ele. —Logo seu sobrinho volta.

—Se ele desaparecer por mim tudo bem, não foi nossa culpa.— Pegou a xícara de chá e bebeu um gole, parecia mais com um porco bebericando água. —Delicioso.

—Sim está quentinho amor e lá fora está tão frio... Ai, o meu joelho dói. – Reclamou sentando em uma grande cadeira confortável e se enrolou no cobertor, pronta para iniciar o tricô.


(...)

 

Depois daquele estranho encontro Allie chegou em casa, tão confuso que nem ao menos conseguia ter certeza de que essa casa seria sua, afinal como uma criança de 14 anos viveria sozinha? Os tios são uns chatos. Terríveis.

“Eles não são seus tios de verdade...” As palavras ressoaram como um sino em sua mente.

O que quer dizer? Quem era a moça de antes, não parecia ser qualquer pessoa. Tão bem vestida a moça do guarda chuva vermelho...
As dúvidas eram tantas que criavam uma teia de aranha gigante em sua cabeça e Allie é apenas um inseto preso. Indefeso. Inocente.

...

Solitário.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Se gostaram deixem um comentário, eu respondo todos.= )



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Única Cor" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.