O Mistério do Fabergé Proibido escrita por Soleil Rouge


Capítulo 2
Czarevich Nicolau Romanov


Notas iniciais do capítulo

Então começa o segundo capítulo, em que o cliente se Sherlock Holmes aparece. Espero que gostem ^^



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Holmes ficou em silêncio, encarando Miss Collins. Não devo negar que, naquele momento, eu mesmo estava atônito. Acreditava que Miss Collins era, então, uma fã de Sherlock Holmes, e, para saber de mim, deve ter nos seguido em alguma aventura passada. Realmente espero que ela não tenha feito isso, muitos dos casos de Holmes envolvem pessoas perigosas e de mau caráter, Miss Collins estaria se expondo a um perigo imenso e desnecessário.

— Não estou disposto a ter aprendizes, Miss Collins. O único permitido a me auxiliar nos casos é o Dr. Watson. Sinto muito. — respondeu Holmes, por fim, e encostou-se na parede, ao lado da lareira. O divertimento e o sorriso que havia em seu rosto segundos antes, havia desaparecido. Ele também deveria temer pela segurança da jovem.

— Ora, Mr. Holmes, qual é o problema? Tenho certeza de que alguns de seus casos são bem simples, tão simples que nem precisa sair desta sala. Além disso, Dr. Watson é tão normal quanto eu.  — respondeu a moça roubando minha poltrona e cruzando as pernas em um movimento delicado ao se sentar. Não sabia se deveria ficar feliz ou desapontado com a comparação que ela havia feito entre mim e ela, de qualquer forma, estava curioso com toda aquela situação.

— De fato. Holmes, sabe que eu não acompanhava tão bem suas deduções no início e, até hoje, não sou bom nisso. — disse eu, esperando que pudesse acalmar a jovem, que pareceu mais animada quando a olhei após ter me posicionado em seu caso.

Holmes olhou para mim e tornou a olhar para Miss Collins. Ele tentava esconder alguma coisa, parecer indiferente, no entanto, poderia apostar que Holmes estava cauteloso naquele momento.

— Entediada porque um jovem apaixonado a persegue, mas você não está interessada nele, nem em nenhum outro. Como se não bastasse tudo isso, sua mãe está a atormentando para que aceite o cortejo do rapaz. Quer que você seja tão sortuda quanto ela foi, que arranjou um homem de muito boas condições sociais. Veio até aqui para ver se sua vida ganha o que podemos chamar de cores. — falou Holmes analisando Miss Collins da cabeça aos pés.

— Holmes! Isso são coisas para falar a uma admiradora sua? – perguntei irritado com a atitude grosseira de Holmes, apesar de a jovem não parecer nem um pouco afetada pelas observações de seu ídolo, aliás, acredito que vi um discreto brilho de admiração em seus olhos.

Não tivemos tempo de discutir mais nada, pois a campainha soou de forma estridente e duas vezes seguidas. O cliente que Holmes esperava naquela manhã havia chegado e, pelo visto, o caso era urgente.

— Rápido, Miss Collins, vá para a cozinha! — disse Holmes quase num grito.

Fiquei desnorteado, não sabia se meu amigo queria esconder a jovem para fingir que ela não existia ou se queria protegê-la de algum lunático com que ele se metera em algum momento enquanto eu estava longe, não tinha a mínima ideia de quem seria o tão esperado cliente.

Miss Collins continuou parada, de braços cruzados e encarando Holmes. Provavelmente sua intenção era mais provocá-lo do que a vontade de ficar no cômodo, achei sua atitude ousada, mas arriscada, nunca vi Holmes ficar zangado com alguém e não estava disposto a viver essa situação, principalmente em um momento de tensão como aquele.

A campainha tocou novamente, desta vez, a pessoa ficou mais tempo pressionando o botão. Pude ver um broto de suor na testa de meu amigo, seus ombros estavam rígidos.

— Watson! — gritou Holmes, transtornado. — Leve Miss Collins para a cozinha! E fique lá também.

Puxei Miss Collins pelo braço e entramos na cozinha. Fechei parcialmente a porta e olhei para a jovem. Seu rosto mostrava-se impassível.

— O que acha de espiar pela fresta? — perguntei, tentando parecer amigável.

Ela seus olhos se iluminaram, mas tentou esconder sua alegria e agachou-se para que pudéssemos dividir o pequeno espaço da fresta.

O homem que adentrara a sala era alto, magro, seus cabelos e sua barba eram castanhos. Estava vestido de preto e segurava um casaco de pele nas mãos. Alguns segundos depois, outro homem, mais magro e mais baixo surgiu por detrás da porta. Ele carregava uma caixa quadrada de metal de tamanho razoavelmente pequeno, deveria ser um servo.

— Sabe quem sou eu? — perguntou o primeiro homem.

— Czarevich Nicolau. — respondeu Holmes com simplicidade. — Uma joia foi roubada e acha que é impossível de encontrá-la. Conheceu algum inglês que falou de mim. Eu sou seu último recurso.

Miss Collins e eu trocamos olhares admirados e animados, contudo, o herdeiro do trono russo continuou com a mesma expressão, talvez só relaxaria quando encontrasse a tal joia. De fato, este poderia ser um caso extraordinário!

— Explique-me o que realmente aconteceu. — pediu Holmes.

— Encomendei do Fabergé, nosso joalheiro exclusivo, um de seus ovos. Mas tudo em total segredo, pois somente meu pai pode encomendar seus ovos, todos eles são para minha mãe e são feitos perto da Páscoa. — fez uma pausa e olhou para Sherlock Holmes. — Quero me casar com Alice, mas...

— Ela hesita por causa das diferenças entre as religiões. — disse Holmes.

— Exatamente. Sei que ela me ama e eu a amo mais do que tudo nesse mundo! — exclamou Romanov com fervor. — Faz mais de três semanas que o ovo ficou pronto, o roubaram há uma semana. E Alice me visitará em São Petersburgo daqui onze dias. Na verdade, ela está visitando a avó, a rainha Vitória, aqui em Londres, onde ficará até depois de amanhã, quando pegará o navio para meu país. Preciso do ovo de volta, não só por causa do meu pedido de casamento para Alice, mas também porque meu pai não pode saber desse ovo de maneira alguma. Esse seria o meu segredo e o de Alice, só entre nós, como um laço que nos une.

Enquanto falava, ele fazia vários gestos e várias emoções passavam pela sua face. E quando terminou, olhou para Holmes com um olhar esperançoso.

— Farei o que puder para encontrar a joia, Majestade. — disse ele. — Tem alguma suspeita de quem seja o ladrão?

— Sim. Franz de Mecklenburg, primo de primeiro grau de Alice. Ele possui muito contato com meu pai, ele e seu pai são grandes homens da indústria têxtil alemã. Voltou para Alemanha no mesmo dia que me dei por falta do ovo, claro que sua volta já estava marcada para aquele dia, mesmo assim, tenho minhas suspeitas.

— E qual seria o motivo?

— Todos sabem que planejo o meu pedido de casamento. Franz sempre foi contra. Ele é muito religioso e muito querido por Alice, é por isso que ainda não estamos casados. Acredito que ele possa querer nos atrapalhar.

— Acho que já posso iniciar minhas investigações. — disse Holmes, sem esboçar qualquer expressão.

— Peço para que essa investigação seja extremamente sigilosa, Mr. Holmes, como disse anteriormente, Alice está aqui e ela não sabe que eu também estou. — Só então, o czarevich se lembrou da presença do criado. — Ah! Este é o cofre arrombado.

Holmes fingiu estar interessado, olhou todos os lados do cofre e até o cheirou.

— Majestade, temos material mais do que o suficiente para iniciar as investigações, volte depois de amanhã, à tarde.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, não se esqueçam de deixar seu feedback ;)



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