Após a grande destruição que Zero e sua Grandark haviam provocado, Amy estava pensativa. Por que queriam a capturar? Quem era Zero? E quem era a mulher misteriosa?

Eram perguntas que ela estava determinada a encontrar a resposta. Principalmente por que eles destruíram o templo que ela foi criada, matando algumas de suas amigas e ferindo outras.

Se Zero foi capaz de enfrentar Jin e o desconhecido Azin, realmente era muito poderoso logo retornaria para buscá-la, pensava a garota. Ela não poderia permitir que alguém mais se machucasse por sua causa, precisava agir depressa.

Depois de muito pensar havia tomado uma decisão, sairia em uma missão sozinha para descobrir as respostas de suas perguntas.

— Isso é perigoso demais. - insistia Jin enquanto ela já se preparava para sair. - Ao menos permita que eu vá com você.

— Você tem que ficar aqui e cuidar do povo Jin. - disse se virando para o mesmo. - Se atacarem o reino de Terra de Prata de novo talvez não tenhamos tanta sorte. Com a morte da madame Millicent, eu sou a nova líder do templo.

— Por isso você deve ficar e permitir que eu vá. - tentou argumentar.

— Esse é um assunto só meu, agradeço sua preocupação, mas você precisa defender o povo. Eu confio em você, último Cavaleiro de Prata. - falou segurando suas mãos e olhando nos olhos.

— Amy… - o ruivo disse corado sem palavras.

— Agora eu devo ir. - sorriu e soltou as mãos do amigo, partindo rumo ao desconhecido.

Longe dali, em Xênia, o jovem Harosiano, Lupus, caminhava em direção ao Templo da Sintonia, um palácio dourado colossal, pertencente ao poderio da Igreja, dominado por guardas de altos Rank, só eram permitidos que Rank S e SS ficassem acima do oitavo andar dos dez que haviam.

O que ele buscava estava no último andar, na sala mais protegida do palácio. O antigo pergaminho de invocação do deus da morte, Thanatos. Tal artefato era protegido por um Paladino, só haviam três Paladinos no mundo. Era a designação da mais alta classe de guerreiros, pessoas acima do Rank SS. Escolhidos pelo alto clero, tinham a missão de servir somente o bem e a proteção do mundo a qualquer custo.

Invadir um local como esses seria extremamente difícil, mas ele estava preparado, faria de tudo para reencontrar seu irmão. Graças a sacerdotisa de Canaban ele tinha o sangue de imortal para aumentar suas habilidades, mas também roupas tradicionais do alto clero.

Caminhou tranquilamente até a entrada do palácio e avistou os guardas da fronteira e bem na porta, guardas do portão. Juntos eram mais de cem homens.

— Parado! - gritou um guarda da fronteira. - Quem é você?

— Membro do alto clero. - suas vestimentas brancas e a condecoração que somente esse tipo de pessoa possuía fez com que os guardas não desconfiassem. - Abram os portões imediatamente.

— Sim senhor. - disse o guarda.

Os portões foram abertos e Lupus adentrou-se no palácio. Assim que entrou um dos membros do clero o recebeu e começou acompanhá-lo.

— O que é que o senhor deseja? - perguntou.

— Preciso ir até o salão nobre. - disse enquanto subiam as escadas para o terceiro andar.

— O salão nobre? O que deseja de lá? - indagou o homem desconfiado.

— Fui enviado pelo clero do reno de Canaban, isso é sigilo. Só devo falar para o Paladino que se encontra lá. - respondeu calmo.

Lupus foi acompanhado até a porta do salão nobre com o guia do clero, que no último instante sacou uma espada e apontou para seu pescoço.

— Revele seus motivos ou matarei você aqui mesmo. - ordenou.

— Quanta audácia. - Lupus cravou uma espada vermelha no homem que caiu de imediato. - Essa é uma espada espiritual, esse ferimento jamais irá se fechar. Agora preciso roubar o pergaminho. - sorriu enquanto o outro agonizava para a morte.

Por fim abriu a porta e viu um enorme salão. Era todo de ouro, com grandes pilares, no fundo havia uma pequena lagoa que refletia um tom esverdeado nas paredes, no meio dela, uma enorme pedra com um jarro selado com magia.

— A verdadeira audácia vem de sua parte, invasor.

Um vento gelado passou por Lupus e cristais de gelo se juntaram na frente da pequena lagoa, assim que se uniram brilharam e após esse brilho surgiu um homem, de cabelos loiros até os ombros, olhos azuis como a lagoa que havia atrás de si, um pouco mais alto que Lupus.

— Então é você. - sorriu. - Paladino.

— Sim, eu, Dallas, Paladino do escudo da água. - respondeu.

— Eu sou Lupus, o caçador de recompensas. Me entregue o pergaminho de Thanatos. - exigiu.

— É muita ingenuidade da sua parte achar que eu entregaria um dos objetos mais poderosos do mundo. - respondeu tranquilo. - Se você for embora, eu prometo não te matar.

— Não me subestime, então vamos lutar. - sacou seu revólver e se pôs ao combate.

Amy visitava a floresta antiga de terra de prata em busca de suas respostas. Ela andava pelas densas árvores e a penumbra do local, quase não se chegava luz aquele lugar.

— Muito bem, parece que você cumpre mesmo seus acordos. - uma voz surgiu por de trás das árvores.

— Estou aqui, prometam que meu povo ficará em paz e que nunca irão ferir o Jin. - disse Amy.

— A srta. Mary sempre cumpre com sua palavra. - respondeu Zero.

— Zero, pegue ela e vamos voltar para Elyos. - ordenou.

— Sim srta. - Zero seguia em direção a Amy mas foi atacado com um chute.

— O que é isso? - perguntou Mary.

— Mantenham-se longe da Lady. - sorriu.

— Azin? - perguntou Amy ao ver quem havia salvado.

— Estava se entregando? O que acha que Jin pensaria ao ver isso?! - advertiu. - Você não pode se entregar, deve lutar com toda força.

— Não se intrometa nos meus assuntos. - resmungou.

— Assim que me agradece por eu ter te salvado? - perguntou indignado.

— Não pedi para ser salva, não percebeu que não podemos enfrentar Zero?! - apontou para o Android.

— Eu já fui preso pelos Asmodianos, sei o que eles querem com você. - disse Azin. - Corra!

Azin puxou Amy pelo braço e saiu correndo com a mesma para poderem despistar Zero e Mary, mas os mesmos não perderam tempo e foram logo atrás.

— Não permita que fujam, pegue eles Zero! - Mary ordenou.

— Sim srta. Mary. - partiu em disparada atrás dos mesmos.

— Os Asmodianos me soltaram por que prometi que iria capturá-la, mas eu menti, isso foi apenas para ser liberto, meu verdadeiro intuito era matar seu namorado. - explicou.

— Ele não é meu namorado! - gritou. - Por que eles me querem?

— Alguém do reino de Canaban não quer você lá. Os Amodianos tem alguma aliança com essa pessoa por isso queriam te tirar dessa dimensão. - disse Azin ofegante.

— Mas por que? - perguntava ainda mais curiosa.

— Precisamos descobrir, mas não é se entregando que vai conseguir isso.

— Eu não quero por mais pessoas em risco. - disse Amy.

— Não vamos deixar que ninguém mais se machuque, confie em mim. - sorriu. - Agora corra!

No grande palácio dourado, Lupus se preparava para atacar Dallas, o Paladino. Começou a atirar contra o inimigo em uma velocidade incrível, mas nada fazia efeito, assim que as balas se aproximavam elas se congelavam e quebravam como cristais.

— Como minhas balas não funcionaram? - indagou entre dentes.

— Realmente você é bem rápido. - disse Dallas. - Um disparo comum tem a velocidade média de 435m/s, mas os seus são surpreendentes, acredito que alcançam mais de 700m/s. - sorriu. - Porém eu domino o gelo, isso inclui o ar frio, em outras palavras o espesso ar gelado que estou criando nesta sala faz com que seus tiros fiquem com a velocidade reduzida, e claro, ao chegarem muito próximo a temperatura é de duzentos e setenta e três graus Celsius negativos. - explicou.

— Isso significa que… ? - dizia sem palavras.

— Exatamente. O zero absoluto, onde tudo se cristaliza. Sou o mestre do gelo, desista! - impôs.

— Não é a toa que você é um dos três Paladinos. - resmungou.

— Finalmente compreendeu. Sou o Paladino do Escudo da Água. - falou cheio de orgulho.

— Escudo da Água? - indagou.

— Existem três habilidades que cada um dos Paladinos possuem para a proteção da paz e harmonia no mundo. Originalmente quem deveria proteger esse palácio era a Paladina do escudo da Terra, Holy, porém ela teve q se ausentar, para ir justamente ao Reino e Canaban, é por isso que está mentindo. - a cada palavra o ar frio de Dallas ia se intensificando. - Eu, Dallas, do Escudo da Água sou guardião da Lótus da Vida que se encontra em Áton. E por fim a Paladina do Escudo do Vento, era guardiã do Reino de Canaban.

— Canaban ? - perguntou surpreso. - O que tem em Canaban?

— As ruínas subterrâneas de Canaban guardam o grandioso Escudo da Glória, capaz de neutralizar qualquer ataque torna seu usuário inalvejável. Com o poder de Thanatos, a Lótus da Vida e o Escudo da Glória, você se torna invencível. - concluiu.

— Entendo. - Lupus engatilhou as armas novamente. - Prepare-se Dallas! - começou uma nova enxurrada de tiros.

— Eu já disse, é inútil. - falou enquanto as balas eram congeladas ao seu redor.

— Será que é capaz de desviar disso. - em um piscar de olhos Lupus estava atrás de Dallas. - Último tiro!

— O que?! - no último instante conseguiu desviar, mas a bala havia raspado em seu rosto. - O disparo foi tão rápido que não foi possível congelar.

— Então esse é o segredo. - sorriu. - Não posso atacar de tão longe, aqui vou eu! - Lupus correu em direção de Dallas.

— Não me subestime moleque! Nevasca Congelante! - o Paladino abriu a palma da mão em direção ao inimigo e um forte gelado, como uma tempestade de neve arrastou Lupus para trás fazendo colidir com um dos enormes pilares que havia ali.

— Com apenas uma das mãos pode fazer tamanho poder… - disse se levantando. - Incrível.

— Farei de você uma peneira. Minha vez de atacar com tudo! Espinhos da Morte! - diversos estalagmides emergiram do chão deixando Lupus sem saída.

— Acha que pode me matar assim? - zombou.

— A surpresa vem agora. - dessa vez eram estalactites surgindo do teto, aqueles espinhos se encaixariam perfurando todo seu corpo. - Será uma ofensa manchar essa sala com seu sangue. - por fim os espinhos se encaixaram. - Garoto idiota… - disse Dallas se virando.

— Novamente: Acha mesmo que pode me matar assim?! - ele vinha de cima pronto para o ataque. - Tormenta de Balas! - era como uma chuva de disparos descendo sobre o Paladino.

— Maldito! - resmungou ao perceber que uma bala havia atingido seu braço direito. - Nevasca Congelante. - usou seu ataque para cima em direção do inimigo.

— Último Tiro! - estava atrás dele novamente.

— Não é só meu truque que não funciona duas vezes. - Dallas sorriu.

— Do que está… ? - sentiu que não conseguia mover suas pernas.

— Círculo de Gelo! - haviam vários círculos de ar frio em volta de Lupus limitando seus movimentos.

— O que pretende? - perguntou com os dentes trincados.

— Vou te selar para sempre. - começou a esfriar mais o ar em todo o ambiente. - Sinta o zero absoluto que congela tudo! Sarcófago de Gelo! - todo o corpo de Lupus foi se congelando e tudo ao seu redor também, até que por fim ele estava dentro de um grande sarcófago congelado. - Maldito moleque, ficará aí por centenas de anos.

Em Terra de Prata, Azin havia levado Amy de volta para casa. Jin estava preocupado, assim que viu a amada acompanhada de seu novo rival, cerrou o cenho.

— O que está fazendo com ele? - perguntou puxando ela para si.

— Se acalme Jin, Azin me salvou na floresta. - respondeu se soltando.

— Ele o que? - indagou incrédulo.

— Poderia me agradecer. - disse Azin. - Sei que não somos amigos Jin, mas precisamos nos unir agora. Amy corre perigo, os Asmodianos querem de qualquer maneira colocar as mãos nela, não podemos permitir. - explicou.

— Azin tem razão Jin. - concordou Amy. - Precisamos unir forças.

— Tsc… Que seja. - disse dando as costas e seguindo seu caminho.

— Esse cara é bem ciumento. - deu risada. - Cuidado princesa.

— Não diga bobagens. - disse corada. - O que vamos fazer agora?

— Você deveria descansar.

Amy seguiu para um abrigo que estava ficando enquanto o templo era reconstruído. Jin estava em sua casa pensativo do por quê Amy não querer sua ajuda e Azin poder tê-la ajudado sem problemas. Já Azin caminhava pela cidade sem rumo, até que percebeu que algo foi explodido e foi correndo em direção ao foco, mas quando ele e Jin chegaram era tarde demais.

— Amy! - gritou Jin.

— Não se aproxima Jin. - Amy disse ao lado de Zero e Mary. - Ninguém deve mais sofrer por mim, sinto muito Azin.

— Você não pode! - gritou com os dentes trincados. - Amy não aceite isso.

— Vamos Zero, a princesa já foi capturada. - disse Mary.

— Sim srta. Mary. - dito isso ambos saíram correndo com Amy em mãos.

— Voltem aqui seus covardes! - gritou Jin indo atrás, mas uma horda de demônios menores estava chegando, fazendo com que ele e Azin perdessem tempo destruindo-os.

— Não se preocupe, nós vamos salvá-la! - disse Azin cerrando o punho.

O ar congelado e o silêncio pairavam no Templo da Sintonia, Lupus continuava congelado em frente a Dallas, que observava o sarcófago com cuidado.

— Ele foi capaz de me ferir duas vezes, isso não pode ser verdade. Ele tem tanta determinação pelo que luta para vir até aqui e enfrentar um Paladino. O que poderia ser essa motivação? - se perguntava.

Em meio ao seu monólogo Dallas sentiu uma energia nascer de dentro do grande bloco de gelo, ia aumentando rapidamente em uma progressão infinita, algo que ele nunca havia visto, a aura de Lupus iluminava não só o interior do sarcófago mas toda a sala. Era uma aura cheia de vontade de lutar pelo que acreditava, pelo seu irmão.

— O que é isso? - um brilho incendiou tudo e estilhaçou o enorme caixão de gelo. - Isso é… impossível!

— Dallas, eu disse que não iria perder. Me dê o pergaminho! - seus cabelos estavam loiros graças ao sangue de imortal que a sacerdotisa havia lhe dado.

— Jamais, acabarei com você agora mesmo! - concentrou sua energia. - Nevasca Congelante! - mas foi inútil, Lupus passou pela nevasca, sacou sua espada espiritual e rendeu Dallas com a mesma em seu pescoço.

— Essa é uma espada espiritual, se eu cortar seu pescoço sabe muito bem o que vai acontecer. - o Paladino permanecia incrédulo.

— Isso… Não pode estar acontecendo. - uma lágrima escorreu de seu rosto. - A justiça, ela não pode perder. Pelo que você luta? Me diga, eu me rendo. - disse Dallas.

— Para reencontrar meu irmão, que foi tirado de mim. - respondeu.

— Tirado? - perguntou.

— Sim. Eu sou filho de Harosianos, mas meu pai teve um filho com uma humana, meu irmão mais novo, Lass. Nós vivíamos bem, até um homem chamado Harlequinn, um grande mago das trevas descobrir que Lass possuía um poder raro, a luz. Ele queria um núcleo de luz para poder ter o poder infinito do Ying Yang, assim ele governaria tudo e todos. - explicou. - Mas para impedir que isso acontecesse, meu pai deixou Lass e sua mãe no mundo dos humanos, e tirou todas as memórias dele, para que nunca despertasse o poder da luz, desde então nunca mais vi meu irmão, até saber que ele foi possuído pela rainha das trevas, Cazeaje. Preciso desse pergaminho para que a sacerdotisa de Canaban me entregue meu irmão.

— A sacerdotisa?! - perguntou assustado. - Leve o pergaminho. - tirou o selo do jarro. - Eu perdi a luta por te subestimar, e por me descuidar. Vejo que você segue o caminho da justiça. Mas da próxima vez que nos encontrarmos, não irei pegar leve.

Lupus tirou a espada do pescoço de Dallas, e o mesmo entregou o pergaminho de Thanatos em suas mãos.

— Obrigado. - disse Lupus.

— Não agradeça, você conseguiu isto sozinho, agora vá. - respondeu Dallas.

Em Canaban, a Paladina Holy acabava de chegar após ser convocada com urgência pelo conselho religioso do reino.

— Já estou aqui. - disse séria. - Por que essa convocação de urgência, tive que deixar meu cargo no Templo da Sintonia?

— O Rei Eraklyon está morto.

Continua…