P.O.V. Annie/Goldie

Golden Teddy (vocês o conhecem apenas por Teddy) e eu, Goldie (ou Annie, como a maioria me chama), sempre fomos os únicos robôs da Golden's. Eu cantava e meu brobro tocava (sendo que ele cantava comigo vez ou outra).

O legal de lá era que não apenas crianças nos adoravam, como adolescentes e adultos também. Algumas vezes até deixavam pedidos de músicas.

Durante a noite, nada de vigias noturnos. O chefe gostava muito de mim e do meu brobro. Ele nos deixava livres para fazermos o que queríamos, contanto que não quebrássemos nada.

Lembro-me que uma noite eu estava meio desanimada. Não queria continuar o livro que eu estava lendo e estava me perdendo em meio às ideias que cruzavam meus circuitos muito facilmente.

Meu brobro trouxe um copo com canudo.

—Hey, sis. O que foi?-ele me entregou o copo que parecia aqueles de água, apesar de que eu não conseguia ver o que tinha dentro.

—Brobro, somos robôs, não bebemos água.

—É óleo, criatura-ele riu.

—Engraçadinho. O que planejou para hoje a noite?

—Sei lá. Para falar a verdade, estou meio entediado.

—Não sabia que fora programado para sentir tédio.

—Você não foi?

—Hey, estamos falando de você!-eu ri.

—Engraçadinha.

—O que acha de fazermos cupcakes?

—Somos robôs, não comemos.

—É só por diversão.

—Não é uma ideia de toda ruim.

—Você é programado para não aceitar ideias boas dos outros, só as suas, né?

—Prefiro falar que sou programado para ter orgulho.

—Pateta. Vamos logo.

Fomos até a cozinha e saí fuçando os livros de receitas.

—Para que seguir receitas, sis? Vamos só improvisar-ele falou.

—Você sabe que vai ficar uma porcaria se não fizermos tudo direitinho.

Ao me virar para ele, vi-o com cinco ovos nas mãos.

—Não está seguindo a receita-comentei.

—Quem disse que isso é para a receita?-ele sorriu cruelmente.

—O que está planejan...

Ele jogou os ovos em mim. Eu o encarei, furiosamente. Por um minuto, meu irmão pareceu assustado. Então eu taquei um saco de farinha nele.

Foi aí que começou a Terceira Guerra Mundial. Nós ríamos e jogávamos pasta americana, chantili, corantes, ovos, confeitos e farinha um no outro.

Foi quando eu fui jogar uma mistura de farinha e ovos nele e ele se abaixou que eu pensei que estaríamos ferrados. Por quê? Porque acertei o chefe em cheio na cara.

Olhei para Harry Frey, surpresa. Golden Teddy se levantou e seguiu meu olhar, encarando o chefe, espantado.

—Lascou-se...-murmurei.

Harry suspirou e revirou os olhos.

—Apenas...limpem a bagunça e eu vou me limpar-ele disse, saindo dali.

Meu irmão e eu trocamos olhares aliviados e nos juntamos para limpar tudo. É claro que só juntamos as coisas sólidas. Não podemos mexer com água, seria burrice. Fiquei com pena do trabalhão que demos ao faxineiro. Mas ele ganhou um dinheiro extra por isso, então ficou todo mundo feliz.

Bem, foi depois desse dia que nossos chapéus e gravatas ficaram de um tom roxo escuro meio azulado.

Sinto falta da Golden's. Era meu lar. Eu e meu irmão não nos sentíamos em casa na Teddy's como nos sentíamos no outro estabelecimento. Mas os velhos anos dourados não voltam.

Velhos...até parece que foi um século atrás.

Mas meu brobro e eu também tivemos momentos divertidos na Teddy's, como na noite em que Cat estava meio para baixo.

Foi logo depois de ela ter sido reativada e descoberto que estava trancada em uma sala. Quando a noite chegou, ela abriu a porta e saiu andando por aí. Foi a única noite sem um vigia noturno na Teddy's.

Nessa época eu ainda usava uma roupa parecida com a do meu irmão. Foi Jamie que veio com a ideia maluca de deixar os robôs com uma aparência "moderna".

Eu estava conversando com meu irmão no palco. Jenny e Julie saíram sabe-se lá para onde então o lugar estava mais silencioso que o normal (essas duas fazem uma barulheira...).

Cat passou por ali, suspirando, e meus circuitos começaram a desenvolver formas de tentar animá-la.

Ao perceber isso, Teddy sugeriu:

—Hey, por que não cantamos aquela música que ela gosta?

—Cantamos?

—É. Eu e você. Como nos velhos, tempos. O que acha, sis?

—Acho que você precisa parar de falar "velhos tempos" como se isso fosse do milênio passado.

Ele riu.

—Vou aceitar isso como um sim.

Quando Cat passou por ali de novo, Teddy e eu a convencemos a ficar e assistir ao show.

Eu estava animada. Fazia um tempo que eu não cantava e eu gostava da música favorita de Catherine.

Teddy: - I believe we all have a soul mate
The chance for a perfect duet
I believe in hopeless devotion
I just haven't found it yet
But in my mind I see
The chick, who is meant for me
She'll be someone who is lovely
Someone wonderful and true

Eu: -The kind of boy
Who makes you smile
Even when you're feeling blue

Juntos: -And I know, I know he's/she's out there
Most definitely

Teddy: -Oh yeah.

Eu: -Not a phony, or a fake

Juntos: -Sweeter than a chocolate shake
My meant to be
When it's meant to be
You go kinda crazy
Meant to be
You forget your own name
When it's meant to be
It's destiny callin'
And nothing ever will be the same!
Oh yeah!

Eu: -You need a girl who's into music
To run up high on cupid's wings!

Teddy: -Find that boy with perfect hair
Have a Hollywood ending with strings

Juntos: -Oh, I know, I know he's/she's out there
Can't you see?
Oh yeah!
Maybe you've already met, the one you'll never forget!
Your meant to be!
When it's meant to be!
The stars seem to glisten!
Meant to be!
All the clouds depart!
When it's meant to be!
That's destiny callin'!
And if you listen you'll find your heart!

Seguramos a mão um do outro (tínhamos microfones, não dava para segurar as duas mãos). Não tivemos como criar toda uma coreografia com os cincos minutos de planejamento, mas pelo menos deu para inventar alguma coisa.

Eu: -Four eyes meet
And the meet is sweet
Could it lead to something more?

Teddy: -What's the deal?
When the way you feel

Juntos: -Is something you never felt before!

Paramos naquele momento da música onde os cantores falam. Isso porque eu nunca lembro o que eles dizem, então Teddy decidiu que a pausa seria melhor.

Juntos: -When it's meant to be
You go kinda crazy
Meant to be
You forget your own name
When it's meant to be
It's destiny callin'
And nothing ever will be the same!

Quando a música acabou, Cat, que sorria como boba, correu até o palco e nos abraçou.

—Vocês são de mais!-ela disse.

Eu e meu irmão rimos e retribuimos o abraço.

Agora eu estava na Freddy's. O dono de lá encontrou Cat e eu na Teddy's e nos levara até sua pizzaria. Eu só queria que ele tivesse encontrado meu brobro também.

Depois de um tempinho na Freddy's, eu aprontei uma (com uma ajudinha do meu amigo Ford, que era um dos vigias noturnos de lá). Combinei com Henry Frey, o irmão gêmeo de Harry e responsável pela manutenção de tudo na Golden's (inclusive os robôs), a me ajudar a mudar o visual.

Ele tinha ainda acessórios que costumava usar em mim e Golden Teddy. Os chapéus e gravatas escuros roxo-azulados fizeram sucesso e viraram os favoritos de mim e meu irmão. Por sorte, Henry ainda tinha os pintados. Com a ajuda dele, mudei totalmente o visual e, mais uma vez, eu parecia a Goldie.

—Hey, volta para a realidade, Goldie-disse aquela voz que eu ODEIO.

Ergui o olhar para Freddy Fazchato.

—Não me chame assim.

—Pensei que gostasse de ser chamada assim.

—É. Por qualquer um. Que não seja você.

—Adorável como sempre, né?

E foi assim que começamos a Quarta Guerra Mundial.

Costumamos brigar o tempo todo. A culpa não é minha que aquele bosta é irritante.

—Você é insuportável-falei.

—Você é uma chata-ele retrucou.

—Então por que ainda está falando comigo?

—Boa pergunta.

—Vaza daqui!

—Sai você!

—Talvez eu saia!

—Ótimo!

—Ótimo!

Virei e saí pisando duro.

—Vai lá-ouvi Ford sussurrar.

Em seguida, ouvi passos se afastando apressadamente e parei de andar. De repente, alguém me abraçou por trás. Virei meu rosto e vi meu irmão sorrindo para mim.

OPA, VOLTA!

MEU IRMÃO?!

—Sentiu minha falta?-perguntou, ao se deparar com a minha surpresa.

Ele também estava no estilo Golden. Algo me diz que Ford aproveitou-se da boa vontade com os Goldens de Henry um pouco mais depois que o Frey mudara meu visual.

—Mas...como...-meu sistema não estava conseguindo processar o que estava acontecendo.

—Ford me tirou da Teddy's antes do cara que desmontaria os robôs chegasse. Tudo parte do plano. Ele tentou ajudar os outros também, mas ele não teve muito tempo. Ford ainda estava me ajudando com umas coisas então pedi para Freddy te deixar ocupada um tempinho, depois de ter ouvido o quanto vocês brigam.

—Aquele babaca sabia-murmurei, sorrindo.

Teddy...Golden Teddy...tanto faz, sorria de um jeito que parecia até...malicioso. Não entendi o porquê e não tinha tanta certeza que queria saber.

Eu abracei meu irmão com força.

—Se você vier com mais desses planinhos e não me contar, quem vai te desmontar serei EU-avisei.

Meu irmão riu e retribuiu o abraço.

—Também te amo, sis.