A Moça de Cabelo Azul escrita por A coelha Branca


Capítulo 1
Desnecessário




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/682254/chapter/1


Desnecessário?
A chuva caia insistentemente em sua janela, não era nada forte, porem insistente, assim como seus pensamentos.
Ela olhava para todos os livros e cadernos espalhados pela mesa, tantas coisas a serem absorvidas, química, física, gramática, entretanto sua mente estava distante...Na sombra que a chuva projetava em seu papel de parede, nos coelhinhos que desenhara na beirada da folha, no olhar estranho que sua amiga tinha naquela foto estranha em sua escrivaninha.
Mesmo assim seus pensamentos continuavam insistindo em se sobrepor a falta de foco. Seus pensamentos estavam em alguém, um alguém especifico de ombros largos, lábios misteriosos e um olhar que parecia ver a tudo e ao mesmo tempo só ela. Seus pensamentos ,livres como lagartas que viajavam pelo tempo e estavam na noite anterior.
Na noite em que depois de um dia completamente desnecessários, cheios de gotas de chuva em seus tênis, de tombos em corredores frios, e livros amassados. Ela esperava seu ônibus para casa quando um garoto se senta ao seu lado. Ela olha para ele, que está de fones de ouvido e Guarda-chuva ,fitando a garoa. Ela vê o moletom dele ,preto, seco... E sente saudade daquele guarda chuva amarelo berrante que sua mãe a mandara levar, e ela ignorou.
Ela aperta os braços cruzados se sentindo tão desnecessária quanto a garoa, que aos poucos vai ensopando suas roupas. Engraçado, que ela deveria estar mais ensopada, mas percebe que ele dera um passo mais pra perto, onde ela também poderia aproveitar o guarda chuva.
Um pouco menos desnecessária ela olha pra ele, que a observa sorrindo.
O moço de moletom preto pega uma mecha do cabelo dela e comenta:
—Azul, cor engraçada para se ter nos cabelos...
Ela sorri, da lembrança...se ele soubesse que o intuito dela nunca foi ter o cabelo azul, e sim ser loira. Mas por acaso do destino uma lata de tinta caiu em sua cabeça enquanto pintava o quarto e manchou seu cabelo, mas gostou tanto de como ficou que manteve a cor.
Ele continua:
—Dia difícil?
A moça de cabelos azuis, olhando para as poças na rua conta:
—Eu diria, desnecessário. Para dizer o mínimo. No momento já estou satisfeita por não estar tomando chuva...obrigada.
O ônibus dela chega. Ela sorri e sobe no ônibus ,lentamente vê o garoto de preto ficar para trás...
Um trovão a desperta, ela olha lembra de tudo que tem de fazer, mas nada que não possa ser deixado para daqui a pouco.
Aquele monstrinho chamado ansiedade, lá no fundo de sua cabeça cochicha... Desnecessária.
Ela afasta essa ideia, pega seu caderno favorito, sua caneta companheira e decide ir para salão de jogos do prédio. Hoje como está chovendo deve estar vazio e ela pode brincar com a sinuca, ouvir musica e desenhar como sempre faz.
Coloca seu único par de tênis secos e parte em busca de um pouco de paz. Entra no elevador, coloca fones, solta o cabelo e assobia até o T chegar.
Abre a porta senta na poltrona perto da janela tira os sapatos, abre seu caderno, fica triste ao ver que ultimamente seus desenhos se resumem a coelhos. Mas tenta se inspirar pela musica.
Algumas horas depois ela ainda está rascunhando mas sem prestar muita atenção até que alguém senta na poltrona a sua frente.
Ela levanta os olhos ,vê um moletom preto quentinho ,sorrindo e confusa tira um dos fones e ouve:
—Desenhando guarda chuvas ?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Continuação em construção.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Moça de Cabelo Azul" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.