A Lenda de Link: A Triforce do Crepúsculo escrita por Ícaro de Brito


Capítulo 1
Capítulo 1 - De Volta à Vila Faron




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—Acorde, sir Link, Cavaleiro de Hyrule! – foram as primeiras palavras que ele ouviu antes de cair no chão. Leon havia o empurrado.

—Ah, Leon! Eu aprendi algumas coisas novas na Academia.

Link pulou na direção do rapaz alto e de cabelos longos, mas encontrou somente o chão, pois Leon havia esquivado da investida.

—Agora entendi porque não te aceitaram... Ainda fica tonto quando dorme demais. – Leon riu do amigo caído no chão do quarto.

Logo Link estava rindo também. Leon o ajudou a se levantar.

—Espera só até a gente pegar as espadas de madeira do seu pai – Link desafiou – Num duelo você não é mais páreo pra mim.

—Pode até ser, sir Link, mas agora é melhor você se arrumar. Papai pediu para comprarmos mais leite no Rancho Lon Lon. As crianças estão exagerando no café da manhã, enchemos duas carroças de garrafas de leite na semana passada e o orfanato já precisa de mais.

—Na nossa época não era tão diferente... – Link se lembrou – Sempre dávamos um jeito de ir na cozinha escondido tomar leite com biscoito. Eu, você e Mariana.

—É verdade... – sorriu Leon – Mas sabe de uma coisa? É bom que o leite esteja acabando logo hoje. Temos desculpa para visitar Mariana. Ela sentiu muito a sua falta.

Link também havia sentido falta dos seus amigos. Era bom estar de volta à Vila Faron. Foi ali que ele cresceu, no Orfanato Faron. Ninguém sabe acerca dos seus pais, mas ao contrário da maioria dos órfãos, Link não se importava com eles. Tinha a sua própria família ali no Orfanato. Foi criado como um filho por Gaepora Kaepora, o dono do orfanato, e seu filho Leon sempre foi um grande amigo. Um irmão. E o que dizer de Mariana? Mesmo quando foi adotada pelo viúvo Mário Lon aos dez anos de idade, continuou fazendo várias visitas aos seus amigos na Vila Faron. Os três tinham muitas histórias juntos, até que Link partiu para a Cidade de Hyrule, capital do reino, seguindo o sonho de se tornar um Cavaleiro de Hyrule. Talvez até conhecesse a Princesa Zelda! Ficou dois anos treinando na Academia da Ordem dos Cavaleiros de Hyrule, mas no final, não estava dentre os cinquenta hylians que foram consagrados cavaleiros.

“A minha grande aventura lendária acabou”, pensou Link enquanto conduzia a carroça ao lado de Leon, “meu lugar é na Vila Faron, com Gaepora, Leon e Mariana”. Após alguns minutos, puderam ver à sua frente o muro de pedra que cercava toda a propriedade de Mário e Luigi Lon. Um portão de madeira em arco estava aberto, e no alto podia-se ler de longe: “Rancho Lon Lon”. Logo o cenário mostrou os pastos cheios de vacas, pastores com rebanhos de ovelhas, e logo à frente o curral e a Casa da Fazenda. Saindo do curral, carregando um carrinho com um enorme galão de leite, estava um homem alto e magro, com um bigode espesso. Ele passou a mão na testa para tirar o suor e a limpou em seu macacão verde antes de acenar para os garotos que estavam chegando.

—E aí, tio Luigi? – Leon cumprimentou descendo da carroça – Você e o tio Mário tão só no trabalho duro, né?

—Eu estou trabalhando duro, mas meu irmão tá lá dentro da casa roncando!

—Ah, pode deixar que já cuido disso.

Leon foi correndo para dentro da Casa da Fazenda. Ele tinha um estranho gosto em acordar as pessoas.

—Parece que as coisas não mudaram tanto assim por aqui.

Link sorriu enquanto ajudava Luigi a empurrar o carrinho.

—Então você está de volta mesmo? – Luigi perguntou assim que terminaram o trabalho.

—Pois é... Talvez a Cidade de Hyrule realmente não seja meu lugar.

—Ficou em qual posição?

—51º colocado... Fui o primeiro dos desclassificados.

—Então seu lugar é no interior mesmo. Mariana sentiu saudades, porque você não vai lá no estábulo dar um oi?

—O Leon veio comprar leite e...

—Esquece o Leon, garoto. Eu negocio com ele. Vai lá!

Link sorriu e saiu correndo. Não corria pela grama verde do Rancho Lon Lon há dois anos. Tudo ali lhe trazia uma sensação nostálgica intensa. O céu azul, o sol, e os pássaros que voavam por ali de árvore em árvore. Logo ele pode ouvir um som que lhe trazia mais e mais lembranças. Assim que chegou a porta do salão, pôde ver uma garota de cabelos castanhos longos tocando lindamente uma ocarina. A músicas acalmava os cavalos.

—Não está nada mal, senhorita Lon.

—Link! – Mariana largou a Ocarina e saiu correndo para lhe dar um abraço – Quase não acreditei quando Leon me contou! Você voltou!

—Sim... – ele disse exprimido pelo abraço forte de sua amiga de infância.

Ela o soltou e olhou para o chão:

—Mas isso significa que você não conseguiu. Você não se tornou um Cavaleiro de Hyrule, e era o seu sonho.

—Estou feliz por estar de volta aqui com vocês... – Link levantou seu rosto com um sorriso – E aposto que ainda toco ocarina melhor que você.

—Ah é mesmo? – seus olhos castanhos demonstraram certa malícia – Só o deixo encostar naquela ocarina se me vencer em uma corrida de cavalos.

—Qual é? Já esqueceu quem te ensinou a tocar?

—Já ensinou quem te ensinou a montar? – ela riu – Não vai desistir, vai?

Link até pensou em desistir. Mariana era a melhor sobre um cavalo. Mas ele precisava mostrar que havia crescido após seus dois anos na capital. Então topou. Pegou uma das celas e escolheu uma linda égua marrom com crinas brancas, que pareceu bem calma com sua presença.

—Cuidado, essa aí é a Epona.

—Já está com esse tamanho? – Link tomou um susto. Quando havia partido, Epona ainda era uma potrinha. Foi ele quem escolheu o nome, em homenagem à égua do Herói do Tempo. Dizem que ele a ganhou de Malon, que é ancestral de Mário e Luigi, uma das primeiras donas do Rancho Lon Lon.

—Sim... E ela não gosta muito de servir de montaria.

—É o que vamos ver – disse Link, mais para si mesmo que para Mariana.

Montou em Epona enquanto Mariana montou em Silver, um cavalo branco. Foram para o campo de equitação. Era um circuito circula, a corrida teria uma volta, mas possuía obstáculos para serem saltados. Quando deram partida, Silver saiu em disparada, enquanto Epona não queria sair do lugar. “Vamos, garota”, ele disse, “prometo que te dou uma cenoura quando tudo acabar”. Ela relinchou, mas continuou parada. Então, ele teve uma ideia genial. A música que acalma os cavalos, a que Mariana estava tocando, se chama “Canção de Epona”. Link a assobiou, e no mesmo instante, a égua saiu em disparada. Link quase caiu com a velocidade da arrancada. Perto da linha de chegada, Epona e Link ultrapassaram Mariana e Silver, vencendo assim a corrida.

—Acho que você me deve a ocarina – disse Link  a Mariana, assim que desceram dos cavalos.

Epona o empurrou com a cara e relinchou.

—E acho que te devo uma cenoura, garota.

Os dois riram.

Mariana voltou à Vila Faron junto com Link e Leon. Depois de entregarem o leite ao orfanato, foram almoçar no Restaurante da Sera. A vista da janela dava para o riacho que cortava a Vila Faron, e podia-se ver alguns pássaros pousados no corrimão da pequena fonte em arco.

—E então, Link? Conheceu a Princesa Zelda? – Mariana perguntou.

—Eu a vi algumas poucas vezes, mas não cheguei a conhece-la.

—É uma pena – Mariana falou, mesmo sem sentir nenhum pesar na notícia.

—Mas ela é tão bonita quanto dizem? O cabelo dela realmente reflete a luz do sol?

—Sim... – Link entrou em transe enquanto se lembrava da Princesa Zelda na sacada do Castelo de Hyrule – Seus cabelos parecem fios de ouro, e seus olhos... Tão azuis... Tão lindos! Eu poderia ficar olhando-os durante o dia todo...

—E o Goose Wavegoat? – Mariana cortou, obviamente querendo quebrar o clima de exaltação à beleza divina da Princesa Zelda. – Chegou a conhece-lo?

—O filho do Primeiro Cavaleiro? Sim, agora ele é um bravo Cavaleiro de Hyrule. Foi o melhor dos duzentos hylians que se alistaram, mas isso não é uma surpresa. Lutamos algumas vezes, quase venci em uma delas.

—Não esperava que fosse vencer, não é, Link? Afinal... Não ganha uma luta nem contra mim, imagine contra Goose Wavegoat?

—Eu te disse que aprendi truques novos, Leon.

—Eu vi um dos seus truques hoje de manhã.

—Conheço esses olhares – Mariana sorriu maliciosamente – Teremos um desafio da água.

Após o almoço, no riacho Faron, Link e Leon estavam com espadas de madeira empunhadas. No meio do riacho, havia um círculo de pedras. Cada um se posicionava em uma das pedra, e Mariana, que estava na arbitragem, observava tudo da margem.

—Você se lembra as regras, não é, Link?

—Só há uma regra, Leon – ele afirmou – Quem cair na água primeiro perde.

Leon sorriu e prendeu seus longos cabelos castanhos para trás. Sempre fazia isso antes de assumir sua postura de combate. Link também se preparou. Quando Mariana desse o sinal, iniciariam o Desafio da Água.

—JÁ!

Leon estocou sua espada, mas Link pulou para a pedra à direita. Fez um corte vertical na direção de Leon, que defendeu com sua espada. Link recuou e defendeu uma sequência de golpes antes de usar sua arma secreta, um golpe que havia aprendido na academia: o corte furacão. Depois que conseguiu quebrar a defesa de Leon, posicionou seu braço armado para trás e fez impulso para um corte horizontal muito forte. Foi quando começou a girar com a espada e isso foi o bastante para empurrar seu amigo água abaixo – mas não o bastante para impedir Leon e puxar o pé de Link no processo. Os dois caíram no riacho.

—Acho que isso foi um empate – Mariana gritou.

—Vai ficar só olhando? – Leon retrucou.

No mesmo instante, ela se jogou no riacho. Ficaram ali até o cair da noite, quando pescaram alguns peixes e os assaram numa fogueira. Não havia lua, mas o céu estava repleto de estrelas.  Em volta da fogueira, os três amigos contavam histórias.

—Uma vez tive que salvar Mariana na Floresta Faron – Leon contava – Ela foi atrás de uns macaquinhos que haviam pegado sua tiara especial do Dia do Herói do Tempo e quase se embrenhou no Bosque Perdido.

—Ainda dá pra virar uma Skull Kid aos dezessete anos? – Link perguntou.

—Não sei... – Leon olhou para o fogo – Talvez aos dezessete anos o perigo se torne maior.

—Vocês dois são muito negativos! – Mariana se manifestou – Era o dia do Herói do Tempo. Talvez eu encontrasse a Floresta Kokiri, a Árvore Dekku, ou o Templo da Floresta.

—Infelizmente, nem mesmo sabemos se isso é verdade – observou Leon.

—E mesmo se for, os kokiris não iriam querer serem incomodados – Link completou – Não acho que eles queiram que todos vão visitar a Árvore Dekku e o Templo da Floresta. Segundo a lenda, na última vez que isso aconteceu, não tiveram um resultado agradável... Vocês sabem, o Ganondorf havia envenenado a Árvore Dekku e se não fosse pelo Herói do Tempo, os kokiris nem existiriam mais.

—Falando em Ganondorf, farei seu papel na nossa representação no festival do Dia do Herói na semana que vem. – Leon comentou sobre o grande feriado nacional – Mariana será a Princesa Zelda. Não temos um Herói do Tempo ainda, por que você não faz os testes, Link? Com certeza é melhor que ser só um Cavaleirozinho de Hyrule.

Link sorriu. Estava feliz, mesmo não sendo um Cavaleiro de Hyrule a serviço direto da Princesa Zelda. Realmente faria os testes para ser o Herói do Tempo no festival, estaria se divertindo com seus amigos. Além disso, o Dia do Herói era o seu aniversário de dezessete anos. Passá-lo se divertindo com seus dois melhores amigos tornaria seu aniversário perfeito. “Nunca vamos nos separar”, foi o que ele havia dito para si mesmo quando foram todos dormir no Orfanato Faron naquela noite. Para Link, todo o tumulto estava acabado e teria uma vida tranquila na Vila Faron.

Pelo menos, é o que ele pensava.


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