Arkhé - Perseguidos escrita por Yendel


Capítulo 14
Vermelho combina muito bem com você


Notas iniciais do capítulo

Eu volteiiiiiii ^-^



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Acordei ainda atordoada. Olhei ao redor mas não consegui enxergar muita coisa, as luzes estavam todas apagadas e o quarto iluminado apenas por luz de velas. Estava em uma cama no centro do quarto. Tentei me levantar mas percebi que já estava sentada, e minhas mãos estavam presas por braceletes, que então estavam presos a correntes na cabeceira da cama.

Inutilmente tentei me soltar. Desisti depois de um tempo. Quanto mais recuperava meus sentidos, mais a coisa piorava. Quando consegui me ver pelo espelho na frente da cama, percebi que devia ter perdido muita coisa pelo fato de eu estar com menos roupa do que antes e nem saber como isso tinha acontecido. Bom, talvez eu estivesse até com mais peças de roupa do que eu estava antes de perder a consciência, mas essas definitivamente mostravam bem mais.

Estava com um corpete vermelho e preto tão justo que mal conseguia respirar e um decote que ... (Não vamos perder tempo com detalhes não é?), com meias 7/4 pretas ligadas ao corpete por uma cinta-liga e ... salto altos vermelhos? E para finalizar ainda colocaram um batom vermelho vivo em mim. Meu deus. Eu realmente estava muito interessada em saber o que tinha acontecido comigo, e mais importante ainda: o QUE eu tinha feito.

Quando olhei para o lado, me assuntei com uma mulher alta que anotava em uma prancheta. Desde quando ela estava lá?

—Bem, muito bem. Gostei do resultado. Não ficou nada mal para falar a verdade. Vermelho combina muito bem com você.

—Quem é você? O que aconteceu comigo? Eu quero sair daqui! – Sério. Eu parecia uma criança. Tantas outras perguntas, e eu também sabia que ela não ia me soltar. Mas enfim, eu estava desesperada.

—Ah mas você vai sair. Assim que terminar o seu serviço.

—Que serviço?

—Bom. Você terá de fazer tudo o que o seu comprador mandar, depois disso está livre.

—Comprador? Vocês me venderam? Como assim eu vou ter que fazer tudo o que uma pessoa qualquer mandar?

—Está mais para um aluguel na verdade. Alguém alugou você para fazer alguma coisa, não nos metemos nos assuntos dos clientes.

—E porque então me amarraram? E essa roupa? – Não. Eu não acredito que eu perguntei aquilo. Eu não sou tão inocente. Eu sabia exatamente o que eles queriam que eu fizesse, e era exatamente por isso que eu estava desesperada. Aquilo. NÃO. Ia acontecer. Não mesmo.

—Entregamos todas assim. Se o comprador quiser te soltar é escolha dele. Como já disse, não nos metemos nos assuntos dos clientes.

—Desculpa, mas vocês devem ter se enganado. Eu não aceitei nada disso, não assinei nada e...

—Quem disse que você tinha que aceitar? Você foi escolhida e isso por si só já deveria ser uma honra.

—Mas a questão é que eu não quero fazer isso.

—Sua faladeira toda já está me enchendo a paciência.

—Olha. Não é questão de faladeira, eu tenho direitos e digo que não quero fazer isso. Então vocês tem que me soltar. - Disse já nervosa.

—Você fala demais. Se nem eu estou aguentando imagine seu comprador.

Ela me deu as costas e foi em direção a uma parede no canto da sala. As luzes das velas brilharam mais e eu pude ver uma parede repleta de chicotes e correntes, desviei o olhar para não ver o resto. Isso não está acontecendo. Não está acontecendo. Bem. Está acontecendo. Mas o que provavelmente vai vir depois é que não vai acontecer de jeito nenhum.

—Espera. Para que isso tudo? – Falei com a voz repleta de pavor.

—Você tem que fazer tudo o que o seu comprador mandar. Há alguns que gostam disso então deixamos a disposição deles.

Engoli em seco. Tentei desesperadamente me soltar das correntes. Não deu certo.

—Chega. – Disse a mulher vindo na minha direção. Ela segurou meu rosto com uma das mãos, as unhas postiças me ferindo no rosto. – Você vai fazer seu trabalho e ponto final. Mas ao que parece você é do tipo bravinha. Então você pediu por isso querida.

Antes que eu pudesse reagir ela me amordaçou. Tentei falar alguma coisa mas era impossível. Aquilo estava ficando cada vez pior.  E então ela colocou uma venda nos meus olhos e a partir dali não pude ver mais nada. Eu falei pior? Desculpe quis dizer péssimo, pior que péssimo.

—Seu comprador chegará logo. Faça o que ele mandar. O que ele quiser. – A voz dela foi tão assustadora que percorreram calafrios pelo meu corpo.

—Mfmfmfgfmmf – Foi a minha brilhante resposta.

E então só ouvi o barulho da porta fechando.

No que eu fui me meter?!! Aquilo era um pesadelo!!! Como eu ia sair dali? Calma. Era só pensar. Eu tinha poderes, não deveria ser tão difícil assim tirar as correntes. Me concentrei ao máximo. Telecinese por favor funciona. Por favor funciona. Nada. Minha mãos continuavam presas. Tentei de novo. Sem resultado. De novo? Também não deu certo.

Desisti depois de um tempo. Minha cabeça estava estourando de tanta dor de cabeça. Tentei sentir as coisas ao meu redor. Consegui depois de algumas tentativas. Conseguia ver claramente o quarto, tentei sair de lá e ver onde eu estava. Depois de passar por um corredor e descer por uma escada descobri que estava no andar superior do restaurante. Tinha um andar de baixo também, mas esse não era bem cuidado. Achei um corredor eu fui até o final e parei em uma porta, não sei o que me guiou até lá, era uma sensação familiar talvez.

Assim que vi o que estava dentro, me assustei. Era Alex, estava amarrado em uma cadeira, o rosto sujo de sangue e cortes nos braços. Com tudo o que tinha acontecido eu tinha esquecido que também tinham pegado ele. Sinceramente, eu preferiria estar no lugar dele. Estava inconsciente? Não. Conseguia sentir pequenos movimentos nas mãos. Ele soltando as cordas. Lentamente, mas estava soltando.

Conseguiu depois de um tempo se livrar das amarras e saiu correndo da sala. Passou pelo corredor e encontrou alguns seguranças. Os nocauteou antes que percebessem.

Uma pontada forte na cabeça me fez parar. Droga. Eu tinha que arranjar uma forma de avisar a Alex que eu estava aqui. Mas não tinha como. Não com essa dor de cabeça. Não conseguia nem fazer funcionar a telecinese.

Ouvi um barulho do lado de fora, o comprador tinha chegado, eu tinha certeza que era ele. Bom eu sempre poderia tentar a telecinese de novo. “Vamos, vamos telecinesinha. Por favor. Eu só preciso que você tire uma das correntes, o resto eu me viro. Só uma pelamordedeus. Eu consego sentir as coisas mas você não consegue soltar uma corrente?” Eu estava total e completamente desesperada e mesmo assim não deu certo.

Ouvi a porta se abrir.

Era isso. Fim da linha. Game over. Fim de jogo para mim.


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Notas finais do capítulo

Demorou um tempinho para eu colocar esse capítulo no papel (Leia-se: arquivo do word), mas aqui está. Espero que estejam gostando.



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