"Cinderela era filha de um comerciante rico, porém quando seu pai morreu, a madrasta malvada e as duas filhas fizeram Cinderela de criada. Um dia houve um baile, mas Cinderela não poderia ir, pois tinha de limpar a casa e não tinha um vestido bonito para usar na festa. Sua fada madrinha apareceu e limpou toda a casa num piscar de olhos e deu um vestido lindo para Cinderela, porém, ele só duraria até meia noite. O príncipe se apaixonou por Cinderela e, na volta para casa, ela deixou cair na escada seu sapatinho de cristal. Querendo encontrá-la, o príncipe ordenou que todas as moças do reino experimentassem o sapato. Cinderela experimentou e o sapato serviu. A jovem e o príncipe se casaram e viveram felizes para sempre."

Esta é, resumidamente, a história de Cinderela. Confesso que, quando criança, essa era a minha história favorita. Eu tenho certeza que todas as pessoas já ouviram e adoraram a história.

Alguns anos atrás, quando eu tinha no mínimo oito anos, eu queria ser a bela moça e ir para um baile em um belo vestido azul, claro que eu nem ligava se ela tinha que fazer serviços domestico para a madrasta e as filhas mimadas, apenas queria ser Cinderela e encontrar um lindo príncipe que se apaixonaria por mim.

Sim, talvez tenha sido pelo romance de Cinderela com o príncipe que eu queria ser ela, viver um lindo romance.

Mas, para minha completa infelicidade, minha realidade estava longe de ser um conto de fadas, assim como o conto de Cinderela. Meu pai não havia morrido e me deixado com uma madrasta má, o que era ótimo. Não tinha irmãs muito menos mimadas como as de cinderela, havia umas patricinhas no colégio, mas era bem diferente. E por ultimo, não tinha um príncipe lindo que se apaixonaria por mim a primeira vista, estava bem longe de isso acontecer em minha vida. Ou seja, eu definitivamente não teria um "e viveram felizes para sempre" em minha historia, no máximo seria feliz com minha carreira, eu queria ser pediatra, pois sempre gostei de cuidar de crianças. Não, eu não podia prever o futuro ou coisas do tipo, apenas estudava muito e era, sempre, a melhor aluna e não era apenas da sala, era da escola inteira, e isso era algo que eu me orgulhava muito.

Havia apenas um garoto na escola inteira que eu acho que poderia ser considerado um príncipe, este era Daniel Zapata, tudo bem, ele é um dos garotos mais populares de toda escola, junto de Paulo Guerra, mas nem todos os populares era um idiota, e o Daniel era a prova disso.

Talvez fosse por eu ter achado ele um príncipe que eu me apaixonei por ele. Algo de muito inútil de acontecer comigo, afinal, ele era popular e eu a garota nerd, todos gostavam dele e apenas os professores me suportavam, por eu não gostar de sair ou por ser esquisita ninguém gostava de mim então não tenho nem um amigo.

Eu gosto do Daniel e me dói vê-lo com a garota mais popular e bonita da escola. É meio clichê os dois populares ficarem juntos certo? Mas eu não o culpo, Maria Joaquina é linda e apesar dela ser uma garota mimada e fresca ela até que era legal, quer dizer, ela era legal com os amigos dela, os populares.

Daniel era inteligente e ele não seria burro suficiente de trocar a popular Maria Joaquina pela nerd idiota Carmem! Sim, meu nome é Carmem, Carmem Carrilho.

—Não consegue nem disfarçar, não é? -engulo em seco quando ouço a voz fina e extremamente aguda de Maria Joaquina. A única coisa que eu odiava na patricinha era a voz enjoativa demais.

—Maria  -e essa era a única coisa que eu consegui falar, ou melhor gaguejar, perto dela.

—Fala mais alto garota! Parece uma retardada. -disse brava  -Olha aqui sua garota estupida, apesar de saber que o meu Daniel não iria querer nada com você, não quero que fique o secando! Isso é nojento vindo de você  -falou ela ne olhando indiferente.

Confesso que se eu não estivesse mais do que acostumada com isso, estaria chorando até que as aguas de meu corpo secassem, não era exagero!

—Hey girl, vamos logo! -disse a americana e melhor amiga de Maria, Bibi, a chamando.

—O recado está dado! -disse Maria me olhando por uma ultima vez e indo junto da amiga.

Dou um enorme suspiro, já cansada disso tudo, se eu ao menos não me apaixonasse por Daniel, ou melhor, se eu ao menos não me apaixonasse por ninguém, isso não aconteceria.

Dou um sorriso assim que ouço o sinal tocar, aulas me distrairiam naquela hora, com certeza.

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—Muito bem pessoal, a aula já está acabando e aqui tem duas caixas, uma com o nome das meninas e a outro com o nome dos meninos -disse a gentil professora de português, Helena. –O sorteio será da seguinte forma, um menino vem e pega o nome da menina e vice-versa, entendido? -perguntou ela e recebeu um aceno positivo dos alunos.

A poucos minutos atrás, a professora Helena nos contou que haveria um trabalho em dupla, para minha infelicidade. Eu não tinha nem um amigo e quando era trabalho em dupla, ou grupo, eu não gostava de participa. Eu até que tentei falar com a professora Helena sobre eu fazer o trabalho sozinho, mas ela foi logo avisando, "esse trabalho deve ser feito em dupla, e se alguém tentar mudar de dupla ou até mesmo fazer sozinho, tirará um zero" eu odiei quando ela falou isso.

Conforme a professora ia chamando cada pessoa ia à frente, mas só quando ela chamou o nome da Maria Joaquina que eu comecei a prestar atenção nas duplas que se formavam.

—Sua vez Maria. -falou a professora sorrindo. Maria Joaquina se encaminhou para frente da sala e colocou sua mão direita dentro da caixa, ela parecia escolher, mas não dava pois não víamos os nomes, então ela logo puxou um pequeno papel e leu em voz alta.

—Cirilo Rivera!? Professora eu não quero fazer dupla com esse garoto! -exclamou ela irritada e a professora deu de ombros.

—Sinto muito Maria Joaquina, mas eu disse que ninguém iria trocar de dupla. Daniel sua vez! -disse a professora desviando do assunto.

O garoto assim que ouviu seu nome ser chamado se levantou e foi em direção a caixa com o nome das meninas.

Diferente de Maria, Daniel apenas colocou a mão dentro da caixa e retirou um papel. Varias garotas o olhavam atentamente, provavelmente querendo o nome escrito naquele pedaço de papel, que se encontrava na mão do Zapata.

Observei-o abrindo o papel e lendo-o em voz alta.

—Carmem Carrilho  -falou ele e antes que eu pudesse reagi senti ele me olhando, lançando um sorriso em minha direção.

Sorri minimamente e abaixei a cabeça envergonhada. Meu rosto estava muito vermelho no momento.

Eu não podia acreditar, Daniel Zapata, o cara que eu estou apaixonada, sorriu pra mim!