A Terra e o Mar - o encontro de dois mundos escrita por Lu Rosa


Capítulo 33
Trinta e Dois


Notas iniciais do capítulo

Na quietude da floresta, sob a luz da lua, o amor entre Thomas e Leonor floresce.



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Thomas avistou Agoirá sentado em um rochedo e juntou-se a ele.

            - Moça Leonor bem?

            - Sim. - foi a resposta monossilábica de Thomas.

            Agoirá o observou por um momento e voltou sua atenção a mata à sua frente.

            - E moço de longe bem?

            - Hã? Sim, eu estou bem também, obrigado. A dor de cabeça passou. - Thomas sentou-se ao lado do indígena.

            - Moço de longe não parece bem.

            - Por que, posso perguntar?

            - Olhos dizem que moço de longe triste.

            - Ah é? Pois eu não estou triste coisa nenhuma.

            - Não? - Agoirá virou-se para ele. Os olhos escuros do índio pareciam desnudar a alma do inglês. Thomas lhe sustentou o olhar por alguns segundos e depois desviou.

            - Perdi meu navio, meus companheiros por ela, índio. Não sei se conseguirei voltar para a Inglaterra algum dia. Qualquer bom súdito dessa colônia pode me enfiar uma bala no peito e estará prestando um bom serviço. Fiquei aqui mesmo sabendo que era errado. Ela é uma dama e eu o que sou? Nem um pirata mais. Sou um João ninguém que nada pode oferecer a ela. - Thomas voltou a cabeça na direção onde Leonor estava - A não ser o meu amor eterno.

            - Sim. Moço de longe mudou sua vida por moça Leonor, mas moça Leonor não pode mudar vida por moço de longe. É isso?

            - É. Ela já está com a vida traçada. Casamento marcado. Não posso exigir que ela trocasse tudo isso por uma vida errante. O que aconteceu hoje provou que eu só atrapalhei a vida de Leonor. Quisera eu nunca tivesse vindo para cá.

            - Moço de longe covarde?

            - É claro que não! Posso provar isso a você agora! - Thomas levantou-se exaltado.

            Agoirá não moveu um músculo.

            - Então prova. Não para Agoirá, mas para a moça Leonor. Amor não pode ser medido, apenas sentido. Índios sabem disso desde curumim. Amar como respirar.  E isso, moço de longe sente por moça Leonor. E moça Leonor também sente por moço de longe. Senão não tinha arriscado vida no fogo em engenho. Moça Leonor vive por moço de longe. Moço de longe vive por moça Leonor?

            Thomas ficou algum tempo em silencio assimilando as palavras do índio. Nenhuma mulher em toda a sua vida haveria de pegar em armas, enfrentar selvagens. A única mulher corajosa o suficiente estava ali ao alcance de suas mãos. A mulher que lhe amava a ponto de sacrificar sua honra, seu nome e sua vida por ele. A única mulher com quem ele poderia encontrar paz.

            Ele levantou-se e com passos rápidos voltou para onde ela estava. Apenas para ver a capa sobre qual ela se deitara largada sobre a relva. Pegou a capa e começou a andar à procura dela.

            Alguns metros à frente ele divisou um brilho claro na mata. Seria ela? Ele andou até uma parte afastada da lagoa. Uma pequena queda d’água o alimentava e a água corria para um pequeno regato mais à frente.

            Na margem ele viu os sapatos e o vestido de Leonor. Súbito, ela emergiu das águas como uma deusa aquática. A água da pequena queda caia sobre ela envolvendo-a como um véu.  Vestia suas roupas de baixo que, coladas ao corpo esguio, teve sobre ele um efeito mais erótico do que se ela estivesse nua.

            Os cabelos molhados seguiam reto pelas costas até abaixo da linha da cintura. O camisão de renda que ela usava colava-se ao corpo como uma segunda pele e ela não tinha consciência da presença dele ali. Nadava totalmente assimilada à natureza à sua volta.

            De repente ela submergiu e ele ficou esperando que ela retornasse à superfície. Sua demora em voltar o assustou e Thomas, tirando o casaco e as botas, pulou na lagoa procurando-a desesperadamente.

            Ele a viu debaixo d’água e a segurou firme. Assustada, Leonor debateu-se nos braços dele enquanto Thomas a levava para perto de uma pedra.

            - O que acha que está fazendo? - perguntou Leonor.

            - Pensei que você estava se afogando. - respondeu ele enquanto lutava para recuperar o fôlego.

            - Me afogando?! Pois saiba vosmecê que nado nessas águas desde criança. Nunca que me afogaria em águas tão rasas.

            Ele queria tê-la em seus braços, segurá-la contra o seu corpo para convencer-se definitivamente que Leonor estava ali, viva.

            O inglês olhou para ela. O escuro da pedra fazia com que o rosto de Leonor destacasse como nunca. Os seios subiam e desciam com a respiração arfante, e ele ainda a segurava pela cintura, pois se dava altura para ele, o mesmo não acontecia com ela que era alguns centímetros mais baixa.

            - Ah meu Deus! - e Thomas colou os lábios aos dela. Ninguém o impediria de continuar. Somente Leonor teria esse poder. Os lábios dela molhados e frescos pela água eram por demais saborosos.

            Leonor sentiu o corpo dele pressionando-a contra a pedra e suas pernas moviam-se na água. Os lábios dele contra os seus eram quentes assim como as mãos que percorriam seu corpo por cima da camisa intima que usava.

            Ele sentia as pernas dela batendo contra as suas e descendo as mãos, Thomas a segurou pelas coxas, puxando-a para si. O movimento fez com que ela enroscasse as pernas em torno da cintura dele, tornando o contato entre eles mais íntimo.

            Leonor arfou ao senti-lo tão próximo. E Thomas sentiu sua excitação crescer a cada minuto que passava ali, tão perto dela, beijando-a sem parar. Mas sabia que deveria ser comedido em seus atos para não a assustar, já que Leonor era uma donzela inocente.

            - Thomas, eu não... - ela murmurou contra os lábios dele. - Eu não sei o que está acontecendo comigo.

            - Como você está se sentindo, minha amada?

            - Sentindo-me quente como se estivesse com febre, trêmula e com o coração aos saltos.

            - Saiba que eu me sinto exatamente assim também.

            - Mas... O amor também é isso? Essa chama que me queima?

            - Sim. E se você me permitir, eu a tomarei em meus braços e a tornarei minha. - ele deslizou os lábios pelo pescoço dela e ela suspirou.

            - Mas eu já lhe pertenço, meu amor. Nós até já nos beijamos.

            Suspirando, Thomas a tomou nos braços e a levou até a margem onde estava a capa dela e seu casaco. Gentilmente ele a depositou na relva e a cobriu com seu casaco para que ela não sentisse frio.

            - Meu amor, escute-me com atenção. - Sentou-se junto dela e começou a lhe acariciar o rosto. - Quando um homem ama muito a uma mulher, como eu a você, ele tem a necessidade de pertencer a ela de corpo e alma. - a ponta de seus dedos percorria do rosto até o pescoço e o ombro e voltando para o rosto numa cadencia suave.

            - E ela de pertencer a ele também. - Leonor sentia as caricias dele como pequenas fagulhas em sua pele.

            - Sim. Mas ele precisa prepara-la para que ela possa recebê-lo.

            - Como?

            - Assim. - Thomas se inclinou e a beijou de leve nos lábios, no nariz e nas bochechas. Depois, moveu-se para trás dela, colando as costas dela ao seu peito e beijou-lhe o lóbulo da orelha direita. Passou-lhe os cabelos para o ombro direito para ter acesso à orelha esquerda e o pescoço.

            - Você sente minhas caricias, minha amada?

            - Sim... Oh Thomas, - ela virou-se para ele. - Como posso ama-lo dessa forma?

            Ele colocou as mãos dela sobre a abertura de sua camisa.

            - Desate os cordões de minha camisa.

            Com a atenção de uma aluna aplicada, Leonor desatou os cordões da camisa dele e o ajudou a tirá-la. Em seguida ele colocou as mãos dela sobre seu peito.

            Nunca que ela havia tocado o tórax nu de um homem. Exceto de seus irmãos quando uma vez ou outra eles se machucavam e ela tinha que fazer curativos neles. O peito de Thomas era largo, com pelos entre os músculos. Os ombros eram musculosos assim como os braços recobertos de longos pelos escuros.

            - Agora, é a minha vez. E eu vou beijá-la e acaricia-la até que você se sinta pronta para me receber.

            - E como eu saberei? - O rubor tomou conta de seu rosto, mas seus olhos brilhavam com a expectativa da descoberta.

            - Você saberá... - Thomas ergueu as mãos e começou a soltar os cordões da camisa que ela usava.

            Logo o corpo dela estava exposto aos seus olhos amorosos. Ele não conteve um suspiro ao ver os ombros arredondados, os braços esguios e os seios firmes e pequenos ao alcance de suas mãos, a curva suave dos quadris e o abdome plano.

            - Linda, minha amada. Você é perfeita. - ele murmurou com voz baixa, em adoração.

            Thomas a puxou para seus braços para que ela sentisse o toque de seus corpos.

            - Beije-me, meu amor. Toque-me. - ele pediu.

            Quando sentiu os lábios dela sobre sua pele, ele inspirou fundo e pediu forças a Deus para ser firme em seu propósito de ser paciente. Mas o toque dos dedos dela em sua pele o estava enlouquecendo.

            Tombando-a em seus braços, ele se inclinou e a beijou nos lábios demoradamente, enquanto as mãos dela tocavam seu tórax. Delicadamente a deitou sobre a capa, estendendo-se ao lado dela.

            Em nenhum momento deixou de olhá-la, de ver cada reação dela. Cada suspiro, cada respiração, tudo era detectado por seu olhar amoroso e atento.

            Após um último beijo, ele abaixou-se sobre os seios dela, beijando-os com a mesma delicadeza para só então começar a provoca-los com a língua.

            Ao senti-lo tocar-lhe dessa forma, Leonor respirou fundo. Meu Deus o que era aquilo, ela pensou sentindo-se flutuar. Suas mãos buscaram os cabelos dele, onde mergulharam. Seu sangue começou a correr mais rápido nas veias e ela sentia uma dor em seu íntimo. Mas não uma dor que a incomodasse, como quando suas regras vinham. Era uma dor como a que ela sentiu quando Thomas a beijou pela primeira vez.

            Instintivamente, ela arqueou o corpo ao encontro da boca dele cada vez mais sequiosa de descobrir-se como mulher.

            Ele voltou a beijá-la na curva suave do pescoço, mas sem deixar de acariciar seu corpo. Sua boca voltou a tocar os seios dela mais uma vez e só então ele passou a beijá-la no abdome plano. Distribuiu beijos por todo ele, arrancando suspiros e gemidos de Leonor.

            Sua excitação era tanta que ele já se sentia dolorido. Mas, mesmo assim, Thomas não procurou apressar em nada seu ato de amor para com ela. Queria que primeiro ela se familiarizasse com o prazer. Tocou-a com a ponta dos dedos em seu recanto mais secreto.

            Leonor sentiu o toque. Abriu os olhos e tentou erguer a cabeça. Mas Thomas já esperava a resistência inicial e capturou-lhe os lábios com paixão. A moça enlaçou-o pelo pescoço puxando-o para si. Enquanto as bocas se tocavam, os dedos dele iam despertando nela um fogo, uma chama incontrolável. Parecia que ambos estavam queimando numa fogueira. A respiração de Leonor foi ficando cada vez mais profunda e ele já a sentia entregue ao prazer.

            Ela não suportou a doce tortura e gritou-lhe o nome para a noite. Ele segurou-lhe firme nos braços, enquanto o corpo dela tremia tomado pelo êxtase. Nada no mundo poderia tê-la preparado para aquilo.

            Antes que ela se acalmasse, ele tornou a torturá-la beijando-lhe os seios, mordiscando lhes levemente enquanto seus dedos a conduziam novamente ao êxtase. Mas, dessa vez, ele retirou o restante de suas roupas e se posicionou entre as pernas dela.

            - Agora, minha amada, eu pertencerei a você.

            Ela a olhou com os olhos brilhantes de paixão e estendeu os braços para que ele se aninhasse em seu regaço.

            Assim ele fez, deslizando para dentro dela, parando ao sentir a doce barreira de sua inocência. Devagar, mas firmemente, ele rompeu a barreira. Leonor deu um pequeno grito de dor e algumas lágrimas escorreram por seus olhos. Thomas as enxugou com beijos, murmurando apaixonadamente.

            - Eu sou seu para sempre, minha amada. - e a beijou demoradamente.

            Como outros antes deles, os dois iniciaram a dança milenar do amor. Movendo-se na cadencia de seus corações, a noite acolheu os gemidos, os suspiros entre os dois no momento sublime do êxtase.

            Bem longe dos dois, em seu recanto, Agoirá sentiu como se o mundo parasse. Seu espírito se alegrou porque a força do amor vencera mais uma vez.

            Thomas ergueu a cabeça para fitar Leonor deitada sobre ele.

            - Minha amada...

            - Sim? - ela o acariciava, brincando com os pelos de seu peito.

            - Você está bem? Eu a machuquei?

            - Não! Em momento nenhum vosmecê magoou-me. Estou maravilhada com tudo que aconteceu. Eu não podia imaginar que o amor fosse assim.

            Ele pegou a mão dela e levou-a aos lábios.

            - O meu amor por você será sempre assim, Leonor. Nunca poderá ou deverá ser de outra maneira.

            - Oh, Thomas... - ela se moveu contra ele, renascendo o desejo.

            Thomas a beijou e se levantou em seguida tomando-a nos braços.

            - O que vai fazer?

            - O que tenho vontade desde que lhe vi nadando nesse lago.

            - Estava me espionando? - Leonor bateu com o punho cerrado nos ombros dele.

            Thomas riu, entrando na água com ela.

            - E era uma visão belíssima. Então eu quero muito ter você nos meus braços aqui. - indicou a lagoa, a queda d’água e tudo ao redor com um gesto de cabeça.

            Leonor se afastou dele, nadando de costas, mas mantendo o olhar fixo nele. Misteriosa como a Mãe d’água, ela flutuou para longe dele. Os braços elevavam-se lânguidos em suas braçadas, nadando ao redor dele, como uma caçadora à espreita.

            Thomas apenas a seguia com os olhos sentindo o desejo de possuí-la aumentando a cada volta.

            Leonor parou a alguns metros dele, aguardando. O único ruído era o barulho da água que caía da queda d’água, que corria no regato. Os dois ficaram se olhando até que Thomas mergulhou, emergindo ao lado dela.

            Eles se abraçaram. Pele contra pele na água fresca. Thomas a acariciou na base da nuca, fazendo com que Leonor se arrepiasse por inteira.

            Com um sorriso matreiro, Leonor submergiu. A lua cheia iluminava tudo agora, alta no céu, como se fosse dia. Debaixo da água os dois enlaçavam-se como dois seres aquáticos mágicos.

            Thomas e Leonor chegaram numa parte da lagoa que era mais rasa, embora ainda estivessem dentro da água. Ele a abraçou pela cintura e ela o enlaçou pelo pescoço.

            O inglês não cansava de admirar sua amada. Leonor era perfeita. Os longos cabelos escuros cobriam o corpo dela como ele vira uma vez uma estátua de mármore em um parque de Londres.

            Leonor percorria as mãos no corpo de seu amado, sentindo a força e a firmeza dos músculos. Ela deitou as mãos no peito dele sentindo as batidas do coração. Tão fortes quanto os dela.

            - Minha amada, eu preciso de você novamente... - ele murmurou próximo ao ouvido dela.

            - Por favor, meu amor. Tome-me novamente. - respondeu ela, virando-se de costas para ele, colando seu corpo contra o dele, sentindo a força de sua masculinidade contra a base de suas costas.

            Thomas não precisou de outro pedido. Levantando-a nos braços, ele a levou de volta à relva, onde se amaram com volúpia.

            Agora Leonor, já consciente dos segredos do amor entre um homem e uma mulher, exigia seu prazer nos braços de Thomas, enlouquecendo-o com carícias e beijos. Deslizava pelo corpo de seu amor tocando-o, beijando-o, mas sem a malícia das mulheres que conheciam a arte do amor carnal.

            O que deixava Thomas encantado, pois sabia que Leonor agia por puro instinto. Nada ela saberia das formas de estimular o prazer de um homem. O amor entre eles era o mais natural possível. Como Adão e Eva no paraíso.

            Quando ele já não aguentava mais, quando sua excitação chegava às raias da loucura, ele moveu o corpo ficando por cima de Leonor.

            - Leonor... Eu preciso de você agora! - ele reclamou seu prêmio, deslizando para dentro do corpo dela. - Agora!

            O prazer explodiu entre os dois, deixando-os ofegantes. As ondas do êxtase percorriam os corpos do casal deixando-os trêmulos.

            Mais tarde, repousando após o amor, Leonor olhou para o céu que começava a clarear.

            - Olhe, meu amor. A noite dá lugar a aurora.

            Ele suspirou contra os cabelos dela.

            - Queria que essa noite durasse para sempre. - a moça declarou.

            - Mas ela irá durar. - Leonor apoiou-se no peito dele para fitá-lo. - Nós iremos voltar para Santos. Eu a entregarei a seu pai e lhe falarei do meu amor por você. - a moça sorriu e beijou o tórax exposto. - Eu aceitarei qualquer desafio, qualquer trabalho para ter você ao meu lado.

            - E D. Constâncio? - ela perguntou estremecendo.

            - Não tema, minha amada. Eu o enfrentarei se for preciso. Enfrento qualquer um por você. - ele a abraçou e ela se aninhou contra o corpo do seu amor esperando a aurora de um novo dia.

 


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Notas finais do capítulo

Tudo o que o nosso casal viveu até este momento foi uma preparação para o grande desafio que viria. Aguardem.



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