Entre Irmãs escrita por Cristabel Fraser, Paty Everllark


Capítulo 19
Redimindo-se


Notas iniciais do capítulo

Boa noite queridos leitores!

Eu e a Bel queremos agradecer a todos que estão conosco nesta jornada chamada EI, cada comentário, acompanhamento, e favorito. para nós esse é o maior incentivo que podem nos dar.
Pedimos mil desculpas por nem sempre atualizar como gostaríamos. Muitos imprevistos tem nos acontecido, o que dificulta manter a atualização semanal.

Mas não se preocupem, sempre faremos o possível para estar aqui, pois amamos vocês.

Mil beijos e aproveitem o capitulo.



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Pov. Peeta

 

— Por que não me contou?

— Que matei minha mulher? – Levantei os olhos e Katniss me encarava. – Como eu lhe diria uma coisa assim? – A expressão decepcionada no rosto de Katniss acertava em cheio meu coração, e me fazia lembrar-me do porque deixei tudo para trás depois do ocorrido. Respirei fundo, talvez ela devesse saber a verdade.

— Foi um pedido dela... – Katniss puxou uma cadeira e sentou-se a minha frente.  Seu olhar inquisidor esmiuçava-me por inteiro. – Não há um dia desde aquele maldito procedimento em que eu não me arrependa do que fiz... Ela me fez jurar, disse que seria a maior prova de amor que eu lhe daria...

As palavras saíam de minha boca da mesma forma que saíram há alguns anos diante do conselho de medicina. Naquela ocasião, meus colegas me absolveram de todas as acusações que foram levantadas contra mim, contudo eu jamais consegui me perdoar.

— Daphne era linda, tão linda quanto cheia de vida. – Dei um sorriso fraco, lembrando-me perfeitamente de quando a vi pela primeira vez. – Eu a amava mais que tudo...

Recordar dos últimos dias de vida de minha mulher era algo terrível. 

— Minha esposa definhou a olhos vistos em um curto período de tempo após a descoberta do câncer. Sofria com dores que não desejaria a meu pior inimigo... Nem mesmo as morfinas pareciam fazer efeito. Consegue imaginar como me senti sendo médico e sabendo que não poderia fazer nada para cura-la de seus infortúnios. Me sentia um inútil...

“Você pode fazer algo por mim Peeta... pode dar fim ao meu sofrimento”. 

Cerrei os olhos, era como se ouvisse a voz Daphne outra vez.

— Eu não podia negar seu derradeiro pedido, no entanto lido com a culpa desde então.

— E acha que acabará com a culpa que o corrói desse jeito? – A Everdeen gesticulou mostrando-me tudo ao redor.  – Se escondendo de tudo e todos...

— Tem ideia melhor? – A cortei, já havia ouvido aquele discurso tantas vezes, e de pessoas distintas.

— Tenho...

— Operando sua irmã? – questionei de maneira sarcástica, ao mesmo tempo em que me colocava de pé e dando-lhe as costas preparava uma dose de uísque para beber.

— É operando a minha irmã.  E quem sabe outros pacientes na mesma situação que ela, doutor Mellark... – disse irritada. – Eu pesquisei sobre você, é um dos melhores neurocirurgiões dos Estados Unidos.

— Fui! Agora trabalho em uma oficina mecânica consertando carros.

— Você não pode estar falando sério!

— Ah... sim eu falo sério.

— Trouxe comigo todo o diagnóstico da Prim e as radiografias pra você ver. – Ela parecia não atentar para minha posição.

— Eu não exerço mais a medicina doutora Katniss Everdeen.

— Porque não quer! Pelo que sei não foi impedido de continuar exercendo sua profissão.

— Você não entende...

— Não? Você é um covarde Peeta, esquece que fez uma promessa quando se formou. Uma promessa de salvar vidas custasse o que custasse.

— Eu matei a mulher que eu amava Everdeen... – Aumentei o tom, e joguei o copo com o uísque na parede. O barulho estridente fez à morena se encolher.

Katniss levantou-se da cadeira e pegou a bolsa que tinha posto aos pés da mesma ao se sentar, ajeitando-a no ombro na sequência lágrimas começara a  molhar seu rosto.

— Leve o diagnóstico da sua irmã...

— Não! Se quiser você mesmo terá de jogar fora.

Direcionou-se até a porta e ao colocar a mão na maçaneta proferiu  de costas para mim.

— Como disse assim que cheguei eu gostei de você... Confesso que quando descobri quem você era fui tomada por uma fúria inexplicável, e foi essa fúria que me trouxe até aqui. Não pensei em outra coisa que não fosse minha irmã, e que você poderia ser a única salvação para ela...

— Eu não posso ajudar sua irmã...

— Não pode, ou não quer?

— Katniss...

— Peeta, eu te admiro pela decisão que tomou em atender ao último pedido de sua esposa, no seu lugar faria o mesmo...  Contudo preciso te fazer uma pergunta.

Katniss continuou de costas para mim.

— Você acha que a Daphne ficaria contente em ver no que  transformou a sua vida?

 Katniss deixou o chalé e me senti péssimo. Suas palavras invadiram meus pensamentos. Olhei para a garrafa de bebida sobre o móvel e a segurei com firmeza, dando-lhe o mesmo destino que concedi ao copo anteriormente.

 “Daphne ficaria contente em ver no que transformou a sua vida?”

 Minutos se passaram, e foram como um borrão em minha cabeça.  Estava sufocando dentro de casa, sentia necessidade de sair para respirar. Então me encaminhei até o quarto, e de dentro do armário retirei uma jaqueta de couro a vestindo em seguida.

Flash on

Daphne era uma das melhores amigas de Prim. Das cincos amigas (Five Harmony), as duas eram as mais próximas. Mas quando Daphne e eu nos casamos tivemos que nos mudar para Seattle.

Minha mulher se formou em Assistente Social e trabalhávamos no mesmo hospital. Mas em certa época desconfiei que Daph me escondia algo. Algo que mudou completamente nossas vidas.

— Olá querido, como foi seu dia? – perguntou ela com o mesmo sorriso de sempre, mas naquele dia eu não sorria como de costume. A encarei enquanto colocava a mesa para o jantar.

Nem sempre nossos horários de trabalho batiam. Dependia muito dos dias em que eu dava plantão.

— Me diz você, como foi o seu? – inqueri jogando minhas coisas sobre o pequeno sofá e abrindo minha maleta peguei o grande envelope nas mãos o lançando sobre a mesa. – Por que escondeu de mim, Daphne?

Senti seu corpo paralisar-se. Descobri que Daphne fizera uma bateria de exames naquela semana, tudo às escondidas. Ela pedira sigilo da parte de seu médico, o Dr. Adam Levy, Diretor da área de Neuroncologia. Mas consegui obter tais informações.

— Como conseguiu, essas informações? – perguntou ela apreensiva.

— Como consegui? Você acha que sou idiota Daphne? – Eu não elevava a voz, mas por dentro estava furioso. – Trabalho naquele hospital há quase seis anos, sei muito bem invadir o sistema de pacientes relacionados a minha área, apesar de nunca ter precisado. Até agora.

Ela suspirou vencida.

— Me perdoe, por favor. – Então ela começou a chorar e acabei por toma-la em meus braços. – Estava com tanto medo.

Antes do jantar sentamos no pequeno sofá e me contou tudo o que vinha acontecendo nos últimos meses.

Ela apresentara dormência na língua, na mão e no pé, tudo isso no lado esquerdo de seu corpo. O diagnóstico fora certeiro. Desenvolvera uma lesão desmielinizante profunda do tronco cerebral. Uma lesão que se refere a um tecido anormal no corpo. No caso de Daphne esta lesão estava retirando mielina de seu tronco cerebral.

A mielina é algo muito útil. Ela reveste as células nervosas, como a cobertura plástica de um fio elétrico. Nos exames mostravam que a mielina desaparecera na medula. O tronco cerebral é uma caixa de sinalização, e a de Daphne estava funcionando muito mal.

Por exemplo: se você quer que seus dedos toquem o rosto de quem você ama, ou toquem os acordes de uma música, você não consegue obter permissão se o sinal específico não puder passar.

Quando vi o diagnóstico entrei em total desespero, havia presenciado muitos casos, mas não um tão incomum como aquele. Ainda mais sendo minha esposa amada.

A batalha estava armada, não saí um minuto sequer de seu lado. A radioterapia e a quimioterapia já não respondiam mais. Aos poucos ela perdera os movimentos das pernas e sua visão se encontrava turva.

— Por favor querida, não me deixe. – Eu clamava enquanto segurava sua delicada mão, e ela lutava a procura de oxigênio.

— Você pode fazer algo por mim Peeta... pode dar fim ao meu sofrimento?   – Naquele momento eu tinha toda a atenção voltada a ela. – Se acontecer algo mais grave comigo... por favor desligue tudo. – Não pude acreditar em tais palavras.

Minha amada esposa me pedia para fazer uma eutanásia?

— Não posso fazer isso. – As lágrimas escorriam de meus olhos até sua pálida mão.

— Por favor... – disse ela apertando minha mão dele com o pouco de força que restava. – Prometa.

— Não posso... – Me encontrava prostrado diante de tamanho sofrimento.

— Se você me ama de verdade, fará isso. Essa será a maior prova de amor... – Algumas lágrimas escorreram de seus olhos enquanto inutilmente tentava me encarar. – Eu sinto muito por não ter dado filhos a você – continuou ela. - Ainda bem que você é um homem jovem e lindo, Peeta. Com toda certeza encontrará uma boa mulher, a qual possa te dar os filhos que tanto merece.

— Não quero ninguém. Eu quero você. – Eu suplicava entre as lágrimas.

— Eu estou indo Peeta, não há como impedir isso. Tudo que tinha para se fazer, foi feito. – Aproximei um pouco mais e a beijei com carinho. Sussurrei juras de amor próximo ao seu ouvido.

Mais tarde as amigas estavam a sua volta. Horas choravam e horas riam de casos bobos.

Prim era a que mais lhe fazia companhia. Seja fazendo palavras cruzadas ou assistindo novelas.

Na época sua garotinha, Becky, tinha oito anos e quando Prim viajava para ficar ao lado de Daph, sua filha ficava com minha irmã Nicole, que na época tinha a Willow em torno de seus seis anos.

Nas últimas semanas - antes de completar seus 25 anos -, minha esposa Daphne respirava apenas com a ajuda dos aparelhos. Eu me encontrava inconsolável. Mesmo fazendo a cirurgia nela, o doutor Noah, disse que as chances dela sobreviver eram nulas.

Naqueles dias parecia que ela havia partido. Eu mal dormia e comia. O único pensamento que invadia a mente era o seu pedido.

“Se você me ama de verdade, fará isso.”

Então, numa noite fiz aquilo que achei que jamais faria. A partir dali tive a certeza de que, morrera junto dela.

Todos os sonhos que tínhamos planejado. A casa em Belleville que, sempre íamos nos feriados e férias. Os filhos que planejávamos ter. Tudo estava acabado para sempre.

Flash Off

⊱━━━━━━⊱✿⊰━━━━━━⊰

— Pelo visto não sou o único que gosta de vir aqui à noite.

A voz suave continuava a mesma, todavia os cabelos grisalhos já se achavam abundante no alto de sua cabeça. Olhei para minha direita e ele estava sentado a poucos metros. Clive fitava com tranquilidade o crucifixado no vitral central da Capela dedicada a Santíssima Trindade.

 De todas as pessoas em Belleville que poderiam estar naquele lugar àquela hora, meu sogro era a única que eu jamais esperaria encontrar ali.  Fazia tempo que eu não o via, e ainda não me achava preparado para  reencontra-lo.  

Arrependi-me amargamente de deixar que meus pés me guiassem, pois quando dei por mim já estava na pequena igreja, onde há alguns anos Daphne e eu construímos os sagrados laços do matrimônio. 

— E-eu... – gaguejei, sinceramente não fazia a menor ideia do que dizer a ele após tanto tempo.

— Por que não foi nos visitar ainda? Roxane sente sua falta.

— Andei ocupado. – O homem retirou a atenção do vitral e voltou-a para mim.  Desviei os olhos para o chão, Clive pôs-se de pé e vindo até mim, sentou-se do meu lado.

— É sei tem muitos carros nessa cidade precisando dos préstimos de um mecânico de mão cheia como o grande Peeta Mellark.

Embora a frase pudesse ser mal interpretada, não existia hostilidade nela, pelo contrário.

— Bom agora não está ocupado. Que tal? Você poderia jantar conosco hoje. Sei que sua sogra ficaria muito feliz com sua presença de novo em nossa casa – disse colocando a mão sobre meu ombro, o toque quente e suave revelou-me que não estava sonhando. Meus olhos começaram a marejar.

— Você sabia que me encontraria aqui não é? – perguntei já sabendo a resposta.

— Como Xerife tenho minhas fontes. Vem, Roxane  ficará feliz em te ter em casa novamente rapaz.  

⊱━━━━━━⊱✿⊰━━━━━━⊰

O jantar na casa dos pais de Daphne fora muito agradável. Em momento algum me senti constrangido. Eles eram muito condescendentes. Na volta pra casa vim pensando no que Katniss me dissera e também nas palavras de Roxane.

— Peeta querido, não pode se culpar pra sempre. Eu que sou mãe de Daph sofri, imagine você... Na minha visão, você deve dar uma chance de redimir-se.

Todos pareciam enxergar um ponto que eu mesmo não conseguia.

Assim que adentrei a sala do chalé deparei-me com o grande envelope que Katniss deixou para trás.

Children’s Hospital

Paciente: Primrose Everdeen Ludwing.

Era o que se lia na etiqueta. Minhas mãos tremiam enquanto segurava o papel. Abri e tirei o conteúdo. Depois de conseguir ler minuciosamente folha por folha, peguei uma das radiografias – a mais recente – e a coloquei contra a lâmpada. Analisei-a por alguns minutos e... não era possível, ou era?

Peguei uma das primeiras radiografias e comparei com a que acabara de ver e pude entender por que todo mundo havia determinado que o tumor era inoperável. A perícia necessária para realizar a cirurgia era quase inaudita. Seria preciso um neurocirurgião com mãos divinas e um ego à altura. Mas, com uma resseção cuidadosa, talvez houvesse uma chance. Era possível – apenas possível – que essa sombra estreita não fosse tumor, mas tecido reagindo ao tumor.

Johanna Mason, precisa falar com ela. Talvez pudesse me dar uma ajudinha. Consultei o relógio. Sabia que só poderia falar com ela ao telefone na manhã seguinte. Não havia dúvida sobre o que fazer. Subi e tomei um relaxante e longo banho quente. Ajeitei uma mochila com roupas. Separei uma camisa limpa, calça e sapato.

Quase não consegui pregar os olhos, mas assim que o sol nasceu me levantei, me arrumei e tomei um forte café. Peguei a mochila e o envelope. Passei na oficina e avisei Anthony sobre minha repentina viagem.

Assim que cheguei à Seattle liguei para Johanna.

— É o Peeta.

— Quem é vivo sempre aparece. E aí mãos de um milhão de dólares, o que me conta?

— Tem uma irmã de uma... amiga que está com um diagnóstico bastante peculiar aqui e preciso do seu olhar e ver o que podemos fazer.

— O que podemos fazer? Uau, o que você fez com o doce e adorável Peeta Mellark? – ela riu deixando claro que não estava me reconhecendo, nem mesmo eu estava.

— Johanna é sério, acredito que há uma chance.

— Se você diz...

— Posso te enviar as radiografias?

— Claro que pode. Assim que eu as analisar te retorno.

— Ótimo, muito obrigado.

— Não tem deque e precisamos nos encontrar. Como você some assim sem nem deixar rastros?

—É uma longa história...

— Sabe que adoro seus dramas, não sabe?

— Podemos conversar quando você ver o que eu vi.

— Tá certo... preciso desligar, mas me envie já essas radiografias, Mellark.

Desliguei o telefone, respirei fundo e rumei para o Children’s Hospital.


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Notas finais do capítulo

E ai gostaram? Bjs e até breve, se tudo correr bem.

Amados, quero dar uma satisfação para as os leitores que acompanham minhas fanfics:
Estou com uma pequena fratura em um dos dedos, conclusão. Braço engessado!
Sem nenhuma previsão de poder voltar digitar grandes textos, então já sabem...



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