Lá estavam os dois, na estação de trem do Limoeiro.

O vento forte batia no rosto dela fazendo com que as mechas não parassem quietas em seu longo cabelo, ela ainda suspirava e batia os dentes pela falta de uma blusa naquele vendaval.

Ao longe, ela observava um rapaz alto, que parecia prender a visão nela, seu aspecto era frio, ela sentia que ele estava ali apenas para observa-la. Assustada, agarrou-se no braço de seu amigo e respirou fundo.

Ele vendo o desespero de sua amiga, se assusta e tenta compreender a situação.

— Cascão, estou com medo - Suspirou em meio aos arrepios que percorriam em seu corpo, tanto pelo frio, tanto pelo medo.

— Calma Magali - Indagou tirando algo do bolso da jaqueta e entregando a amiga - Coma isso.

Magali pegou o doce das mãos de Cascão e comeu com gosto.

Era assim, sempre foi assim, em meio as mais complicadas situações, comida sempre a deixava mais calma.

Nesse momento ela olha em direção ao local onde o homem misterioso estava e vê que ele sumiu, restava apenas as folhas flutuantes que vinham de fora da estação, trazidas pelo vento. Ele não estava mais lá.

Nesse momento ela começa a imaginar se estava ficando louca ou se aquele homem realmente existia.

O trem deles chega e sem pensar duas vezes, eles entram e se sentam no primeiro banco que encontram. Claro que eles tinham muitas opções já que o trem estava vazio, mas Magali sempre gostou de se sentar perto da porta.

Dando uma última olhada para se certificar, ela não avista nada, mas ao direcionar sua visão para o vagão da frente, ela tem a leve impressão de ver um único homem entrando lá.

— Cascão? - Sussurra para o amigo com um fio de voz - É ele.

— Ele? Ele quem? - Pegunta confuso.

— O homem da estação, bem ali.

Cascão olha para a direção apontada por Magali, mas não vê nada.

Ele fica e pergunta:

— Maria, você está bem?

Maria olha para ele com os olhos nublados e responde:

— Como assim?

— Não vi nada.

Magali arregala os olhos e perde a fala, tudo em volta dela começa a ficar escuro, a voz foge de sua garganta e ela só pode ouvir um sussurro leve, mas assustador