— Agora faz sentido – Anna disse olhando para Fury – mas como... Temos muitas incógnitas neste caso, afinal, onde está Norman Osbourne? E por que atacaram o Homem Aranha naquele dia? E Tony Stark?

— Não conseguiram entrar em contato com ele – Alex disse – mas os outros Vingadores, com exceção de Peter, estão procurando-o. Peter está no prédio de Gwen... – ele hesitou na hora de falar fitando Maya – garantindo que ela estará bem.

— Ótimo – Maya disse sem olhar para Alex, caminhava de um lado para o outro em frente á enorme mesa cinza onde apenas os três estavam conversando.

— Você está bem? – Anna perguntou.

— Sim – Maya deu um fraco sorriso – apenas tentando entender algumas coisas. Aqueles dois caras... Esperem.

Anna e Alex permaneceram sentados na mesa cinza apenas absortos em seus pensamentos. Queriam achar respostas para as perguntas, mas não conseguiam raciocinar muito bem, afinal, estavam acordados há quase vinte e quatro horas direto, e ainda tiveram o cansaço da luta, por menor que fosse, tiveram.

— Galera – Maya disse entrando na sala com um sorriso – tirei algumas fotos do cara que estava desmaiado, esqueci de passar as fotos para Fury, então podemos dar uma olhada antes dele e toda a equipe da S.H.I.E.L.D. achar algo.

Ela então ligou o celular que ganhou da S.H.I.E.L.D. quando aceitou se tornar uma agente pela segunda vez, da primeira eles tinham confiscado dela, afinal ela foi uma traidora. O celular com o logotipo da S.H.I.E.L.D. disse com a voz eletrônica um “Olá agente Mase”, era tão fino que Maya tinha todo o cuidado do mundo ao manuseá-lo. Passou as fotos de outras missões com o dedo, até que chegou na que queria. Mas ficou paralisada.

Tinha achado o que queria, infelizmente. Ela não podia acreditar. Não tinha nada a ver com Os Vingadores, ou com o fato da Oscorp ser a maior “rival” das Indústrias Stark. Simplesmente porque Norman Osbourne, o chefe da Oscorp – e dono – não queria só ser o maior e melhor de Nova York e queria acabar com Peter, ou melhor, Homem Aranha. Maya tinha suas ideias na cabeça, mas tanto poderiam ser verídicas, como não. Ela não sabia dizer, nem explicar, precisava de informações mais concretas, mas até então não sabia mais onde conseguir, porém, aquelas fotos lhe deram um "norte" em relação ao que estava acontecendo.

— Tem algo em comum? – Alex perguntou enquanto ela fitava a tela do fino celular absorta em seus pensamentos.

— Alex, você consegue conectar o celular no telão daqui? – Maya perguntou.

— Você diz na tela 3D?

Ela deu uma fraca risada – Você é quem entende disso.

Ele ficou de pé com um sorriso vitorioso – Claro.

— Ótimo – ela disse sentando-se em frente á Anna – você se lembra como era o símbolo da Oscorp, certo?

— Um pouco – ela disse dando de ombros – por quê?

De repente o ambiente ficou escuro e tudo o que tinha na sala era uma foto em 3D bem em cima da mesa cinza de reunião. Era como se tivesse um corpo ali em cima, era até inacreditável aonde a tecnologia da S.H.I.E.L.D. chegava. Maya apenas ficou de pé perto da mesa e apontou para a blusa preta do homem em 3D em cima da mesa.

— O que é isso? – Alex perguntou.

Maya usou os dedos para dar zoom, afinal, era apenas um holograma. Assim que ela deu zoom o logotipo da Oscorp ficou bem nítido na camisa do homem, era uma camisa preta que estava por baixo da jaqueta, também preta, o único erro dele, além de não ter tirado a blusa com o logotipo, foi não ter fechado a blusa o suficiente, e agora eles tinham uma boa pista nas mãos.

— Mas é claro – Anna ficou de pé – ele trabalha para a Oscorp.

— É, gênia, sabemos disso – uma voz ecoou um pouco mais atrás.

Todos viraram o rosto para ver quem estava falando, e um loiro de olhos claros entrava na sala com toda sua marra. Anna gritou seu nome e foi correndo até o amigo abraçando-o logo em seguida. Maya deu um fraco sorriso, mas viu no reflexo da mesa o enorme e alegre sorriso de Alex.

— E ai, cara? – Kennedy apertou a mão de Alex o abraçando em seguida.

— Feliz que você tenha voltado.

— É – ele bufou longamente e então olhou para Maya – me precipitei.

— Bem vindo ao time, agente.

— Obrigado.

O sorriso pairou no rosto de todos. Ele analisou o holograma em 3D e cruzou os braços fitando Maya. Ele estava de volta, mas não conseguia tirar de sua mente as ideias suspeitas que tinha da garota, porém, não faria nada transparecer. Maya mexia em seu celular e começou seu raciocínio, não sabia se era certo, não tinha certeza, tinha algumas cartas na manga e precisava ouvir o grupo inteiro para enfim tomar uma decisão e principalmente chegar á conclusão.

— Bem – ela respirou fundo – sabemos que os dois bandidos que tentaram matar o Homem Aranha são da Oscorp, seria coincidência demais ele estar apenas usando a roupa de lá sem ter ligação alguma – ela disse olhando para todos – não vendem uniformes da Oscorp em qualquer loja da esquina. Não sabemos onde está Norman Osbourne, nem o que aconteceu com ele, não sabemos quem são estes dois...

— Devíamos procurar mais, em arquivos da S.H.I.E.L.D., ou até mesmo em algum computador da polícia de Nova York – Anna sugeriu.

— Acho uma ótima ideia – Maya disse prosseguindo – tenho uma ideia e não sei se dará certo, preciso que confiem em mim e façam seu trabalho. Somos uma equipe, e precisamos um do outro.

Eles ficaram em silêncio apenas fitando Maya.

— Preciso que chequem arquivos da S.H.I.E.L.D. sobre Oscorp, Norman Osbourne, sua família, seus antepassados, tudo.

— E você? – Kennedy perguntou.

— Tenho uma ideia – Maya deu um sorriso confiante – não posso conta-los porque não posso colocar ninguém em perigo, mas... Confiem em mim, certo?

— O que vai fazer? – Alex perguntou curioso.

— Achar a resposta para as nossas perguntas – Maya disse tirando seu cinto da S.H.I.E.L.D. – estarei de volta pela madrugada, não se preocupem, certo?

— Boa sorte – Anna disse ficando de pé – vou pesquisar e qualquer coisa entro em contato, tudo bem?

— Faça isso, agente Lloyd – Maya sorriu – obrigada.

Anna saiu e Alex foi logo em seguida, Kennedy permaneceu sentado com os olhos fixos em Maya, mas ela sequer importava, era óbvio que ele faria de tudo para saber se ela ainda era uma traidora. Era óbvio também que ele não acharia nada, afinal, Maya não tinha nada para esconder. Ela saiu da sala de reunião em direção ao trocador da S.H.I.E.L.D., logo vestiu sua roupa casual, pronta para sua missão pessoal.

Não tinha ideia de como entraria no prédio da Oscorp, mas tinha uma ideia em sua mente. Estava com uma blusa branca normal, colocou uma jaqueta de couro e sua calça jeans preta, permaneceu apenas com sua bota de cano longo e de couro preto. Guardou sua touca no bolso da jaqueta e saiu do banheiro pronta para saber mais informações sobre a Oscorp.

Sua ideia inicial era entrar no prédio das Indústrias Oscorp e mexer na gaveta que, mais cedo, não tinha conseguido abrir. Não tirava de sua mente que lá tinha algo, algo que precisava descobrir, ainda mais por estar na mesma sala em que, além de fotos do Homem Aranha, havia também fotos de Maya e Gwen, as duas únicas garotas que mexeram realmente com o tímido e inteligente Peter Parker. Ela precisava de saber o que tinha lá, parecia algo importante que não podia passar em branco.

Kennedy era o único que não confiava na garota, não conseguia entender o porquê da garota de repente resolver virar boazinha. Não sabia nada da garota e muito menos o motivo de ter “convertido” por causa de Peter. E mesmo se soubesse, talvez não se convencesse, era um descrente do amor e do que esse sentimento pode fazer á alguém. Kennedy não tinha ninguém, era conhecido como frio, grosseiro e rude muitas das vezes e se negava a mudar por algo ou alguém, achava principalmente que ninguém o merecia, e se fechava cada dia mais. E sequer se importava.

O loiro a seguiu em todo seu caminho para a Oscorp e, pela primeira vez, Maya não percebeu. Kennedy foi completamente reservado e tomou uma distância grande da garota, mas sem perdê-la de vista pelas ruas escuras e largas de Nova York. Não sabia onde ela estava indo, mas sabia que era algo suspeito e não conseguia, de jeito maneira, confiar na garota.

Maya lançava olhar discretos para trás tentando entender quem estava seguindo-a, mas não conseguiu encontrar ninguém, estava nervosa o suficiente para achar que era coisa de sua cabeça, mas não, não era. Kennedy também havia tirado a roupa de agente da S.H.I.E.L.D. e estava com uma roupa normal de modo que ela não conseguisse reconhece-lo, até um boné o agente usava. Foi quando ele percebeu que a garota estava indo em direção á Oscorp, e a primeira coisa que passou por sua cabeça foi apenas uma palavra: traidora.