Diferentes mas iguais escrita por Saffra Everdeen Mellark


Capítulo 35
Reviravolta


Notas iniciais do capítulo

Oiii! Cá vem um daqueles capítulos bomba que traz uma grande reviravolta na história. Espero que gostem :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/682464/chapter/35

Um meses depois os resultados da entrada na Faculdade saíram e eu entrei, o Peeta vai fazer administração e eu vou fazer jornalismo, eu sei que agora que estou grávida tenho de estar em repouso, mas desistir mais um ano da faculdade não me parece, de todo uma boa ideia.

As aulas já começaram há algum tempo, e neste momento estamos a fazer um projeto em que temos de escrever um artigo sobre qualquer assunto à nossa escolha, como se fosse para um jornal e enviar para o professor, é para entregar até ao final deste semestre, mas eu comecei já a escrevê-lo, ou melhor, a tentar porque está tudo a sair-me furado.

Pensei em deixar os temas básicos, quero escrever acerca de crianças, não sei como e o quê ao certo, mas pensei em falar sobre os maus-tratos, diariamente há casos destes, é só investigar e está pronto.

Eu sei que queria Medicina, mas como eu fiz todos os cursos, eu candidatei-me a Letras também e entrei em Comunicação, o que é ótimo, já que esse é o meu sonho.

Estou a dirigir-me para o Hospital porque tenho uma consulta, o Finnick anda por aqui a fazer umas horas, ele entrou em Medicina com a Annie e achou que era pertinente fazer voluntariado. Olha, fala-se no diabo e ele aparece.

—Finnick! - cumprimento-o, mas ele parece com pressa.

—KitKat! Desculpa, mas estamos aqui com uma emergência! - desculpou e eu preocupei-me, nunca o vi tão stressado.

—Que se passou? - estava curiosa, que raio de emergência era aquela que o perturbava tanto.

—Um miúdo, um bebé digamos, entrou aqui com graves cortes pelo corpo e um traumatismo craniano, aparentemente sofria de agressões, está a sofrer desidratação e não come há um bom tempo, eu gostava de te dar mais pormenores, mas agora tenho mesmo de ir para lá, falamos depois! - ele apressou-se e foi aí que se fez luz, ele podia ser o meu artigo! 

—Katniss Everdeen! - chamam-me para a consulta e eu entro.

—Então, Katniss? - cumprimenta-me o Dr. Aurelius.

—Estou bem, obrigada doutor - deito-me na maca, já sei como é que as coisas funcionam. 

—Muito bem, vamos lá fazer esta ecografia e ver como anda esse bebé, e talvez já possamos saber o sexo! - fiquei triste por o Peeta não estar, mas é então que batem à porta e ele entra.

—Cheguei a tempo de saber se o meu filho está bem? - ri-me e ele veio dar-me a mão todo sorridente.

—No momento certo, vamos ver agora o sexo e se ele se encontra bem! - anunciou, colocou-me o gel e logo a seguir andou com a sonda pela minha barriga e após alguns minutos em silêncio a observar o ecrã, ele sorri.

—Parabéns, têm aqui um lindo menino! - e um alívio e uma felicidade manifestaram-se em lágrimas em mim.

—Eu estou tão feliz - começo a chorar e o Peeta abraça-me contendo o choro, aqueles olhos azuis já mudaram a tonalidade de cor.

—Eu também, meu amor! - beijou-me lentamente e eu arranjei-me para ir embora.

—Quero vê-la a si e ao seu rapaz dentro de duas semanas! - avisou e lembrei-me do rapaz de que o Finnick me tinha falado.

—Dr Aurelius? - chamei e ele olhou para mim. - Que sabe sobre o caso do menino que entrou aqui com maus tratos, desidratação e outros tantos problemas?

—Bem Katniss, presumo que o Finnick lhe tenha falado do caso por alto, eu não posso dizer muito mais, mas o caso é bastante grave, a mãe dele era traficada e engravidou daquele homem que o tratou mal e a matou, o rapaz não tem familiares - a história tocou-me, por momentos, deixei de ser a estudante de jornalismo que só queria uma boa nota e um assunto para ter um artigo muito bom, e passei a ser a Katniss, que é mãe e um ser humano com sentimentos.

—Mas isso é horrível, e agora? - perguntei, eu estava realmente preocupada.

—Agora vai ser dado para a adoção e vai ser submetido a alguns tratamentos, é um caso complicado e eu não sei muito sobre o caso - eu precisava de saber mais sobre aquela história.

—Bem, obrigada. Nós vamos indo, até daqui a duas semanas! - saímos do consultório e no corredor encontrei-me com o Finnick.

—E então? - perguntou-me mais calmo mas ainda com aquela expressão preocupada.

—Está tudo bem, é um menino! - sorri.

—Que ótimo! - abraçou-me a mim e ao Peeta. - Muitos parabéns!

—Finnick... o menino, como é que ele está? - antes de o Finn me responder o Peeta meteu-se no meio.

—Porque é que estás tão interessada nesse miúdo? - questionou.

—No início pelo artigo da Faculdade, mas agora, a história dele tocou-me, eu quero vê-lo! - decidi e surpreendi-os.

—Vem comigo, queres vir Peeta? - o Finnick começou a andar e eu e o Peeta seguimo-lo. Chegamos a um quarto onde vi um menino muito abatido amarrado a uma cama e a debater-se enquanto o examinavam e faziam todo o tipo de exames, fiquei escandalizada, senti-me mal por não poder salvar aquela criança.

—Ele vai morrer? - perguntei com os olhos arregalados e com a mão a tapar um pouco a boca, sendo que lágrimas ameaçavam descer-me do rosto, aquele cenário rodava a minha mente como as cabines das rodas gigantes nas feiras populares.

—Não, ele vai ficar bem, está estável, são só alguns exames para tirar dúvidas, se ele ficar assim tão agitado durante mais algum tempo, é provável que o cedem - fechei os olhos e algumas lágrimas caíram-me pelo rosto.

—Não é justo, como é que há pessoas que podem maltratar estas crianças? - chorei.

—Katniss, sai daqui, não podes ficar muito tempo e isto não é nada bom, nem para ti, nem para o meu sobrinho - arrasta-me ele dali.

Fui para o carro em silêncio, sem falar no bebé, sem pensar no rapaz que cresce dentro de mim todo o dia e que promete crescer cá fora neste mundo tão cruel e injusto.

—Em que pensas, meu amor? - pergunta ele assim que me sento no sofá de minha casa.

—Naquele miúdo que fomos ver - confessei e suspirei.

—Já te conheço, sei que queres fazer alguma coisa, mas o quê? - perguntou.

—Eu sei que não há muito a fazer, aliás não há nada a fazer para apagar as memórias àquela criança, mas é só que... eu só vejo uma saída, eu quero adotar o miúdo - digo séria e ele fica sério.

—A sério? Mas nós já vamos ter o nosso rapaz, além do mais este miúdo tem problemas e nós temos a Riley e o Josh... - ele começa a enrolar já deu para perceber que ele não está muito virado para aí.

—Eu sei disso tudo, tenho noção de que vamos precisar de uma casa ainda maior e de que a criança precisa de tratamentos e ajuda, que nós estamos na Faculdade, que temos mais dois filhos e que eu estou grávida, mas eu não consigo ficar de braços cruzados, não é justo aquela criança ter sofrido tanto, e se eu não consigo mudar o passado dela, talvez lhe possa dar um bom futuro! - argumentei e ele abraçou-me.

—Tens a certeza que queres adotar o miúdo? - eu sabia o que ele queria dizer com isso.

—Sim, tenho a certeza absoluta! - assegurei e ele beijou-me a cabeça.

—Então vamos avançar com os papéis - decidiu e eu fiquei muito feliz.

—Temos de tratar da mudança, por causa daqueles procedimentos normais! - relembrei.

—Já está tudo tratado, eu comprei aquela propriedade que tu adoraste! - os meus olhos brilharam, eu adorava aquela propriedade, era do meu avô, mas o meu pai vendeu-a, ou melhor, perdeu-a no poker. - Já, já está mobilada, temos coisas novas para os miúdos, o quarto do bebé está pronto e agora temos de tratar do nosso futuro novo filho.

—Por isso é que te amo, por quereres saber de mim e dos outros! - beijei-o e ele fez-me o mesmo.

Definitivamente, eu tinha de conseguir adotar aquela criança, eu sentia-me na obrigação de o fazer, ele merece ser feliz e eu espero poder dar-lhe essa felicidade.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Quem será este miúdo tão misterioso? E agora, com mais dois filhos, que farão a nossa Katniss e o nosso Peeta?
Espero que tenham gostado :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Diferentes mas iguais" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.