O Garoto, os Amigos, a Faculdade escrita por God Save The Queen


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Eu estava com tanta saudade da Jessica que nem sei o que dizer. Obrigada a vocês por não me abandonarem e vamos lá...



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— Eu amo a faculdade. - falou Josh com um sorriso totalmente sacana.
— Você consegue ser mais nojento? - perguntou Chelsea e ele piscou.
— Ah, eu consigo.
     Faculdade. Essa palavra ainda me assustava mais do que tudo. Will como sempre, parecia tranquilo. Pra falar a verdade, só eu parecia pirar. Chegamos todos juntos, Chelsea e seu cabelo ruivo de mãos dadas com Derek e seu sorriso acolhedor; Josh com seu jeito conquistador e olhar penetrante; Trina sempre confiante como se não se importasse com nada (e não se importava mesmo); e fechando o grupo estava eu com meu cabelo bem preto e Will... bom, o Will sendo Will.
— Vamos lá gente, é a faculdade. Pessoas novas, amigos novos... - falei e Trina tomou a frente.
— Sim, uau. Vocês podem andar mais rápido? Estou com pressa.
— Duas palavras pra você: Primeiro. Dia. Relaxa, Hulk Esmaga. - falou Josh e ela revirou os olhos. Ele resolveu dar esse apelido pra ela assim que a viu gritando com todos por causa da bagunça que fizemos em seu apartamento.
— Já falei pra parar de me chamar assim.
— Ei, vocês, hora de se inscrever nas matérias. - falou Chelsea com seu habitual sorriso.
— Mais alguém vai se inscrever em Literatura Inglesa? - perguntei e ouvi vários murmurios de reclamação.
— Só você quer isso. - falou Josh.
— Bom, vamos revisar o que cada um vai fazer pra não enrolar na fila. - falei. - Eu quero Literatura Inglesa.
— Jornalismo. - falou Chelsea.
— Biomedicina. - falou Derek.
— Direito. - falou Trina.
— Ciências Políticas. - falou Josh
— Economia. - falou Will
— Bom, acho que cada um já sabe o que fazer. - falei e cada um foi pra um lado.
     Tinha uma pequena fila na ala de Literatura Inglesa, algumas pessoas conversavam, outras pareciam perdidas e umas poucas pareciam tranquilas e confortáveis.
— Jane Austen. - falou um garoto do meu lado e eu me virei para encará-lo. Primeira Impressão: Gato.
— Oi?
— Acho que você está aqui por causa da autora Jane Austen. - eu sorri.
— Na verdade, estou aqui por causa de Arthur Conan Doyle. - ele soltou uma gargalhada sincera.
— Por essa eu não esperava, mesmo.
— Tenho cara dessas meninas que lê Jane Austen?
— Sim, tem. Prazer, Chris Mead.
— Jessica Lowe. E você, quem o trás a Literatura Inglesa?
— Bom, acho que um pouco de C. S. Lewis com Dan Brown.
— Então você gosta dos atuais? - ele deu de ombros.
— Sem querer ofender, eu até gosto dos clássicos, mas os atuais tem o seu valor. Não que se possa chamar C. S. Lewis de atual.
— Você é daqui de Nova York? - perguntei.
— Não, Washington. - franzi a testa.
— E veio pra cá sozinho? - ele levantou a sobrancelha.
— Por que não? E você? É daqui?
— Nova Jersey, na verdade. Mas me mudei pra cá um pouco antes de entrar pra faculdade.
— Mora sozinha? - dei um sorriso sem jeito.
— Bom, é complicado.
— Tente. - dei de ombros.
— Moro com a minha mãe, o noivo dela e o filho dele que é o meu namorado. - ele sorriu.
— Você namora o filho do noivo da sua mãe?
— Eu disse que era complicado.
— Bom, quem sou eu para julgar? Já namorei com uma prima minha.
— O seu é pior, pelo menos o Will não é da família.
— Tem razão. - antes que eu respondesse, chegou a minha vez na fila.
     Depois de entregar alguns papéis e preencher algumas fichas peguei meu horário e me afastei para analisá-lo. Eu tinha uma manhã e duas tardes livres, o que significava que eu tinha bastante tempo para estudar. Estava mais ou menos do jeito que eu tinha imaginado.
— E então, ruim? - perguntou Chris se juntando a mim.
— Não, acho que está até bem tranquilo e o seu? - ele se inclinou para ver meu horário e sorriu.
— Praticamente igual. Menos na sexta, eu optei por não fazer Filosofia.
— Por que? O que tem contra Filosofia?
— Várias coisas na verdade, mas eu precisava desse tempo para outra coisa. - fiquei curiosa para saber o quê, mas não perguntei. - Então, quer fazer alguma coisa agora que temos a manhã livre?
— Eu combinei de encontrar meus amigos em frente ao prédio principal. - ele ficou um tanto sem jeito.
— Ah... sim... bom, eu...
— Quer vir comigo? - perguntei e ele sorriu, é muito ruim ficar sozinho e ele parecia ser bem legal.
— Tudo bem. - começamos a andar em direção ao prédio devagar.
— Está morando no campus? - perguntei.
— Sim, divido o quarto com um garoto que faz Jornalismo.
— Uma amiga minha faz Jornalismo também, a Chelsea.
— Se você não fosse fazer Literatura Inglesa, qual outro curso escolheria? - parei pra pensar um pouco.
— Acho que História, ou talvez Psicologia.
— Hum... Psicologia, é? Interessante. Acho que eu faria Cinema.
— Cinema? Meu amigo Nathan está fazendo Cinema na Universidade da California. - ele sorriu.
— Você tem muitos amigos. - sorri.
— Acho que sim. Não tantos, mas alguns...
— Sinto falta deles, meus amigos. É um tanto complicado quando você resolve fazer uma faculdade tão longe de casa.
— E por quê? Por que escolheu Nova York? - senti que ele ficou desconfortável na hora, trocou o peso do corpo de um pé para outro.
— Nova York é incrível, tem um jeito de fazer você acreditar que pode fazer qualquer coisa.
— Eu também amo Nova York, a minha melhor amiga foi pra Yale e eu podia ir com ela, mas optei por Manhattan.
— Yale, é? Isso não foi muito sensato.
— As exatas palavras da minha mãe.
— Os pais ás vezes não entendem as nossas escolhas. - senti um tom de voz um tanto amargo, acho que alguém tinha problemas com a família.
   Eu ia responder, quando avistei meus amigos conversando e rindo a uma curta distância. Will foi quem me viu primeiro e fez uma cara um tanto curiosa, seria ciúmes? Meu ego deu uma ronronada com a possibilidade.
— São eles? - perguntou Chris e eu sorri.
— Sim, são eles. - cheguei mais perto e fui logo apresentando.
— Pessoal, esse é Chris Mead. Ele está na minha turma de Literatura e acabou de chegar de Washington, ou seja não conhece ninguém. Sejam legais com ele. - falei.
— Somos sempre legais. Josh Lodge. - falou logo tomando a frente e apertando a mão de Chris.
— Prazer. - falou com um sorriso encantador.
— Chelsea Lodge. - falou se apresentando.
— Gêmeos? - perguntou e ela sorriu.
— Exato.
— Derek Scott. - Chris confirmou com a cabeça e apertou sua mão rapidamente.
— William Corrigan. - falou meu namorado, pude perceber que ele exagerou na força do aperto.
— Você deve ser o namorado da Jessica. Namorado/ meio irmão. - Will não sorriu.
— Então vocês conversaram bastante? - fiz uma careta para Will, mas Chris riu.
— Conversamos o suficiente.
— Chris Mead. - falou Trina com um rosto impassível e ele se virou para encará-la. Eles, com certeza, se conheciam.
— Trina Connor. - ele falou com um certo divertimento na voz. Lembrei que Trina também era de Washington, mas nunca podia imaginar que eles se conheciam, afinal não conheço todo mundo de Nova Jersey.
— Vocês se conhecem? - perguntou Josh.
— Lembra que vocês diziam que meu pai era o homem mais rico de Washington que não pertencia a política? - falou Trina.
— Vagamente. - comentou Willl.
— Então, na verdade, esse posto pertence ao pai do Chris.
— Seu pai é o segundo mais rico? - perguntou Josh.
— Pode se dizer assim. - falou Chris.
— Que mundo pequeno. - falei.
— Nem me fale. - comentou Trina. Mas pelo olhar dos dois, tinha algo a mais nessa história. Muito mais.
— Então, como estão os horários de vocês? - perguntou Chelsea pra acabar com o climão.
— Nada mal. - falei pegando o de Will pra comparar. - Seu horário está uma loucura.
— Pois é, só saímos juntos na quarta. Mas chegamos juntos quase todos os dias.
— Melhor assim, e vocês meninas? - começamos a comparar nossos horários rapidamente. O melhor dia pra todo mundo era a sexta, o que de acordo com o Josh, era um sinal de que eles tinham que sair muito.
— Ainda não dei uma olhada no campus, mas acho que a ala feminina está bem interessante esse ano. - comentou Josh um típico comentário seu.
— Uma dica: presta atenção nas meninas que fazem faculdade na área artística, são mais fáceis de conquistar. Foge das meninas de Direito são espertas e vão arranjar um jeito de te ferrar se puderem. - falou Chris fazendo Trina revirar os olhos.
— Cara, eu acho que vamos nos dar bem. - falou Josh.
— Acho que sim.
— Bom, agora eu tenho que estudar. - falou Chelsea.
— Só eu que tenho a manhã livre? - perguntei.
— Só vocês dois, eu acho. - falou Derek. Para irritação do Will, as duas pessoas que ele estava se refirindo era Chris e eu.
— Tem certeza de que vai ficar tudo bem? - perguntou Will no meu ouvido.
— Ei, fica tranquilo. Ele é só um amigo, sabe que eu não trairia você, certo? - ele assentiu, um tanto a contra gosto.
— Confio em você, Jessica. - para minha surpresa ele me deu um beijo de tirar o fôlego.
— A gente se fala. - e saiu como se nada tivesse acontecido. Depois do choque incial, todos foram saindo aos poucos e se despedindo de mim e Chris.
— Acho que ele está com um pouco de ciúme. - falou Chris.
— Pois é, acho que sim.
— Bom, avisa pra ele que eu jamais daria em cima de você. Não dou em cima de garota que tem namorado, trás muito problema. - dei um sorriso.
— Vou avisar.
— Então, já que temos a manhã toda, aceita um café? - sorri
— Parece ótimo.
>>o
— Então, Chris Mead, qual é a sua história com a Trina? - ele sorriu. Estavamos na cafeteria em frente ao Central Park, não fica tão perto da Universidade, mas tínhamos tempo.
— Imaginei que fosse me perguntar isso mais cedo ou mais tarde.
— Pode me dizer?
— Posso, claro. Bom, graças a condição financeira dos nossos pais sempre nos encontrávamos em festas, congressos, jantares, convenções e reuniões até mesmo na Casa Branca.
— Sério? Casa Branca? - ele deu de ombros.
— Depois de um tempo você se acostuma. Passa despercebido. Enfim, eu e Trina crescemos nesse mundo e parecíamos ser os únicos que odiavamos. Isso meio que nos uniu.
— Então vocês eram amigos?
— Podemos dizer assim. Sempre zoamos essa vida e falavamos mal das crianças que sempre disseram "meu pai vai saber disso". Enfim, era uma boa vida. Trina sempre fez o que deu na telha e sempre foi a ovelha negra da família. Sempre admirei a coragem que ela tinha de desafiar o pai, já eu era um covarde. - ele disse isso com um sorriso.
— Acho que Trina não gosta muito de covardes.
— Não, não gosta. Quando ela resolveu sair de casa e fugir pra Nova York me chamou pra vir junto, mas não tive coragem. O mundo que meu pai criou pra mim era tudo o que eu conhecia, tudo que eu achava que queria. Ela ficou revoltada, me chamou de "filhinho do papai", "garoto da Casa Branca", "aprendiz de presidente", entre outras coisas que podem não ser grandes ofensas pra você, mas me fez pensar muito durante os anos que se passaram. Bom, depois dessa nossa última "conversa" eu nunca mais tinha a visto, até hoje.
— Uau, por isso a surpresa.
— Exato. Acho que ela não me esperava ver em Nova York, fazendo Literatura Inglesa.
— Por que não? - ele deu de ombros.
— Porque eu tenho, ou pelo menos, tinha um lugar garantido em Harvard para fazer Ciências Políticas, ou Economia, ou Administração, ou Ciências Contábeis, ou qualquer coisa que me fizesse um bom diretor no futuro. Alguém tem que herdar as economias do papai. - a sua última frase saiu com puro deboche.
— Seu pai não deve ter aceitado muito bem.
— Mr. Mead, não aceita muito bem quando as coisas não saem como ele planejou. Acho que isso vem por causa do dinheiro.
— Mas ele banca você aqui? - ele sorriu.
— Mais ou menos. Ele queria comprar um loft pra mim, mas resolvi ficar no dormitório do campus. De qualquer maneira, ele finge que não deposita dinheiro na minha conta e eu finjo que não vejo.
— E sua mãe?
— Minha mãe concorda com meu pai em tudo, não importa o que ele diga ou faça ela sempre concorda com ele.
— Sinto muito.
— Tudo bem, já superei. Agora me fala de você, como lidar com essa história estranha de namorar seu meio irmão? - sorri.
— Ah, bom, no começo minha mãe não queria aceitar. Ela achava um tanto esquisito, mas depois não teve como evitar.
— E tudo bem vocês morarem na mesma casa?
— Outra coisa que é vigiada bem de perto. O quarto do Will fica no final do corredor e o meu quarto é o primeiro, ou seja, se eu quiser ir ao quarto dele ou vice versa temos que passar pela quarto da minha mãe e do pai dele o que não é muito esperto. - ele riu.
— E funciona essa preocupação toda? - levantei uma sobrancelha.
— O que você acha? - nós rimos juntos.
— O seu pai concorda com isso? - fiquei meio sem jeito.
— Meu pai morreu há dois anos. - ele ficou sem jeito também.
— Ah, Jessica, eu sinto muito.
— Tudo bem, o Richard é um bom padrasto. Quase um pai.
— Mas não é a mesma coisa.
— Não, não é.
— E o seu namorado? Você gosta dele? - estranhei a pergunta.
— Claro que eu gosto dele, nós namoramos né?
— Bom, ás vezes nós ficamos com a pessoa por comodismo. Porque já nos habituamos com a presença dela. - pensei um pouco a respeito disso.
— Sim, eu gosto dele de verdade. E você? Já namorou alguém por comodismo? - ele sorriu.
— Todos os meus namoros foram por comodismo. - encarei ele surpresa por alguns segundos antes de responder.
— Por quê?
— Não sou o tipo de cara que foge do amor, ou nunca se apaixona, ou tem tramas em relacionamentos sérios. Eu só não achei ninguém ainda que eu gostasse de verdade.
— E então por que namorou com elas?
— Porque eu gostava de ficar com elas, de conversar, gostava de sair junto, mas percebi que isso é uma amizade. Uma amizade bem íntima, é claro, mas ainda sim não tinha sentimento envolvido além de carinho.
— Você é um cara inquietante, Chris Mead.
— Já me disseram isso.
— Mas eu acho que está enganado.
— Em quê exatamente?
— Acho que você se apaixonou por alguém, na verdade, acho que você ainda gosta dessa pessoa. Por isso não consegue gostar de outras, ou vê-las diferente. - ele olhou dentro dos meus.
— Está falando da Trina?
— Estou. - ele deu de ombros.
— Talvez você tenha razão. - mais uma vez me surpreendi com a aceitação dele.
— Então por que você não investe nela?
— Porque ela não gosta de mim. Pelo menos, não ainda. - fiquei um tempo em silêncio apenas encarando aqueles olhos dourados.
— Acho que vamos ser bons amigos, Chris Mead.
— Concordo plenamente, Jessica Lowe.
Ficamos um tempo em silêncio bebendo café e admirando a vista.
— Vou fazer uma aposta com você. - falou Chris.
— Que aposta?
— Eu digo que mesmo depois de uma semana, seu namorado vai te dar um beijo digno de Hollywood toda vez que eu estiver perto. - dei uma gargalhada.
— Eu confesso que Will nunca foi de me beijar assim em público, ele faz mais o estilo beijos românticos.
— Eu sei que ele quer marcar território por minha causa.
— Sinceramente eu não entendo essa insegurança. - falei e Chris revirou os olhos.
— Porque ele é um gato? - sorri.
— Exatamente isso.
— Sabe, Jessica, acho que existe coisas mais importantes do que beleza.
— Com certeza existe, mas a beleza conta bastante na hora de... bom... em qualquer hora. - ele riu com gosto.
— Vejo que você é boa nesse negócio de sinceridade.
— Vou contar ao Will que você está mais focado na Trina e vai ficar tudo certo.
— Só não sei se ele vai acreditar. Garotos com ciúmes são paranóicos, nada que você diga vai tirar isso da cabeça dele.
— A não ser que eu fale que você é gay.
— Mas eu não sou gay.
— O que é uma pena, porque assim seria mais fácil.
— Diga isso para as outras garotas do mundo. - com essa frase e uma piscadela, Chris saiu andando na frente. Não consegui controlar o riso antes de segui-lo.


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