A Raposa e o Idiota escrita por Andy


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá! ^^
Então, esta é uma história bastante simples, que surgiu da minha frustração com o final do anime Rurouni Kenshin (anime perfeito, lindo, maravilhoso que roubou me coração e me deixou totalmente na bad quando acabou). Eu queria ter visto pelo menos uma ceninha assim com esse casal, que é meu segundo preferido na história! E como frustração de ficwriter vira fanfic, acabou saindo essa one aqui. Espero que gostem! Por favor, comentem!

Xoxo



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/682029/chapter/1

— Próximo paciente, por favor!

Megumi ainda esterilizava o bisturi e organizava as bandagens. Ela ouviu distintamente quando aqueles pés pararam à soleira da porta. Conhecia muito bem aquele som. Fechando a cara, ela se voltou para olhá-lo:

— Você de novo?

Ele virou a cara. Havia um corte feio no lado direito de seu rosto. O ombro esquerdo também estava sujo de sangue. Mais de uma vez, Megumi tinha se perguntado quantos remendos aquelas vestes já tinham.

— Aposto que se meteu em outra briga de jogo, não foi? Você não tem jeito!

Ele olhou para ela irritado, cerrando os punhos. A mão direita ainda estava enfaixada, desde o embate com as forças de Shishio. Gensai-sensei a havia tranquilizado, garantindo que ele se curaria completamente, mas Megumi ainda se preocupava. Se ao menos ele parasse de lutar...

— Você é uma médica, então apenas me cure de uma vez!

— Ora, seu...! — Ela cerrou os dentes, tentando se conter para não ir até lá e socá-lo. Batendo os pés, ela passou direto por ele e foi espiar o corredor. Estava vazio. Respirando fundo, ela se virou para olhá-lo de novo. — Tudo bem. Vou fazer isso agora só porque você é o último paciente. Se não, ia ter que esperar. Eu não sou sua enfermeira particular, que fica à disposição toda vez que perde nos dados.

— Você é uma médica bem medíocre, sabia?

Megumi sentiu o sangue subindo à face e se aproximou dele bruscamente, agarrando a frente de seu quimono.

— Aposto que você nem sabe o que “medíocre” quer dizer!

Ele a encarou.

— Não interessa o que é, é o que você é, sua raposa medíocre!

Ela bufou, empurrando-o na cama. Ele fechou a cara para ela.

— Por que você não pode ser mais como o Ken-san? Fala sério!

Ela se aproximou, tirando a parte de cima das vestes dele sem a menor cerimônia, deixando seu peitoral bem-definido à mostra. Ele virou o rosto e deixou que ela examinasse a ferida em seu ombro.

— Kenshin é gentil demais. Eu tenho o sangue quen—Ai! Cuidado com isso, sua raposa maldita!

Por prazer, ela apertou com mais força o algodão embebido em álcool sobre a ferida dele, sabendo que arderia.

— Aiaiai! O que pensa que está fazendo?

— Tentando limpar esse seu “sangue quente”. Fique quieto!

Pelo seu próprio bem, Sanosuke achou melhor obedecer. Megumi então começou a limpar mais suavemente a ferida, fazendo o possível para minimizar a dor dele. Ele fechou os olhos e tentou se concentrar na outra mão dela que, macia e quente, repousava em seu peito como se ela nem notasse.

Felizmente, ela não precisou dar pontos. Tudo o que fez foi esterilizar o machucado e passar algumas bandagens para conter o sangramento.

— Volte aqui amanhã para trocar estas bandagens. Eu vou aproveitar para olhar a sua mão de novo.

— Tá.

Megumi o encarou. A resposta curta e um tanto ríspida não a surpreendeu. Era o orgulho dele falando. Ela esperou até que ele olhasse para ela. Quando ele o fez, alguma coisa se agitou dentro dela. Era uma sensação boa que ela tinha sempre que encontrava os olhos dele daquele jeito. Apesar de ele agir como um bruto na maior parte do tempo, seus olhos eram doces e inocentes e refletiam uma pureza de coração maior que a do próprio Kenshin. Ela se conteve para não sorrir e fez sinal com a mão para que ele se afastasse.

— Chegue para lá. Vamos ver esse rosto.

Sanosuke chegou para o lado, parecendo ficar pouco à vontade quando ela se sentou tão próxima dele. Quando ela estendeu a mão para segurar o rosto dele, cada pelo em seu corpo se arrepiou, e ele sabia que isso não tinha nada a ver com o frio do fim de tarde.

— Você andou brigando com alguém que estava armado? Esse corte foi provocado por uma lâmina bastante destra.

— Isso não é da sua conta.

Megumi cerrou os dentes, virando a garrafinha de álcool de uma vez e derrubando um pouco do líquido transparente sobre a bandeja. Ela respirou fundo antes de se virar para ele. Evitando olhá-lo nos olhos, ela se concentrou na ferida, que começou a limpar com cuidado. Quando o algodão tocou o rosto dele, Sanosuke estremeceu, desarmando-a. A expressão no rosto dela se suavizou, e ela começou a limpar com mais cuidado.

— Podia ser perigoso.

Quando ele sentiu ardor e tentou se afastar, ela pôs a mão no outro lado do rosto dele, mantendo-o ali. Ele deixou-se ficar, sentindo o calor do toque dela.

— Não chegou nem perto! O cara não tinha a menor chance contra Sagara Sanosuke!

Ela esperava por aquela resposta. Era sempre assim.

— Eu me preocupo com você.

Sanosuke arregalou levemente os olhos, sem saber o que responder. Ele se mantinha concentrado no rosto dela, e por isso percebeu claramente quando ela corou. Sem erguer os olhos para encontrar os dele, ela continuou trabalhando na ferida ao falar:

— Kaoru-san e eu nos preocupamos muito com o Ken-san, mas às vezes eu acho que era para você que devíamos dedicar nossas preces.

— Porque ele é mais forte que eu?

Ela negou com a cabeça:

— Por que ele se arrisca menos. Quando Kenshin sai para uma luta, nós sabemos que ele evitará o confronto a qualquer custo. Mas você tem que ser sempre o idiota esquentadinho. — Ela se virou para pegar o curativo e deixar o algodão sujo de sangue na bandeja, já esperando pela explosão de raiva.

Mas Sanosuke não reagiu. Megumi estranhou e se virou para olhar. Ele apenas a olhava com uma expressão serena e quase terna. A médica corou, envergonhada de sua provocação, e se aproximou. Segurando o rosto dele com uma mão, ela pôs o curativo sobre a ferida, apertando de levinho para garantir que não se soltasse.

Sanosuke manteve os olhos no rosto dela o tempo inteiro. Quando ela ergueu os seus, ainda mantendo a mão no rosto dele, seus olhares se cruzaram.

Por um instante, nenhum dos dois se moveu.

Então, Sanosuke baixou os olhos para os lábios vermelhos dela e começou a se aproximar lentamente. Megumi sentiu o coração começando a bater cada vez mais rápido e fechou os olhos. E aí os lábios deles se tocaram.

O beijo foi doce, porém intenso. Os lábios de Sanosuke eram urgentes, e Megumi os acompanhava no mesmo ritmo. Quando a língua dele pediu por mais espaço, ela cedeu, entrelaçando a sua à dele. Demorou algum tempo para que os dois se dessem conta do que estava acontecendo e se afastassem bruscamente.

Sanosuke corou como nunca imaginou corar na vida.

— I-Isso f-foi estranho!

Megumi também sentia o rosto em chamas:

— M-Muito!

— O-O que você p-pensa que e-está fazendo, sua raposa m-maldita?!

— E-Eu que pergunto, s-seu idiota!

Os dois se encararam, ofegantes. Para sua surpresa, Sanosuke percebeu que suas mãos tremiam, e desta vez não era de raiva.

— N... Ninguém pode saber disso, ouviu? — Megumi falou, depois de um tempo, quando tinha recuperado o fôlego quase completamente.

— Nunca!

Eles assentiram ao mesmo tempo, o que fez com que se entreolhassem estranhamente. Lá fora, o sol já tinha praticamente se posto. O silêncio tomou conta do consultório. Na varanda, o vento agitou o móbile que Gensai-sensei tinha pendurado, fazendo com que o pequeno sino tilintasse com um som doce.

Ainda um tanto constrangida, ela se levantou e pegou a roupa, estendendo-a para ele.

— Não se esqueça de voltar amanhã.

— Certo. — Ele saltou da cama para o chão e se vestiu rapidamente. Sem olhar para ela, começou a andar em direção à porta.

Megumi suspirou baixinho e se virou para pôr em ordem os utensílios e se preparar para ir para casa. Sanosuke parou, pouco antes de sair. Ela ergueu a cabeça:

— Sanosuke?

Ele girou sobre os calcanhares. Um sorriso torto flutuava em seus lábios. Com dois passos largos, ele se aproximou dela de novo e pôs a mão em sua nuca, puxando-a para si. Ele deu um beijo de três segundos na testa dela. Megumi arregalou os olhos levemente, pega de surpresa.

— Obrigado, raposa. — Dizendo isso, ele deu as costas e caminhou tranquilamente até a saída, sem olhar para trás.

Magumi sorriu para o kanji de “mau” enquanto ele se afastava.

— De nada, idiota.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!