Lia

Esta se abaixando com a vela sobre o corpo desacordado de Emília,  sorri ao pensar que enfim tudo isso terá fim, quando vai derrubar a vela sobre ela, ouve passos, alguém vem se aproximando rápido demais, ela não tem alternativa a não ser se esconder na sacristia, consegue observar Bernardo chegar e se colocar perto de Emília, ele grita por socorro, logo vem enfermeiros e a levam, droga ela pensa, droga porque ele tinha de aparecer justo agora, com raiva ela sai da sacristia e ao olhar onde Emília caiu percebe algo dourado no chão e pega, é a pulseira que ela usava, guarda no bolso, talvez seja útil,  e sai da capela e do hospital, sabe que Emília ao acordar vai falar dela e podem começar a procurá-la. Volta a ficar escondida, quer ver o desenrolar, eles demoram muito a voltar,  já é madrugada quando ouve o carro dele, e pela forma como Emília se afasta de Bernardo ela sente que algo aconteceu entre eles.

No dia seguinte de manhã ela vê os dois saindo, sabe que vão ao hospital, mas prefere ficar, seria arriscado tentar algo contra Emília,  fica ali vendo Miguel e a menina, mas eles tem os olhos de Beth cravados a cada passo das crianças,  quando a menina se afasta um pouco ela corre para pegá-la e resolve entrar na casa, e não saem mais, Lia come e bebe algumas coisas da sua mochila,  preferiu trazer para não correr o risco de ter de voltar muito a cidade. Pelo que viu em ver Beth proteger tantos as crianças,  Emília deve ter alertado ela. Um tempo depois eles voltam e logo em seguida uma van com alguns caras, e pelos trajes, terno e gravata escuro, percebeu ser seguranças, então olhando toda a situação de longe ela traça um plano e torcia para dar certo, iria precisar de seu grande amigo. Resolve que por hora não há nada a fazer por ali e sai voltando a cidade e procurar se amigo.

Bernardo

É mais um dia de respirar fundo e voltar para casa desde que o pai de Emília passou mal na fazenda a três semanas, ela diz ter visto Lia que tudo ficou caótico,  ela esta desconfiada de tudo, tiveram que trocar algumas vezes de segurança por insegurança da parte dela, nenhum dos que estão ali hoje são os mesmo que ele contratou na tarde seguinte ao pedido dela, até as crianças estavam sentindo as mudanças delas, que mal saiam de casa, Miguel ia e voltava com ela em mais dois seguranças e onde ela ia Lívia tinha que estar,  voltou a dormir com a menina, algumas noites ele encontrava ela no quarto de Miguel, os três embolados na cama. Emília estava mais nervosa, menos paciente, isso o preocupa, ele desce do carro entra no elevador, seu telefone toca ele, atende, ao finalizar a ligação ele esta na porta de casa, agora mais isso, Malu ligou dizendo que estava de volta e marcou uma reunião para dali a dois dias, mais essa ele pensa.

Ele entra em casa, as  crianças estão na sala, Emília na janela, parece sempre que esta esperando ver algo, ou alguém.

–Oi crianças-  ele dá um beijo e abraço em cada um, se aproxima de Emília. - Oi meu amor.

–Oi - ela o abraça, um abraço apertado.- vou pedir a Beth que sirva o jantar.- se afasta dele e vai para a cozinha.

Ele sobe toma um rápido banho e desce.  Na mesa do jantar Miguel  pergunta.

–Pai quando vamos ir na fazenda de novo.

–Meu filho... -ele olha para Emília, e não sabe o que dizer.

–Miguel não podemos nos afastar agora da cidade por causa de meu pai - tenta argumentar ela.

–Mas estou cansado de ficar aqui preso, neste apartamento- diz ele levemente irritado- porque temos que ficar aqui, nem sair para brincar podemos.

–Miguel nós- tenta falar Bernardo,  mas o que ele vai dizer, qualquer coisa que ele disser vai assustar o menino.- Eu e Emília vamos conversar sobre isso.

O jantar termina em um silêncio total, após as crianças subirem para dormir ele tenta dialogar com ela.

–Emília as crianças estão cansada de ficar aqui.

–O quê eu posso fazer?

–Vamos passar esse fim de semana na fazenda.

–Eu não sei, meu pai.

–O problema não é o seu pai é essa insegurança sua.- ele esta a um ponto de explodir.

–O que eu posso fazer Bernardo, andar sorrindo e feliz por ai como se uma louca não estivesse solta planejando algo contra nós.

–Você foi a única pessoa a ver a Lia.

–Que dizer o que com isso, que estou louca? Que estou mentindo?-

–Emília não falei nada disso.

–Mas é o que esta dando a entender, que estou louca, que estou mentindo, por que como ninguém a viu eu só posso estar enlouquecendo.

–Vamos  tentar de novo ok. - ele caminha um pouco procurando melhor as palavras - Emília as crianças não estão entendo essa situação, se para nós é confuso imagina para eles, acho que seria bom irmos a fazenda, se a sua preocupação é o seu pai, ele esta bem cuidado, podemos ir tranquilos qualquer coisa nós voltamos. - ele fala com uma paciência, que nem ele sabe de onde tirou.

–Podemos falar disso amanhã?

–Não Emília amanhã já temos que estar a caminho, quer saber você, se quiser fica, eu vou pegar as crianças amanhã de manhã e ir para a fazenda.

–Você não pode fazer isso.

–Posso, e vou, as crianças, eu também preciso de respirar um pouco de ar.- dizendo isso ele sobe para o quarto .

Ele estava cansado, dessa tensão, desse medo pairando no ar, sempre a espera de que o pior possa acontecer, de fato se ela quisesse ficar,  ele não poderia arrastá-la junto com ele, mas esperava que ela fosse junto com eles.