Diferentes mas iguais escrita por Saffra Everdeen Mellark


Capítulo 10
As consequências da irresponsabilidade


Notas iniciais do capítulo

Oiii! Cá trago mais um capítulo comigo cheio de surpresas e revelações, vamos finalmente tomar conta dos gémeos?



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Acordei imensas vezes durante a noite por causa dos gémeos que ainda estavam na incubadora, porém com melhorias. Pouco tempo depois de eu ter estado com eles ao colo tiraram-nos porque estavam com alguma dificuldade em respirar e tinham de fazer uns exames à via respiratória e ao coração também.

De manhã cedinho a minha mãe veio logo ver-me, entrou disparada pelo quarto dentro toda animada.

—Bom-dia! Como estás hoje? - perguntou-me.

—Bom-dia. Estou cheia de dores! - queixei-me.

—É normal, uma cesariana é uma cirurgia, é normal teres dores, mas vais ver que vais melhorar! - ela mal tinha chegado e já me estava a irritar.

—Até parece que tu sabes! Nunca fizeste nenhuma cesariana! - reclamei e ela olhou-me triste.

—Se não fiz foi porque não foi necessário, além do mais, eu não podia ter tido filhas, foi demasiado arriscado da Prim e de ti, mas eu lutei na mesma e sobrevivi, por muito pouco - retrucou triste e eu senti-me mal.

—A sério? Nunca me disseste nada, desculpa eu não sabia - desculpei-me e ela assentiu-me cabisbaixa.

—Não faz mal, além do mais, não é um assunto que eu goste muito de falar a respeito - assumiu. - Onde é que estão a Riley e o Josh?

—Estão na incubadora, levaram-nos pouco tempo depois de todos se irem embora, estavam com dificuldade em respirar e levaram-nos para os estabilizar e para lhes fazer uns exames à via respiratória e ao coração - expliquei.

—É o que dá quererem ser rápidos demais, saem aos pais! - exclamou ela e eu não gostei nem um pouco.

—Se é para mandar bocas podes dar meia volta e sair, podes ir ter com o teu namoradinho bêbado que também gosta muito de fazer piadinhas e brincar com o que é sério! - protestei e ela ficou surpreendida.

—Eu não estava a falar no mau sentido, não foi nada disso que eu quis dizer... - falou sem jeito. Nesse momento entra o Peeta com os pais.

—Bom-dia Katniss! - cumprimentaram os meus sogros.

—Bom-dia! - cumprimentei sem grande vontade.

—Bom-dia KitKat! - cumprimentou o Peeta beijando-me e eu correspondi.

—Bom-dia Peeta! - cumprimentei com um sorriso repleto de dor que ele retribui com compreensão.

—Então e os meus netos? - indagou a minha querida e estimada sogra.

—Os seus netos estão na incubadora, estão com dificuldades em respirar, levaram-nos pouco depois de saírem, vão ou já fizeram uns exames à via respiratória e ao coração - contei.

—É isto que dá quando a menina faz o que quer, devia ter tido mais cuidado! - culpabilizou-me.

—Mãe! Pare de culpá-la, ela não teve culpa nenhuma! Além do mais as crianças são prematuras, é normal que tenham de fazer alguns exames e tenham alguma dificuldade em respirar! Se é para a culpar pode ir embora que não faz falta! - protestou e eu fiquei a olhar para ele que estava furioso com a mãe.

—O menino cale-se! - ordenou ela. - Que falta de respeito é essa? Falamos mais tarde! - repreendeu-o, ela bem pode fazer o que quiser, mas a verdade é que o Peeta e o Johanna fazem o que querem.

—Então mamã? Já cá estamos! - falou uma das duas enfermeiras que entravam com os meus filhos nos braços. Deram-mos a mim e ao Peeta, eu ainda tenho alguma dificuldade em pegar-lhes, não sei, tenho medo de deixá-los cair. - Calma mãe, eles não são de vidro!

—Não sei, é que não me sinto muito confortável... - admiti.

—Bom, ainda bem que a Katniss tem o Peeta para ajudá-la, porque pelo que parece ela já está certa que não vais ser uma boa mãe - falou ela tranquila.

—Não foi isso que eu disse, eu vou-me habituar com o tempo, mas por agora é estranho ter bebés nos braços! - justifiquei-me e o Peeta olhou para ela com um olhar mortal. É oficial, eu odeio a minha sogra mais que tudo neste mundo!

—Bem, quando for para amamentar nós explicamos o procedimento - avisou a enfermeira.

—Amamentar? Quem disse que eu vou amamentar, eu não quero! - protestei.

—Porquê? - questionou a minha mãe que não se havia pronunciado até ao momento.

—Porque li numa revista que dói e que descai o peito, e como é óbvio eu não me vou sujeitar a isso, ainda mais com 16 anos! - expliquei ignorando os protestos e julgamentos feitos pela minha sogra que foi mandada calar pelo meu sogro, ainda bem!

Eles acabaram por ir embora, mas o Peeta ficou comigo para me ajudar com os nossos filhos que se encontravam na ala neonatal.

—Achas que já me posso levantar? - perguntei, já estava farta de estar deitada.

—Não sei, vou perguntar à enfermeira se podes e assim vens comigo à sala neonatal - afirmou e saiu. De súbito batem à porta e entram, revelando uma imagem indesejada.

—Que é que estás aqui a fazer? Sai! - expulsei apontando para a porta.

—Calma boneca, eu vim aqui em paz. Trouxe presentes para os monstrinhos - brincou num tom divertido.

—Sai daqui Haymitch! Sai! - ordenei. - E para de chamar de monstrinhos aos meus filhos!

—Podes dizer-me ao menos como se chamam? - pediu.

—Ela é a Riley e ele é o Josh! Agora podes ir embora daqui? Sai! - gritei e o Peeta entrou no quarto.

—Que estás aqui a fazer? - indagou ele aparentando estar calmo.

—Vim aqui ver as criancinhas, mas aparentemente a docinho não quer deixar-me ver as vossas mini versões - explicou.

—Podes sair, Haymitch? Volta noutro dia, hoje a Katniss não está num bom dia - pediu educadamente o Peeta, como é que ele consegue ser cordial com este ser detestável? O Haymitch saiu e deixou ficar os sacos com os presentes. - Não precisavas de ter sido tão bruta, ele até trouxe presentes.

—O que é que a enfermeira disse? - ignorei a afirmação anterior.

—Que sim, mas que tinhas de ter cuidado ao levantar-te por causa das costuras - informou-me ele.

—Ótimo, aproveito e deito estas coisas fora! - declarei levantando-me devagar com a ajuda dele.

—Não vais abrir? - interrogou ele.

—Não, não quero que os nossos filhos tenham nada dele! - exclamei furiosa com aquela visita. - Sabes? Não deito fora, dou antes ao hospital, pode haver pessoas que precisem!

Fomos dar uma volta pelo hospital e paramos na sala neonatal que estava repleta de recém-nascidos, quando cheguei à beira dos meus peguei ao colo o Josh e o Peeta pegou na Riley.

—É tão estranho dizer que eles são meus... - desabafo e ele olha para mim sorrindo.

—É verdade, são tão pequeninos, tão inofensivos e tão inocentes, vítimas da nossa irresponsabilidade, frutos da nossa atração - concordou ele.

—Ora vejamos quem temos por cá, os papás mais novos que temos por aqui! - saudou o Dr. Aurelius. - Acho que agora que estamos mais calmos e está tudo bem, está na altura das enfermeiras vos mostrarem como dar o banho e como trocá-los.

—Claro! - entusiasmou-se o Peeta.

—Então vamos lá! - pediu a enfermeira e nós seguimo-la. Explicou-nos como cuidar deles e quando tudo já era mais fácil voltamos para o quarto, hoje eles já iam dormir no mesmo quarto que eu.

Chegando lá encontramos o Finnick, a Annie, a Prim e um outro rapaz que nunca vi na vida.

—Olá papás! - saudaram-nos todos ao mesmo tempo.

—Olá gente! - saudamos de volta.

—Posso pegar nele? - perguntou a Annie.

—Claro, toma lá, já estou cansada de os aturar! - despachei e expliquei-lhe como fazer tudo.

—Posso pegar na menina? - pediu o Finn e o Peeta cedeu-a explicando o procedimento.

—Vejam só quem temos aqui! A nossa Prim e o meu primo Ryan! Soube que andam a sair! - interveio o Peeta.

—Olá! Sim, mas nós somos só amigos! - explicou rapidamente o Ryan.

—Calma! - gargalhou o Peeta e todos seguimos exceto eles os dois.

—Bem, já que vieste cá para conhecer os teus primos aproveitas e conheces outra nova. Olá, sou a Katniss! - cumprimentei-o com um beijo no rosto.

—Eu sei, a Prim falou-me muito bem acerca de ti! Sou o Ryan! - ele era um amor, cada vez me pergunto mais como é que a minha sogra pode ser daquela família.

—Eu sei, a Prim também me falou muito bem de ti! - rebati e ele e ela coraram.

—KATNISS! - resmungou a Prim.

—Eles são lindos, como é que se chamam? - indagou a Annie completamente babada por eles.

—Ela é a Riley e ele é o Josh! - respondeu o Peeta.

—Que lindos nomes! - elogiou a Annie. - Foi claramente uma ótima escolha.

—Obrigada - agradecemos eu e o Peeta.

—Bem, eu lamento mas tenho de ir. Esta é a semana dos testes! - despediu-se a Annie.

—Eu por mim também ficava, mas como tu sabes eu estou encravado com Matemática, vou estudar com ela, talvez ajude! - despediu-se também o Finn.

—Não faz mal, mas tenham cuidado com o estudo, não quero sobrinhos agora Finn, e duvido que vocês queiram casar e vir aqui parar, viver neste inferno que é não dormir bem! - brincou o Peeta.

—Vocês nem me falem disso, eu preferia mil vezes estar em casa fechada a estudar que estar aqui! - resmunguei.

—Tu sabes que não ias estudar! - desmentiu-me o Finn fazendo todos rirem e saindo com a Annie em seguida.

—Eu adorava ficar mais, mas tenho treino, só passei aqui para dizer um olá! - despediu-se também o Ryan.

—Eu marquei de sair com a Rue, desculpem! - despediu-se também a Prim e nós assentimos, em seguida ambos saíram.

—Já reparaste como a nossa vida está? Todos saem, dançam, passeiam e fazem o que lhes apetece, enquanto nós ficamos aqui com dois seres nos braços sem fazer absolutamente nada! - observei.

—Tens razão, tristemente. Nós vamos ter de ficar assim para sempre, não há volta a dar! - concordou. - Quando é que sais?

—Amanhã de manhã - informei.

—Eu venho buscar-te então - definiu e beijou-me. Trocamos umas carícias durante uns minutinhos porque apareceu uma pessoa que era a que faltava para o boletim de visitas estar completo.

—A sério? Não é altura para isso! Têm crianças neste quarto! - reclamou e logo percebemos quem era sem nem sequer precisarmos de nos virar.

—Então maninha, só faltavas tu! - exclamou o Peeta com um sorriso no rosto.

—Não me venhas cobrar, ok? Tive aulas e mal saí recebi uma chamada do Cato a dizer para vir acalmar a Clove que estava a ter um ataque de ansiedade! - contou ela mais séria.

—Que se passa com a Clove? - perguntei preocupada.

—Aparentemente está com medo do parto, tem medo de não correr tudo bem! - revelou e eu senti-me culpada.

—A culpa é minha, é por minha causa que ela está assim! - confessei.

—Não, eu é que sou o culpado! Eu nunca deveria ter-lhes ligado, assim eles não veriam o que foi o teu parto e ela não ficaria assustada! - culpabilizou-se o Peeta.

—Vocês realmente, não são os culpados de todos os males do mundo! Se a Clove está nervosa o vosso dever é confortá-la e dizer que tudo correrá bem e não ficarem aí a lamentar-se e a culpabilizar-vos por isto! Ela já está bem, mas vai precisar de apoio da vossa parte, que são as pessoas que compreendem perfeitamente tudo pelo que ela e o Cato estão a passar ou por passar! - repreendeu-nos a Johanna. - Mas agora quero saber dos meus lindos sobrinhos, a mãe ligou-me a fazer um escândalo e todas as queixinhas do mundo sobre a KitKat, dramas dela!

—Estão aqui, queres pegar em algum deles? - perguntou o Peeta.

—Pode ser, quero ver o meu sobrinho e depois logo pego na minha sobrinha! - decidiu e nós rimos.

—E já agora, faz lá um relatório completo sobre as queixinhas que ela fez sobre mim! - pedi e ela riu.

—Até fazia, mas não ouvi nem metade! - contou e nós rimos. - Mas queixou-se que tinhas sido arrogante, que ias ser má mãe e que não querias amamentar, o resto não ouvi nada, só fiquei com esta ideia.

—Arrogante foi ela! Tem a mania que é mais que eu! - acusei chateada e indignada.

—Não te preocupes, ela é assim com toda a gente, quando o nosso irmão mais velho casou e teve uma filha foi um desastre! - revelou e eu surpreendi-me, eu não sabia que eles tinham um irmão mais velho!

—Que irmão é esse que eu desconhecia completamente a existência? - perguntei.

—Ah, o Gale. Ele tem 25 anos, afastou-se da família por causa da mãe, que tratava muito mal a Madge, a mulher dele e estava sempre a dizer que ela não sabia cuidar da Sophie - contou-me o Peeta. - Ele ligou-me algumas vezes durante a tua gravidez, eu contei-lhe numa das chamadas que ele me fez.

—Já alguém foi capaz de o avisar que os sobrinhos nasceram? - questionei intrigada, se fosse comigo eu não iria gostar.

—Não, ele não mora por aqui, está a morar no Canadá - contestou a Johanna.

—Então avisem-no, vocês também iriam gostar de saber se fosse com vocês! - meio que ordenei.

—Não sei... achas que ele viria ver-nos? - indagou.

—Não importa se viria ou não, ele merece saber, esse é o ponto! Liga-lhe! - incentivei e ele assim o fez.

Chamada on

—Olá! Gale!

—Olá Peeta! Então, já não me ligavas há imenso tempo! - falou feliz.

—Como é que a minha cunhadinha favorita e a minha sobrinha favorita estão?

—Bem, tens de ver a Sophie, está enorme! A Madge está com muitas saudades de casa, estamos a pensar em ir aí visitar-te a ti, à Johanna e a assim sempre conheço a minha cunhada! - contou entusiasmado.

—É mesmo sobre isso que te quero falar. Os meus filhos nasceram! - revelou.

—Mas isso é ótimo! Eles não deviam nascer no próximo vez? - questionou animado.

—Sim, mas nasceram ontem pelo final da tarde - informou.

—Então agora sim, vou apanhar o próximo voo para aí! Deixa ver quando é! Espera aí! - anunciou contente. - Amanhã ao 12:00 estamos aí!

—Muito bem, eu vou buscar-vos ao aeroporto - combinou o Peeta.

—Claro mano, mal posso esperar por conhecer a tua mulher e os teus filhos! - confessou.

—Então põe-te na cama para não te queixares mais tarde! - riem ambos.

—Até amanhã! - despedem-se ao mesmo tempo.

 

Chamada off

 

—Vês? O Gale vem e já estava a pensar em vir! - disse eu com a cara de "Eu avisei-te".

—Conhecendo o Gale como conheço ele está a esconder-nos qualquer coisa! - ele estava com uma cara curiosa.

—Estás a pensar no mesmo que eu? - indagou a Johanna rindo.

—Se estás a pensar que ele vem para aqui viver porque o transferiram para aqui, sim, estamos a pensar no mesmo! - exclamou.

—Exato, vamos ter os maninhos Mellark todos juntos, esta família está mais completa que nunca! - afirmou a Johanna com a Riley ao colo enquanto eu dou o biberão ao Josh. - Amanhã voltas para casa, não é verdade?

—Sim, vou voltar finalmente para minha casinha e não vou ter de ficar neste quarto sozinha a tomar conta de duas pestes! - assenti deixando uma reclamação escapar.

—Estava eu à espera de te ver mais contente e afinal estás mais respondona, mais chateada e mais mal-humorada! Boa sorte maninho!

—É só uma fase, vais ver que passa! - acariciou-me ele os cabelos fazendo-me relaxar, ele sabia que aquele ponto era o meu ponto fraco relativamente à raiva, eu amansava logo. - E sorte já eu tenho em tê-la ao meu lado, se fossem aquelas Barbies com quem eu andava esporadicamente e trocava também como troco de t-shirt, estariam aqui a fazer um drama e a serem chatas, a essas a mãe comia-as vivas pela certa!

—Muito bonita essa fala, mas eu tenho de ir embora porque já está tarde para hospitais, tenho umas festas para ir. Se a mãe perguntar estive aqui a fazer companhia à Katniss! - esta Johanna não tem remédio. - E não irmãozinho, eu já sei o que vais dizer, não vais ter outro sobrinho ou sobrinha, não da minha parte pelo menos.

—Nós encobrimos-te, vai lá a essas festas e vê se pegas uns rapazes giros! - ri eu e o Peeta olhou para mim com um olhar reprovador. - Não fiques assim, eu já faço parte dos velhos, já não saio à noite para poderes ter esse problema.

—Acho bem! Juízo Johanna! - falou.

—Sabes que não tenho! - piscou-lhe o olho antes de sair e eu ri com a cena, nomeadamente com a cara que ele me fez.

—Deixa a tua querida e inocente irmãzinha em paz, Mellark! - velhos tempos a ser recordados por ambos.

—Só se conseguires distrair-me um bocadinho, Mellark! - pois, esqueci-me que ele já não me chama Everdeen porque ganhei o sobrenome dele.

—Antes tinha mais graça, agora perdeu-a toda! - resmunguei de braços cruzados.

—Eu sei, antes jogávamos aqueles joguinhos de sedução feitos com provocações por ambas as partes e eu chamava-te Everdeen - concordou.

—Os joguinhos ainda podemos jogar daqui a uns tempos, quando eu recuperar da cesariana e despacharmos os bebés para casa dos meus pais ou dos teus - mordi o lábio inferior.

—Então mal posso esperar que recuperes! - mordeu também o lábio inferior, porém não o dele, e sim o meu, o que me fez estremecer. - E pelo que vejo tu também mal podes esperar! - naquele momento beijei-o, mas tive separar o beijo porque estamos num hospital com bebés ao lado, eu estou a recuperar, e uma cama articulada não me parece de todo um bom lugar para estas coisas, além de que alguém pode entrar, e se eu fosse essa pessoa em questão, não ia gostar lá muito de ver a cena.

Adormeci abraçada a ele, porém uma hora depois, coisa assim começo a ouvir inicialmente um choro, e logo a seguir esse choro duplicou. Será possível? Ainda por cima o Peeta já não está aqui! Fui ver e a chupeta tinha caído à Riley, voltei a pôr-lha na boca e ela sossegou adormecendo em seguida assim como o Josh, a sério? Sempre que um chorar o outro também vai chorar?

E a noite foi passada assim, por volta das 07:00 da manhã vieram trazer-me o pequeno-almoço, comi, preparei o biberão e dei-o às crianças. Entretanto deixaram-me ir tomar um banho e vestir uma roupa minha, o que já não era sem tempo porque já estava farta desta camisa de dormir e precisava sair daquele quarto antes que explodisse de vez. Tenho os miolos feitos em água por culpa daquelas duas criaturas que se têm vindo a mostrar completamente insuportáveis!

Felizmente o Peeta chegou rápido e veio em meu socorro, a pior parte foi chegar ao apartamento e ver que a minha sogra estava por lá por casa.

—Ai Katniss, como está? - veio cumprimentar-me.

—Melhor agora que estou em casa - sorri fraco a tentar ser paciente com ela.

—Bem, podem deixar a Riley e o Josh com a Hazelle. Eu aproveito e vou com ela e ajudo em qualquer coisinha - saiu da sala e eu deitei-me no sofá coberta com uma manta e com o Peeta ao meu lado.

—Ainda mal chegue e ela já está aqui enfiada! - reclamei.

—Eu vou dizer-lhe que não a quero aqui enfiada em casa todo o dia, acho que isto foi só por hoje, para orientar as coisas, fica descansada! - disse acariciando-me a perna.

—Ela sabe do teu irmão? - interroguei.

—Não, acho que ele não lhe deve ter dito. Na verdade o Gale não é mesmo nosso irmão, aliás, foi por isso que ele foi embora e renegou a família Mellark, ele é um Hawthorne, a minha família adotou-o - revelou.

—Hawthorne? O Gale é meu primo! A minha falecida tia casou-se com um Hawthorne e eles tiveram filhos, porém apenas um deles, o mais velho sobreviveu ao acidente de carro. O Gale e eu somos primos! - exclamei encaixando as peças.

—Nunca pensei! Realmente vocês são parecidos, mas nunca pensei que fossem mesmo da mesma família! - exclamou.

—Ele deve reconhecer o sobrenome Everdeen. Contamos-lhe? - pergunto.

—Não sei, como é que achas que ele reagiria? - era importante pensar na reação dele.

—Não faço a mínima ideia! - foi sincero. - Mas deixa isso de lado. Queres comer qualquer coisa?

—Não me apetece, obrigada - dispensei com um sorriso forçado e ficamos a olhar um para o outro.

—Bem, a Hazelle tem imenso jeito com crianças! Eles já estão a dormir e eu vou indo. Não se esqueçam que eles têm de comer daqui a duas horas, se chorarem antes vejam se têm a fralda suja, podem ser cólicas, nesse caso devem dar-lhes as gotas que estão na bolsa lateral do saco, para isso têm colocar algumas gostas na chupeta. Ah, e as melhoras à Katniss, espero que comece a fazer mais coisas, eu compreendo que esteja a recuperar de uma cesariana mas os seus filhos precisam de si! - deu-nos o manual de "Como ser os pais perfeitos segundo Claire Mellark" completo e ainda me veio azucrinar a cabeça, odeio-a!

—Sim, obrigada mãe! - agradeceu ele aparentemente farto e cansado de a ter de aturar.

—De nada, querido. Eu vou indo - despediu-se dele com um beijo no rosto. - Adeus Katniss e as melhoras - deu-me o mesmo tratamento e foi embora, mal ela fechou a porta suspirei de alívio.

—A tua mãe adora-me - disse irónica.

—Tu também não contribuis lá muito para ela gostar de ti, se pensarmos bem... - agora tomou o partido dela?

—O quê? O que é que eu fiz? - estava incrédula.

—É mais o que tu não fizeste. O facto de não quereres amamentar, por exemplo, ela não gosta disso. Além do mais, não estás com um feitio muito fácil, não estou a contrariar-te ou a julgar-te, estou só a dizer-te o que ela não gosta em ti - não parecia nada, ele parecia estar em acordo com ela.

—Tu sabes perfeitamente que dar leite a uma criança é complicado, quanto mais a duas! E quanto ao mau humor, como é que queres que esteja de bom humor se não dormi nada e ainda por cima quando consigo dormir um bocado, acordo e vejo-a a ela que faz questão de me criticar! - justifiquei-me.

—Eu já te disse que te apoio, estás certa, e mesmo que estivesses errada, eu estaria do teu lado! A minha mãe tem de se acostumar a arranjar uma vida em vez de ficar constantemente a chatear-me a cabeça a mim, a ti e à Johanna - é bom saber que ele está do meu lado, por isso sorrio com isso. Tudo perfeitinho, mas ouvem-se dois choros a partir daqueles walkie tockies para sabermos se o bebé está a chorar.

—Já?! - reclamei indo para me levantar.

—Deixa estar, eu vou lá ver! - voluntariou-se e foi lá. Recebi uma mensagem do Finnick, é verdade hoje é sábado.

"-Posso ir aí?"

"-Claro, podes aparecer por aqui, aproveitas e fazes-me companhia"

"-O Peeta não está em casa?"

"-Está, mas vai sair."

"-Estou a ir para aí, até já :)"

"-Até já :)"

 

—Já está, eu vou ao supermercado, a despensa está quase vazia, aproveito e compro mais fraldas e chupetas e essas coisas! - avisou.

—Está bem - assenti e ele despediu-se de mim indo-se embora.

Poucos minutos depois de ele sair a campainha tocou e a Hazelle insistiu em ir abrir a porta porque eu precisava de repouso.

—Então? Como está a minha ex-grávida favorita? - brincou ele e eu levantei a mão.

—Aqui! Senta-te! - convidei-o e ele assim o fez.

—Como vai a recuperação KitKat? - indagou.

—Mal! Acreditas que não dormi quase nada esta noite? E que quando cheguei cá a casa tinha a minha "querida e amada" sogra a tomar o controlo de tudo? Ah, finalmente antes de ir embora passou-me o manual completo sobre "Como ser boa mãe segundo Claire Mellark" e ainda me chateou a cabeça a dizer que eu não faço nada! O Mellark ainda me vez dizer que é porque eu não amamento, mas é óbvio que se dar a uma criança de mamar é complicado, quanto mais a duas! Além disso ainda referiu o meu mau humor, mas como é que querem que eu fique de bom humor se não durmo quase nada porque tenho de aturar estas pestes que choram por tudo e por nada, quando um chora, mesmo que o outro não tenha porque chorar acompanha. Juntando a esta equação maravilhosa o facto de mal chegar a MINHA casa encontro a chata da minha sogra a controlar tudo e querer controlar-me a mim também! - despejei tudo o que tinha a dizer.

—Wow, os teus dias não estão a ser fáceis! - mal ele acaba de dizer isto eles começam a chorar!

—Não! - reclamo olhando para o relógio. - Horas de comer, ajudas-me?

—Claro - afirmou entusiasmado.

Levantei-me com cuidado e fui preparar os biberões com a ajuda do Finn, levo os bebés para o meu quarto e dou o biberão à Riley enquanto ele dá ao Josh.

—Eles são tão queridos! - exclamou ele entusiasmado.

—Se quiseres eu dou-tos! Tu e a Annie seriam ótimos pais! - meio que os ofereci de boa vontade.

—Esperava ver-te mais animada - confessou.

—Isso é porque tu não sabes o que são os meus dias... Apesar de o Peeta ajudar e estar presente, eu tenho de levar com a minha mãe e com a mãe dele, tenho de levar com estes choros permanentemente, não tenho descanso absolutamente nenhum! - contei.

—Ainda só passaram 3 dias - falou ele.

—Não é bem assim Finn, só passaram 8 meses e 3 dias! - corrigi-o.

—Vais ver que as coisas vão melhorar e tu podes contar comigo sempre que precisares. Quando precisares de alguém para tomar conta deles, põe-me na lista, eu já fui aprendendo algumas coisa contigo! - ele realmente não tem noção.

—Tenho saudades de ir dançar, de sair com vocês, tenho saudades de beber, de faltar às aulas, de quando nós nos metíamos em problemas e dávamos uma dor de cabeça ao Snow... - estava a sentir tanta nostalgia ao lembrar-me daquilo. - Agora lembrei-me do início do problema, daqueles beijos que eu e o Mellark fomos apanhados a dar na casa de banho pela contínua... E do dia em que perdi a virgindade também com ele, devia era ter ficado virgem! Olha para ti, pelo que me contaste deste uns beijinhos e pronto, aproveitas-te muito e não engravidaste ninguém!

—Pois... eu menti-te - arregalei os olhos, ele engravidou alguém? - Eu não sou virgem desde que tenho 14 anos...

—E não me contas-te porquê? - questionei espantada.

—Porque tu ias passar-te! - admitiu e ele tinha razão.

—E como foi? - surpreendi-o.

—Foi estranho, foi inconsciente, só aconteceu! E como foi a tua primeira vez? - eu saio sempre a perder.

—Foi involuntária e pelos vistos eficaz, não deu um, mas dois! - brinquei sem qualquer vontade.

—É, o Mellark é competente, pelos vistos! - gozou ele e nós rimos.

—Ele foi buscar o irmão ao aeroporto - contei.

—Ele tem irmão? - indagou espantado.

—Sim, o Gale, 25 anos, casado e tem uma filha de 3 anos - informei-o.

—Isto sim, é uma novidade! - declarou.

—Eles vêm cá visitar-nos hoje. Ele vive no Canadá, mas veio cá para conhecer-me a mim e à Riley e ao Josh - revelei mais animada.

—E tu estás ansiosa para conhecê-los? - eu acho que aquilo era mais uma afirmação que uma pergunta, mas pronto.

—Claro! - respondi.

—Sendo assim, eu vou indo porque está quase na hora do almoço, xau KitKat - beijou-me o rosto e eu acompanhei-o à porta.

—Xau maninho, cumprimentos à Annie! - despedi-me e fechei a porta.

Quando deu 12:30 tocaram à campainha e eu  fui abri-la revelando um Peeta cheio de sacos das compras, um rapaz alto, moreno e de olhos cinzentos a sorrir, uma mulher loira de olhos verdes e uma menina loira de olhos cinzentos.

—Olá, trouxeste o supermercado todo atrás de ti? - ri animada e dei-lhes passagem para entrar. - Estejam à vontade!

—Obrigada. Olá, eu sou o Gale o irmão mais velho do Peeta, e estas são as mulheres da minha vida, a Madge, a minha esposa, e a Sophie, a minha filha - apresentou-se.

—Olá, eu sou a Katniss! Prazer! - apresentei-me e dei um beijo no rosto de cada um.

—Katniss... Everdeen? - ele sabia.

—Sim, Gale... Hawthorne? - mostrei também já saber.

—Sim, com que então já éramos família antes... - ambiente tenso.

—É, parece que sim! - afirmei. - Querem ver os bebés?

—Sim, eu quero ver os primos! - pediu a pequenina.

—Então eu vou buscá-los com o Peeta - sorri-lhe. Fui com ele e aproveitei para lhe contar que o Gale sabia. Pegamos neles e levamo-los para a sala.

—Que coisas fofinhas! - falou a Madge toda contente pegando na menina e o Gale pegou no menino. - Como se chamam?

—Ela é a Riley e ele é o Josh - respondi.

—Como é que está a ser? - interrogou o Gale.

—Não muito. Se um chora, mesmo que o outro não tenha nada também chora! - reclamei e eles riram.

—Quem olha para eles ninguém diria que são gémeos, tão diferentes... - deslumbrou-se a Madge.

—A vossa filha também é linda, um autêntico raio de sol! - afirmei sentando-a no meu colo.

—Bem, vamos comer e deixarmo-nos de bebés? - sugeriu o Peeta e rapidamente deram-nos os bebés de volta, pousamo-los no berço dos respetivos quartos. Voltamos para a sala e eles já estavam sentados à mesa.

—E agora, que pensam fazer? - questionaram.

—Eu mal posso esperar por voltar à escola e sair com as minhas amigas... - respondi a imaginar.

—E eu mal posso esperar por poder voltar aos treinos, sair com os rapazes, ir para os copos... - nós estávamos a descrever a nossa vida em solteiros.

—Parece-me que já sei como é que isso aconteceu... - errada a conclusão, Gale.

—Não, nem te passa Gale. O namorado da mãe dela, que nos dava aulas de tudo e mais alguma coisa obrigou-nos a fazer um trabalho em dupla, ela foi lá a casa e pronto, foi aí! - explicou ele.

—Irónico, baldávamo-nos às aulas imensas vezes e os nossos filhos foram feitos durante uma hora em que nos encontramos por causa de trabalhos da escola - falei.

—Vocês realmente... - abanou a cabeça reprovando-nos o Gale. - Podiam ter-se protegido, nomeadamente estou a falar para o Peeta!

—Já ouvimos o raspanete de imensa gente, portanto poupa-nos porque o mal já está feito! - quase que implorei e ele riu juntamente com a Madge. Neste momento os bebés começam a chorar de novo. - Outra vez?

—Eu vou lá desta vez - ofereceu-se o Peeta. Ele tinham fralda suja, portanto o Peeta foi lá à sala de novo. - Katniss... eles tinham a fralda suja e eu troquei a do Josh, vens tu trocar a da Riley?

—A sério, Peeta? Não me digas que não lhe vais trocar a fralda só porque ela é uma rapariga! - todos rimos, exceto ele. - Vê se cresces, qual é o problema? Ela não tem nada que tu ainda não tenhas visto!

—Pronto, mas eu vou cobrar! - olhou-me com um sorriso malicioso.

—Pena eu não pagar e ficar a dever... - ele saiu todo emburrado e nós rimos.

—Quando é que eu vou brincar com os primos? - perguntou-me a Sophie.

—Quando eles forem maiores vais poder brincar muito com eles! - respondi com um sorriso.

—Vai demorar muito? - ela é tão fofa!

—Não, quando reparares eles já vão estar grandes! - contestei e ela ficou toda contente. Mais tarde o Peeta juntou-se a nós. - Custou muito?

—Engraçadinha, foi uma vingança pelos oito meses e os dias do hospital? - interrogou sentando-se ao meu lado no sofá.

—Talvez - eu não tinha pensado nas coisas nesse ponto de vista.

—Bem, nós queríamos contar-vos uma coisa. Vamos mudar-nos para aqui! - anunciaram.

—Nós já calculávamos, ontem a Johanna e eu dissemos isso mesmo acerca a vossa visita tão repentina.

—A Johanna, há tanto tempo que não a vejo! Saí daqui ela era pequenina! - exclamou aparentando lembrar-se dela.

—Se a visses agora nem a reconhecerias - nesse momento tocam à campainha e ele levanta-se para atender. - Aproveitas e podes vê-la agora!

—Johanna?! - ele estava mesmo surpreendido.

—Gale! - abraçou-o e ele retribuiu. - Ok, já podes largar, já é demais!

—O que aconteceu ao cabelo loirinho? E às trancinhas? E aos sapatinhos envernizados? E aos vestidos às florzinhas? E aos lacinhos? - perguntou olhando-a de cima abaixo.

—Pintei e cortei o cabelo, substituí-os por ténis ou sapatos de salto alto de agulha, substituí-os por jeans, shorts, t-shirts, tops, e vestidos curtos e justos para a noite. Os lacinhos já não são precisos! Resumindo e concluindo, eu cresci! - respondeu, eu nunca imaginei a Johanna assim.

—Pois cresceste! Quantos anos? - questionou.

—15 e tu? Uns 60, não? - provocou.

—Engraçadinha, 25! - a Johanna era mesmo assim, que se podia fazer a respeito? - Já agora, esta é a Madge, não sei se te lembras e aqui temos a mini-Johanna com os olhos do teu maninho mais velho de todos.

—Olá cunhadinha! Olá mini-Johanna, vamos divertir-nos muito agora que vens para aqui viver! - ajoelhou-se para ficar do tamanho dela.

—Olá! O meu nome é Sophie, tia Johanna! - "corrigiu" e nós rimos.

—Tudo bem Sophie, mas faz-me o favor de não me tratares por tia, eu só tenho 15 anos, não me faças sentir velha! Chama-me Johanna ou Jo!

—Tudo bem Jo! - concordou e abraçou-a.

—Há qualquer coisa que se coma por aqui? É que não me apetece ir a casa, aturar a mãe com os dramas dela e ouvir o pai a dizer para ter paciência! - eu poderia negar ou protestar, mas viver na mesma casa que a minha sogra deve ser horrível.

—Claro, acredita que eu compreendo perfeitamente! Hoje mal cheguei do hospital já a tinha cá em casa a controlar tudo, ainda pior, ela criticou-me e repreendeu-me! Além de me ter dado aquele manual "Como ser bons pais segundo Claire Mellark" - resmunguei e ela riu.

—Se fosse comigo bem levava para tabaco, mas não, o Peeta tem de ser um bom menino e não dizer nada à mamã, não é? - fez troça.

—Eu vou ter de concordar com a Johanna, ela não pode entrar por aqui e meter-se assim na vossa vida, na vossa privacidade! - o Gale também apoiou a causa da Johanna.

—Aquela mulher é um inferno! - dissemos eu e a Madge ao mesmo tempo.

Mais tarde eles foram embora, o Peeta ficou de começar a ajudar o Gale na decoração e nos móveis e essas coisas. O resto do dia foi o mesmo de sempre, choros a toda a hora, que inferno!

Quando chegou a hora de dormir caí na cama e adormeci logo, havia que aproveitar enquanto as pestes não me chateiam a cabeça e não me moem o juízo que me resta. Finalmente, as consequências da irresponsabilidade estão a fazer-se sentir, e eu não estou a gostar nada. Prometo nunca mais ser irresponsável na minha vida, além de não poder, as consequências são demasiado insuportáveis e infernais!

 

Continua...


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Notas finais do capítulo

E pronto, agora é oficial, as consequências da irresponsabilidade estão finalmente a ser sentidas de verdade! Se a Katniss pensar que era melhor ter abortado, juro por tudo que eu não a censuro nada!



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