Despedida escrita por kel123


Capítulo 1
O extraordinário desconhecido




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Um homem incrível morreu hoje. 

 

 

 

 Provavelmente, você nunca ouviu falar dele. Ele não era nenhum cantor famoso, nenhum político conhecido ou qualquer pessoa de fama amplamente difundida. Sua morte não foi alardeadas nos jornais, nas revistas, não causou grandes comoções muito menos declarações de luto oficial. Não era nenhum super-astro, ele era apenas um homem simples, dedicado a familia, ao trabalho e a igreja. Esse homem desconhecido, era meu pai.  

 

 Uma pessoa de poucas palavras e voz baixa que, apesar de sua natureza reservada, sentia-se realizado ao participar de eventos públicos na paróquia que frequentava. Alias, religião era algo ao qual sentia-se extremamente ligado; Mesmo tendo em vida todos os motivos e tantos outros para desacreditar Deus, não o fez. Continuou firme e assim foi até o fim. E mesmo sendo reconhecidamente de natureza bondosa, mostrava-se surpreso quando era assim chamado.

  

 No trabalho era um policial dedicado, com décadas de serviço prestado no qual orgulhava-se de, apesar de já ter atirado, não ter no currículo a morte de ninguém. Oficial condecorado várias vezes, teve inúmeras chances de subir a altos postos mas, humildemente, recusava apenas por não querer ter de se afastar da família.

 

 Gostava de viajar para o litoral nas férias e sempre tentava fazer com que todos os parentes e amigos participassem, mesmo que isso dificultasse em muito as coisas. Tinha por hobby gravar todo e qualquer momento de descontração assim como competições de natação dos filhos. Não era um bom camera-man mas, sentia-se incrivelmente feliz ao juntar todos na sala para assistir suas fitas.

 

De hábitos e gostos simples, gostava de ir todo primeiro sábado do mês com a família no supermercado; E nessas saídas, particularmente, gostava de dar  mimos as seus filhos, coisas pequenas, como livros e videos infantis.

 

Era especialmente entregue ao suas crianças... Gostava de buscá-los na escola e levá-los para brincar em parquinhos perto de onde trabalhava. Amava sua esposa e filhos mais que tudo no mundo, e mesmo que na maioria das vezes nada dissesse, sempre se podia ter a certeza desse amor só de vê-lo.

 

 E agora, passando e repassando a imagem dele em minha mente, revejo tudo que consigo lembrar pois, tenho medo de que tudo desapareça de minha memória. Medo de que todas as lembranças sumam e tudo comece a ser como se ele não tivesse existido. Por mais que lembrar doa, não quero de forma alguma que as recordações sejam apagadas.  

 

 Inúmeras sensações invadem meu corpo e me torno incapaz de descrever o que sinto nesse instante. Só sei que sempre vou amá-lo e que sempre sentirei sua falta. Sinto também que provavelmente amanhã será pior que hoje e assim sucessivamente... E isso me assusta.  

 

 Porém, só hoje, somente enquanto vejo o caixão baixando lentamente, enquanto escuto a salva de tiros e vejo todos os seus amigos lamentarem, somente por hoje não vou pensar no quanto o mundo ficou menos colorido depois que ele partiu. Por agora, vou apenas pensar no quanto eu o amei e tentar com todas as minhas forças enviar pensamentos positivos para que ele possa descansar em paz com a sensação de dever cumprido. Afinal, ele os cumpriu.

 

Sua existência tornou o mundo de muitos um lugar mais agradável e, para mim, ele foi o ser humano mais incrível que conheci em toda minha vida. Me sinto feliz por esses anos que me foi permitida estar perto dele. 

 

 Um homem simples, meu pai, foi quem morreu hoje. Como eu disse, ele não era ninguém especial mas, com toda a certeza, foi um grande homem; Cumpriu todos os seus sonhos e pode ir sem arrependimentos e com um enorme sorriso no rosto.  

 

Me pergunto quantos super-astros podem dizer que conseguirão isso.

 

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Notas finais do capítulo

Bem, esse é um texto que eu tinha escrito em homenagem ao grande homem que foi meu pai.

Ultimamente tinha estado pensando muito nele e acabei me lembrando que tinha escrito isso um ano depois da morte dele, e no fim acabei por postar aqui numa forma de reafirmar o quanto ele foi incrível.

Não espero muitos comentários, na verdade sinto que, no fundo, foi apenas mais uma forma que criei para não esquecer quem ele foi pois, meu maior temor é não lembrar quem ele era.

Argh, chega. Já tô muito sentimentalóide, vou para por aqui.

Beijos caramelizados da tia Kel,

Bye! o/



PS: Não pensem que me esqueci da pobre Luna! Não,não. O proxímo capítulo de Sinestesia está quase pronto. Por favor não desistam de mim! huahauhau >—



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