O dia seria longo, foi isso que FitzWilliam Darcy pensou, quando no meio da madrugada a esposa começou a sentir as dores do parto. O início foi tranquilo, Elizabeth permaneceu deitada em sua cama por algumas horas sem acordar o marido, não queria fazer alarde desnecessários.

Porém, quando as dores passaram a incomodar, de modo que ficar sentada não parecia a melhor posição, ela levantou e começou a caminhar pelo quarto. Não precisou chamar Darcy mais de uma vez, desde que sua barriga começou a parecer que iria explodir ele estava em modo de alerta para seus chamados. Quando ele levantou sem uma palavra entendeu o que acontecia, os olhos escuros que ele tanto amava estavam carregados de alegria, mas sombreados por algo doloroso, seu primeiro filho estava quase chegando.

As criadas começaram a acender toda a casa, ninguém dormiria por ali, os Gardiner estavam com eles para ajudar e claro, para tardes agradáveis de pescaria. A senhora Gardiner ajudou a sobrinha a seguir para outro cômodo, que estava sendo preparado para o parto. Darcy estava impaciente, deveria ficar com o Senhor Gardiner esperando novidades sobre o nascimento.

— William Arthur Darcy. Esse vai ser o nome dele. – Elizabeth disse segurando o marido, antes que Darcy saísse do quarto para deixar as mulheres trabalharem. Ela esteves sonhando com um bebê por meses apesar de não poder toca-lo sentia que se tratava de um menino, Darcy apenas sorria cada vez que ela comentava sobre o assunto. Elizabeth foi abraçada por ele e presenteada com um sorriso fraco, Elizabeth notou certo pesar em seu rosto.

Durante os meses mais avançados da gestação, apesar de estar sempre próximo Darcy estava quieto e pensativo, estava sempre observando como ela estava, o que sentia mas sempre com melancolia em seu tom. Elizabeth ficou intrigada com ele por dia, sem entender o que poderia ter acontecido. Até que um dia entendeu.

FLASHBACK

O dia estava lindo, apesar de estar muito quente, Elizabeth saiu para sua caminhada diária e quando voltou a casa estava inundada pelo som do piano de Giorgiana, que tocava e cantava uma canção leve. A criança em seu ventre se remexeu, tinha certeza que seria um amante da música, cada vez que ouvia o instrumento ela o sentia.

Giorgiana levantou do piano e andou até ela com um enorme sorriso no rosto e ao chegar próximo dela levou a mão para a barriga.

— Como está meu querido sobrinho? – Ela perguntou.

— Apaixonado pelo seu talento, pode sentir? – O rosto de Giorgiana se iluminou ainda mais.

— Onde está seu irmão? – Elizabeth questionou, procurando por ele no recinto. Giorgiana deu com os ombros.

— Está na outra sala, ele anda tão calado e recluso, não sei o que há. – Elizabeth sorriu e acariciou o rosto da cunhada.

— Deixe que eu converso com ele.

Ao entrar na sala, viu o marido parado em frente à janela, com algo dourado em suas mãos. Ele estava distraído, ela entrou suavemente e agarrou sua mão.

 — Será que pode compartilhar comigo o motivo de tanta preocupação? – Ele baixou o olhar para ela.

— Não é nada, minha Eliza. – Ele respondeu sem emoção e deu um abraço nela.

— Não seja orgulhoso, eu sei tem algo errado. – Ela disse, tendo o som de sua voz abafado pelas vestes do marido. Ao se separar pegou da mão de Darcy o objeto dourado, que ela identificou como um medalhão. Ela voltou seu olhar para ele, como se pedisse autorização e ele afirmou com um movimento de cabeça.

Quando ela abriu, viu dentro um retrato, de uma mulher bonita, de cabelos e olhos claros, suas feições lembravam muito as de Giorgiana.

— Ela morreu depois de dar à luz. – Elizabeth agora podia entender, para uma criança perder a mãe dessa forma poderia ser um trauma, ela não o culpava por sentir medo. Voltou aos braços do marido, sussurrando que ele ainda teria que atura-la por muito tempo.

FLASHBACK.

Darcy andava de um lado para o outro, segurando as mãos atrás das costas, Giorgiana que o acompanhava com o olhar já se sentia tonta pelo exercício do irmão.

— FitzWilliam, vai furar o chão! – Ela disse finalmente. O senhor Gardiner se juntou ao jovem rapaz colocando a mão no seu ombro.

— Sente-se, você vai precisar dessa caminhada quando a criança nascer, acredite, eles não gostam de dormir. – Darcy encarou o tio.

— Não se preocupe não faltarão braços para nina-lo. – Giorgiana disse, com um sorriso doce nos lábios.

O céu estava sendo manchado pelo amarelo alaranjado, a neblina da manhã cobriam os jardins quando um choro forte foi ouvido. Darcy sentiu êxtase pelo momento, Senhor Gardiner o cumprimentou, Giorgiana pulou em seus braços. O novo pai correu para o quarto.

Quando a porta foi aberta ele viu Elizabeth, sentada apoiada em travesseiros, seus cabelos estavam trançados sua pele suada estava sendo limpa por uma criada, em seu semblante não havia cansaço ela parecia muito saudável e em seus estava a criança com quem a esposa conversava em um tom baixo. Ele se aproximou devagar e quando Elizabeth o viu, sorriu.

— É uma menina. – Ela disse ainda sorrindo. Darcy olhou para a menina. Seus cabelos eram claros, a pele alva e como se soubesse o desejo do pai abriu seus olhos, que eram escuros o brilhantes como os da mãe.

— Claro que é, eu sempre soube que seria. – Ele beijou a esposa na testa com forma de expressar seu carinho.

Giorgiana veio encontrar o grupo logo depois, e ficou encantada em saber que teria outra menina em casa, fora sozinha durante tantos anos e hoje tinha a cunhada que era como sua irmã e uma sobrinha.

— Qual será o nome? – a Senhorita Darcy questionou. Darcy olhou para Elizabeth, era ela quem estava responsável pelos possíveis nomes, mas raramente a via falando de meninas. Elizabeth encarou a cunhada.

— O que acha de dar seu nome para ela? – Giorgiana ruborizou.

— É uma honra, querida irmã. – ela respondeu com o maior sorriso que Darcy já havia visto.

— Acho que deveria ser Giorgiana Elizabeth Darcy. – Giorgiana completou. – Assim ele terá em uma o nome das duas mulheres de sua vida. O que acha, irmão?

— Para mim está perfeito, Darcy respondeu feliz.

— Para mim também. – Completou Elizabeth.