Agentes da CIC - INTERATIVA escrita por OrigamiBR


Capítulo 4
Busca Perigosa


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo iria ser um pouquinho mais longo, mas eu não conseguiria terminar dentro do limite extremo do prazo. Mas não se preocupem: como cortei ele, provavelmente o outro sairá mais rápido.



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— Sem poder ir resolver o problema de Recife fica difícil, né chefe... – disse Ricky enquanto discutia com Valentine, dois dias depois de chegarem. Escutou todo o resumo da missão de recrutamento impassível, e deu a ordem que não deveriam interferir. Ricky não deixou barato e foi tentar convencer o homem a ceder. Sem sucesso até agora.

— Sei que quer ajudar, mas a equipe Silver ainda não tem membros o suficiente. Continue a recrutar que irei mandar outra equipe pra lá por enquanto.

Ethan escutou a resolução sentado. Não gostou nem um pouco da decisão do chefe, mas não podia negar que fazia todo o sentido. No momento só tinham três membros: uma especialista em linguagem corporal, um especialista tático e ele, o especialista em precisão. Darla ainda estava no muro e eles não podiam forçá-la a aceitar o convite.

Assim que Ricky se convenceu que não poderia enfrentar Valentine, desceu para o cubículo da Silver. Lá, os dois desabaram em suas cadeiras, pensativos. Ethan circulou o olhar vago, pensando na estratégia que poderiam tomar quando viu, numa das escrivaninhas novas que foi colocada lá, um grande vaso de flores ao lado do computador. Estranhou ainda mais quando viu a plaqueta escrita “Rachel Price – Equipe de Inteligência”, e o topo da estranheza foi ver a mulher do outro lado, através das plantas, com um batom muito vermelho que marcava bem seus lábios finos, trajada com uma camisa florida bem leve e calça jeans. Ele não havia prestado atenção, mas ela tinha cílios bem cheios, contrastando com seu nariz redondinho.

— Oh, vejo que já se aconchegou por aqui – disse Ethan, tentando passar assertividade.

— Sim, sim. Gostei bastante do espaço – respondeu alegre, mas depois tomou um tom mais sério – Soube que Recife ficou fora de nossa mão...

— Pois é. Valentine acha que a gente não consegue conter o problema lá, aí vão mandar um pessoal cuidar.

— Entendo. Bom, sei da decisão dele. Era uma que eu tomaria. De qualquer forma, temos outros trabalhos, não é?

— Não sei. Só se você ou Ricky souberam de algo...

— Acabei me esquecendo por causa de Valentine, mas ele mandou a gente ir chamar outro membro pra equipe – disse Ricky, colocando a mão na mesa depois de esfregar a testa. Apertou na superfície de seu relógio e levou o dedo para o ar, levando um holograma de um círculo acorrentado. Assim que o soltou no ar, usou as duas mãos e abriu os braços, expandindo o círculo e revelando o rosto do próximo membro da equipe.

Era uma mulher com pele branca e rosto pequeno. Tinha olhos castanhos vivos e cabelos loiros bem longos, com lábios bem delineados. Do lado, se via a ficha técnica, dizendo que seu nome era Helena C. Wild. Ethan e Ricky ficaram embasbacados com a aparência dela, e até Rachel a olhava com admiração.

— Hoho... – exclamou Ricky, quase sem voz – Tá ficando cada vez melhor...

— Q-que rosto lindo – disse Rachel, não deixando a boca fechar – Parece uma modelo.

— Caramba, será que a gente vai conseguir trabalhar? – se perguntou Ethan, mas parecia que queria pensar nisso ao invés de falar.

Depois de alguns segundos de apreciação, Ricky balançou a cabeça e começou a ler a ficha.

— B-bom, ela tem 21 anos e é especialista em manipulação. Foi presa injustamente por envolvimento com Carlo DiMarco. A CIC tentou apresentar evidências à polícia que havia tido erro na investigação, mas o recurso não foi deferido e tá presa desde então.

— Mas espere – disse Rachel, parando de olhar a foto – Se ela é especialista na arte de enganar os outros, como temos certeza de que não enganou a CIC?

— Valentine ficou encarregado de interrogá-la, daí a gente tira... Aqui, encontrei: Carlo DiMarco é descendente de uma das máfias italianas. O grupo qual ele fazia parte veio para o Brasil junto dos imigrantes das grandes guerras. Estabeleceu suas bases aqui e cortou relações com o país de origem, fazendo sua própria rede de drogas, desmanche de carros e tráfico de pessoas. Apesar de todos esses eventos, nem a Polícia Federal ou a CIC conseguiram provas o suficiente para prendê-lo dentro da lei; parece que sempre tem algum juiz ou político subordinado que faz de tudo para tirá-lo da mira da justiça. E nesse caso, acusou tudo na Helena.

— Arg, esse tipo de gente me dá nojo – resmungou Ethan, irritado – Só porque têm dinheiro acham que podem fazer tudo...

— Não gosto também – disse Rachel, fazendo uma careta.

— É, mas é pra isso que estamos aqui – disse Ricky dando um sorriso – Pra levar esse tipo de gente pra justiça. Ou sentando uma bala na testa: também serve.

— Ricky!!! – exclamou a mulher.

— O que? Só to mostrando as possibilidades...

—--

O grupo se dirigiu para junto de Darla, a armamentista. A mulher estava deitada numa cadeira, com um jornal no rosto e aparentemente roncando. Ricky olhou para Ethan e Rachel e deu aquele mesmo sorrisinho de conquistador barato de esquina. Ethan demorou um pouco a entender, mas assim que entendeu, puxou Rachel para longe quando escutou o grito do homem.

— ACORDA!!!

Como estavam escondidos, não viram nada, mas escutaram uma gargalhada divertida com passos apressados e barulhos de tiro pelo aposento. Dois outros agentes estava passando perto de lá e viram os dois membros da equipe Silver.

— Ricky? – perguntou um deles para Ethan.

— Ricky... – o rapaz respondeu, acenando ligeiramente com a cabeça.

Os dois agentes balançaram as cabeças e seguiram caminho. Ethan sentiu um cutucado de lado e viu o rosto da mulher pedindo uma explicação.

— Bem, Ricky e Darla têm uma amizade antiga – disse Ethan enquanto voltavam pelo mesmo caminho. Escutava a voz de Darla disparando insultos e xingamentos para Ricky, que só fazia rir – Eles se conheciam antes mesmo de entrar na CIC.

— Entendi. Mas não é perigoso não? Mexer com alguém que trabalha com armas?

— Hm, Ricky gosta do perigo. Mas mesmo assim Darla nunca atingiu ninguém nesse... Frenesi – disse com um sorriso nervoso.

Assim que se aproximaram, viram os buracos de bala no teto e paredes, um Ricky quase sem ar de tanto rir e uma Darla enfezada, com uma submetralhadora .45 de mão e o cano soltando uma leve fumaça. Guardou rapidamente a arma quando viu os dois irem até o balcão e organizou os cabelos, que agora parecia um “Black Power”.

— Então, o que vocês me mandam hoje? – pigarreou e falou Darla, ainda um pouco assanhada.

— Vamos pra um canto cheinho de policiais. Algo que seja de saque rápido, mas que dê pra combater – disse Ethan.

— Hmm, você sempre manda coisinha difícil, né, seu peste? Mas tranquilo, tenho essa arma pra você.

“Essa pistola .40 aqui. De alta capacidade de munição, acoplamento pra silenciador e tamanho compacto, essa arma vai servir pra qualquer coisa que tu encontrar.”

— Ok.

— E pra você, Rachel?

— A-ah, não. Dessa vez eu vou passar: trabalho melhor na parte de informação do que em campo.

— Certo, e você, seu animal? – disse Darla, enquanto olhava para Ricky, que já se acalmara, mas ainda estava com um riso bobo na cara.

— Me manda uma submetralhadora de 9mm, aquela de mão.

— Alguma modificação especial?

— Hm, acho que só a coronha rebatível. Ficar andando com esse treco gigante não dá pra mim não. Fora o silenciador, é claro.

— Parece que a gente vai assassinar alguém, e não salvar – comentou Ethan, após saírem para a parte de trás e cada um adquirindo uma moto grande e potente.

— Ossos do ofício, compadre – disse Ricky, quando acionou o acelerador, testando a potência do transporte – Lembra que ela tá no presídio daquele bairro.

— Vixe, então vamos ficar com a bunda quadrada...

Os dois colocaram os capacetes e aceleraram as motos, partindo para seu destino. No caminho, Ethan se perguntou no que a mulher havia se metido, e o quão perigoso estava ficando. Se a máfia resolvesse descontar o que estavam indo fazer, eles teriam que se preparar para uma guerra. Outro agravante era se a polícia não deixasse liberá-la... Não queria nem pensar no que aconteceria.

O trajeto mandara os dois para o bairro mais afastado da cidade, onde moravam apenas pequenos comerciantes e unidades de transporte de grandes empresas também. Assim, o trânsito era composto basicamente por caminhões e carretas articuladas, com algumas motos. Depois de mais alguns minutos, eles viram os muros surgindo e se agigantando. Quatro torres de vigia, bem altas e com visão panorâmica estavam cada uma com dois policiais armados e observando os arredores. Estacionaram os veículos e caminharam até a pré-entrada, passando pela grade que era eletrificada à noite ou em emergências, com arames farpados na parte mais alta. Depois, chegaram na entrada, feita com uma porta de metal grosso e pesado, com dois guardas lado a lado. Atentos, puseram as mãos nos coldres.

— O que querem? – perguntou um deles, se adiantando. Parecia ser o mais velho.

— Viemos retirar uma prisioneira – disse Ethan, com as mãos relaxadas ao lado do corpo.

— Cês tão com quem? – disse o outro, mais novo e mais nervoso. Ricky levou a mão ao relógio e de lá projetou o holograma de sua identificação. Um novo guarda, surgido da porta pesada, acessou as credenciais do homem, observando os números e rosto, através do celular. Ao mesmo tempo, Ethan fez o mesmo, mostrando sua “carteira de trabalho”.

— Ah, estão com a CIC – disse o guarda mais velho. Sua voz saiu com certo desprezo, que Ethan percebeu.

— CIC? Mas não é só um rumor? – perguntou o mais novo.

— Tu não sabe ainda porque é novo aqui, mas a CIC existe, sim. E eles têm autorização pra um monte de coisa. Como isso que vieram fazer.

— Ok, me acompanhem – indicou o mais novo, os chamando com a mão, e foi aí que notou as armas em cada um – Err... Preciso que deixem as armas.

— Tá tranquilo, parceiro – confortou Ricky – A gente vai só visitar uma pessoa.

— É-é porque é o procedimento...

— Tudo bem, não vamos usá-las – disse Ethan com um sorriso tranquilizador. Apesar disso, o guarda ainda estava nervoso, mas não insistiu.

Os três andaram por um tempo, passando pelo corredor e do lado do detector de metais. Uma grande grade eletrificada atrás de uma portinhola de metal pesado de ambos os lados separava a ala masculina da feminina. Antes de passarem pela grade maior, o guarda voltou a perguntar.

— Qual a prisioneira?

— Helena Wild – disse Ricky, descontraído.

— Hm, têm certeza? Ela tá cumprindo pena por crimes bem pesados. Causou uma confusão aqui há um tempo...

— Sim, temos certeza.

Dando de ombros, o guarda encaminhou os dois pela ala feminina da prisão. Pediu para aguardarem na sala de visitas enquanto iam buscar a mulher. Passados alguns minutos, uma guarda entrou levando uma pessoa que se debatia bastante. O outro guarda, atrás dela ergueu o cassetete em ameaça, e o chacoalhar passou. Colocaram a cativa sentada na cadeira e os dois homens puderam dar uma olhada melhor nela: quer dizer, sabiam que era bonita, mas vê-la sem qualquer maquiagem ou aparato no rosto pareceu realçar ainda mais sua beleza. Não era muito alta, mas tinha um corpo de dar inveja a qualquer uma. Era um pouco magra, com pernas longas e uma cintura fina. Não tinha nenhuma marca física, como se não fizesse exercícios. Tinha seios grandes e redondos, que balançaram quando ela se sentou, sem o seu “suporte”. Os dois olharam discretamente para os atributos dela, e mesmo com a expressão feroz da mulher, não se intimidaram.

— A gente tem um trabalho pra você – disse Ricky por fim, abrindo um largo sorriso.


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Notas finais do capítulo

Comentários? Sugestões? Ah, uma coisa: o que estão achando de eu usar expressões mais coloquiais no livro? E a pergunta do anterior ainda fica: preferem capítulos longos ou curtos?



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