Emilia & Bernardo.. Nova história escrita por Tah Madeira


Capítulo 101
Capítulo 101




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Bernardo

Ele chega ao escritório de Jéssica, com os diários em mãos, ainda tem dois inteiros e mais um pela metade para ler.

—Bom dia Carol- ele diz a assistente que veio recepcioná-lo.

— Bom dia senhor, Jéssica já vem.

Não demora alguns minutos e ela aparece eles vão ao escritório, eles entram, Carol fica de fora da sal.

Eles passam um bom tempo trancados, quando por fim Bernardo passa rápido, rosto vermelho de raiva, com Jéssica atrás gritando...

—... Bernardo espera... - ela pede, ele  parece nem ouvir- Bernardo por mais que tudo que esta escrito nesses diários seja verdade- eles estão em frente ao elevador-e eu acredito que sim, para o caso ele ainda não nos é útil, não há nenhuma ligação,  alguma prova, entende?

— O que entende que minha mulher esta presa por algo que não fez, entendo que ela esta em um lugar horrível onde não merece estar, e que mais um dia vai permanecer lá, entendo que não posso ficar de braços cruzados.

—E não vamos ficar...- o elevador  chega ele entra

— Só a tire de lá por favor- ele diz antes da porta fechar.

Ele vai dirigindo até a delegacia.

—Boa Tarde delegada.

— Senhor Bernardo, sua advogada já me ligou avisando de sua visita...

— Posso ver minha esposa- afobado Bernardo interrompe a delegada.

— Sim, mas será um encontro breve.

— Obrigado delegada.

Ela encaminha ele até uma outra sala, os minutos passam devagar demais, ele olha para o nada especifico, quando a porta se abre e Emília entra, ela não olha diretamente para ele, esta com a cabeça baixa, ele acompanha o olhar dela e vê as algemas em seus pulsos.

— O senhor não pode tirar as algemas dela?- ele pergunta a policial que esta com Emília .

— Não eu não posso, é a regra.- a policial ajuda Emília a se sentar de frente para ele, que pega a mão dela entre as suas.

— Emília, olha para mim meu amor- ela parece não ouvir o pedido dele, que a chama mais uma vez.- Emília, por favor.- ela olha para ele.

— Eu não queria que você tivesse essa visão de mim- ela levanta os braços e balança as algemas.

— Eu não me importo com elas- ele segura novamente as mãos dela, bem forte entre as suas.

— E as crianças?- ela faz um carinho na mão dele

— Achei melhor que Beth fique com elas na fazenda, pelo menos por enquanto.

—Sim é o melhor, não posso nem pensar em elas lidando com tudo isso- ela fica em silêncio. – Como esta o Miguel?

— Ele esta bem, entendeu que não brigamos, que você vai voltar.

— Que bom – nova pausa dela, Bernardo a olha a todo o instante, por mais que ela esteja ali, parece não estar, ela não prende muito o seu olhar ao dele - e Lívia?

— Lívia você a conhece, fica me olhando com aqueles olhos, parece buscar resposta a uma pergunta que não foi feita, mas logo se distrai- é ele quem faz pausa- Emília fizeram algo contra você aqui?

— Não – ela olha para ele- Por que a pergunta?

— Não sei você esta estranha, distante...-

— Por favor Bernardo- ela sorri- Você quer o quê? Estou presa, acusada de assassinato, e quer que eu esteja como? Sorrindo? Feliz? Achando isso tudo normal...

—Não foi isso que eu quis dizer...

— Então é por que não fui carinhosa? Desculpas mas as algemas  e o ambientem impedem isso, ou é por que eu não estou me desmanchando em lágrimas? Acho que já  chorei tudo o que tinha para chorar. – ela volta a ficar em silêncio, olha para a policial- A senhora pode me levar, por favor?

A policial ajuda ela a se levantar, Bernardo também se levanta, tenta mais uma vez segurar na mão dela que desvia do seu toque.

— Emília eu estou tentando- ele a olha, que por um momento sustenta o olhar dele, ele viu uma tristeza enorme ali, que ela estava fazendo um grande esforço para não chorar- Eu vou tirar você daqui.

Ela caminha junto a policial, ele a olha, mas em nenhum momento ela olha para trás.

Ele esta com muita raiva, decide ir para a casa, ele até entendia essa explosão de Emília, mas para ele também estava sendo difícil, ela tinha que tentar entender um pouco o lado dele, ele nem sabe como chegou em casa, por sorte Beth já tinha levado as crianças,  com a cabeça fervendo ele resolve tomar um banho, ele não podia deixar de pensar em Emília, apesar de toda a situação, algo a mais estava acontecendo, ele não sabia o que era, claro que aquele desabafo dela foi proposital, pois o olhar dela não mentia, mas o que poderia ser

Ele não fazia ideia, percebe que tem fome, pois mal comeu, desce come algo pronto e vai para o escritório com os diários retoma a leitura deles, lê mais calmo, mais concentrado, algumas coisas é difícil de acreditar que Lia foi capaz de fazer, por tantos anos ela morou com ele, jamais poderia imaginar o que ela sentia ou fazia por ele.

Esta tão preso a leitura que toma um susto quando seu celular toca e vê o nome de Jéssica no visor, ele dá um pulo da cadeira e atende logo.

— Oi Jéssica, aconteceu algo?

— Oi Bernardo, bom sim...

— Conseguiram a liberdade de Emília ?- ele interrompe ela.

—Não, vamos ter a resposta entre amanhã ou depois...

—Então ela vai ficar mais  tempo na delegacia?- novamente ele corta ela.

— Sim Bernardo, estamos correndo com tudo que podemos, mas tem coisa que não depende de mim...

—Tudo bem, tudo bem- ele diz mais para si do que para a advogada, mas para se acalmar, ele se senta novamente –Tudo bem, então aconteceu alguma coisa?

—Sim  - ela faz uma pausa- Bernardo como vou te dizer isso...

— Aconteceu algo a Emília ?

—Não, mas ...

— Diga de uma vez, esta me deixando nervoso.- ele levanta e começa a andar pelo escritório.

— Eu recebi uma ligação da delegada Dias agora pouco, e antes que me pergunte esta tudo bem com Emília, nada aconteceu a ela esta bem.-Jéssica diz.

— Então o que foi?- ele para em frente a mesa, olha para os diários.

— Emília fez um pedido, ao qual ela pode e tem direito, ela pediu para não receber mais as suas visitas...

—Ela pediu o quê?- ele não acredita no que houve

— Primeiramente ela pediu para você não ir vê-la, mas ela sabe que você não iria obedecer, então ela solicitou receber só as minhas visitas...

—E ela pode pedir isso?

— Sim ela pode...

—Ela falou o por que ?

— Não, mas você deve entender que é difícil para ela..- Jéssica tenta argumentar, ela sabe que seria uma tarefa complicada desde que encerrou a ligação com  a delegada minutos atrás.

— Eu tenho que entender? Só eu, sempre eu, o que ela pensa?

— Bernardo eu não...- mas ele nem deixa ela terminar e continua a falar.

— Claro que você não pode saber, nem eu sei- ele faz uma breve pausa, dando conta de o porque ela estar estranha- Quer saber eu sei sim,  ela esta sendo egoísta de novo, tentando resolver tudo sozinha, se escondendo e fugindo de mim, achando ser quem...obrigado por me avisar- e sem esperar resposta desliga o celular.

Ele caminha em círculos pelo escritório, do nada para olha a mesa os diários e joga tudo ao chão sem se importar com as outras coisas que tem ali pega o abajur que tem ali e arremessa  na parede, extravasa um pouco da raiva que sente e sai do escritório, desce pega o carro e sai para dirigir um pouco, é sua melhor forma de esfriar a cabeça, pois a vontade dele é de ir até a delegacia tirar essa história a limpo.

Dirigi por algumas horas parando vez ou outra deixando seus pensamentos vagarem, decide por hora não pensar no que Emília fez deixaria de lado esse absurdo que ela pediu, quando acha estar melhor volta para o apartamento.

Entra, e vai direto para o quarto, deita da forma que estar, tenta dormir, com esforço e mais virando de um lado a outro ele dorme.

Acorda logo cedo com o corpo dolorido, toma um banho, desce e percebe seu celular tocando no escritório, onde tinha deixado, olha a bagunça que deixou no ambiente, pega o celular era o sinal de mensagem,  ele vê que logo após ter saído Jéssica ligou algumas vezes, e deixou mensagens também, para não ir a delegacia que ela iria conversar com Emília para saber o que estava acontecendo, ele sorri por saber que por mais que Jéssica fosse insistente Emília jamais iria falar de fato o que estava se passando ele pega o celular e liga para Beth para saber das crianças, ela diz estar tudo bem, eles adoram a fazenda, ainda dormem, ele diz também estar tudo bem, dentro do possível, que tudo estava sendo feito para tirar Emília dessa situação, ele desliga e olha novamente a sua bagunça e começa arrumar,  pega o porta retrato com a foto de Emília e as crianças, vê que quebrou mas a foto continua inteira, deixa em cima da mesa, começa a pegar os diários, com a força que fez um caco de vidro perfurou a capa de um dos diários mostrando a capa original, ele termina de rasgar, quando por fim consegue ali há um foto com um grupo de quatro pessoas, entre elas ele reconhece Lia, mais nova, ele pega a foto, analisa bem os outros rostos não reconhece ninguém, mas essa foto Lia não esta tão diferente de quando foi trabalhar para eles, Bernardo vira a foto e quase cai para trás, apoia-se na mesa, e ali no verso da foto, junto com uns nome tem um endereço.

Emília

Ela olha para Pri e Tere que se assustam com o que ela diz.

— O quê não tenho cara e assassina?- ela tenta sorrir mas não consegue, senta sobre as pernas e chora- Mas não sou, não sou, estou sendo acusada de assassinar uma mulher- ela começa a falar coisas sem sentido, e a gesticular, e a chorar, Pri e Tere c olha uma para a outra.

— Ei garota toma isso-  Pri alcança um copo com água para ela- Se acalma, toma vai- Emília pega a garrafa e fica olhando- Pode tomar, toma vai.

Ela bebe alguns goles, senta de um jeito melhor no chão, as moças sentam na sua frente.

—Pronto agora diz- é Tere que fala com ela.

E Emília conta, ela não sabe por que mas falar com aquelas duas mulher que mal conheço foi melhor do que falar com a advogada, com certeza melhor que falar com a delegada e até mesmo melhor que falar com  Bernardo.

Ela conta tudo, quando vai chorar em alguns momentos elas seguram em sua mão, dizendo que se ela não quiser não precisa continuar. Após finalizar a sua história ela sente estar um pouco melhor, chega comida para elas, Emilia diz não estar com fome, mas Tere com um jeito um pouco autoritário lhe diz:

— É  melhor você comer, se não vai cair desmaiada- ela alcança a comida para ela que olha um pouco desconfiada- Pode comer garota é boa a comida, vai come.

E assim ela faz, sem perceber acaba comendo tudo, de barriga cheia, encosta de novo no chão e acaba pegando no sono.

Acorda bem mais tarde, com Pri lhe chamando dizendo que vieram buscar ela, Emília se enche de esperança por achar que vai sair, mas a policial que veio lhe buscar percebe a sua alegria e diz de um jeito que parece se divertir:

— Não se anima toda não é só uma visita, vai ficar como hóspede aqui mais um pouco- algumas presas que ouviram começam a rir.

Emília sai da cela, a policial pega os pulsos dela e coloca as algemas.

—Precisa disso? – Emília pergunta

—Sim, você esta presa meu bem, esse acessório faz parte de você, agora vamos.

E de novo ela abaixa a cabeça e segue aquele corredor, ouvindo piadinhas e gritinhos, se segura para não chorar. Chegam a parte clara da delegacia, piscas algumas vezes para se acostumar a luz de novo.

Não demora muito ela encontra Bernardo, e independente do lugar ou da situação seu coração sempre bate mais forte na presença dele, ele esta sentado de costa, um pouco curvado como se estivesse cansado, respiração pesada, ela pensa que não pode obrigar ele a viver assim, quando ele vira de costa ela baixa a cabeça com vergonha por estar algemada, sente o olhar dele sobre ela, ele fala com a policial sobre as algemas, mas ela não permiti tirar, eles sentam um de frente ao outro, Bernardo pega em suas mãos, como era bom ter o toque dele, fica lembrando quantas vezes tocou na mão dele, era bom lembrar, ele a chama algumas vezes, conversam um pouco sobre as crianças, quando do nada ela explode, diz coisas que ele não merece ouvir, coisas que não gostaria de dizer, mas que precisa para afastar ele daquela lama toda, Emília não se permiti chorar, nem quando solicita a policial para leva-la de volta a cela e Bernardo dá um daquele seu olhar, profundo, querendo descobrir o que vai na alma dela, ela segura as lagrimas com toda a força que ainda tem, e sai da cela com a policial ao lado, ela não olha para trás por saber que ele esta olhando, ela não olha para trás por que as lagrimas foram mais forte e molham o seu rosto.

 

 

 


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