A noite estava fria, porém, muito bonita. A lua iluminava tudo ao redor de Paris, porém a única coisa que poderia iluminar a noite de um certo Gato Preto era o sorriso dela.

As visitas noturnas que ele fazia a ela estavam se tornando frequentes. Não que ela se incomoda-se com isso, ela até gostava dele visitar-lá no meio da noite. Eles conversavam sobre assuntos aleatórios do dia-a-dia, e ela apenas sorria para ele ou revirava os olhos quando ele fazia um de seus trocadilhos com gatos. Aquilo era realmente irritante, mas ela acabou se acostumando e até ria de alguns trocadilhos. 

Ele havia chegado perto da casa dela quando viu as janelas abertas em seu quarto. Foi quando ele a viu. Sentada num sofá rosa que ela tinha em seu quarto, ela estava lendo um livro com duas canecas de chocolate quente. Pelo visto, ela havia previsto a sua visita.

— Hey, princesa. - Ele disse e entrou no quarto dela sem ao menos pedir permissão. Ele não precisava, ela já havia dito a ele para entrar quando quisesse, mas apenas se a janela estivesse aberta. Ela olhou para ele e sorriu carinhosamente. Ele amava aquele sorriso.

— Olá, gatinho. - Ela fechou o livro e o colocou de lado - Achei que não viria, o chocolate estava esfriando. - Ela se levantou com as duas canecas e deu uma a ele.

— Você realmente pensou isso? - Ele sorriu de canto para ela - E perder a oportunidade de te ver sorrindo? - Ela corou e desviou o olhar para algum outro lugar.

— Cale a boca. - Ela riu e passou por ele para abrir o alçapão que levava para à sacada que ela tinha em seu quarto - Você vem?

Ela perguntou e ele assentiu com a cabeça, afinal, deixar uma bela dama passar frio sozinha não era algo que ele costumava a fazer. Ele subiu na sacada com ela e fechou o alçapão atrás dele.

— E então, princesa, sobre o que quer falar hoje? - Ele falou se apoiando na grade.

— Não sei. - Ela riu e olhou para baixo. Céus, como ela podia ser tão fofa? - Tem alguma ideia?

— Bem... - Ele olhou para baixo também, pensou em falar tudo que estava preso em sua garganta, desde sua primeira visita a ela até agora, onde ele estava perdidamente apaixonado por ela. - Não. 

Ela suspirou e se apoiou na grade ao lado dele, ela tomou um gole do líquido na caneca e olhou para ele, que ainda fitava o chão.

— Chat, algum problema? - Ela o fitou preocupada. Ele voltou a realidade e olhou para ela. 

— Você se preocupando comigo? Princesa, você me deixa lisonjeado. - Ele deu o seu famoso sorriso de canto e ela revirou os olhos.

— Você sempre tem que estragar o momento, não é? - Ela colocou a mão na testa, deu uma risada e olhou para ele novamente. 

Eles ficaram ali, observando um ao outro, sem dizer absolutamente nada. O silêncio havia se tornado uma música calma e bonita para se ouvir, nenhum dos dois havia dito ou feito algo por alguns segundos. Bem, foi quando ele tomou uma iniciativa. Ele havia colocado uma das mãos na bochecha dela e se aproximou de seu rosto até que ele conseguia sentir sua respiração contra a sua.

— Chat... Eu... - Ela estava com os olhos entreabertos observando o que ele fazia cuidadosamente. Ela queria isso mais do que ele - Eu te amo... - Ela disse num tom quase inaudível, deixando escapar a três palavras mágicas que ele tanto esperava ouvir. E então, aconteceu. O beijo que eles sempre quiseram arrancar um do outro. Era um beijo calmo, porém, apaixonado.

Ela colocou a caneca em uma mesinha próxima e colocou as mãos na nuca dele puxando ele para mais perto de si. Ele trocou a mão da bochecha dela para a cintura, fazendo o mesmo processo.

Eles queriam que aquilo durasse para sempre, mas tudo que é bom, acaba. Eles ouviram um barulho avisando que a transformação de Chat estava prestes a acabar. Eles se separaram e ainda de olhos fechados encostaram as testas uma na outra, quando ele decidiu quebrar o silêncio.

— Eu preciso ir princesa. - Ele a soltou e ela fez o mesmo. Ele subiu na grade e antes de ir embora falou o que estava preso na sua garganta por um bom tempo.

— Eu também te amo. - Ele disse e deu um pequeno beijo de despedida nela. Então ele fugiu.

Ela continuou observando-o enquanto ele sumia entre a noite.

— Gato bobo. - Ela riu e abriu o alçapão - Meu gatinho bobo.