Steve saiu da cafeteria assim que o seu telefone tocou. Caminhou até um poste, encostando-se nele. Um boné cobria o seu rosto, junto com um óculos escuros. Imaginava que sua não assinatura dos Tratados de Sokovia o tornaria um procurado da justiça.

— Você está bem? — Rogers perguntou assim que Natasha respondeu.

— Vou ficar. Fomos salvos por um relâmpago azul.

— Foi o Killian?

— Acho que não e quem nos salvou nem continuou aqui para receber os créditos. — Natasha respondeu, soltando um longo suspiro. — Olha, eu sei o quanto o Barnes significa para você, mas por favor, fique fora disso. Você só vai piorar as coisas aqui, Rogers.

— Tá dizendo que vai me prender?

— Não, mas alguém vai. Se cuida, Steve. — Romanoff o alertou, antes de desligar o telefone.

Steve colocou o telefone de volta no bolso e voltou para a cafeteria, sentando ao lado de Sam.

— Deixa eu adivinhar, ela pediu pra você ficar fora dessa? Acho que ela pode ter razão. — Sam sorriu e, mesmo não podendo ver os olhos de Steve por trás dos óculos, sabia que estava recebendo um olhar fuzilante. — Cara, eu só quero ter certeza de que consideramos as opções. Quem atira em você, atira em mim também.

— Desde que divulgaram a foto do Barnes, choveram denúncias relatando aparições do Soldado Invernal. — Sharon sentou ao lado dos dois, colocando um envelope pardo na frente de Steve. — Essa é a nossa melhor pista. Eu iria logo se fosse vocês. Os agentes alemães não serão muito pacíficos.

— Obrigado, Sharon. — Rogers agradeceu, assentindo com a cabeça e pegando o envelope.

~x~

Natasha caminhou até o T'Challa, sentado em um banco de cor branca. Seu rosto estava um pouco sujo com poeira e fuligem, assim como o seu terno. Ficou ao seu lado, fitando sua expressão vazia.

— Sinto muito pelo o que aconteceu, rei T'Challa. — Natasha sentiu a raiva no olhar do Wakandano. — Mas eu só te peço para que deixe as autoridades tomarem conta do Soldado Invernal.

— Não se preocupe, Srta. Romanoff, eu mesmo o matarei.

T'Challa se levantou e saiu, deixando a Viúva Negra sozinha com seus maus pressentimentos para os próximos dias.

Base dos Vingadores, Nova York

Após voltar para a base, Killian sentou na sala, sozinho. Wanda já havia melhorado um pouco o seu humor, embora saísse pouco do seu quarto. O rapaz ouviu a porta abrir, vendo o Visão entrar com algumas sacolas em mãos.

— Boa noite, Sr. Killian. — O cumprimentou, após deixar as sacolas em cima da mesa. — Parece abatido, aconteceu alguma coisa.

— Não, só estou um pouco cansado. — Respondeu, se levantando e indo ate o sintetizóide. — Essa é a janta?

— Se for adequadamente preparada, sim.

— Então vamos prepará-la, adequadamente. — Riu baixo, o ajudando a tirar as compras das sacolas.

Alguns minutos de conversa jogada fora, o cheiro agradável do macarrão com molho branco já fazia a boca de Killian salivar. O moreno encontrava-se encostado em uma parede próxima a mesa da cozinha, enquanto o Visão vigiava a panela.

— Visão, posso te fazer uma pergunta?

— Já fez. — Visão o respondeu, o fitando sem expressão.

— Tá, posso fazer outra?

— Acabou de fazer também, Sr. Killian. — Virou-se novamente para as panelas. — Não entendo onde quer chegar.

— Enfim, você é capaz de rastrear pessoas, não é? — Revirou os olhos, antes de apoiar as mãos na mesa.

— Sim.

— Tem alguma notícia sobre Carlisle e Elleanor Petrov?

— Na verdade, sim. — Respondeu, após encontrar algo. Mesmo após os meses nos Vingadores, as capacidades mentais do Visão eram desconhecidas. — Os dois morreram em uma tempestade elétrica, na porta de casa. Os conhecia?

— Eles eram meus pais. — A voz de Killian quase não saiu, enquanto sua visão já começava a se embaçar, graças as lágrimas que se formavam em seus olhos.

— Meus pêsames, Sr. Killian. — Foi tudo o que o sintetizóide conseguiu falar, enquanto assistia o garoto sair do local.

~X~

Após jantar e ouvir o que aconteceu, Wanda caminhou até o jardim da base, encontrando Killian sentado na grama, fitando as estrelas. Seu rosto havia sido molhado por lágrimas geladas, não apenas pela morte de seus pais, mas também pela promessa quebrada por seu irmão. A Maximoff caminhou até ele, sentando ao seu lado.

— Nós tínhamos feito uma promessa, Wanda. — Ele disse baixo, sem olhar para ela. — Eu confiava nele.

— Não foi por querer, Killian. — Comentou, passando a mão em suas costas. — Sabe disso.

— A única coisa boa de ter encontrado o Wyatt foi saber dos meus pais e o Josh estragou tudo, como sempre.

— Todos nós perdemos muita coisa ultimamente, Killian. — Wanda disse, apoiando a cabeça no ombro do amigo. — Não deixe que o seu irmão seja uma delas.

— Tarde demais, Wanda.

A Maximoff pensou em responder, mas achou que poderia piorar a situação, então decidiu ficar calada, deixando o vento frio da noite passar pelos dois, fazendo as árvores dançarem uma coreografia lenta e triste, tão apropriada para a noite.

Áustria, Viena

Steve seguiu a pista indicada por Sharon, que o levou até um apartamento próximo à Cidade da ONU. Enquanto o Falcão vigiava o perímetro, Rogers procurava por pistas do paradeiro de seu amigo dentro do pequeno apartamento. Havia um colchão no chão e barras de chocolate em cima da mesa. As janelas estavam cobertas por grossas folhas de jornal, impedindo que os curiosos vissem o que se passava ali dentro. Havia um pequeno diário em cima da geladeira, onde encontrou anotações sobre a Segunda Guerra Mundial ao passar as páginas, mas parou assim que ouviu passos atrás de si. Ao se virar, encontrou aquele que procurava por quase dois anos, seu companheiro de guerra, James Buchanan Barnes.

— Lembra de mim? — Rogers perguntou, fitando o homem em sua frente.

— Sim, você é o Steve. — Respondeu, desviando o olhar por um momento. — O cara do Museu.

— Eu conheço você, Bucky e sei que está mentindo.

— Estão subindo, Cap. — Falcão avisou pelo comunicador. — Quinze segundos.

— Estão atrás de você, Bucky e não pretendem te levar vivo.

— Eu sei.

— Isso não precisa acabar em uma luta.

— Eles vão entrar agora.

— Sempre acaba em luta.

Ao terminar de falar, uma granada atravessou a janela, caindo aos pés de Bucky, que a chutou para o Capitão. Steve rapidamente tirou o escudo do braço e o colocou em cima da granada, abafando sua explosão. Duas batidas fortes foram ouvidas vindo da porta da sala, o que fez com que Bucky puxasse a mesa e a jogasse contra a porta, impedindo que fosse aberta.

Dois agentes entraram pelas janelas, estilhaçando o vidro. O agente mais próximo de Bucky foi recebido com um soco, que o nocauteou. Steve notou o segundo apontando o fuzil para o amigo e logo puxou o tapete em que ele pisava, o fazendo atirar para o alto. Um terceiro agente entrou atirando pela porta da cozinha, o que fez com que o Capitão se protegesse com o escudo.

O Soldado Invernal passou por baixo de Steve, acertando um chute frontal no estômago do agente, o fazendo cair de joelho.

— Bucky, para! — Rogers bradou, puxando o amigo pelo braço, o encarando. — Você vai acabar matando alguém.

Barnes girou e, com o braco biônico, jogou o Capitão contra o chão de madeira. Rogers desviou de um soco de Bucky, que atravessou o chão da cozinha.

— Ninguém vai morrer. — Barnes respondeu baixo, retirando uma mochila do buraco em que seu braço estava e a atirando para o prédio em frente.

Ficando de pé novamente, o Soldado Invernal correu até sacada, pulando para o prédio. Rolou ao aterrizar, já pegando sua mochila e colocando-a nas costas novamente. Rogers se levantou, pronto para segui-lo, mas a entrada dos agentes o atrasou. Lançou o escudo no primeiro homem, o pegando de volta e se protegendo dos tiros do segundo que entrava no apartamento.

Enquanto corria pelo telhado, Bucky notou uma sombra aumentando atrás de si, o que fez com que ele se jogasse no chão, dando um rolamento para evitar o ataque. Ao se levantar, viu um homem usando roupas negras, semelhantes a um gato, mostrando as garras afiadas em sua frente.

Bucky atacou o "Homem-Gato", que apenas o afastou com um chute. Tentou lhe acertar um soco de direita, mas foi facilmente desviado, enquanto as garras de seu atacante passavam a centímetros do seu rosto. Barnes rolou para desviar de um chute de seu agressor, porém, suas costas atingiram uma caixa de metal, responsável pela ventilação do prédio.

— Capitão, tem um Power Ranger atrás do Barnes. — Falcão falou pelo comunicador, enquanto sobrevoava o telhado. No horizonte, ele viu helicóptero se aproximar.

Bucky se jogou no chão ao ver as garras de seu adversário passarem perto de sua cabeça, enquanto rasgava o metal como se fosse uma faca quente em um pedaço de manteiga. Barnes se arrastou para trás quando o homem veio para cima, já ouvindo um helicóptero se aproximar. Bucky pegou uma barra de ferro enferrujada e pôde se proteger de um ataque no seu rosto.

Barnes estava segurando as mãos do "Homem-Gato", vendo as garras de metal tocarem a sua pele, quando uma rajada de tiros, proveniente do helicóptero que se aproximava, caiu sobre os dois, mas apenas ricocheteando no corpo do homem de vestes negras.

— Falcão, eu vou descer, cuida do helicóptero. — Rogers pediu pelo comunicador, após desmaiar o último agente alemão.

— Certo.

Sam levantou voo, antes de dar um rasante na cauda do helicóptero, o desestabilizando. Steve pegou impulso e pulou para o prédio onde Bucky estava, dando um rolamento ao aterrizar e já lançando o escudo no " Homem-Gato". Barnes se aproveitou da distração criada por Steve e se levantou, correndo para a beirada do prédio e pulando, usando seu braço biônico para segurar na parede e amortecer sua queda.

Seguido de perto pelo homem de preto e o Capitão América, Bucky pulou para a rua de baixo, encontrando-se em uma espécie de túnel semifechado. Desviou de dois carros que vinham em sua direção e já pôs-se a correr ao ver os carros negros da polícia alemã se aproximarem, com suas altas sirenes azuis ecoando pelo túnel.

Cansado de correr, Barnes derrubou um motoqueiro que passava ao seu lado, roubando sua moto. Steve, ao notar a diferença de velocidade do homem em sua frente, pulou na frente de uma viatura alemã, retirando o motorista de dentro dela assim que o veículo parou.

O "Homem-Gato", agora em ultimo lugar nessa perseguição, pulava por entre os carros, até alcançar a viatura de Steve, ficando agarrado na traseira do carro.

— Sam, tira esse cara de trás de mim. — Rogers pediu pelo comunicador.

— Estou logo atrás de você, Cap.

Sam conseguiu entrar por uma brecha no teto do túnel, embora voar ali dentro não fosse nada fácil. O homem de vestes negra saltou da traseira e pulou para o capô, já dando mais um longo salto na direção da moto de Barnes, a pouco metros na frente. Pelo sensor em seu braço esquerdo, o Falcão, lançou um míssel de baixa potência na direção do "Homem-Gato".

O projétil passou a centímetros do homem, atingindo a parte de cima do túnel, liberando escombros na pista. O perseguidor atravessou a nuvem de poeira, rasgando o ar e atingindo o pneu traseiro da moto de Barnes, fazendo os dois rolarem no chão. Vendo o teto desabar, o Capitão America pulou para fora do carro, protegendo a cabeça e correndo na direção dos dois homens, enquanto a viatura capotava atrás de si.

Steve lançou o escudo na direção do homem de preto, o fazendo recuar, enquanto parava ao lado de Barnes. Aos poucos, as viaturas alemãs o cercavam, assim como os agentes que apontavam as armas para os três. Rogers colocou um braço na frente de Bucky, o impedindo de continuar.

No céu, um vulto negro foi visto antes de pousar no chão, entre os três homens, revelando a armadura escura do Máquina de Combate. Rhodes logo apontou o propulsor esquerdo na direção do homem misterioso e o direito, na direção de Rogers e Barnes.

— Se rendam, agora! — Rhodes pediu, olhando para os três. Ao ouvir isso, o " Homem-Gato" levou as mãos até a cabeça e retirou seu capacete, revelando o rosto suado do rei de Wakanda, T'Challa. — Alteza.

Rogers o fitou, enquanto guardava o escudo nas costas e os agentes se aproximavam, os algemando.

— Parabéns, Capitão! — Rhodes zombou. — Agora você é um criminoso.

Base dos Vingadores, Nova York

— Você vai ficar bem? — Wanda perguntou, fitando o Kane mais novo.

— Vou sim, não precisa se preocupar. — Sorriu para a garota, lhe dando um abraço antes deixá-la ir embora.

Killian fitou as nuvens, que já começavam a ficar mais escuras, assim como os ventos aumentavam sua força.

— Eu vou ficar bem. — Comentou baixo para si mesmo, fechando o punho, ao mesmo tempo em que um raio azul atingia a terra, seguido de uma alta trovoada. — Não posso dizer o mesmo sobre você, irmão.