Desvios escrita por Sayumi Ota


Capítulo 7
Capítulo 6 - Mudanças


Notas iniciais do capítulo

Olá, gente. Ótima leitura! Espero que gostem!



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A garota de cabelos negros caminhava lentamente. A história de Quim a deixava nervosa, e ela não podia fazer nada. Aliás, podia, mas não era a melhor opção. Não, não, por que ela estava pensando nisso naquele momento? Magali cerrou os punhos. Não ia pensar nesta hipótese, porque Quim fez uma promessa.

Andando na calçada, ela olhou para as casas que tanto conhecia. Seus formatos eram semelhantes, com variações nas cores e jardins. Ela particularmente preferia os cheios das mais variadas flores, davam a ela uma sensação de bem estar. Porém, ela nunca viveu em outro lugar que não fosse o Limoeiro. Será que ela nunca sairia dali? Magali balançou a cabeça. Ela ainda tinha uma vida pela frente. Ao mesmo tempo em que a experiência de sair do Limoeiro parecia interessante, era assustadora só de pensar. Algo desconhecido.

Magali logo viu a casa, e quando parou na frente, ficou na dúvida se realmente chamava alguém. Sua amiga estava ocupada, se ela lembrava bem, e Magali só atrapalharia tudo. Mesmo assim, a morena bateu palmas. Ela tentaria ao máximo não atrapalhar, mas precisava da amiga.

Mônica abriu a porta com uma expressão emburrada, e assim que viu sua amiga, suavizou. Ela vestia bermuda jeans e uma camisa vermelha com estampa de coelhinho branco. Mô correu para abrir o portãozinho.

— Oi, Magá! – Ela abraçou sua amiga depois de abrir passagem para Magali.

— Oi, Mô – Magali soltou-se do abraço. – Desculpa estar incomodando.

Mônica revirou os olhos.

— Você não está incomodando, sua boba. E você está muito linda, Magá. Eu achei que você e o Quim fossem sair. – Mônica começou a andar em direção a casa enquanto falava. Magali continuou parada.

— Nós íamos, mas não deu certo. Fica para uma próxima, não é? – Ela deu um sorriso amarelo. Mônica percebeu e decidiu ficar em silêncio. Se insistisse, acabaria brigando com Magá, pois a outra só contava o que acontecia quando se sentia bem o suficiente para falar sobre.

— Ah, Magá, fecha o portão para mim? – pediu Mônica, e entrou na casa.

Magali virou para obedecer, quando alguém jogou os braços em torno dela e continuou segurando. Por um segundo, Magali entrou em pânico e pensou em como atacaria o sujeito, até que ele falou.

— Que bom te ver! – sussurrou Cascão. Ela estava constrangida com a situação, afinal, ninguém além de Mônica a abraçava assim.

Ele a soltou e Magali percebeu como o garoto estava triste. Não conseguia nem fingir outra coisa. Seus ombros estavam caídos e seus olhos procuravam auxílio nos dela. Ela já tinha visto aquilo antes, porém com menor intensidade, muito menor.

— O que aconte – Antes que Magali pudesse perguntar, Mônica reapareceu na porta.

— Magá, o que foi e – Ela parou, e olhou para Cascão. “Será que ele veio de surpresa? Assim como eu?” perguntou-se Magá. – Oi, Cascão. O Cê me avisou que você viria. – Ela se colocou na ponta dos pés e olhou para os lados. – Onde está a Cascuda? – perguntou Mônica, confusa.

“Então os dois iam vir e Cascuda não quis? Ou será que é porque eu estou certa?” perguntou-se Magali.

Cascão ergueu os braços e os segurou atrás da cabeça.

— É uma longa história – respondeu, e empurrou Magali com cuidado até a porta. Os três entraram.

A sala de Mônica era como uma sala normal, geralmente. Magali já tinha visitado a amiga inúmeras vezes, e nunca havia se deparado com aquilo. A TV e o hack haviam sido movidos para outro cômodo, o tapete havia sido retirado, os dois vasos de planta estavam cheios de papéis, assim como o chão e o sofá.

Mônica olhou com raiva para os dois indivíduos e cerrou o punho. Desta vez, Magá entendia.

— Eu vou fazer um trabalho sobre planos infalíveis, e não tô nem aí se você vai querer ganhar nota. – Cebola riscava um papel furiosamente. A camisa xadrez verde escura e clara lembrava à Magali seus tempos de infância. Cebolinha não usava calça jeans, nem all-star preto, mas dava uma sensação de nostalgia.

— Bleh – Do Contra estirou a língua. Como de costume, o moreno estava de camisa preta – desta vez, com algo nela “#TeamMaia” – calça jeans  e seus coturnos. – Eu não ligo para notas.

— Como assim não liga, seu mané? – Cebola parou de riscar o papel. – Você é idiota? Sem nota você não passa de ano.

— E daí? – DC deu de ombros.

— E daí que – Cebola parou. – Nem sei porque estou falando com você, já que você só escuta para contrariar e

— Calem a boca! – Mônica gritou. – Olha a bagunça que vocês fizeram. A Magá e o Cascão apareceram e vocês só ficam falando. Nem cumprimentaram nenhum deles. E também – Mônica ergueu o sofá e o virou na cabeça dos dois, deixando os papéis caírem, e colocou o sofá de volta. – Vocês dois, sentem aí.

Obedientes, Magali e Cascão sentaram-se no sofá.

Mônica sentou-se ao lado de Do Contra e tirou alguns dos papéis.

— Vem cá – sussurrou Cascão – É sério que o nosso trabalho é sobre planos infalíveis?

— Não, é sobre planos falíveis – falou DC, sorrindo.

— C-como assim? Tá querendo dizer que os meus planos infalíveis são falíveis? – perguntou Cebola.

— Sim – respondeu DC. – E isto é muito legal.

Todos olharam surpresos para Do Contra.

— Quê? – perguntaram todos em uníssono.

— É claro, afinal eles são contra ao nome. – Do Contra abriu um sorriso ainda maior. Cebola bateu a mão na cabeça, enquanto Magali ria.

— Nem sei porque me surpreendo. – reclamou Mônica.

— Espera aí – falou Cebola. – Se você quer dizer que os planos são falíveis, os planos seguem o nome.

— Peralá, Careca. Não vai me dizer que você tá caindo no papo dele? – Magali teve vontade de rir. Cascão sempre ficava perdido com as lógicas de Do Contra – ela também, na verdade – só que quando Cebola entrava na onda, Cas ficava ainda mais confuso.

— Não – rebateu DC. – Meu trabalho é sobre plano falíveis, porque então eles não falhariam. Diferentes de uns, aliás.

Cebola amassou o papel que antes estava usando para escrever algo.

— Grrr! Você me tira do sério – reclamou o garoto.

— Bem, já que a gente terminou o trabalho, vamos fazer outra coisa. – sugeriu DC. Magá inclinou o corpo para frente. Aquilo era novo.

— Como assim a gente terminou o trabalho? Nós não terminamos e eu preciso de nota, me importo com isso, diferente de você. – disse Cebola.

— A gente termina outro dia. – respondeu DC. – Eu preciso procurar em alguns livros em russo. – continuou.

Cebola revirou os olhos. Cascão chegou perto de Magá e sussurrou:

— Acho que o Careca vai ter que fazer o trabalho sozinho.

— Boa sorte para ele então. – respondeu Magá, também sussurrando.

— Espera aí, antes de qualquer coisa, vocês vão arrumar essa bagunça. – Ela apontou para os inúmeros lugares repletos de papéis.

Cebola começou a juntar os papéis e jogá-lo em sua mochila azul escuro. Do Contra o seguiu, junto de Mônica e Magali. Por fim, até Cascão cedeu, se bem que ele estavam bem mais evasivo com arrumação do que o usual.

Quando terminaram de recolher todos os planos falíveis e infalíveis, os quais Magali tinha curiosidade sobre para quem eles eram, Cascão, Magá, Mônica, Cebola sentaram no sofá, exaustos.

DC não os acompanhou, porque foi pegar algo em sua mochila, que estava na cozinha. Magali ainda estava pensando se Cascão e Cascuda tinham mesmo terminado, porém não queria perguntar na frente dos outros, já que, se Cas tivesse rompido, e não tivesse falado para os amigos, talvez fosse algo que não quisesse contar.

Ela deveria perguntar mais tarde? Ou não? Magá não sabia.

Mas então uma ideia surgiu.

— Nós precisamos fazer o trabalho. – disse para o Cascão.

— Ah, é. – Cascão parecia muito fora de sintonia.

— Nem me fale nesse trabalho de louco. – reclamou Cebola, cruzando os braços.

— Do que você está reclamando? Pelo menos você não pegou a Carmem. – retrucou Mônica. Cebola a encarou.

— Pelo menos a Carmem não vai querer procurar livros em russo. – disse Cebola.

— Bom, porque você não faz um trabalho com ela? Você até já dançou com ela! – Mônica sugeriu.

Cascão tentava se encolher no sofá enquanto Magali olhava desesperada para a cozinha. Esses dois nunca se cansavam?

— Se pudesse trocar de dupla, eu faria isso. – continuou Cebola. – Quem sabe o nosso trabalho não seria sobre danças em aniversários de quinze anos?

Magali esperou para a explosão de Mônica, que começou a rir.

— Claro, por que não? – Ela levantou do sofá. – Eu gostaria que pudéssemos trocar – Ela foi até a porta da cozinha, onde apareceu um DC cheio de, na opinião de Magá, tranqueiras. – Assim eu faria o trabalho com o meu lindo. – Ela deu um beijo na bochecha de DC, que ficou um pouco corado.

Magali olhou para Cebola esperando algum comentário, até um revirar de olhos, porém, tudo o que o Cebola disse foi:

— Por acaso isso é um Playstation 2?

Magali procurou ajuda em Cascão, que também olhava a situação, aturdido. Ela não podia acreditar. Cebola amava provocar sua amiga, e o fazia bem melhor quando a deixava com ciúmes. Desta vez, no entanto, não funcionou.

Será que a amiga tinha superado o garoto? Será que Cebola tinha superado Mônica? Aquela situação bizarra fez com que ela se perguntasse: “Eu também poderia mudar?”.

Do Contra arrumou o console na TV e colocou dois tapetes de dança no chão. Assim que o aparelho ligou, uma música animada e “Dance Dance Emolution” apareceu na tela.

— Que que é isso? – perguntou Cascão.

— É simplesmente o melhor jogo de dança. – respondeu DC.

— Achei que você não gostasse de jogos de dança. – questionou Cebola.

— E não gosto. – DC continuou. – Mas o Dance Dance Emolution* é diferente, porque ele não é modinha.

— E porque ele é mais antigo que a minha vó – completou Magali.

— Quase isso – DC sorriu. – Ao contrário dos outros jogos ruins atuais, este aqui é para duplas ou para quem quer jogar sozinho.

— Eu não vou jogar isso – afirmou Cebola.

— Bom, eu vou – Mônica pisou no tapete um pouco gasto e selecionou a música Unbelievable. – Alguém mais?

Magali esperaria para jogar com Cascão. Ele precisava se animar um pouco. Cebola queria tanto competir, todos viam isso, porém queria ainda mais contrariar DC.

— Como ninguém quer ir, eu vou. – Do Contra ficou no segundo tapete, de costas para a TV. A música começou, e mesmo de costas, DC fazia ainda mais pontos que Mônica. A garota balançava, desajeitada, e um pouco tímida, com a música. Ver DC fazer mais pontos que ela com certeza a deixava frustrada, Magali conseguia ver dali.

A música acabou e DC ganhou. Mônica arfava de tão cansada que estava.

— Isto é mais cansativo que o Dust Jance. – disse, jogando-se no sofá.

— Não quero mais – falou DC. – Estou indo.

— Espera aí, DC. Você já vai? – perguntou Mônica, deixando o conforto do sofá e se colocando de pé. Ela parecia preocupada. – Por que não fica mais? Ou pega as suas coisas?

Ele olhou para o jogo.

— Nããão. Deixa aí. – Ele abraçou Mônica e deu um rápido beijo nela. Logo saiu de casa.

Cebola juntou a mochila e olhou para o jogo. Ele claramente estava vendo o jogo como uma oportunidade de vencer Mônica, só que abandonou a ideia.

— Também tô indo. Falous – Cebola também saiu. Mônica olhou desanimada para o jogo. Ela certamente não queria jogar mais.

— Eu acho que também – antes que Cascão continuasse, Magali saiu do sofá e o puxou.

— Nós podemos jogar um pouco, Mô? – perguntou Magali.

— É claro – respondeu Mônica. – Se você quiser dormir aqui, Magá, tudo bem também.

— Mas Magá, eu – Cascão tentou recomeçar.

— Obrigada Mô – Com a mão livre, Magali digitou uma mensagem para sua mãe. – E não quero nem ouvir, Cas. Você vai dançar comigo.

Ela o puxou até o segundo tapete e ficou no primeiro para selecionar a música.

— Desculpa, Magá. Eu realmente não estou com ânimo. – disse Cascão.

— Eu sei. É por isso que a gente vai dançar. – Ela selecionou a música Let’s Dance. Os dois dançaram, na medida do possível. No começo, Magali estava com um pouco de vergonha, e Cascão não fazia ideia do que estava acontecendo. Depois, conforme as músicas foram passando, ambos ficaram mais à vontade. No fim, até Cascão estava se divertindo. Magali sorria, feliz com a animação do amigo.

Os dois se cansaram e Cascão foi embora se despedindo das duas.

Ela o observou e pensou consigo mesma que o garoto não ia escapar. Magali iria ajudá-lo.


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Notas finais do capítulo

Olá de novo, gente. Bem, antes de mais nada eu quero agradecer à helenabenett, nandinha berry, Quem sou eu, e Darkous que me mandaram comentários lindos! Amo respondê-los. Muito obrigada mesmo!! Vocês me deixam muito feliz!
Gente, antes de tacarem as coisas, eu não consegui achar qual Dance Dance Revolution que tinha a música Let's Dance do David Bowie, minha amiga me emprestou ele pra ps2 e eu não lembro qual era. E sim, eu sei que não é Dance Dance Emolution, tá? SHAUSHA, super criatividade, nossa. E tem Unbelievable do EMF que tem um Dance Dance Revolution que eu nunca joguei. E sim, gente, é Just Dance, eu sei, não me agridam.
Bem, foi um capítulo bem diferente dos outros. Eu demorei umas três horas para escrevê-lo, não só o tamanho, mas o jeito que escrevi está meio diferente. Não sei.
Eu também não sei se gostei. Por favor, digam o que acharam, é importante, e eu agradeço desde já! Bombons de chocolate e vejo vocês!



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