P.O.V Jocelyn

Me deito no chão do amansador esperando o sono chegar, mas permaneço acordada. Alguns minutos se passam desde que Newt nos colocou aqui. Observo o céu, e fico imaginando como minha vida era antes de perder a memória. Fico nesse devaneio até que Chuck aparece na minha frente.
— Jocelyn! Oi, como você ta?
Eu o olho e dou um sorriso.
— Eu to bem Chuck, o que você ta fazendo aqui?
Ele olha para o lado e chama alguém. Ouço passos, e Newt aparece ao seu lado. Ele se senta e da oi, então Chuck se levanta e fala que vai acordar o novato. Newt me entrega um sanduíche, igual ao que comi quando cheguei. Murmuro um obrigada e começo a comer.
— Eu falei com Alby, ele disse que não quer causar confusão... Então vocês ficarão três dias mesmo... desculpe fedelha.
— Olha, da pra parar de me chamar de fedelha? Já falei que meu nome é Jocelyn.
Ele me encara e começa a rir.
— Ta bom, desculpa. Você é bem nervosa né.
Eu o olho com raiva e respondo.
— Só gosto que me chamem pelo nome. A propósito, obrigada pelo sanduíche... achei que seria só pão e água.
— Chuck brigou comigo e resolvemos trazer alguma coisa. Chamei Minho pra ajudar.
Eu sorrio e volto a comer. Percebo que ele continua sentado me observando, e não me sinto bem.
— Olha Newt, muito simpático me ajudar, mas eu não gosto que fiquem me encarando ta? Se você pudesse me deixar comer em paz, eu adoraria.
Ele ri e balança a cabeça, se levanta e fala.
— Se quiser continuar aqui vai ter que ser mais simpática Jocelyn, mas tudo bem, boa noite.
Eu murmuro um boa noite e o observo sair, não entendo por que eles dizem que sou nervosa. Termino meu sanduíche e me preparo para dormir.

[...]

Acordo com um barulho alto, parecido com um alarme, me levanto e vou para perto da grade. Então alguém começa a gritar para nos levantarmos.
— Vamos, levantem novatos.
Newt abre as portas do amansador.
— O que aconteceu? Que alarme é esse?
Eu pergunto.
— Um novato, nunca tivemos dois no mesmo mês, imagine três.
Ele fala e sai correndo para a Sede
— Como foi passar uma noite no amansador?
Pergunta Chuck
— Horrível.
Responde Annebell. Depois de soar por dois longos minutos, o alarme finalmente para. Olho para a Caixa e vejo todos os garotos amontoados em volta.
— Agora somos todos parceiros, certo?
Chuck ri, uma risada um tanto esganiçada.
— Se você diz.
Eu respondo. Ele cruza os braços, parecendo satisfeito. Eu sorrio... até que um amigo não faria mal.
— Venham, vamos lá ver o novato. Quem mandou vocês duas deve ter se arrependido e deve estar tentando concertar.
Ele ri e começa a andar em direção à Caixa.
— Como vocês sabem que não são apenas suprimentos?
— O alarme não toca quando isso acontece.
Respondeu Chuck. Quando chegamos mais perto vejo Gally olhando diretamente para nós. Paramos de andar e ficamos junto ao bando de garotos. Todos com olhares curiosos. Uma porta se fecha atrás de nós, vejo Alby e Newt saindo da Sede. Os dois com olhares exaustos. Eles estavam abrindo caminho para chegar à frente, parando bem diante das portas da Caixa. Ouço o barulho da Caixa subindo, e me lembro de como é horrível lá dentro. Um baque abafado anuncia que o elevador chegou. Observo Newt e Alby ficando em lados opostos da Caixa. Um estalo dividiu o quadrado de metal ao meio. Vejo que de cada lado tem uma maçaneta simples, e num movimento conjunto, Alby e Newt puxam elas para o lado. Um barulho metálico surge enquanto eles fazem isso. Newt se aproxima para ver melhor.
— AlBy, venha ver.
Ele diz. Então a voz fanhosa de Gally surge.
— Por que não diz que mértila tem aí Alby?
— Calem a boca trolhos. Conte a eles Newt.
Grita Alby. Newt olha de novo para a Caixa e depois nos encara.
— Mais uma garota.
Começam a murmurar e a nos encarar. Newt pede silêncio novamente.
— Isso não é tudo. Acho que ela está morta.
Alby e Newt entram na Caixa, alguns garotos estavam segurando cordas feitas de galhos de hera. Gally segura a hera esperando para iça-la junto com Alby, Newt e a garota para fora da Caixa. Alby gritou pedindo para que subissem, então Gally e os outros começaram a puxar a corda. Eles saem e botam o corpo da garota no chão. todos se reagrupam para ver se ela está viva. os garotos impediram minha visão, até que Newt apontou para mim e Annebell.
— Vocês duas, venham cá.
Ele chama. Vamos andando, passando por entre os garotos enfileirados, eles me encaram enquanto passo, como se eu fosse a culpada por esses acontecimentos. Me recusei fitar qualquer um. Chegamos perto de Newt e Alby, ajoelhados ao lado da garota.

— Conhecem ela?

Perguntou Alby. eu olho para eles confusa.

— Não, como assim?

Annebell responde.

— Como podemos conhece-la, só conhecemos vocês.

Vejo que tem alguma coisa na mão dela. e me abaixo a lado deles.

— Newt, olha aquilo na mão dela.

Eu digo apontando. Ele se aproxima, e abre a mão dela lentamente. tem um papel, ele abre e o lê em voz alta.

Ela é a última

Todos se calam, ficamos esperando alguém começar a discutir, mas nada, todos ficam quietos, apenas observando. Dois minutos se passam nesse silêncio, então a garota abre os olhos.

— CRUEL é bom.

Alby e Newt se levantam rapidamente, mas a garota fecha os olhos novamente, como se nunca tivesse acordado. Alby grita.

— Socorristas!

Vejo dois garotos se aproximando. Um alto, com o cabelo cortado bem rente, e um nariz grande, o outro é baixo, e com alguns cabelos grisalhos nas laterais.

— O que fazemos com ela?

O mais alto indaga.

— Vocês que são os socorristas, se virem.

Diz Alby revoltado. ele se vira e sai andando para a Sede, Newt vai atrás. O mais baixo estava ajoelhado ao lado dela, sentindo a pulsação, então imagino, que "socorristas" deve ser o mais próximo de médico que eles tem.

Me viro e sigo para Sede.

— Jocelyn, onde você vai?

Pergunta Thomas.

— Arrancar algumas respostas.

Abro a porta da Sede, e vou até onde me lembro que era a "sala de reunião" abro a porta e encontro Newt e Alby andando de um lado para o outro.

— Preciso de respostas.

Eu falo, os dois viram instantaneamente. Encaro eles. Preciso saber quem é CRUEL.