Peguei a estrada ainda de manhã para chegar na hora do almoço na capital e ir pro meu apartamento me encontrar com Gaara. Como combinado eu ia passar o ano novo com ele e dia primeiro voltaria para a minha vida na fazenda e só voltaria a pisar lá de novo em fevereiro para trabalhar. Mas, mesmo assim, estava cogitando a ideia de mudar de hotel. Eu estava querendo ir trabalhar num dos hotéis Hyuuga lá do outro lado do mundo tudo para permanecer distante dos Uchiha. Troquei até o numero do meu celular pra não ter que ficar recebendo mensagens e ligações tanto do Sasuke como do Itachi. 

— Sakura que saudade – Foi o que Gaara disse assim que eu adentrei nosso apartamento e me recebeu com um abraço bem apertado de tirar o fôlego

— Também senti sua falta – disse enquanto retribuía o abraço e bagunçava o cabelo dele – Como você está?

— Bem, mas isso aqui não é igual sem você. Essa casa agora está meio bagunçada, sabe falta uma alma feminina.

— Eu notei... roupas espalhadas, louça não lavada, poeira nos móveis. Você gosta de morar num chiqueiro?

— Ah Sakura, eu apenas não tenho tempo de ficar arrumando. Quer dizer eu chego tão cansado do trabalho que nem tenho tempo pra arrumar a casa, vou direto dormir.

— Bem, então nós vamos ter que fazer a faxina hoje! impressionante como eu passei apenas 3 dias longe daqui e você conseguiu sujar a casa toda. Vem... você vai me ajudar mocinho – fomos arrumar a casa e enquanto isso Gaara me perguntou sobre como estava o meu coração

— Sabe Gaara, eu cansei dos homens... Desisti de encontrar alguém legal, voltei a ser a desiludida de sempre. – disse enquanto varria a casa e via Gaara tirando o pó

— Você fala isso, mas tenho certeza que não esqueceu o Uchiha não é?

— Só faz três dias que eu me desliguei dele. Ainda está difícil. Quem sabe com alguns meses eu consiga?

— Tenho certeza que vai. Ele desistiu de me fazer contar onde você estava.

— Que bom! E ele vai passar o ano novo onde?

— A família dele sempre dá a maior festa de final de ano. Ele deve ficar em casa recebendo os convidados. Minha família mesmo vai pra lá. Só Karin que não vem porque preferiu ficar em Paris com o namorado novo, um tal de Suigetsu que é modelo. Nasceram um para o outro.

— Fico feliz dela ter encontrado a alma gêmea dela. Mas você me garante que o Uchiha não vai nem passar por perto de nós não é?

— Claro que não.

— Vem mais alguém passar o final de ano com a gente?

— Se incomoda da minha namorada estar junto de nós?

— A Ino nunca gostou muito de mim. – falei

— Mas ela está mudada... sabe desde que a minha irmã foi embora ela está mais legal com os outros. Inclusive, ela mudou sobre o que pensava de você e ela só te detestava antes porque você gostava de mim e eu de você.

— Bem, se era tudo ciúme então ela está perdoada – sorri e Gaara retribuiu o sorriso

No inicio da noite a tal da Ino apareceu no nosso apartamento. Dessa vez até que ela foi simpática comigo, me tratou bem melhor do que quando ficava com a azeda da Karin. Eu percebi que a loira ama mesmo o Gaara e que ele retribui o sentimento, isso é tão lindo *-* É nessas horas que eu sinto falta de ter alguém especial pra mim, e aí vocês vão dizer que eu tenho o Sasuke né? Mas como eu posso ficar com um mentiroso? Com uma pessoa que abri mão de mim sem me contar o motivo real disso e o pior que me deixar casar com o irmão dele sem fazer NADA, ABSOLUTAMENTE NADA, pra impedir. É revoltante! Depois de um bate papo amistoso lá em casa, eu, Gaara e Ino fomos à praia. Chegando lá tinha uma música alta tocando por toda a praia. Tinham várias caixas de som espalhadas e um palco central que era de onde a música vinha. Procuramos beber algo alcoólico para dar uma animada e dançamos. Eu sozinha e Gaara agarrado com a Ino. É gente... eu tava de vela e isso não é nada agradável, não mesmo. Depois de uma hora segurando vela me manquei e me afastei dos pombinhos com a desculpa que ia procurar um banheiro. Fui até a areia e me sentei lá. Ia esperar até a hora dos fogos ali e então me juntaria de novo ao Gaara e a Ino. Reparei no céu e estava completamente estrelado, tão lindo! Uma pena não ter ninguém pra dividir esse momento.

[...]

Aquela festa estava um saco. Meus pais recebiam os convidados com um sorriso no rosto, meus amigos estavam todos acompanhados de suas namoradas e eu estava sozinho. Até Itachi que eu imaginava que estaria mais na fossa do que eu não está sozinho. Sabe, ele superou o cancelamento do casamento com a Sakura muito mais rápido do que eu imaginava. No dia seguinte ele já tinha voltado a sair com outras mulheres e a ser o galinha de sempre. Acho que a mudança dele foi passageira. Agora meu irmão disse que o novo lema é pegar e não se apegar. Antes ele até namorava, agora ele tem horror a palavra namoro. Ele não odeia a Sakura. Itachi entende bem a razão do casamento não ter acontecido e até dá força pra que eu ela nos acertemos, só que o meu problema agora é que é a Sakura que não me quer mais. Quanto ao escândalo vocês sabem como é a mídia, não sabem? Um escândalo substitui o outro e aí um flagrante de um político importante com a amante num motel foi um prato cheio para os jornais e isso fez com que as pessoas esquecessem o casamento. Faltava algumas horas para um novo ano se iniciar e eu não queria que o meu ano acabasse desse jeito cheio de problemas. Eu queria me livrar de todos eles, mas continuar nessa festa não ia me ajudar nenhum pouco. Então, resolvi dar um pulo na praia e quem sabe dar um mergulho no mar pra tirar as energias negativas. Saí da festa de fininho sem ninguém me ver e peguei meu carro e fui até a praia. Estacionei algumas ruas antes de chegar a praia e fui andando o resto do caminho. Quando pisei na areia a senti gelada sob meus pés e aquela sensação foi muito boa. Olhei para cima e reparei no céu completamente estrelado que estava acima da minha cabeça, então fechei os olhos. Pensei em Sakura e peguei no bolso da minha calça branca o relicário que tinha dado a ela de presente, quando voltei a abrir os olhos abri o relicário e fitei por um instante a nossa foto. Aquela época era tão feliz! Me pergunto como pude deixar escapar. Depois olhei para a frente e fui andando um pouco em direção ao mar foi então que notei uma cabeleira rosada sentada no meio da areia, pera aí não é todo mundo que tem cabelo rosa. Seria ela? Seria a minha Sakura? Não custaria nada arriscar e ir checar isso. De repente me sentei ao lado dela e sim era Sakura. Que me olhou com uma cara de poucos amigos ao notar que era eu que estava sentado ao lado dela.

— Veio passar o réveillon na praia? – perguntei e ela me ignorou – Sabe, minutos atrás eu estava justamente pensando em você. Acho que é o destino que nos uniu aqui – essa foi a deixa pra ela de levantar, mas antes que ela começasse a se afastar eu levantei e segurei o seu braço impedindo que ela fosse

— Não vá! – pedi, mas pelo tom que eu usei mais parecia uma ordem

— Me solta, você não manda em mim! – retrucou já um pouco nervosa

— Eu estou apenas pedindo, fica? – fiz olhos iguais a daquele gatinho do sherek somente pra ela não me largar ali e bem, parece que o coração dela é de gelo porque ela não se deixou seduzir por isso e continuou irredutível

— Eu não quero ficar! Não sei se você percebeu, mas se eu sumi foi porque eu não tava a fim de te ver. Então me larga. Eu pedi um tempo pra pensar!

— Você teve três dias pra pensar. Eu to com meu coração na mão desde a hora que você falou comigo naquela sacristia. Você não imagina o quanto eu estou sofrendo! Eu me arrependi da minha decisão estúpida. Custa acreditar em mim?

— Dá última vez que eu acreditei você mentiu – disse e puxou o braço, finalmente se soltando de mim e me encarando com um olhar zangado

— Eu prometo que não vou fazer mais isso. Eu aprendi a lição.

— Tarde demais. – proferiu ainda gélida e distante, ela não ousava olhar dentro dos meus olhos

— É preciso que eu me ajoelhe e implore? – falei enquanto me colocava de joelhos aos pés dela – É isso que você quer? Me humilhar? Me fazer implorar pelo seu perdão? Me fazer engolir todo o meu orgulho? Então eu faço, mas não me castigue desse jeito – foi então que ela finalmente amoleceu

— Para! Você não precisa de nada disso – disse me puxando e me colocando de pé

— Então você me perdoa? – perguntei e coloquei um sorriso nos lábios

— Não, mas não quero que você fique se rebaixando desse jeito. Um Uchiha não age assim. – disse enquanto tomava coragem de me olhar nos olhos

— Como um Uchiha age? – perguntei arqueando a sobrancelha

— Dessa forma que não é – disse rindo da minha pergunta

— Senti falta do seu sorriso – disse enquanto passava a mão no rosto dela

— Também não é assim que você vai conseguir meu perdão – disse retirando a minha mão do seu rosto

— Eu tenho que fazer o que então?

— Sasuke... – ela disse meu nome e eu não aguentei mais... eu precisava dela comigo, agora mais do que nunca. Num piscar de olhos eu a beijei de surpresa e estava até esperando que ela me empurrasse e esperneasse para que eu a soltasse, mas ela me recebeu e retribuiu o beijo com todo o amor que ela sentia por mim. Minhas mãos pararam na cintura dela e a puxei para mais perto enquanto a mão dela estava acariciando a minha nuca e em segundos depois subiu para o meu cabelo e ficou fazendo cafuné. Era a melhor sensação do mundo. O beijo foi se aprofundando e nós dois tínhamos urgência em matar a saudade que sentíamos um do outro. O beijo foi longo e no final dele diminuímos o ritmo e ele se tornou calmo e gentil, um roçar de lábios e selinhos demorados. Foi antes de nos soltarmos que eu então notei que fogos estouravam no céu, ou seja, o ano acabou com ela nos meus braços e a única coisa que eu queria era que continuasse assim dali pra frente sem mais nenhuma interrupção. Quando nos separamos, ela olhou pro céu e sorriu ao ver a multidão de cores explodirem na escuridão. Então, ao vê-la daquele jeito tão encantada com aquilo, sorri. Ela me dava toda a paz que eu precisava.

— Feliz ano novo, meu amor – falei num sussurro e ela então virou o olhar pra mim e começou a acariciar meu rosto

— Feliz ano novo! – falou e colocou um belíssimo sorriso nos lábios e os olhos verdes dela brilhavam como eu nunca tinha visto antes

— Estou perdoado? – falei e depois roubei mais um beijo dela

— Sim – disse e me abraço forte – só não faça isso de novo comigo, porque aí seria impossível te perdoar!

— Eu não seria burro o suficiente de cometer o mesmo erro duas vezes – abraçava ela com força e depois depositei um beijo em sua testa. Então ela olhou pra mim.

— O que está olhando? – perguntei num sussurro

— Seu rosto. Eu tive medo de sumir pra sempre e acabar me esquecendo das feições do seu rosto.

— Você não ia conseguir sumir por muito tempo.

— Mas era o que eu planejava fazer depois de hoje.

— Mas não vai mais! Agora está tudo certo entre nós. Agora você é minha namorada!

— Sua namorada? – perguntou debochada – Você nem me pediu em namoro!

— Não seja por isso – tirei o relicário do bolso, fui pra trás dela e coloquei-o em seu pescoço e enquanto isso sussurrei no ouvido dela – Aceita ser minha namorada? – e depois dei um beijo em seu pescoço que a deixou arrepiada. Percebendo a reação dela eu sorri

— Eu aceito. – ela sorriu e me beijou levemente nos lábios