Temporary Fix escrita por alebitario


Capítulo 1
Capítulo único




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Os olhos do rapaz passaram mais uma vez por todas as coisas que haviam ao redor da casa, ele passou mais uma vez a mão por seu cabelo e apertou os dedos firmemente no cabelo próximo a sua nuca, ele poderia sentir a dor que o atingia ao fazer aquilo, mas não era nem comparado ao que estava em seu âmago naquele momento. Ele socou a cama onde estava sentado algumas vezes, jogando as cobertas longe e abrindo o closet que havia na casa para pegar uma calça para vestir.

Não era a primeira vez que ele estava acordando daquela maneira e estava cansado, sentindo-se usado, não aguentava mais uma situação como aquela e todo o estresse que estava causando a si mesmo com coisas como aquelas. Os dedos terminaram de fechar a calça e então pegaram uma camisa no mesmo lugar, enquanto os pés somente se enfiavam dentro dos sapatos.

Os dedos soltaram e novamente passaram por toda a cabeça do Potter, evitando que qualquer outra coisa fosse demonstrada, foi ai que uma mãozinha alcançou sua calça e puxou suavemente. Se havia algo no mundo todo que o primogênito jamais negaria era atenção aos seus filhos, e assim que notou Phoenix aos seus pés, o homem se abaixou e puxou-a para seus braços, aconchegando sua princesa em seu colo. A menininha era a cara de sua mãe e aquilo deixou o Potter um pouco perdido.

— Papai, você vai embora de novo? – No mesmo momento em que ela perguntou aquilo, James teve vontade de bater novamente na parede, mas não tinha vontade de fazer mais um feitiço para arrumar algo, aquilo o deixara com a respiração presa na garganta com a dor causada.

— Oh, minha princesa, papai precisa ir agora... Mas o que acha se eu voltar para ficar com vocês no final de semana? – Beijou a ponta do nariz de sua pequena quando notou dois braços o envolvendo pela cintura e precisou pegar Lynx no colo e então sentou-se para que Leon pudesse se aproximar. – Ai quando eu vier, nós podemos ir passear.

— Mas a mamãe fal...

— Não liguem, ok? Eu nunca vou deixar vocês. Nunca. – Disse cortando a fala da outra garota e então beijou a cabeça das duas filhas, olhando diretamente para Leon. – Você vai cuidar de tudo, não vai, campeão?

— Sempre, pai. – A voz do menino vacilou por meio segundo, então James puxou seu primogênito também para seu colo e embolou todos os filhos em um abraço de urso, apertando-os bem em seus braços e então só soltando os pequenos quando começou a fazer cócegas em todos.

A brincadeira continuou pela cama do quarto principal enquanto as meninas armaram-se contra o pai e o irmão mais velho, até que eles conseguiram escapar dos dedos das menores e uniram-se contra elas da forma como podiam para brincar com as garotas, que quase choravam de tanto rir. Foi então que para um susto geral a porta do quarto foi aberta e uma mulher loira recostou-se à porta com uma expressão nada divertida em sua face, no mesmo momento James levantou da cama e buscou sua camisa ao lado da cama.

Os pequenos continuaram na cama, recuperando-se em meio a risos perdidos, sorrisos leves e corpinhos doendo enquanto o bruxo terminava de se arrumar e então debruçava-se sobre a cama, para beijar e dar um abraço apertado em cada um de seus filhos. Tudo isso não escapava do olhar de Saphira Malfoy, como ela mantivera durante todos os anos, os olhos que pareciam um camaleão, brincando entre o dourado intenso e o verde apaixonante simplesmente perdiam-se naquela cena.

— Eu não ganho um beijo, James? – A última palavra parecia brincar nos lábios da mulher, como se ela fosse perfeita para provocá-lo daquela forma e uma sobrancelha arqueou na face do homem que fora chamado, as crianças pareciam absortas demais para notar aquela situação entre seus pais.

— Pensei que não quisesse que eu tocasse em você, Saphira.

— Impressionante como os anos passam e você não aprende... – Ele agora estava parado no meio do quarto e ela dava passos lentos e extremamente calculados até estar na frente do moreno, erguendo suas mãos e apertando-as nos ombros do mesmo, levando seu rosto lentamente até os lábios estarem próximos ao ouvido dele. – Que é Malfoy pra você, Potter.

— Tudo bem, Malfoy. – Agora era a vez da palavra brincar nos lábios dele, demorando-se em cada mínima parte, as mãos alcançando a cintura da loira e os dedos apertando a cintura dela, aproveitando a intensidade para puxá-la para perto. – Você quem manda, rainha.

— Jurava que iria ficar em casa hoje. – A mulher se afastou somente o suficiente para poder olhar nos olhos que ela amava, a mão alcançando o maxilar e passando as unhas calmamente por ele, como se não fosse nada demais e nem notando o efeito que tinha no Potter. – Você havia prometido.

— Sei que tinha, me desculpe. – Pediu fechando seus olhos, o carinho o fazia ficar bem e os olhos se fecharam enquanto ele se inclinava até estar com sua testa encostada na dela. – Mas a sessão dos inomináveis precisa de mim...

— Você prometeu, James.

Aquela única afirmação tocou duramente no homem, ele sentira aquela dor novamente, a mesma dor de quando uma de suas filhas o questionou sobre estar em casa, a mesma que ele sentia todas as vezes que lhe era colocada essa afirmativa. James Sirius não tinha mais tempo em casa, vivia no trabalho e todas as vezes eram problemas que ele demoraria dias resolvendo e não poderia voltar para casa até resolver tudo e ter o problema resolvido.

Sempre pensara que veria seus filhos crescerem e aproveitaria cada segundo, ele tinha um tanto de sangue Weasley e aquilo era importante para ele, então ao ver sua esposa dizendo aquilo mais uma vez simplesmente o quebrava. Saphira chegara ao ponto de dizer que não aguentava mais ficar ao lado dele e queria seguir contra tudo e divorciar-se do Potter, o homem precisara de tudo que tinha em si para conseguir lutar contra aquilo e manter sua família contigo.

— Me desculpa, coração. Eu vou resolver isso hoje e estarei de casa a noite, sim? – Quando o Potter se inclinou para beijar a esposa, somente conseguiu alcançar o rosto da loira, que o fez fechar os olhos e aplicar vários beijos na face dela e descer os beijos até o pescoço de sua garota, deixando uma última mordida. – Eu amo você, Saphira, até a última estrela parar de brilhar.

Precisou ainda fazer mais algumas coisas pela casa e uma última vez ele puxou cada um de seus filhos para seus braços, prometendo que estaria ali logo e poderiam aproveitar seu tempo juntos, dando vários beijos em suas meninas e reforçando o pedido que Leon cuidasse de tudo enquanto estava fora. Pegou sua varinha e colocou-a no coldre que recebera do ministério, quando ia na direção da porta observou Saphira parada e recostada no batente da mesma com uma expressão caída.

Ele não poderia parar ali ou nunca faria o que deveria fazer, ergueu o rosto da esposa e beijou a testa dela da forma mais carinhosa que conseguia, acariciando a face da mesma enquanto notava que ela tinha seus olhos fechados e braços cruzados. Assim que os lábios deixaram a pele dela e o Potter cruzou a porta, Saphira deixou um suspiro se esvair por seus lábios, ela sentia-se muito mal.

Naquele momento ela tomara a decisão mais uma vez e dessa vez não havia nada que James pudesse dizer, nem mesmo apelar para seus filhos, para o amor que ainda sentiam um pelo outro ou qualquer coisa que ele pudesse simplesmente pensar, como fora da última vez. Ela não conseguia ver seu marido e doía aquele fato, que ele deixara de ser o mesmo por coisas que não deveriam interferir no relacionamento deles, muito menos no que eles tinham com os filhos.

— Mãe! A gente pode ir brincar na casa do tio Albus hoje? – Perguntou Leon chamando a atenção de Saphira naquele momento, assim que o nome de seu melhor amigo fora entonado, ela abriu um sorriso leve e acariciou o rosto de seu mais velho. A história podia ser complicada, mas cada um dos três valia só por estar ali.

O amor por seus filhos era maior, ela se tornara uma ótima mãe com o passar dos anos.

— Claro, príncipe. – Sorriu e então pegou sua varinha, para organizar o que precisariam e então ir visitar a pessoa que poderia lhe aconselhar naquele momento, a pessoa que ela mais precisava ver, seu cunhado e melhor amigo.

(...)

Ninguém da família Potter havia visto as horas passando, Saphira perdera-se em meio as conversas com seu melhor amigo enquanto seus filhos brincavam com os de seu cunhado, enquanto isso James havia feito o que precisara, mas ficara preso em sua ala do ministério por mais tempo do que ele achava que levaria no fim das contas, mas nada que ele pudesse se arrepender profundamente

Quando o homem chegou em casa, tudo estava escuro e nem mesmo os animais de estimação vieram recebê-lo como costumeiramente, para não acender nenhuma luz desnecessária ele rapidamente usou o Lumos e foi tirando a blusa e os sapatos para não fazer barulho enquanto caminhava. Passeou por todos os aposentos de sua casa, vendo se tinha algo fora do comum para então ir até os quartos, deixou um beijo e arrumou cada um de seus filhos da forma mais cuidadosa que podia e até mesmo levou Lynx – em meio ao seu sono – ao banheiro, como ela pedira, porque não havia algo que ele não fizesse por seus filhos.

Com tal pensamento um sorriso brotou em seus lábios.

Nox fora o feitiço que ele fizera antes de adentrar no quarto e começar a desfazer-se de suas roupas, aproveitou para tomar um banho relaxante e mesmo assim não muito demorado, porque queria aproveitar o tempo com sua esposa, manteve-se como gostava de dormir e caminhou para a cama. No momento em que ele deitou e colocou a mão na cintura de Saphira a mesma tirou-a, afastando-se do corpo do marido da forma como podia.

— Hey... O que foi? – A pergunta saiu quase falha na voz rouca de James, enquanto o mesmo se inclinava e puxava-a pela cintura para que seus corpos colassem um ao outro, criando uma posição que lhes era sempre confortável. – Saph? O que foi? Fala comigo...

— Eu cansei, James. Isso vai doer muito mais em mim, mas eu cansei. Cansei de não ter sua atenção, de pedir carinho e você estar ocupado, de estar ao seu lado e você parecer que está com a cabeça nas nuvens. – Ela precisou se virar, afastando-o novamente e deitando-se de costas na cama, olhando para ele com lágrimas nos olhos. – Não dá para ficar assim, não posso continuar com is...

— Concordo! Você não pode continuar com isso e não vai!

— Do que você está falando, Potter?

— Nunca gostei de quebrar uma promessa, eu posso ter feito muitas burradas na minha vida e muitas mais nos últimos anos, mas eu não posso te machucar dessa forma, Saphira. – O corpo dele moveu-se novamente até que ele estivesse sobre o corpo dela, apoiado em seus braços e entre as pernas da amada. – E eu prometi hoje pela manhã que eu resolveria isso e estaria de volta em casa à noite para você.

Agora os olhos pelos quais James se apaixonara, vários e vários anos atrás, estavam deixando que lágrimas escapassem enquanto ela observava os olhos pelos quais ela também se apaixonara. Havia um fato naquele casal que era simplesmente inegável e este era que nunca houvera falta de amor, eles poderiam brigar, poderiam se manter afastados e fazer suas burradas, mas James Sirius Potter e Saphira Hope Malfoy eram perfeitos um para o outro e se completavam de maneira que nenhum outro faria igual.

Se um dia o casal viveu em provocações dos mais diversos tipos na escola, entre todas as brigas, todos os olhares, todas as vezes que ele implicava com loira e ela devolvia no estilo mais patricinha o possível... Aquilo era esquecido rapidamente quando eles descobriram, logo ao primeiro beijo, que o que sentiam era inegável, demoraram um tempo para aceitar, mas não havia maneira de fugir.

E todo aquele sentimento ainda estava ali, no mais fundo dos olhos dele, na mão do homem que adentrava a roupa que ela estava usando até chegar na pele dela e poder tocá-la diretamente, na mão dela que subira até que pudesse se enroscar no cabelo dele. Tudo ali se tornara mais intenso, era novo, diferente, era como se fosse mais um dos muitos recomeços que eles tiveram e aquilo era uma sensação boa.

— O que você aprontou agora, Potter? – O rom cínico relembrara a escola e um sorriso convencido, como se ele acabasse de fazer a melhor brincadeira de todos os tempos, surgiu nos lábios de James.

— Fiz o que deveria ter feito desde o princípio, loirinha. – O uso do apelido que usava para brincar com ela na escola fez com que Saphira arqueasse uma sobrancelha, desafiando-o de vez. – Eu pedi minha demissão, agora eu sou um homem livre e que pode dar todo o tempo dele para os filhos que estão crescendo e para a esposa maravilhosa que tenho na minha cama.

Todo o plano de Saphira caíra por terra com aquela informação, isso unido ao fato que ele ia descendo beijos por seu pescoço, aproveitando que ela estava absorvendo aquilo para provocá-la, não ajudava muito. Tipicamente Potter, descendo mais seus lábios, deixando que ela suspirasse vez ou outra ao mero contato dos lábios com sua pele, fazendo com que precisasse de muito autocontrole para puxá-lo pelo cabelo até poder ver novamente os olhos de seu marido.

Os olhos e aquele sorriso de uma criança, como se ele tivesse acabado de ganhar algo muito precioso de natal e estivesse no auge de sua felicidade. Como se olhar para a esposa naquele momento fosse absolutamente tudo que ele pudesse pedir. Era uma coisa contagiante e Saphira não pode se conter quando puxou-o para si, aproveitando o corpo junto ao seu, assim como os lábios que agora cobriam os seus.

—Espera... James, espera! – O homem demorou para conseguir afastar seus lábios dos da esposa, respirando fundo assim que fez e olhando para seus olhos. – Você está falando sério? Realmente pediu demissão?

— Sim, Saph. Eu pedi demissão, eu vou ter todo o tempo do mundo para ficar contigo e com as crianças, poder prestar toda a atenção em cada data comemorativa, em cada passo dos nossos três filhos, poderei estar ao seu lado caso algo aconteça e em cada visita inesperada na casa do meu irmão e meu cunhado. – Todas as palavras saíram de uma só vez, ele acariciou novamente a pele dela e sentiu ambas as mãos da loira em seu rosto. – Agora eu sou seu, propriedade sua e dos nossos filhos.

— Me diz então, senhor Potter, qual o seu primeiro desejo como o homem que eu esperava que fosse, em muito tempo? – Aquelas palavras eram verdadeiras, porque ela queria seu namorado de volta, não o babaca que James se tornara desde que começara a se envolver em outras coisas. Ela sentia falta do garoto pelo qual se apaixonara.

— Vamos viajar? Eu, você e as crianças? Aproveitar as férias do Leon, aproveitar que temos tempo, aproveitar a neve caindo lá fora... – Ele roçou o nariz de forma suave pela bochecha dela, a forma que ele usava quando precisava pedir algo, os olhos fechados e aquele tom de voz rouco de sempre. Saphira sorriu, em seguida arranhou suavemente a nuca do marido.

Aquela pergunta não precisava realmente de uma resposta, porque agora ela tinha seu marido de volta, também não precisou muito para que a porta se abrisse e três pequenos seres – que acabaram acordando quando o pai foi desejar-lhes boa noite – invadissem o quarto, pulando em comemoração. O que eles achavam que seria um problema agora estava resolvido e assim que James saiu de cima da esposa e puxou as crianças para a cama, envolvendo suas duas meninas enquanto Leon deitava-se abraçado na mãe, ele teve a sua confirmação necessária.

Sua família era tudo o que ele precisava naquele momento.


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Notas finais do capítulo

Depois você me mata por isso, Saphira... Depois eu deixo mesmo.



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