Scott me trouxe até Deaton, acreditamos que ele pode ajudar. Eu ainda não sei se é uma boa ideia, mas sinto que tenho que descobrir o quanto antes.

Deaton me manda deitar numa mesa

— Então, Lydia - começa Deaton - é uma jornada perigosa, você pode nunca mais voltar. Terá que acessar a mais profunda escuridão da sua mente e se concentrar. Não se perca do seu caminho ou...

— Não terá mais volta - interrompo-o - eu me encontrarei com ela. Ela já fez isso comigo quando estava Catatônica, agora se eu voltar a ficar, talvez me concentre em encontrá-la na mente

— Meredith é experiente, você não sabe o que está fazendo

— Alguém precisa de mim.

— Alguém que você não conhece, que pode estar te usando como o Peter fez

— Por isso terei de ir até o Peter

— É arriscado

— Eu sei

— Vai fazer isso por um estranho que você sequer sabe se está fazendo isso para o bem?

— Vou fazer isso por alguém que se comunicou comigo, vou fazer isso pra não dormir sob remédios, vou fazer isso porque se alguém se comunicou comigo de uma forma como ninguém fez, é porque tem uma forte ligação comigo.

Deaton olha pra Scott, que apenas envia um olhar de "é a escolha dela"

— Okay - Deaton diz pra mim - Vou aplicar isso em você. Você ficará semelhante ao estado catatônico, então terá que ter cuidado.

— Faça -digo

Tomo um suspiro

— Não demore - Deaton diz

         Ele introduz a agulha no meu pescoço e eu aperto a mão de Scott. Quando ele injeta  e retira a agulha, eu fecho os olhos e espero. Tenho que me concentrar em encontrar a Meredith. Espero e nada acontece, então abro os olhos e vejo que estou em outro lugar, um lugar escuro, vazio e estreito. Vejo que estou no chão logo que me sento, então me levanto. Parece um corredor, e tem algo familiar neste lugar.

    Decido começar a andar, mas não posso esquecer do que Deaton disse, não posso me perder. Forço-me a me concentrar. Continuo andando e viro à direita, pois era o único lugar em que eu poderia ir. Admiro-me ao ver Meredith sentada numa cadeira, não imaginei ser tão fácil. Entro dentro do quarto dela, e ela está de costas pra mim. Assim que eu toco em sua cadeira, sou surpreendida

— O que faz aqui, Lydia? - A voz de Meredith vem de trás e eu me viro, lá está ela, olhando-me - sente falta da Eichen?

— Você sabe a resposta, Meredith - viro-me para trás, onde ela jaz imóvel - o que houve com você?

— Como você, meu corpo permanece lá, mas não mais eu - me viro pra ela - sinto sua dor, Lydia. Remédios não resolverão.

— Eu sei, por isso estou aqui.

— E o que quer de mim?

— Você e eu temos uma ligação, somos Banshee, ambas... Por isso você consegue me sentir, por isso estou aqui

— E qual sua dúvida nisso? - ela passa por trás de mim

— Como é capaz alguém que não é banshee se comunicar comigo? É por isso que estou aqui, para descobrir.

— E você acha que sei a resposta - ela se coloca ao meu lado

— Você eu não sei, mas há alguém que sabe. Peter. Ele entrou na minha cabeça uma vez.

— É, mas ele estava morto, não estava?

Eu não havia pensado nisso, e isso me desconserta

— Preciso me comunicar com quem se comunicou comigo - digo - tenho que estar na mente dele, como o Peter esteve na minha.

— E como você sabe se você não tem conexão com essa pessoa? - isso me faz pensar - afinal, se ele conseguiu, é porque mesmo que ele não seja como eu e você, ele tem conexão com você de outra forma.

— E quem seria? E como? Eu não tenho ninguém tão próximo... Espera, você acha que pode ser o Jackson? Eu já fiz ele deixar de ser um Kanima uma vez, eu...

— Concentre-se!  - ela grita e eu vou parar na parede mais próxima - você está se perdendo no caminho

Ela tem razão, estou confusa e desesperada, estou falando coisas que parecem ser possíveis, mas não são.

— Não é o Jackson - ela diz

— Então quem é? Que tipo de conexão eu tenho?

— Sentimental, emocional...

— Não, isso não é possível

— Concentre-se, Lydia

— Não há ninguém - penso em quem possa ser, mas não tenho ideia - não há ninguém!

— Se concentre! - ela grita

— Estou tentando! Quem poderia ser? Parece que tem algo bloqueando minha mente! - Aperto a cabeça entre as mãos

— É porque tem. Essa conexão é muito forte, acho que nem você esperava ser tão forte. Não são simples sentimentos... e tem amor.

— Amor?! Você é louca?

— Muita coisa vivida juntos

— Não faz sentido!

— Abra os olhos, Lydia, você está cega. Só você Pode salvá-lo!

— Quem? - Grito

— . . .

 Ela grita o nome, vejo seus lábios formarem um nome, mas não ouço. Sou arremessada para trás e caio no chão.

      Quando abro os olhos,  estou em outro lugar. Respiro fundo, pois já não respirava. Me levanto depressa. Estou de volta naquele corredor. Eu o encaro, respiro fundo e ando. Vou andando até ter que virar à direita novamente. O lugar está em chamas, tem paredes de tijolos e eu entro. Vou andando, ouvindo gritos desesperados no ar. Quando chego no meio do lugar, vejo um homem sentado junto á parede de cabeça baixa e mãos na cabeça, com cabelos arrepiados.

        Toda essa gritaria está me perturbando, está me apavorando, está me enlouquecendo

— Peter - chamo

Ele não ouve, continua imóvel, completamente perturbado

— Peter! - grito

   À medida que meu grito vai ecoando, ele olha pra mim e o lugar vai se transformando. As vozes pararam. Estamos no quarto do Peter na Eichen, ele está deitado, catatônico, porém o consciente dele está diante de mim, de pé.

— Peter - digo

— Lydia! - Ele cai de joelhos - Lydia, me tire daqui - ele implora - me acorde

— Eu não posso fazer isso, só você pode - ele abre a boca pra falar - preciso de sua ajuda

— Só quando me libertar - ele se levanta

— Ela não pode - Meredith aparece do meu lado

— Tinha que ser você! - Peter exclama

Ele tenta avançar nela, mas ela o lança longe

— O que podemos fazer por ele? - pergunto

— Nada - Meredith responde

— Claro que há uma maneira

— Não há

— Me ensine!

— Você não pode, tem que ser ele. - vejo Peter se levantar - lembra quando você acordou? Você salvou a Malia, você viu que ela estava prestes a morrer.

— Ele tem que estar morrendo?

— Não, quero dizer que você pode incentivar, interferir, mas não fazer por ele.

— E o que ele deve fazer?

— Se transformar.

Olho pra Peter, que se aproxima

— Acha que já não tentei? - Peter Vocifera - eu não consigo

— Como entrou na minha mente? - perguntei

— Quê?

— Como entrou na minha mente?

— Eu te mordi, docinho, eu te dei poder. Você é a passagem para a morte, e eu estava morto.

— O que isso significa? Como posso entrar na mente de alguém?

— Você é a Banshee aqui, pergunte pra louca ao seu lado.

— Eu não sou louca! - Meredith grita

— Foco! - grito - como entro na mente de alguém?

Peter se aproxima e fica cara a cara comigo

— Você precisa se concentrar, e você não é nem um pouco boa nisso - ele fala e eu faço uma careta - quando tiver outra comunicação como essa, quando ouvir coisas... Concentre-se. Terá de ligar-se à o que é dito, à situação, às emoções. Se uma pessoa se comunicou com você... Veja o que ela está vendo, se materialize como está aqui agora... Além de você ser banshee, eu te mordi, se nesse caso houver alguma ligação, melhor será pra você.

— Eu vou tentar... Vou tentar

Dou as costas e logo sou puxada abruptamente

— Você não vai à lugar algum sem antes me tirar daqui! - Peter vocifera

— Você tem de fazer! - empurro ele

— Grite!

— Não posso!  Você tem que fazer, você tem que se transformar, você tem que rugir!

— Eu não consigo! - ele grita com muita raiva

— Se transforme! - Meredith grita

— Não consigo!

— Se Transforme!— gritamos eu e Meredith ao mesmo tempo

Eu vejo ele se encolher com raiva e ouço um grunhido, e logo vejo um lobo grande e preto sair de dentro dele e pular em nós... Eu acordo abruptamente e Scott me segura.  Imagino como o Peter virou um lobo preto, sendo que eu imaginei que ele só poderia por ser alfa... Mas o Peter sempre foi alfa mesmo. 

Porém, aconteceu alguma coisa. Quando ele estava nos atacando, eu vi algo... algo como imagens de uma lembrança passando tão rápido, como fotos num flash. Eu só tenho certeza de uma coisa.

— Como foi lá? - Scott pergunta - eu estava quase te acordando, você passou dois dias fora! O que você viu?!

Mas eu ainda estou paralisada com tudo que houve e tudo que vi

— Eu vi... - começo

— Você viu...? - Scott me encoraja

Olho pra ele

— Eu vi a Malia.