Narrador

Sara observa a mulher,agora amparada pelo marido,a porta do quarto.  Rebeca Merlyn é alta e esguia,longos cabelos cor de mel,pele alva..." Ela pareçe tão frágil.." pensa.

— Rebeca,o que faz aqui? - Malcom exclama preocupado - Não deveria estar....ela interrompe o marido

— Malcom,por favor,posso até parecer mas não sou,...não estou tão frágil assim a ponto de me quebrar! - fala enquanto olha para o filho,depois para o marido com os olhos marejados e expressão de dor.-  Como podê?? - indaga olhando diretamente nos olhos do marido - Como foi capaz disso...? - diz apontando para o filho que permance quieto no chão.  " Tommy!!" . Sara se dá conta de que ele não falou nem se mexeu depois que a mãe apareceu na porta e voltando-se vai em sua direção. Abaixa-se junto ao rapaz e toca seu rosto com a mão assustando-o.

— Você está bem? - pergunta.  Tommy a olha confuso.

— Rebeca ..eu...- Malcom começa a falar mas se cala.

— Senhorita??.. - pergunta chamando a atenção de Sara,que vira-se .

— Sa...Sara -. balbucia.

— Sara, nós vamos descer - encara o marido - agora. Você poderia,por favor, ajudar Thomas e nos encontrar lá embaixo? - pergunta,observando a moça que acena positivamente com a cabeça. - Obrigada.  E ...descupe..- diz e faz sinal para o marido,  que a apoia nos ombros ajudando a caminhar.

Após a saída dos dois ,Sara se volta para Tommy,que permanece quieto olhando para o espaço vazio onde antes estavam seus pais.

— Hey..- acaricia o seu rosto fazendo com olhe para ela. -Tommy,...você..,você está bem? - pergunta uma vez mais.  Ele a encara por um breve momento.

— Sim. - responde e se levanta.  Sara o acompanha. 

— Melhor lavar seu rosto. - comenta com a voz embargada - Vamos lavar seu rosto- corrige-se limpando a garganta. Pega-o pela mão e o conduz até o banherio.   Lá dentro pega uma tolha pequena,umidece na água morna e, delicadamente ,começa a limpar o rosto de Tommy, que senta-se na borda da banheira assim como ela havia feito horas antes... " Que ironia! " pensa.    Tommy respira fundo e fecha os olhos deixando que Sara limpe e seque seus ferimentos. Os externos,por ora.  

Depois de limpar os ferimentos,Sara procura por algo que possa cobri-los,ao menos o do supercilio que teima em sangrar.

— Você tem band aid ou algo assim? - pergunta - Achei! - diz pegando o pequeno curativo e colocando no local. - Pronto,novo em folha..- brinca fazendo com que Tommy sorria levemente. Ela segura seu rosto entre as mãos, erguendo-o a fim de avaliar melhor.- Quer saber, ficou ainda mais charmoso!

—  Pensei que fosse lindo!!!- fala e Sara sorri feliz por ele estar "voltando a sí". Ela lhe dá um selinho. - Gostei da recompensa. Posso ganhar mais ?

— Vou pensar no seu caso. - responde sorrindo para ele. - Por ora,temos que descer.- diz e senti que Tommy fica tenso. - Tommy, Temos que descer.

— Eu sei. - suspira. Levantando-se Tommy volta para o quarto seguido por Sara,pega uma camisa(  a da noite anterior) e veste-a. Vai até uma mesa no canto,pega a chave do carro e carteira.

— Vamos. - fala estendendo a mão para Sara que,após pegar sua bolsa,coloca sua mão na dele acenando com a cabeça.

Saem do quarto. Sara se deixa conduzir por ele.  Descendo uma escada,os dois param na entrada de uma enorme sala onde vêem Rebeca,sentada em uma poltrona, e Malcom sentado em uma mesinha de centro de frente para a mulher.  A mãe de Tommy tem o rosto do marido entre as mãos. Os dois conversam baixinho. Ao ve-los Rebeca faz sinal para que se aproximem. Malcom levanta-se imediatamente e coloca-se ao lado da esposa.

— Thomas..- Rebeca chama o filho estendendo as mãos. Tommy esita por um minuto mas se aproxima da mãe segurando as mãos que lhe foram oferecida. Ele se senta de frente para a mãe,no local antes ocupado pelo pai. 

— Como nosso filho tornou-se um lindo homem! - exclama -  E tão parecido com você malcom - suspira. 

Ambos ameaçam protestar mas Rebeca não lhes dá oportunidade.

— Ele se pareçe muito com você meu amor. -comenta-  Claro que a beleza,a sensibilidade e principalmente o bom gosto - e olha para Sara,que cora.- e a inteligência ele herdou de mim... mas o gênio ...herdou de você. E é por isso que é tão difícil vocês se entenderem.

A calma e a sinceridade contidas naquela observação assusta  Sara. De fato,em alguns momentos Tommy lembra muito o pai.  " Mas só em alguns momentos".

— Malcom, -  Rebeca fala após uma pausa- você não tem nada a dizer a seu filho? - ergue o rosto para o marido,olhando diretamente em seus olhos.

Faz-se um longo silêncio. Tommy permanece quieto,sentado de frente para a mãe,evitando olhar o pai,de cabeça baixa. Já Malcom está mais inquieto parecendo refletir escolhendo as palvras que dirá a seguir.

— Malcom!?! - Rebeca o chama mais uma vez.

— Thomas - começa - eu....- pausa -  Espero que possa me desculpar.  Talvez sua mãe esteja certa. Talvez você tenha mais de mim do que parece..enfim,eu não queria..não devia ter perdido a cabeça, de novo -   Sara franze o cenho intrigada.." De novo??"—  Eu deveria ter me controlado..   Me...desculpe  - e se cala.

Tommy permanece de cabeça baixa,em silêncio. De repente ele se levanta surpreendendo a todos.

— Vou levar a Sara em casa. - anuncia já pegando a garota pela mão.

— Thomas ?! - Rebeca chama..

— Na volta mãe. Na volta. - E sai levando Sara consigo.

Malcom e Rebeca se olham. Ele senta-se no braço da poltrona e segura a mão da esposa levando-a até a boca e  beijando-a em seguida.

— Ele realmente, definitivamente herdou seu gênio meu amor! - exclama Rebeca.

— Eu sei.

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Os dois saem do apartamento e entram no elevador em silêncio. Tommy se encosta na parede e fecha os olhos. Leva uma das mãos ao pescoço massageando-o. Sara o observa. Lentamente se aproxima e o abraça. Ele envolve sua cintura com os braços,apoia a cabeça em seu ombro. As lágrimas contidas começam a brota. Ele chora. Um choro de dor,magoa e resentimento. Os dois vão aos poucos se abaixando e logo estão sentados no chão do elevador. Sara deita a cabeça de Tommy no colo,acariciando seus cabelos,beijando sua cabeça.O elvador chega a garagem e abre as portas. Ela estica o braço até o painel e o trava para que naõ se movimente. Ficam lá sentados por alguns minutos até que Tommy se acalme. Quando isto acontece,se levantam e seguem para o carro.

Durante todo o trajeto o silêncio só é quebrado pelo som do vento. De vez em quando Sara estica a mão e faz um carinho no rosto dele. Chegando em frente a casa da família Lance,Tommy para o carro. Sara tira o cinto e antes de sair se vira para ele.

— Você vai ficar bem Tommy?

— Vou. - responde-  Me desculpe ....pela cena lastimavel que teve que presnciar Sara.

— Não tem que me pedir desculpa. - diz e aproxima-se dele beijando-o-  Até mais Tommy.

— Até.

Ela abre a porta mas antes de sair se volta para ele.

— Tommy.

— Sim?

— Posso te pedir uma coisa? - e sem espera resposta fala - Quando voltar pra casa,agora...tenta não discutir com seu pai,por favor. Eu te peço. Não irrita ele não.

Tommy respira fundo antes de responder.

— Ok.

— Promete?- pausa.

— Prometo. - e ela lhe dá um novo beijo.

—Tchau Tommy. - e sai do carro.

 Sara permanece em pé observando enquanto Tommy, fazendo a manobra, dá a volta passando mais uma vez diante dela ,devagar. Ela acena . Tommy responde e em seguida acelera.

Sara acompanha o carro com o olhar até perde-lo de vista.  " Que eles não briguem,Senhor! Por favor, faça com que eles não briguem."