— Como foi com o Uchiha?  - perguntou Gaara

— Bem. Demorei mais do que eu esperava pra voltar pra casa.

— Eu percebi. Eu te esperei pra jantar, mas você demorou muito aí eu acabei jantando sozinho.

— Me desculpe, eu esqueci totalmente de avisar que não viria para jantar.

— Jantou com ele?

— Jantei com ele e a família. Sua irmã também estava lá.

— Pera ae você jantou com a família dos Uchiha?

— Sim, o que tem?

— Eles não costumam se misturar com empregados fora da empresa. Sempre foi assim.

— É que eu não sou uma simples funcionária.

— O que você quer dizer com isso?

— O Sasuke oficializou meu namoro com ele hoje.

— Eu nem sabia que vocês estavam namorando. Foi por isso que ele ficou daquele jeito no cinema? É dele que você gosta? – o bombardeio de perguntas dele me deixou sem jeito

— Gaara – eu emudeci depois de dizer o nome dele

— Não precisa dizer nada, eu já entendi – saiu magoado e se trancou no quarto enquanto eu fiquei na sala com a cara no chão. Eu estava apaixonada pelo Gaara eu não tinha duvidas disso. Ao vê-lo daquele jeito por minha causa eu sofri. Eu comecei a chorar ali mesmo. Como eu era um ser humano horrível. Me deixar corromper por dinheiro e deixar o meu amado triste. Gaara pensava que eu não o amava e ele estava enganado. Me odiei naquele momento, tudo que eu mais queria era acabar com aquela farsa. Por que eu não acabava com aquele teatrinho agora mesmo? Medo do Sasuke? Talvez. Não sei dizer. Fiquei paralisada, fui até a porta do quarto dele e quando ia bater perdi a coragem. Fui pro quarto e dormi. Durante a noite o estranho foi que eu sonhei com o Sasuke, sonhei com aqueles dois beijos do moreno. Não entendia. Eu estava confusa. Primeiro eu amava o Gaara, isso era certeza. Segundo eu estava assustada por causa do beijo do Sasuke.

Nos meses seguintes as coisas ficaram ruins. Gaara não olhava mais pra minha cara. Me evitava de todas as formas possíveis. Ele acordava mais cedo só pra não me ver de manhã. Chegava mais tarde que eu para não me ver quando chegasse da faculdade. Não atendia minhas ligações. Não passava os finais de semana em casa. Eu estava sentida com isso, mas não o culpava. Eu o magoei. Ele nunca tinha se declarado pra mim, mas eu sabia que ele me amava e o pior era que eu sabia que também o amava, mas por causa do Sasuke não podia dizer uma palavra sequer. Sasuke notou que eu estava triste na empresa depois de várias cenas de teatro perto da Karin que era o que ele gostava me perguntou o que estava acontecendo comigo.

— hey, por que você está assim?

— Não é nada – tentei disfarçar

— Já te disse que seus olhos não mentem. Qual é o problema? – perguntou e eu notei que ele realmente estava preocupado comigo.

— Eu estou apaixonada – disse num suspiro

— Sakura, você não pode se apaixonar por mim, esqueceu que o nosso combinado é para você me ajudar a reconquistar a Karin?

— Quem disse que é por você que eu estou apaixonada? Não é, fique tranqüilo. Eu estou apaixonada pelo Gaara, mas por causa dessa farsa ele acha que eu não gosto dele como ele gosta de mim. Te odeio por isso Uchiha – deixei algumas lágrimas escaparem

— Eu sinto muito.

— Não sente. Não sente de jeito nenhum. Não é você que mora com a pessoa que ama, mas ele te ignora o tempo todo e até sai de casa só para não ter que falar com você. Você não tem noção do quanto eu estou me sentindo mal.

— Ele está te tratando assim por causa do nosso namoro?

— Sim. Ele está sofrendo. E eu estou sofrendo. E tudo isso por causa dessa farsa suja.

— Você quer desistir?

— Quero – comecei a chorar descontroladamente e quando percebi Sasuke estava me abraçando

— Eu sinto muito Sakura. Não queria que você sofresse desse jeito

— Nem eu queria estar assim. – disse enxugando as lágrimas

— O que eu posso fazer?

— Nada. Deixa eu vou esquecer o Gaara. Eu não poderia ficar com ele mesmo.

— A família dele nunca aceitaria.

— A sua também não me aceitou.

— Minha mãe te aceitou. Isso basta. Na família do Gaara você seria vista como uma intrusa. Conheço bem eles.

— Eu sei. Bem vamos esquecer isso. Depois eu e o Gaara nos acertamos.

— Vou te pagar um sorvete, topa?

— Sasuke, a gente ta no meio do expediente.

— Eu sou seu chefe. Vem, vamos! – disse me puxando

Sasuke me levou até a sorveteria. Um sequestro em meio ao expediente. Pelo menos eu pude experimentar o lado bom de namorar o meu chefe. Lá pedimos sorvete de chocolate com muita calda de chocolate.

— Você é uma gulosa. Já está até repetindo. – disse rindo da minha cara lambuzada

— Quando estou triste afogo minhas mágoas em doces. – disse enfiando mais uma colherada na minha boca

— Desse jeito você vai ficar uma bola.

— Eu não tenho tendência a engordar.

— Melhor mesmo.

— Chato.

— Também te amo.

Tenho que confessar que Sasuke não é tão ruim. Tudo bem que ele é o motivo de Gaara estar com raiva de mim, mas ele se preocupa comigo. Ele se esforçou tanto pra me fazer sorrir hoje.  Teve uma coisa que ele me disse que não sai da minha cabeça foi bem assim “Obrigada por me ajudar, eu não sei o que seria de mim sem você. Sakura, você é a melhor namorada de mentirinha do mundo.” Eu achei fofo vindo dele. Sabe o Sasuke não é o tipo de cara chegado a declarações melosas, então ele dizer isso ainda mais pra mim que ele taxava como uma pobre coitada qualquer antes já é muito. Na faculdade conversei com Tenten sobre a minha atual situação com Gaara, ela me aconselhou a deixar um bilhete num lugar que fosse bem visível pro Gaara. Ela me disse que sempre que ela e Neji discutiam ela fazia isso e ele acabava procurando por ela. Não acho que vá resolver meu drama, mas o que custa tentar não é?

Como sempre quando cheguei em casa estava tudo vazio, então peguei uma folha em branco e escrevi um bilhete para Gaara.

“Oi, er... eu não sei muito bem o que dizer, mas sinto sua falta. Desculpa-me, por favor! Eu nunca quis te magoar. Você é meu melhor amigo, meu anjo, meu protetor. Eu sou uma burra eu sei. Você é mil vezes melhor que o Uchiha. Não posso te dizer agora as minhas razões para estar com ele, mas um dia você vai entender tudo. Eu prometo. Agora só me deixa te olhar, te abraçar. Saudade.”

Dobrei o papel e coloquei-o dentro do livro que Gaara estava lendo justamente na parte marcada na qual ele abriria e fui dormir. No dia seguinte acordei e já imaginei que Gaara tinha pulado da cama e ido embora como de costume, mas para minha surpresa ele estava deitado no sofá olhando pro nada.

— Bom dia? – falei tímida

— Bom dia. – ele finalmente se sentou no sofá e me olhou

— Você leu o... er.. o bilhete? – falei em dúvida

— Li. – deu uma breve pausa. – Eu também sinto sua falta.

Aquelas palavras foram o suficiente para que voasse no pescoço do Gaara e o abraçasse chorando. Ele retribuiu o abraço e acariciou meus cabelos. Ficamos em silêncio só sentindo a presença um do outro. Como era bom estar com ele. Acho que pra ele era tão difícil falar dos sentimentos dele por mim assim como era difícil pra mim me declarar pra ele. Preferia apenas estabelecer a paz na nossa casa. Quando nossos corpos se separaram ficamos nos olhando e aí ele quebrou o silêncio.

— Sinto muito por ter deixado de falar com você. Ciúmes você sabe como é né? – abriu um sorriso tímido

— Sei. Promete que não vai mais fazer isso?

— Prometo.

— Um dia eu faço questão de te explicar tudo.

— Eu não preciso das suas explicações. Não sou ninguém pra te julgar. Sakura entenda, eu te amo. Você feliz me deixa feliz. – ele estava ali dizendo que me amava pela primeira vez, de uma forma sutil e tranquila e eu ali parada, estática, sem saber o que dizer, tudo que eu queria era dizer que também o amava, mas tinha Sasuke, não poderia voltar atrás do acordo, eu era uma mulher de palavra.

— Obrigada.  Eu te amo como amigo.  -menti

Voltamos a nos abraçar, um abraço apertado e cheio de carinho. Tomamos café da manhã como nos velhos tempos e depois ele me levou até o trabalho. Era bom ter o Gaara de volta.