Estrelas escrita por Akira H


Capítulo 1
Estrelas


Notas iniciais do capítulo

Alguém que acompanha as fics de Reborn ainda lembra de mim? Ok, não que eu tenha sido lá essas coisas, mas... Enfim, após um longo longo longo tempo sem nada, aqui estou eu! Vou falar mais nas notas finais, então ande logo e leia a história (ou não)



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Andou pelo corredor, seus passos pesados ecoando pelo lugar vazio. Não sabia mais onde estava e merda, não estava interessado em saber. Mais do que seus pés contra o piso, o que mais pesava era sua cabeça... Suas memorias, seus pensamentos... Porque simplesmente não poderia parar de pensar?

Parou de andar e socou a parede, mesmo que internamente quisesse socar a si mesmo. Socou e chutou e amaldiçoou e recomeçou esse mesmo ciclo incontáveis vezes. Os gritos morriam em sua garganta e o afogavam em uma sensação amarga que pairava em sua boca.

Suas lagrimas que se recusavam a cair queimavam seus olhos. Era ridículo, era idiota, era digno de pena... Pena? Em dias normais se pudesse ver sua própria imagem refletida no espelho pensaria o quanto era deplorável, mas nesse dia não precisava que nenhum espelho lhe contasse isso.

Encostou-se à mesma parede que estava golpeando há pouco tempo e recostou-se nela, escorregando até sentar-se no chão. Nesse momento finalmente ficou em silencio, respirou fundo e fechou os olhos. Mesmo sendo algo contrario a sua própria personalidade, até mesmo contrario à própria característica de sua chama, abraçando a si mesmo e sentado no piso frio, aproveitou que ninguém estava lá para presenciar e por fim deixou suas lagrimas escorrerem.

“- Shamal! – Gritou correndo na direção do homem que estava sentado em uma das poltronas da imensa sala. – Me ajude nisso!

— Ajudar no que? – Levantou o olhar, encarando-o com duvida enquanto escondia como podia a revista de “conteúdo inapropriado para crianças”.

— Nisso! – Ergueu os braços e mostrou um pequeno avião de papel. – Não consigo acerta-los.

— Agora não, Hayato. – Deu de ombros. – Estou ocupado, peça para Bianchi.

Gokudera derrubou o avião e jogou-se no chão, tremendo... Ah, sim, Shamal havia esquecido que havia pronunciado o nome proibido. Quem havia tido a ideia de deixar aquela garota se aproximar da cozinha?

— Ok então... – Suspirou, passando a mão pelos cabelos. – Vamos lá.

Levantou-se e jogou a revista embaixo da poltrona, seguindo o menor que já havia se recuperado do ataque de enjoo e se dirigia até a sacada.”

O que havia feito todos esses anos? Não havia servido para nada? Era o braço direito do décimo... O guardião da tempestade... Era o mesmo pirralho que sempre tentava ser o melhor, mas nunca conseguia! Nove anos treinando e nada havia mudado? Até onde ia sua fraqueza?

Tsuna havia morrido no futuro, vários amigos haviam morrido, quem sobrou estava sofrendo... Até Fuuta, aquela criança, era útil, mas ele? Ele não. Deveria ter sido útil, mas não foi...

O problema talvez não fosse a máfia nem o mundo que era cruel, era sua incapacidade de proteger o que lhe era precioso.

“- Hayato, o que está fazendo? – Perguntou rindo, encostado no batente da porta.

— Praticando piano. – Anunciou radiante. – Shamal, quer escutar?

Dando de ombros o medico adentrou o resto do cômodo e sentou-se no espaçoso sofá de couro preto a poucos metros do piano. O pequeno garoto de seis anos sorriu, todavia logo mudou sua expressão e voltou-se para o piano. Deveria tocar o que? O mais velho voltou a soltar uma leve risada ao notar a expressão da criança, fazendo-o emburrar.

— Shamal! – Gritou indignado. – Não se deve fazer barulho durante uma apresentação.

 Continuou rindo, ignorando as reclamações do menor. Gokudera franziu o cenho e voltou a encarar o piano, tentou estralar os dedos antes de começar. Sempre via esse tipo de cena em filmes, mas ao notar que não conseguia fazer aquele barulho que sempre achou tão cool, irritou-se mais, algo que foi acentuado pela sonora risada do medico.

— Se vai continuar rindo então não vou mais tocar para você. – Reclamou, cruzando os braços.

O mais velho suspirou e deu de ombros, deixando que o garoto começasse a tocar uma versão tosca e fora de ritmo de alguma musica que não conseguia reconhecer. Observou em silencio, tentando ao máximo entender o que o outro estava tocando, todavia em poucos minutos o som do piano se deteve e um radiante garoto de cabelos prateados estava de pé em sua frente.

— Gostou, Shamal? – Mexia seus pequenos braços, animado.

Encarou-o durante alguns segundos sem falar nada, procurava as palavras certas para responder o pequeno. Internamente deu de ombros, notando o nervosismo do mais baixo e simplesmente levantou-se. O jovem garoto italiano continuou em silencio, olhava para baixo e seus ombros caídos.

Bufou baixo e ia sair da sala, tentando manter ainda parte de seu orgulho, como seu pai havia lhe ensinado, porém foi impedido por uma risada nasal e um estranho barulho vindo de cima. Levantou o olhar e logo voltou a sorrir, balançando os braços e rindo junto ao médico.

— Gostou mesmo? – Perguntou ainda com duvida após parar de rir.

— Não aplaudo qualquer um, Hayato. – Declarou, ofendido. – Porque não toca mais?

Assentiu ainda sorridente e correu para o piano, voltando a tocar a mesma peça estranha que Shamal não conseguia identificar. Dando de ombros, voltou-se a sentar no sofá e permaneceu imóvel pelo resto das horas que se seguiram.”

Suas lagrimas talvez continuassem rolando, mas já não sabia. Sentia aquela umidade quente em seu rosto, todavia aquele frio que percorria o resto do corpo lhe dava arrepios... Ninguém estava olhando. Poderia permitir-se isso, não? Esse momento... Esse único momento para lembrar-se. Não prestaria luto, pois não podia.

Todos estavam em risco, todos tinham o que perder. Como poderia ficar de luto por alguém quando nem sabia se sobreviveria no dia seguinte?

Secando as lagrimas após esses singelos segundos em silencio, apenas refletindo sobre sua própria desgraça, levantou-se. Seus olhos ainda inchados e sua garganta ainda seca. Era o guardião da Vongola, a tempestade... Seu coração ainda sentia aquela tormenta, todavia tão rápido quanto surgia, deveria ir-se antes de inundar a região.

Caminhou em silencio, seus passos pesados propositalmente ecoavam pelo chão, como se precisasse daquele barulho como um lembrete de que o piso ainda existia... Que havia onde pisar, que deveria continuar andando.

Abriu a porta daquela sala com um movimento lento, não como se adiasse o momento para não perder o ultimo fio de esperança de encontra-lo... Queria assassinar esses pensamentos que só lhe roubavam as forças.

Adentrou a sala, agora em silencio. Seus passos não mais barulhentos, não poderia profanar com barulhos desnecessários aquele lugar que sempre seria seu único santuário secreto.

Tentou aos poucos relaxar os ombros rígidos, acalmando-se ao tocar o objeto frio... Talvez fosse tudo o que precisasse agora, aquela frieza realista que o consolava. Sempre o consolou.

Apertou uma das extremidades, tomando coragem e verificando se tudo aquilo era real. Sentou-se, acariciando cada tecla. Não era o mesmo que sempre tocava, mas era a mesma sensação... Os mesmos sons.

— O que está fazendo, Gokudera? – Perguntou uma voz atrás de si. Era suave, baixa... Sorridente.

— ...Tocando, idiota do beisebol. – Sua voz saiu tão baixa quanto a do outro, sem fraquejar, sem murmurar... Apenas uma resposta. Apenas isso...

— Não sabia que tocava piano. – Riu baixo, aproximando-se mais ainda do centro da sala.

— Minha mãe me ensinou. – Deu de ombros, sem tirar seus olhos do piano, ao menos fisicamente... Sua visão ainda presa a algo distante.

— Gostava de estrelas, Gokudera?. – O moreno pôs as mãos no bolso, rindo ao apreciar as suaves notas da musica infantil.

— Gostava. – Murmurou indiferente.  – Até que descobri que não era uma estrela.

Yamamoto arqueou a sobrancelha e o encarou curioso para logo sorris levemente. Gokudera não sorria, nem mostrava sua típica expressão irritada... Encarava seriamente as teclas do piano, tocando-o com cuidado.

Brilhava... Em todos os momentos, em todos os discursos... Seus olhos infantis viam o brilho daquela presença radiante, mas provavelmente era só uma ilusão. A névoa que perambulava pela terra e aos poucos se dispersou, tocando finalmente o céu...

Twinkle, twinkle, little star,           (brilha, brilha, estrelinha
How I wonder what you are.        Como quero saber o que você é
Up above the world so high,        Alto, acima do mundo
Like a diamond in the sky.           Como um diamante no céu
Twinkle, twinkle, little star,           Brilha, brilha, estrelinha
How I wonder what you are!        Como quero saber o que você é!)

Sentiu seus dedos pesarem, como se estivesse tocando novamente pela primeira vez... Aquelas notas mal tocadas que nem ele sabia o que fazia. Aqueles momentos haviam ido... Seu médico, seu professor, talvez seu amigo... Seu pai...

Then the traveler in the dark              (Então o viajante no escuro
Thanks you for your tiny spark;          Te agradesce por seu brilho
He could not see which way to go,     Ele não poderia ver qual caminho seguir
If you did not twinkle so.                     Se você não brilhasse tanto
Twinkle, twinkle, little star,                  Brilha brilha estrelinha
How I wonder what you are!               Como quero saber o que você é!

How I wonder what you are!               Como quero saber o que você é!


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Notas finais do capítulo

Queria muito publicar algo logo então não ficou tão boa assim essa daqui, pelo menos eu acho que poderia ter sido melhor... Me senti fazendo um final clichê e a história mudou muito do plano original até essa publicação.. Mas sem problemas, ainda vou voltar a escrever sobre eles! Eu amo tanto essa relação do Gokudera e do Shamal... É um equilíbrio perfeito entre um pai e um professor!!

Enfim, não tenho muito o que falar, além de dizer que senti muita falta desse pequeno link que diz "publicar nova história" e não pretendo voltar a sumir de novo! Talvez eu demore um tempo entre uma fanfic e outra, mas tirando isso...
Provavelmente as próximas coisas que vou escrever vão ser de KHR (como senti saudade desse anime) e de algumas séries tipo Sherlock ou DW, maaaas... Não pode faltar um 10069 básico... O que mais senti falta foi do Mukuro e do Byakuran!! Como tenho saudade desses dois!!
Ok, parei, já falei muito... Enfim, até logo! (se a criatividade permitir... E vai ter que permitir, querendo ou não!)

Ah, sim... Se tiver alguém ai que leu isso e ainda lembra do Shamal (maldade esquecerem do Shamal...), então comente, por favor!! Preciso saber se sou a unica louca fã do Shamal e que ama pensar na infância do Gokudera brincando com esse médico maldito



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