Fio Vermelho escrita por black swan


Capítulo 1
Destino Entrelaçado


Notas iniciais do capítulo

Olá minhas queridas e meus queridos. Tia Black estava "aposentada", mas voltou. Eu estava cansada de escrever só uma fic e por isso desenterrei um velho trabalho para vocês
Espero que gostem dessa one e em breve postarei novas fics para vocês.
Kissus



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/681949/chapter/1

“Existe um fio vermelho invisível aos olhos, esse fio conecta todos aqueles que estão destinados a se encontrar. E não importa o tempo, à distância ou as circunstâncias. Esse fio pode ser apertado, emaranhado, mas nunca rompido.”

Quando eu era criança sempre ouvia isso da minha mãe, e como uma boa garotinha boba e sonhadora eu acreditava com muita força nisso, só que quando cresci e passei por muitas coisas na vida, percebi que tudo não passava de um engano e que não existia isso de destino conectado. Era isso que eu acreditava até o dia em que encostada na janela daquele metro, enquanto eu via os pingos da recente chuva deslizarem pelo vidro eu o vi.

E quando olhei em seus olhos eu podia jurar que senti algo puxar em meu dedo, se fosse o fio vermelho de que minha mãe tanto o falava só podia estar enganado, pois aquele homem era perfeito demais para estar conectado a mim.

Enquanto o velho metro se afastava do condomínio de apartamentos de classe média, meus olhos iam se distanciando do belo homem que se encontrava ao lado de fora. Eu nunca fui do tipo de garota que se encantava fácil, nunca fui do tipo que se apaixonava fácil, contudo havia algo de diferente naqueles olhos pretos um pouco azulados que prendia a minha atenção.

 Havia algo nele que fazia com sensações diferentes despertassem em mim, dizem que isso se chama amor à primeira vista, mas sinceramente não sei se isso pode acontecer comigo, afinal do mesmo jeito que não acredito em Papai Noel e em destinos conectados, também não acredito em algo chamado Amor.

E antes que digam que eu não acredito em nada, sim eu acredito, acredito que quando as pessoas mergulham fundo demais, muitas vezes elas não conseguem encontrar o caminho de volta.

Sem que eu percebesse o metro já havia chegado a minha estação, desci e fui seguindo o caminho para casa. Enquanto caminhava pelas ruas simples do subúrbio onde morava eu me distraia com as decorações diversas que estavam espalhadas por toda a parte.

Natal?

Algo que há muito tempo esqueci o significado, ainda tenho viva dentro de minha mente as lembranças de quando era garotinha e gostava de sentar no chão e colocar os presentes embaixo da árvore, de como adorava o cheiro do molho sendo colocado por cima do peru ainda quente, de como ficava hipnotizada quando começava a nevar, eu ainda consigo escutar minha mãe dizendo para eu por o casaco.

Só que tudo o que é bom acaba, perdemos, e para mim, ver minha mãe morrer de câncer na noite de natal foi o motivo para eu esquecer o seu significado, meu pai tentou muito cuidar de mim depois que ela se foi, eu pensei que ele cairia em desespero, se afundaria em jogos, ou bebidas, mas ele aguentou fortemente, por mim e por ele, por nós dois, mas as dificuldades financeiras o forçaram a me mandar morar com a tia Elizabeth, uma senhora que na época tinha seus cinquenta anos, rica, muito, muito rica, mas sozinha e eu fiquei sob seus cuidados.

Meu pai anos depois morreu de uma pneumonia, tia Elizabeth teve uma morte digna de sua existência, morreu dormindo. E tudo o que me restou foram às aulas de piano que aprendi; o gosto por música clássica, uma casa enorme que não pude vender, pois no testamento de tia Liz eu deveria cuidar da casa assim como tudo que havia dentro dela. (Porém nada dizia que eu era obrigada a morar nela por isso pedi para os empregados cuidarem da mesma, e apenas na noite de natal eu vou nela). E uma fortuna em joias, dinheiro, quadros, que acabei doando metade para um hospital especializado em câncer de mama, quis dar a chance de outras mães poderem passar mais natais com seus filhos, a chance que minha mãe não teve.

Hoje o natal para mim é uma garrafa de vinho cara, com comida congelada, em volta de uma mesa enorme, sozinha, os empregados da casa não tinha a obrigação de deixarem suas famílias para passarem o natal comigo. O computador sobre a mesa com a videoconferência ligada para eu poder fingir que minhas amigas estão perto de mim.

Existia um tempo que sentávamos a mesa e riamos e comemorávamos o natal juntas, mas depois que Hinata e Ino decidiram tentar a vida em outro país e anos depois conheceram seus futuros maridos e tiveram seus filhos, elas não tinham mais tempo para viajar e passar o natal comigo.

O cigarro e a garrafa de Smirnoff em mãos, enquanto sento na varanda para aproveitar a vista. E por essa razão eu não acredito em destino conectado, pois se o meu realmente tivesse ligado alguém eu não estaria passando praticamente todos os natais da minha vida dessa forma deplorável.

Dinheiro não pode comprar felicidade, isso não é mentira, pois pessoas de verdade não se vendem.

Eu trocaria tudo, daria tudo que eu tenho por um natal de verdade, não precisaria estar numa mesa um pouco pequena rodeada de rostos sorridentes e comida de verdade na mesa, não, eu só queria a presença humana de outra pessoa, além da minha vazia.

E em passos lentos eu continuava a caminhar pelo chão forrado de neve, o vento gélido incomodava um pouco quando se chocava de frente com minha fina jaquetinha. Ao longe avistei os prédios, na qual o do meio pintado de um verde musgo, já coberto pelo preto do limo que se acumulava na tinta e com vários enfeites de natal para não se diferenciar dos demais era o que eu morava.

Depois de alguns minutos andando cheguei à portaria, dei boa tarde ao seu Pedro ele é o porteiro e zelador daqui e subi as escadas.

Não gosto de elevadores.

O 5º e ultimo e andar era o meu, o prédio não é muito grande, mas é simples e com mais cara de um doce lar do que a enorme mansão Haruno que minha tia deixou. Peguei as chaves no bolso surrado da minha calça jeans e com as mãos tremulas do frio consegui abrir a porta.

Meu apartamento se resume em uma sala, cozinha e copa, dois quartos e um banheiro. Dei sorte dele possuir uma pequena sacada na qual eu deixava a minha plantação de hortênsias.

O relógio da cozinha marcavam 12hs30min, os supermercados ainda devem estar abertos, Entrei no quarto e separei uma roupa confortável.

A calça de moletom preta e um suéter branco para mim estavam bons demais para ir às compras de natal, calcei um tênis que mantivesse meus pés aquecidos, luvas e um cachecol azul que Ino havia feito de presente para mim, peguei a carteira e coloquei na bolsa, já estava pronta para sair.

Descia as escadas rapidamente, do lado de fora o sol batia fraco, querendo se sobressair entre as nuvens do inverno, caminhava sem pressa, observava algumas crianças jogando bolas de neve umas nas outras, isso me fez sorrir, mamãe, papai e eu adorávamos guerra de neve.

Voltei à estação para pegar o metro, e por algum motivo que desconheço comecei a lembrar-me daquele belo e misterioso homem, será que o veria de novo? Deixando esses pensamentos de lado entrei no metro, fui para o ultimo vagão, terceiro assento o meu lugar preferido.

Fiquei observando a movimentação das pessoas para darem seus toques finais para mais tarde, o natal realmente empolgava as pessoas, desde as famílias mais humildes, até as mais cheias de dinheiro.

Eu entrava nas duas categorias, a garota rica, que morava no subúrbio. A única coisa que me destacava era o fato que eu não tinha mais uma família.

 Sinto-me um pouco cansada, o trabalho hoje na loja de brinquedos foi bem puxado, muita correria, não entendo por que a maioria das pessoas deixa para comprar seus presentes na ultima hora.

Acabei por encostar-me a janela e deixei que meus olhos já pesados e derrotados pelo sono se fechassem e pudessem me dar nem que fossem 30 minutos de descanso. Mas no final acabaram sendo 30 minutos de inconveniência, pois não conseguia tirar da minha cabeça aquela figura enigmática.

***

A cada tic tac que os ponteiros do relógio davam, eu desejava ansioso que chegasse a hora de fechar o supermercado, mas quando uma nova pessoa entrava e eu via que nem um minuto havia se passado direito, suspirava derrotado. Os minutos não querem passar.

E eu não sei dizer ao certo se é a questão dos minutos terem “congelado”, ou das freguesas fogosas que entravam que me deixavam mais irritado, talvez, fosse os dois casos.

Não importava a expressão de tédio que eu fizesse a cada cantada que elas me davam, elas não sabiam desistir, devo dizer, elas eram persistentes, uma pena que esses tipos de garota não chamavam nem um pouco minha atenção.

Permanecia com os fones de ouvido, escutando uma rádio qualquer, tudo para não ouvir mais aquelas vozes irritantes, será que elas não entendiam que tudo o que eu queria era ir embora para casa?

Quando as últimas clientes saíram do estabelecimento e eu me vi sozinho, ansiei de alivio, contudo ainda faltavam 40 minutos para poder fechar. Como não havia mais cliente resolvi repor o estoque de algumas coisas que estavam faltando.

Enquanto eu repunha as prateleiras, ficava observando pela vitrine a correria das pessoas para finalizarem sua ceia de natal. Minha mãe com toda certeza deve estar fazendo meu irmão, meu pai e os empregados subirem pelas paredes com suas exigências, eu ri sozinho só imaginando a cena.

E é nessas horas, e somente nessas horas que eu agradeço por trabalhar aqui. Obviamente que meus pais não aceitam que eu um herdeiro Uchiha trabalhe de caixa e repositor de supermercados, mas eles não entendem que eu quero viver minha vida, construí-la com meu esforço e não com dinheiro fácil.

Minha família é dona da maior rede de loja de brinquedos do país, faturamos muito, principalmente no natal. Entretanto eu quis criar meu próprio destino, minha mãe sempre me dizia quando eu era pequeno que nascemos predestinados a alguém, mas como todo garotinho birrento eu não acreditava nisso, achava que era apenas um conto de fadas para enganar garotas bobas e sonhadoras. Só que depois que cresci e vi muita coisa durante a minha vida eu percebi que podemos sim estar conectados a alguém, e se eu tivesse ligado a essa pessoa, eu desejo e quero muito que ela goste de mim pelo homem que sou a partir do que eu mesmo criei e construí não pelo que minha família tem a oferecer.

Meu irmão me entende perfeitamente, acho que é por isso que nos damos tão bem, somos bem ligados e muito parecidos, se nossa diferença não fosse de cinco anos de idade poderiam dizer que somos gêmeos. Itachi com seus 28 anos, conseguiu ter tudo o que quis com seus méritos, sem precisar do dinheiro de nossa família, ele é o nosso orgulho.

Sua esposa Asami tem muita sorte de tê-lo, mas ele diz que foi ele que teve a sorte de encontra-la. Meu irmão disse que quando a viu pela primeira vez ele pode jurar que sentiu algo em seu dedo se esticar e foi nesse momento que eu passei a acreditar fielmente em algo como o fio vermelho. E graças a ela hoje meu irmão é feliz, ao lado de alguém que o ama e que lhe dera uma linda filha.

Shiune é minha princesinha. São por essas pequenas coisas, que possuem um grande valor que eu agradeço pela minha família, não suportaria viver sem eles, numa existência tão vazia.

Sem me dar conta os minutos que eu tanto almejava passar finalmente tinham passado, poderia ir para casa. Terminei de repor as prateleiras e passei para frente do supermercado, estava virando a placa que indicaria que estava fechado. E foi nesse momento que aquela figura com a respiração descompensada e com o olhar frenético surgiu, segurando a porta entre seus delicados dedos.

Desconcertei-me ao vê-la, totalmente diferente de qualquer mulher que já vira, suas roupas nada elegantes se destacavam, por serem simples, mas demonstravam conforto e ao olha-la eu podia ter a certeza que era somente isso que a importava, estar confortável.

Eu vi as pequenas ondinhas de fumaça saírem de sua boca enquanto ela tentava respirar, eu sempre fui o cara que me apaixonava fácil, que se encantava fácil, mas havia algo nela que realmente prendia minha atenção. E eu não sei se era o fato dos seus cabelos terem aquele tom rosado, ou seus olhos parecerem duas esmeraldas que vaziam todo meu corpo tremer.

Somente despertei daquele momento de contemplação quando ouvi sua voz aguda, mas não melodiosa como as que eu ouvia diariamente, se dirigir a mim.

— Desculpe senhor, mas posso entrar só por uns minutos?

A súplica em seu olhar era enternecedor, mas por mais que ela pedisse, eu que queria ir embora logo, então não podia deixa-la entrar.

— Sinto muito, mas estamos fechando.

— Por favor, é só por alguns minutos, prometo não demorar.

Não importasse o que eu dissesse ela insistiria não é?

— Tsc, você é uma irritante. Você tem cinco minutos.

— Está ótimo só preciso de três. Obrigada

Ela me deu um sorriso tão simples, mas que me encantou. Eu dei passagem para ela entrar, e o mais estranho, foi que no momento que ela adentrou e saiu correndo pelo corredor de bebidas eu senti-me ser levado por ela, era como se tivesse algo me prendendo a ela, e eu devo dizer que sorri só de pensar que fosse o fio vermelho de que tanto mamãe falava.

Mas se fosse ele, só poderia estar errado, pois essa garota é incrível demais para pertencer a alguém como eu.

Enquanto ela pegava as coisas que veio comprar, eu ia fechando o local, me preparando para ir embora, logo ela chegou com uma garrafa de vinho Dow's Late Bottled Vintage, uma caixa de lasanha congelada, duas garrafas de Smirnoff e uma cartela de cigarros. Meu olhar de espanto a fez rir, e seu riso era contagiante.

Eu passei suas “compras” na máquina registradora enquanto a olhava fixamente, ela me deixou intrigado.  

— Deu 35 dólares.

Ela retirou uma nota de cinquenta e me entregou, pegou a sacola e ia saindo pela porta.

— Espere, seu troco.

— Pode ficar com ele.

Ela estava indo, sua mão segurava a maçaneta, eu já estava dizendo adeus mentalmente a sua presença, mas de repente as luzes se apagaram e a porta não abriria.

— Por favor, pode abrir a porta.

— Mas eu não tranquei a porta.

— Então por que ela não abre?

— Acho que tivemos um blackout, a porta se tranca automaticamente quando cai à energia, método de segurança.

— Estamos trancados aqui?

E depois de alguns segundos eu percebi que estava trancado, sozinho com aquela bela mulher, somente naquele instante caiu minha ficha.

 Dei de ombros e respondi

— É, acho que sim.

—Ótimo. Acho que levarei bem mais que cinco minutos. – Ela sentou-se ao chãoe  pegou um maço de cigarros e com o isqueiro tirado da bolsa ela o ascendeu. Olhando pra mim perguntou. – Se importa?

— Fique a vontade.

Olhei para o relógio na parede e vi a hora que marcava 15hs00min, suspirei cansado. Acho que ainda não poderei voltar para casa.

***

Os meus 30 minutos de descanso acabaram me fazendo passar da estação. Desci correndo do metro e corri pelas ruas, eu podia ver o pó branquinho acompanhando meus passos acelerados, dobrei a esquina e pude ver o supermercado, junto à porta que ficava mais próxima de minhas mãos a placa com os dizeres, fechado.

Consegui chegar e segurar a porta; levantei meus olhos para pedir para entrar por poucos minutos, alguns minutos já me bastavam, para minha surpresa quando olhei para a pessoa que fechava a porta deparei-me com aqueles olhos negros, um pouco azulados que coincidentemente encarei há algum tempo atrás.

Quando eu disse que as pessoas ao mergulharem fundo demais, muitas vezes não encontram o caminho de volta, naquele olhar eu me sentia inundada, mas não tinha medo de afogar, era uma imensidão segura que ele possuía.

Senti seus olhos cravarem em mim. Ainda cansada consegui pedir a ele para entrar, sua expressão dizia que ele queria fechar logo e ir embora, mas eu só precisava de apenas alguns minutos, minha insistência acabou resultando em uma passagem e eu agradeci sorrindo.

Ao entrar correndo pelos corredores de bebidas sentia algo ser puxado, arrastando vindo comigo, mas ignorei, eu tinha pressa.

Não demorei muito e logo passei para o caixa onde ele esperava com uma expressão serena, seus olhos se espantaram com minhas “comprinhas” não pude conter um riso. O total foi de 35 dolares, dei uma nota de cinquenta e deixei o troco para ele, e quando estava prestes a sair eu parei no mesmo lugar. A porta estava trancada e as luzes se apagaram.

— Por favor, pode abrir a porta.

— Mas eu não tranquei a porta.

— Então por que ela não abre?

— Acho que tivemos um blackout, a porta se tranca automaticamente quando cai à energia, método de segurança.

— Estamos trancados aqui?

— É, acho que sim

Bufei insatisfeita, sentei-me ao chão e acendi um cigarro, ele não se importou. Acho que vou demorar bem mais que alguns minutos aqui.

Ele sentou-se a minha frente, e agora que estávamos mais perto um do outro pude ver como ele era belo. Sua pele branca destacava no meio de pouca luz, seus olhos eram negros iguais a duas pedras ônix, seus lábios vermelhos se contracenavam com todo o resto e seus cabelos arrepiados pareciam uma marca definida. Acho que ele percebeu que o observava e passou a me fitar, desviei o olhar depois de 30sec de encarada, parecia que seus olhos podia me ler e isso de certa forma me incomodava.

— Você é linda sabia?

Essa fala me deixou sem reação, eu já ouvi isso antes de outros homens, mas sempre vinha carregado de luxuria, algo feio e impuro e eu não gostava, mas essa frase saindo dos lábios desse estranho de certa forma mexeu comigo.

— Sabia, mas obrigada.

— Convencida você não?- Ele sorriu, um sorriso lindo.

— Sei disso também.

Nós dois rimos, meu cigarro acabou e depois dele fumei mais dois, depois perdeu a graça.

Passou uma hora, duas e a energia não havia voltado, a porta continuava trancada e eu e esse estranho já não sabíamos mais o que fazer. Eu o fitava e sentia um desejo de beija-lo incontrolável, ele me fitava também e podia sentir o brilho de desejo que com certeza ele via nos meus.

Nos aproximamos mais e quando estava frente a frente com ele pude apreciar mais ainda sua beleza. Acariciei seu rosto e senti ele se arrepiar. Ele parecia um garoto perdido.

— Você também é lindo, parece uma pintura sabia.

— Sabia, obrigado.

Nós rimos, eu pude sentir sua respiração próxima dos meus lábios.

— Não precisamos fazer isso só para passar o tempo.

Ele é tão diferente se fosse outro já teria tirado minha roupa há duas horas. Mas ele não ele parece de outra época, bem distante dessa, sinto como se ele fosse de vidro e posso quebra-lo com qualquer movimento brusco.

Eu o beijei sem nem esperar uma permissão e confesso que pela primeira vez senti medo, medo dele me rejeitar, porém ele me abraçou e me trouxe para mais junto dele, sentei-me em seu colo e minhas mãos passeavam pelo seu corpo, ele realmente parece uma obra de arte, feito sob medida.

Enquanto nos beijávamos eu sentia algo puxar em meu dedo, eu abri os olhos e não vi nada, mas eu sentia algo puxar. Emaranhei meus dedos em seus cabelos e como eram macios.

Quando paramos de nos beijar, fiquei perdida em seu olhar, aquele mar negro. Ele sorria pra mim docemente e eu estava encantada por esse homem.

— Em outro tempo eu saberia seu nome sabia?

— Sakura.

— Prazer Sakura, Sasuke ao seu dispor.

Eu não conseguia parar de admira-lo, meu coração batia forte. Meu dedo era puxado continuamente e eu não entendia bem o porquê. Sasuke, lindo nome, lindo homem. Deus será que ele sente o mesmo que sinto agora? Será que algo em seu dedo também é puxado? Será que seu coração bate forte assim?

— Sakura em outro tempo eu também faria tudo diferente, eu te cortejaria, a levaria para passear, beijaria sua mão e se me permitisse roubaria um beijo ou dois, eu a levaria para casa e só depois de te conhecer bem faria amor com você. Você parece ser uma mulher incrível, acho que vai perder seu tempo com um garoto como eu.  

— Deus onde você estava esse tempo Sasuke?

— Esperando.

Eu o beijei mais uma vez e não me importava se ele fosse um garoto de 18 anos ou um homem de 36 eu só queria ser dele, mesmo ele sendo um estranho eu sentia que o conhecia de uma vida inteira.

Com muita ousadia eu fui retirando seu avental, depois sua blusa e parei em sua calça, ele me encarava terno e isso me fez prosseguir, ele retirou minha blusa surrada e a minha calça rasgada, meu tênis já havia perdido há alguns minutos quando subi em cima dele.

Pela primeira vez eu não me importava de fazer sexo com um estranho, pelo contrário era algo que queimava em mim, suas mãos delicadas me desenhavam, me percorriam e eu suspirava em deleite.

Sasuke, Sasuke. Seu nome saia de meus lábios com facilidade e ele suspirava de prazer junto comigo.

Era tudo com calma, não ligávamos se a luz voltasse naquele momento e alguém entrasse pela porta, eu sou uma louca mesmo, pois estou aqui atrás de um caixa de supermercado, fazendo sexo, ou melhor, fazendo amor com um completo estranho, e mesmo sabendo que quando a energia voltar e a porta abrir eu nunca mais irei vê-lo de novo eu não ligava, tudo que me importava era me sentir amada e desejada de verdade por um homem bom e era isso que eu estava fazendo.

A todo momento aquele puxão insuportável se repetia e depois de um tempo eu passei a entender.

Eu estava ligada a um fio vermelho do destino e depois de muito tempo ele havia me trago a pessoa certa.

***

Eu era louco e ela mais ainda, eu estava fazendo algo que jamais achei que fosse fazer, ainda mais nessas circunstancias. Meus lábios suspiravam o nome dela em prazer e ela o meu, eu percorria minhas mãos em todo seu corpo, quero lembrar-me desse momento.

Porque sei que quando tudo voltar ao normal ela irá embora e nunca mais irei vê-la.

Sakura o anjo que demorei a encontrar.

Eu sentia meu dedo ser puxado e era isso que me dava a esperança de que ficaríamos juntos, ela foi feita pra mim e se ela sente o mesmo posso dizer que eu fui feito pra ela.

Nossos beijos eram calmos, não tínhamos pressa de acabar, não tínhamos medo de sermos pegos nessa situação ou vergonha de agirmos assim, somos completos estranhos, contudo eu adoraria ser mais que isso em sua vida.

Eu procurei por essa mulher a vida toda e nunca a achei e quando simplesmente passei a esperar ela veio até mim.

Eu sou um homem de 22 anos, ou como meu pai diz um garoto de 22 anos.

Ela deve ser uma mulher de 28 ou 30 anos, que está aqui em meu colo, gemendo meu nome sem pudor enquanto estou dentro dela.

Sentia que logo chegaríamos ao ápice e eu não queria acabar.

Fechei meus olhos e me deixei levar por aquele momento.

Eu ouvi o barulho da luz voltar, ouvi o barulho do alarme de segurança destrancar a porta, mas tudo que eu queria ouvir naquele momento era o gemido de Sakura chamando meu nome enquanto gozavamos, juntos.

Ela abriu seus olhos e fiquei perdido no meio daquelas esmeraldas, ela sorria pra mim e eu pra ela.

— Sabe pra mim garoto, você manda muito bem.

Nós rimos, conversamos um pouco, sim depois do que fizemos conversamos, descobri que ela mora sozinha, tem 28 anos, solteira.

Ela se levantou, vestiu suas roupas e pegou suas compras, ela me deu um ultimo beijo antes de ir embora.

Quando ela saiu pela porta eu senti que era levado junto e nesse momento eu senti que mesmo que ela parta agora eu vou vê-la de novo, porque não se pode fugir da linha do destino que nos entrelaça.

Cheguei em casa e minha família me esperava, eu expliquei que fiquei trancado até a energia voltar, mas claro ocultei o fato da minha bela companhia rosada.

Algumas semanas depois.

Ela não sai da minha cabeça.

Ele não saia da minha cabeça.

Sasuke e Sakura não conseguiam se tirar das cabeças, os dois pensavam em como foram idiotas de não terem trocado meios de contatos, se achavam perdidos e separados, mas o destino sempre nos leva a quem somos endereçados.

Os dois caminhavam no parque, olhavam para baixo e não se viram chegando, se esbarram e Sasuke segurou a rosada pela cintura.

Os dois se olharam e sorriram.

— Você tem cinco minutos senhor?*

— Pra você Sakura eu tenho a vida toda.

Os dois se abraçaram e caminharam de mãos dadas, e bem entrelaçadas pelo fio vermelho do destino.

“Demorei a acreditar e acho que foi por essa razão que demorei de te encontrar. Sei que somos diferentes, até demais, mas sabe não importa. Se o destino quer nos unir quem somos nós para interferir” (Black Swan- Fio Vermelho)


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

* Referência ao tempo que Sasuke deu a ela para entrar no supermercado
Espero que tenham gostado.Deixem seus comentários são eles que me inspiram.Essa fic também está no wattpad. Ja ne



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Fio Vermelho" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.