Entre Irmãs escrita por Cristabel Fraser, Paty Everllark


Capítulo 24
Super-herói


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde pessoal... mais um capítulo hiper especial pra vcs. Quero dizer que este capítulo de hoje foi algo que não apareceu na primeira versão de EI, espero de coração que gostem, eu e a Paty pesquisamos bastante e devemos agradecer a Sany que também nos deu algumas direções e se não fosse pela contribuição dela daria mais trabalho kkkkk... esse é o último Pov do Peeta, o próximo é o Pov da Prim e o epílogo Pov da Katniss, ok? Isso mesmo EI está se despedindo, mas não fiquem tristes não, vem coisa boa por aí viu



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Pov. Peeta

 

A medicina não é algo superficial, ou ingênuo de exercer. E quando você se torna um cirurgião complica um pouco mais, pois você sempre tem que estar preparado para perder. E quando há entes queridos envolvido fica ainda mais difícil e quando acontece de perdê-lo, você se sente impotente.

Na neurocirurgia você perde ou ganha, mas o importante é nunca fracassar e depois de Daphne, foi exatamente o que fiz, fracassei. Mas agora que eu estava aqui e o único jeito era lutar, então lutaria até não ter mais forças. Foram semanas de pequenas cirurgias e preparo para revalidar minha licença.

Antes de lavar minhas mãos na sala preparatória do centro cirúrgico, respirei fundo e apoiei minhas mãos acima do meu quadril, erguendo a cabeça e olhando para cima respirando profundamente para adquirir confiança.

— Ok, está tudo pronto. Você terá todas as radiografias disponíveis no negatoscópio, os enfermeiros mais ágeis e... O que está fazendo? – inqueriu Johanna.

— Estou sendo um super-herói – afirmei respirando fundo mais uma vez.

— Ah, entendo...

— Antes de largar tudo, li um estudo científico onde dizia que, se você ficar parado assim durante cinco minutos antes de uma apresentação, de uma entrevista de emprego, ou de uma tarefa difícil. Você não só se sente mais confiante como tem uma performance melhor.

— Bem, sendo assim quero ser a Mulher Maravilha. Ela me inspira com aquele laço da verdade e toda a armadura. – Olhei de esguia e minha amiga me imitava.

— Sente a confiança? – perguntei.

— Sim, somos super-heróis.

— Realmente somos.

Terminei meu pequeno ritual e finalmente lavei minhas mãos.

— Peeta, entre lá de cabeça erguida. Encare de frente seu inimigo na arena. Lute até não poder mais. Jamais abandone. Não volte atrás. Nunca mais fuja. Nunca se entregue. Lute com o que tem – incentivou Johanna, minha parceira de ataque.

 E com as mãos erguidas, sem esbarrar em nada, atravessei o batente e me vi olhando para Prim já sedada e seu crânio liso demarcado, pronto para eu abrir.

— Ative o relógio, por favor – pedi e antes de seguir encarei Derek que acenou com a cabeça em afirmação. – Lamina dez – Então foi o que fiz, mesmo que parecesse inevitável, comecei a lutar. E queria ir até o fim. – Luzes. – Assim que abri o crânio ia começar injetando a tinta florescente para ver onde o tumor terminava e onde iniciava o cérebro. Ao localizá-lo percebi que um deslize e ela ficaria com sequelas. - Cautério bipolar, por favor. – Cutuquei e examinei o contorno do tumor e talvez, somente talvez não se tratava de um glioblastoma multiforme, entretanto apenas relatórios laboratoriais para garantir. – Retraia aqui pra mim, Mason. – Johanna com precisão fez o que ordenei.

Olhar para o painel do relógio não ajudava em nada, mas prossegui separando o tumor das estruturas do mesencéfalo.

— Ei, você está bem?

— Sim, e por que não estaria? – Johanna deve ter percebido o quanto meus ombros se encontravam tensionados, eu os movia de um lado para o outro repetidamente.

Ao terminar de tirar todo o tumor iria começar a colocar as sementes radioativas para que o tumor não voltasse, e isso por si só era algo minucioso a se fazer.

— Tudo bem pessoal vamos usar a radiação. Podem sair os que não forem essenciais – gritou Johanna ao perceber qual seria meu próximo passo.

— Escutaram a Dra. Mason, aguardem lá fora. – Derek ficou para me auxiliar.

Fomos vestidos com os trajes para nos proteger da radiação e logo comecei meu trabalho. Eu teria exatamente vinte minutos para ficar exposto a radiação. As luvas especiais eram grossas e não facilitava muito. Enfim consegui colocar as sementes nos locais exatos.

— Pronto, terminei. – Aliviado relaxei meus braços. – Podem tirar o equipamento e o pessoal pode retornar. Vamos fechar.

— Pode ir, deixa que eu fecho pra você. – Johanna disse ao meu lado e ao olhar para o relógio vi que já tinham se passado dez horas.

— Obrigado.

— Não tem que me agradecer. Você foi excelente Dr. Mellark.

— Johanna tem razão, Peeta. Você foi foda. – Acabei rindo pela expressão de Shepherd.

Só notei meu esgotamento quando me livrei do que era necessário e saí de dentro daquela arena. Era pouco mais das sete da noite quando apareci na recepção do setor de neurologia e notei muitos olhares espantados assim que me viram.

— O que aconteceu?

— Como ela está?

Muitas perguntas feitas e só precisava ser realista.

— A cirurgia correu tudo bem, agora só vai depender do pós-operatório.

— Quando poderemos vê-la? – O marido de Prim parecia exausto, já havia sentido aquela sensação de incerteza.

— Em breve, Sr. Ludwing. Vão leva-la para o CTI e amanhã vocês poderão vê-la.

— Era muito grande? – Katniss quase cochichou quando se aproximou de mim.

— Digamos que era esperto, mas eu também sou. Estão levando para uma análise no laboratório para termos certeza de que tipo se tratava.

— Nem sei como te agradecer. Estou tão feliz que beijaria você aqui e agora se não fosse essa plateia nos assistindo. – Abri um sorriso um tanto cansado para ela antes de convida-la para tomar um café.

 

⊱━━━━━━⊱✿⊰━━━━━━⊰

 

— Peeta, já faz três dias e minha irmã não acorda. – Katniss estava com olheiras profundas, ela praticamente não saía do hospital desde a cirurgia.

— Calma, ela vai acordar.

— Mas ela parece estar tão...

— Não diga isso. Não aparenta nenhum inchaço ou edema. Vai ser no ritmo dela.

— Isso não acalma em nada minha ansiedade. Minha mãe não para de fumar, e sei que Haymitch está se segurando para não encher a cara.

— Ela vai acordar.

 Sinceramente não entendia de onde estava vindo aquela força. Talvez fosse o olhar de Katniss que penetrava minha alma, ou até mesmo por eu ter feito algo que valesse a pena. No entanto, por mais que eu tivesse vencendo todos meus medos e dado meu melhor na sala de cirurgia, todo o resto dependia apenas de Primrose.

— Katniss sua irmã é uma mulher forte, uma das mulheres mais fortes que eu já conheci. Uma guerreira.

— Eu sei.  – Deu-me um sorriso cansado, mas esperançoso também. Com toda certeza estava pensando no quanto minhas palavras eram verdadeiras.

Sem que esperasse ela me abraçou, Katniss não se preocupou com as pessoas que estavam ao nosso redor. Percebi ali o quanto senti falta do seu toque.

— Eu senti tanta falta disso... – Acariciei levemente suas costas e fechei os olhos apreciando o contato inocente de nossos corpos, o cheiro suave de seus cabelos enchendo minha alma de paz.

­­– Eu também Peeta. Eu também...

 

⊱━━━━━━⊱✿⊰━━━━━━⊰

 

Cinco dias havia se passado e nada de Prim acordar. Johanna e eu estávamos no consultório cedido pelo Derek analisando todo o procedimento que fiz nela. Revi cada passo meu dentro da sala de cirurgia e tudo parecia ter dado certo.

— Dr. Mellark, a paciente Sra. Ludwing está acordando.

No mesmo instante em que a enfermeira me avisou, saí em disparada quase atropelando as pessoas pelo caminho, e Johanna me seguindo. Katniss se encontrava emocionada próximo a cama. Pedi licença colocando as luvas enquanto a enfermeira ajudava com os aparelhos respiratórios.

— Como se chama? – perguntei testando sua memória assim que seus olhos foram se acostumando com as luzes.

— Primrose Everdeen Ludwing e... estou viva!

— Sim, você está viva. Bem-vinda de volta.

— Olá mana, senti tanta sua falta loirinha. – Katniss emocionada beijou levemente a bochecha da irmã.

— Cadê o resto da família e as Harmony?

— Haymitch, Cato e Becky foram almoçar, mas já, já estarão aqui. As Harmony pediram para eu ligar assim que você acordasse e a mamãe, bem, ela voltou a trabalhar, mas disse que viria te visitar.

— Bem a cara dela. – As duas irmãs sorriram e tive que dar continuidade ao meu trabalho.

— Prim, aperte a minha mão. – Fiz o procedimento nas duas mãos e ela conseguiu apertar levemente. – Coordenação motora bruta intacta. Muito bem. – Agora, siga a luz. – Prim tinha reagido bem e não tinha perdido a visão. – Ainda faltam alguns testes, mas agora curta a família um pouco.

— Peeta... – Me virei para dar de cara com a loira sorrindo singelamente. – Devo minha vida a você. Obrigada.

— Não me deve nada, Prim. Faria tudo de novo.

— Eu sei que sim.

Trocamos um sorriso e quando tornei a me virar para seguir meu caminho, com Johanna ao meu lado, senti uma mão segurar meu pulso.

— Acho que não agradeci adequadamente. – Katniss avançou seus lábios e me beijou. Sentir aqueles lábios carnudos e macios era a porção do paraíso. Não tivemos muito tempo pra compartilharmos disso e mesmo temendo olhares direcionados a nós a beijei com a mesma intensidade.

— Espero que possamos ter um tempinho só nosso – disse ela colocando algumas mexas de cabelo atrás de sua orelha.

— Nós teremos, com toda certeza.

Assim que o restante da família e as amigas de Prim foram chegando deixei que aproveitassem aquele momento. Mais tarde retornei a seu quarto, sendo acompanhado por minha amiga e Derek para levamos ela para uma nova bateria de exames.

Antes de irmos, gentilmente o pai e o marido de Prim nos agradeceram.

— Peeta foi o responsável por sua filha estar viva, nós apenas o auxiliamos. – Derek conta a eles.

— Muito obrigado mesmo, Dr. Mellark. – Agradeceu o Sr. Abernathy.

Por um instante olhei para os olhos gratos daquele pai. Várias perguntas invadiram minha mente:

 Por que nós tentamos, quando as barreiras são tão altas, e as chances tão baixas?

Por que não fazemos as malas, – como eu fiz há cinco anos - e vamos embora? Seria tão mais fácil...

Mas bem lá no fundo eu sabia a resposta.

No fim, não existe glória no fácil. Ninguém se lembra do fácil. Eles se lembram do sangue e dos ossos, da longa e agonizante luta até o topo.

E é assim que você se torna um lendário super-herói.

—  Foi um prazer poder fazer isso por sua filha.


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Notas finais do capítulo

Obrigada pelo carinho de todas e me perdoem por não atualizar as outras fics nesse FDS, ficou corrido aqui... beijos e tenham uma ótima semana.



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