Naruto simplesmente não parecia acreditar naquilo que ouvira daquele outro jovem ninja. Era praticamente impossível. Definitivamente, ele não era pai de ninguém, ou pelo menos queria acreditar nisso, afinal, ele era apenas uma criança.

Abriu um sorriso largo no rosto, como se tivesse acabado de ouvir algum tipo de piada.

— Você deve estar... Confuso. – Naruto afirmou – Como é mesmo seu nome?

— Boruto Uzumaki!

— U-Uzumaki? Errm...

— É verdade! Eu e a Sarada... Nós estávamos indo atrás de um suposto bandido, então nos perdemos... Encontramos uma joia estranha na floresta! Tudo ficou escuro, e quando eu percebi acordei aqui! – o que contara era verdade, mas Naruto sequer parecia compreender o que ele tentava dizer.

— Sarada? – questionou.

— Ela é a Uchiha! A garota que está comigo... – murmurou – Aquela que está com a Sakura!

— Ah, entendi! Ela acordou primeiro que você! Pensando bem... Ela também reagiu estranho ao ver a Sakura-chan... – parecia pensativo.

— É claro! Ela é mãe dela! – insistiu – Mas... Que lugar é esse?

— Que lugar é esse? Você usa essa bandana e não sabe?! Nós estamos em Konoha! – Naruto falou rapidamente, encarando o outro.

— Konoha?! Mas... Parece realmente que tudo mudou.

— Realmente, você é muito estranho! – afirmou

— Eu não sou estranho! Você que...

Eles até iriam continuar com aquela discussão, mas pararam com a aproximação de Sakura, Sasuke e Sarada. A kunoichi médica conversava amigavelmente com a morena, e parecia simplesmente nas nuvens ao ouvir que, futuramente, teria uma filha com o Sasuke. E por mais que aquilo pudesse ser mentira, ela queria acreditar.

Enquanto o Uchiha permanecia com aquela mesma expressão emburrada de sempre; ele não demonstrava estar nada interessado nas palavras da genin que se dizia ser sua filha, mas o fato dela vestir-se com o símbolo de seu clã estampado nas costas parecia o incomodar.

Ela não tinha direito de se vestir como uma Uchiha. Iria resolver isso mais tarde.

— Sakura-chan, Sasuke! – Naruto pareceu animado – Parece mesmo que o Kakashi-sensei está atrasado.

— Pra variar... – a Haruno suspirou – Já fazem mais de trinta minutos.

— O Kakashi? – agora era Sarada que falava, ainda num tom surpreso. Tentava se adaptar da melhor forma possível aquela situação.

— Sim! – Naruto afirmou – O nosso sensei!

— Eu... Conheço ele... – a Uchiha afirmou – Boruto, eu preciso falar com você. Vem aqui.

A garota o puxou pelo braço, levando-o para um canto um pouco mais afastado daquele extenso campo para treinamento. Naruto observou aquela atitude um pouco surpreso, e não pode negar para si que aquela menina de longe o lembrava mesmo a Sakura. Suspirou profundamente – aqueles dois genins eram realmente estranhos.

— O que foi, Sarada? – Boruto parecia confuso.

— Isso está muito estranho, Boruto! – disse. Era a primeira vez que o Uzumaki a via com uma expressão tão preocupada – Eles realmente parecem os nossos pais. Não parece um sonho... Pelo tempo que tive ao lado deles, realmente me senti com meus pais.

— Eu não senti o meu pai naquele cara...

— Sinto que de alguma forma voltamos para o passado... – Sarada encarou o Uzumaki com uma expressão séria – Você não reconhece mesmo esse lugar? É o campo em que costumamos treinar, Boruto.

— Obviamente não é! Onde estão os bancos? As flores?

— Se estamos mesmo no passado, eles não existem ainda. Muitas coisas ainda serão criadas. – concluiu

— Então se essa é mesmo Konoha... Vamos encontrar o Konohamaru-sensei? A... Minha mãe?

— Provavelmente sim. – confirmou com a cabeça – Todos que nós conhecemos ainda vivem aqui...

— Ótimo! Então não existe motivo pra nos preocuparmos! – comemorou – Eu vou até a vila! Quero realmente ver se isso é verdade.

— Ainda tem mais... – Sarada murmurou – O exame chunin será a uma semana, lembra? Se não dermos um jeito de voltar até lá, iremos ficar fora.

— É verdade! – arregalou seus olhos – Não posso perder o exame! – após dizer aquilo, Boruto saiu rapidamente em direção a vila. Queria checar com seus próprios olhos o que sua amiga afirmava.

Sarada não o seguiu dessa vez. Ficaria ali, ao lado daqueles que ela queria conhecer um pouco melhor. Observou com o canto dos olhos Sakura um pouco impaciente. De fato, se lembrou vagamente das histórias que sua mãe a contara sobre sua época de genin: Kakashi sempre fora “irresponsável”. Abriu um sorrisinho discreto no rosto. Ela parecia mesmo quem dizia ser.

Logo se dirigiu até ela.

Queria descobrir o máximo de informações possíveis.

— Vocês estão treinando? – perguntou, fazendo Sakura a fitar amigavelmente.

— Estamos esperando o Kakashi-sensei para começar a treinar... – disse – O exame chunin vai começar em uma semana, precisamos estar preparados!

— O exame chunin?! – Sarada arregalou os olhos levemente – Eu... também iria participar.

— Você vai participar?! -                questionou.

— Sim... – respondeu, distraidamente. Estava pensativa – Você... Conhece a Hinata? – definitivamente, estava curiosa para ouvir a resposta. Caso fosse positiva, suas suspeitas de realmente estar no passado poderiam se afirmar.

— A Hinata? É claro! Ela faz parte do time 10!

Sarada calou-se por alguns instantes; aquilo não era possível. Definitivamente já ouvira histórias sobre a mãe de Boruto e o time 10. Como assim ela “faz parte” do time 10? Aquilo realmente já fazia muito tempo.

Em alguns momentos, queria negar para si mesma que poderia estar mesmo diante de sua mãe, em outros, encarava a Haruno de cabelos rosados com um olhar amoroso.

Fora quando, inesperadamente, Kakashi surgiu ali.

— E então, pessoal? – o jonin mascarado cumprimentou.

— Você está atrasado. – Sasuke finalmente dissera algo.

— Eu realmente sinto muito! Mas sabem... Eu tive dificuldades de encontrar o caminho de volta, realmente me perdi. E ainda encontrei uma senhora que precisava de minha ajuda no caminho.

— Sei, Kakashi-sensei. – Sakura reclamou – Você é uma pessoa muito boa.

— Muito bem! Então, vamos começar nosso treinamento?

— Sarada, você quer me acompanhar no treino hoje? – Sakura sorriu – Podemos praticar juntas!

— S...Sim... – concordou, ainda um pouco relutante.

(...)

Boruto parecia, de alguma maneira, reconhecer que aquele lugar em que ele andara, era definitivamente Konoha. Observou, um pouco boquiaberto, as ruas quase vazias. Seus pensamentos apenas se focavam em como aquele lugar havia crescido em mais de uma década - não haviam mais os grandes comércios, ou televisores, ou a tecnologia que estava acostumado a ver.

Seus passos ficavam cada vez mais lentos. Queria poder admirar um pouco algumas velhas construções de madeira que ele sequer sabia da existência.

Porém, um lugar ali o parecia familiar. Não pela aparência completamente diferente, mas pelo delicioso cheiro de rámen que estava acostumado a sentir; só podia ser o Ichiraku. Se dirigiu até lá rapidamente, surpreso com o quão a barraca do simpático senhor um dia já fora extremamente humilde.

“- Não posso entrar pra comer aqui... Droga! Não tenho nenhum ryou comigo...” – pensou desapontadamente, tentando enganar seu estômago que parecia clamar por qualquer coisa que fosse.

Até que, ao continuar seu caminho, sentiu-se tropeçar em algo que no início imaginou ser apenas uma pedra, mas o som fino e estridente que veio de baixo o fez encarar o chão por alguns instantes: acabara trombando sem querer em um pequeno filhote de cão. O animalzinho grunhiu em protesto, descontente com a situação, também mostrou os dentes afiados para Boruto, que apenas tratou de sorrir.

— Ei, Akamaru! Volte aqui! – pode ouvir uma voz aproximar-se – Akamaru!

— Akamaru?! – Boruto surpreendeu-se – Você é o... Akamaru? – murmurou. Não conseguia acreditar que aquele pequeno filhote animado seria o preguiçoso e velho cão que conhecia.

— O que você está fazendo aí com o Akamaru?! – Boruto reconheceu a face daquele sujeito imediatamente. Ele não havia mudado muito.

— Kiba?!

— E quem é você?! – surpreso, falou alto – Esse cheiro... Nunca te vi por aqui antes. – concluiu, e seu fiel cão confirmou com um latido estridente.

— Boruto Uzumaki... Eu vim do futuro! – resolveu falar a verdade, mesmo que tivesse certeza que alguém como o Inuzuka não acreditaria naquilo.

— Hã? Que brincadeira é essa? – franziu o cenho – Eu não tenho tempo pra isso!

Boruto ia responder quando sua atenção se voltou para outra figura que se aproximava dali. Ela não era muito alta, corria cansadamente. E o quanto mais se aproximava, mais o Uzumaki sentia que a conhecia. Até a encarar face a face.

— Até que enfim, Hinata! – Kiba disse – Consegui alcançar o Akamaru!

— Kiba... – ela parecia bem cansada, falava entre pausas longas – Você podia ter esperado por mim! – por mais que a Hyuuga quisesse que aquilo soasse como uma repreensão, sua expressão serena e sua voz doce não demonstravam isso.

Boruto reconheceu aquele modo de falar imediatamente.

— Ma... Mãe?