Eram quase dez da noite quando Natália estava com seu irmãozinho, James, em seu colo, tentando fazê-lo adormecer com uma história de ninar, e dessa vez era a preferida dele: Peter Pan. O menino adorava quando a irmã mais velha contava sobre as sereias e sobre os piratas, mas principalmente sobre o garoto que se recusava á crescer, um garoto que tanto Natália (secretamente) quando James queriam conhecer.

As janelas estavam semi abertas quando a mãe apareceu no quarto, pondo os dois filhos na cama e lhes dando um beijo de boa noite após fechar as janela e certificar-se de que nada atrapalharia os sonhos de seus dois anjinhos. Apagou as luzes antes de fechar a porta atrás de si após dar boa-noite aos dois e seus passos foram ficando menos barulhentos conforme ela se afastava do cômodo.

Natália sonhou que estava voando acima das nuvens, observando toda a Londres do alto e se admirando com o som das doze badaladas do Big Ben, o vento batendo em seu rosto e na sua camisola branca e ela sentia como se fosse um pássaro livre para poder voar e cantar por onde passasse. De repente, Natália começou á se desequilibrar e só então percebeu que alguém estava jogando pedras nela para que ela caísse, mas estranhamente não conseguia identificar de onde as pedras vinham, até que se desequilibrou e começou á cair e a cair para um abismo sem fundo.

Natália acordou sobressaltada, olhou para o relógio em cima da mesa de cabeceira,que marcava 2:34 da manhã. Então, ouviu o ruído de algo batendo na janela constantemente, quando se aproximou para ver o que era,  a garota se deparara com um garoto que aparentava ter a mesma idade que ela, ele sorria ao mesmo tempo em que estendia a mão como se fosse para a menina segurá-la. Natália abriu a janela e o fitou, meio confusa.

— Mas quem é você? - Perguntou, olhando para os pés dele e só então percebendo que ele flutuava no ar, ou melhor, aquele garoto podia voar! Mas era quase impossível ele ser quem Natália pensava, todavia, o rapaz era o próprio Peter Pan, pairando bem ali na frente de Natália na janela do segundo andar do imenso casarão.

— Eu sei o que você quer. E posso te dar isso agora mesmo. - Peter se aproximou da janela e estendeu novamente a mão para Natália. - Você quer vir comigo para a Terra do Nunca?

Hesitante, mas deleitada com a ideia de poder finalmente conhecer a famosa Terra do Nunca com seus próprios olhos, ela pegou na mão dele. Olhou para trás, para a cama de seu irmãozinho, mandou um beijo para ele e disse:

— Tchau James. - E voltando seu olhar para Peter Pan. - Sim Peter Pan, eu aceito, eu vou para a Terra do Nunca com você.

E assim, os dois começaram á voar sob céu azul escuro de uma Londres adormecida rumo á terra dos sonhos de Natália, ou era isso o que ela pensava...