True Colors escrita por Misu Inuki


Capítulo 2
Um vilão cruel e imbatível


Notas iniciais do capítulo

Oiiii pessoal!
Primeiramente muito, muito, muito obrigada pelos comentários lindos no capítulo anterior.
Palavras fofas assim que fazem a gente ter mais vontade de escrever!
Tenho uma boa notícia para vocês que amam TaiYoi (ou TaIza? InuYoi? Comentem ai o nome que vocês querem para o Ship)...
True Colors virou fanfic! o/
A média vai ser uns quatro-cinco capitulos.
Espero que gostem!

Boa leitura!



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Amor...
Seria esta a batalha mais difícil que Ino no Taishou enfrentou em vida?
Essa pergunta passou pela mente silenciosa de todos os jovens reunidos em volta da fogueira já quase extinta. Mas mesmo depois da confusão que fez Myoga correr mais rápido que seus velhos ossos permitiam, Kagome era a única que ainda pensava neste assunto.


A história subitamente terminada sem um desleixo, a deixou chateada demais para acompanhar os colegas em suas gargalhadas.
A cena fora no mínimo engraçada, isso ela tinha de admitir.
Myoga, como diria suas amigas de área moderna, estava lá "de boas" relembrando o passado de seu mestre com tanta pompa que era impossível desviar a atenção dele.


Talvez atenção até demais, para uma pulginha com tamanho ego como o dele.
Não demorou muito para que ele desviasse o assunto para si mesmo e suas aventuras amorosas. 
E provavelmente desataria a falar sobre si mesmo durante o resto da madrugada, mesmo se não fosse interrompido, e pensar dessa forma, acalma o espírito da curiosa Kagome.

Afinal, mesmo que Shoga, sua persistente noiva, não aparecesse no meio de seu discurso sobre um caso mais "cabeludo", - literalmente, pois envolvia uma Yokai Ursa, uma Yokai Chinchila e um Shi Tzu vira-lata de meia idade.- puxando-o pela orelha para o templo mais próximo para que eles se casassem e que de uma vez por todas terminaria tamanha "sem-vergonhisse" na vida de Myoga.

A garota chegou a sentir um pequeno medinho da pulga idosa irada. Sua cara era ainda mais assustadora do que o temível samurai que ela possuiu. Foi uma certa sorte, já conhecerem as habilidades- e o cheiro- de Shoga. Pois por muito pouco a cabeça do pobre rapaz aleatório, não saiu rolando pela lâmina de Tensaiga quando ele invadiu a clareira de espada em punho.
Quando a confusão acabou, Miroku e Sango se comprometeram em ajudar o rapaz desorientado, enquanto os outros rumavam para a cabana da Kaede para avisar o ocorrido a grande sacerdotisa do vilarejo.
Rin começou o curto trajeto segurando a mão de Kagome. Mas o anormal silêncio da sempre agitada garotinha indicava o quanto ela estava caindo de sono.

Não demorou mais do que algumas passadas para que ela começasse a "bater cabeça" e tropeçar. 
Sem falar nada além do seu típico "Keh", Inuyasha que seguia alguns passos na frente, deu meia-volta e agachou-se para que a garotinha subisse em suas costas.

Sem fazer a menor cerimônia, Rin enlaçou seus bracinhos no pescoço do hanyou e fechou os olhos.
Era tão fácil para a menina relaxar, que por um instante Kagome se viu invejando essa capacidade. Rin estava totalmente alheia a energia que parecia pesar em muitas toneladas o ar entre os dois. Tinha alguma coisa errada. Inuyasha nunca foi do tipo muito falante como ela, mas sempre comentava alguma coisa. Nem que seja apenas reclamações e resmungos. Mas naquela noite, ainda mais do que as anteriores ele caminhava em absoluto silêncio. 

Kagome estava nervosa. Conhecia cada traço da personalidade do namorado. Uma palavra mal colocada e não conseguiria descobrir o que lhe afligia. Ela ficou formulando e reformulando as formas mais sutis de perguntas, e ao mesmo tempo tentava se lembra de alguma coisa errada que pudesse ter feito. Mas quando chegaram a cabana da Kaede, ele colocou Rin adormecida em seu futon e anunciou.

—Vou com a velha Kaede cuidar do cara perdido.

Kagome piscou algumas vezes. Tinha sido tão rápido, que ela nem tivera tempo de dizer que queria conversar com ele. Parecia, pensou enquanto o via acompanhar os passos lentos da sacerdotisa em seu cavalo, que ele fizera de propósito. Parecia que estava fugindo dela.


Kagome suspirou e voltou para a cabana que dividia com Rin e Kaede.
Bom, pensava enquanto arrumava a própria cama, ele não poderia fugir para sempre.
Conseguiria descobrir o que estava acontecendo nem que tivesse que partir para ignorância.

Agarrou sua escova com firmeza e travou uma batalha difícil e dolorosa contra os fios de cabelos rebeldes. Pudera, suas longas madeixas escuras estavam acostumadas por quase duas décadas de tratamento vip, com longas sessões de massagem e hidratação com cremes perfumados. E subitamente estava na era feudal, contando apenas com água e um estrado de ervas que muito mal subsistia um sabão. Não era a toa que seus fios se embolavam  com tanta facilidade. Suspirou mais uma vez ao lembrar dos potes de leave in ainda quase cheios em sua penteadeira. Que não daria por algumas gotinhas daquele creme milagroso que ganhara de presente de aniversário...

Largou a escova, chocada com os próprios pensamentos.
Por Kami, pensava a garota, como poderia ser tão fútil?

Kagome escolhera voltar para a Era antiga por conta própria.
Ninguém a tinha obrigado a pular no poço come-ossos. Ficar em sua era tinha sido um período terrivelmente solitário e triste. Foi importante para que ela descobrisse seus verdadeiros sentimentos, e amadurecesse ao ponto de conseguir fazer uma escolha.
E Kagome escolhera. A felicidade no lugar do conforto, amor e amizade ao invés da família.
Nunca houve e nem haveria nuvens em seu coração.

Mesmo com sua vaidade gravemente ofendida, seja em seus cabelos engrenhados ou suas unhas constantemente sujas e quebradiças, no fundo ela sabia que isso não a abalava de verdade. Estava certa de sua escolha. O único problema era que ela não podia dizer o mesmo por Inuyasha.

A garota deixou o corpo tombar no futon macio de braços abertos.
A insegurança da adolescência parecia voltar aos poucos como um fantasma do passado.
Será que era ela mesma a razão por trás do comportamento estranho do hanyou?
Não duvidava de seu amor por ela, afinal passaram por todo tipo de provação desde o dia em que se conheceram e apesar de nunca ter expressado em palavras, seus gestos carinhosos e atitudes como arriscar a própria vida por ela incontáveis vezes, lhe bastavam. Apesar de saber que ele a amava de verdade, um burburinho de ansiedade no seu estômago insistia que o problema do rapaz tinha de alguma forma haver com ela

Deitada olhando o teto de madeira a garota se perguntava o que de fato se passava na cabeça de seu teimoso namorado. Aquela não era a primeira vez - e provavelmente não seria a última- em que desejou ser capaz de ler os pensamentos de Inuyasha. Como num romance que lera na era moderna onde o exótico herói esse super poder. Por uma habilidade dessas falia a pena até beber sangue, Kagome suspirava sonhadora.
E com pensamento cheio de vampiros, cachorros e X-men, ela acabou adormecendo.
 

Não demorou muito para que Kagome se encontrasse em um lugar estranho.
Seus olhos piscaram contra a inesperada luz do sol refletindo sob as margem de um pequeno lago de águas plácidas e cristalinas.
Se lembrava claramente de estar dormindo na cabana da Kaede ao lado de Rin, no entanto se via agora ali, no meio de um bosque de árvores altas e floridas.

Com um tapinha na testa se deu conta que estava sonhando.
Claro, essa era a única explicação lógica para flores de cerejeira em pleno novembro.
Algumas pétalas róseas, com a brisa suave, se desprendiam dos galhos curvados, e Kagome esticou a palma para pegar uma delas. Era perfumada e macia ao toque de uma forma tão realista que sobressaltou a garota. Ainda segurando-a entre os dedos, caminhou até bem próximos às margens do lago.

Estava esperando alguma coisa bizarra acontecer como em todo o sonho. Esperava sair voando por aí, ou então aparecer no meio de um estádio lotado estiando sua prova gabaritada como uma bandeira do seu país em dia de olimpíadas como já tinha sonhado tempos atrás.

No entanto, tudo parecia normal. Até que percebeu que não estava sozinha ali.
Uma garota de aparência jovem olhava distraidamente para alguma coisa nas águas. Suas vestes eram compridas, um quimono antigo com muitas camadas de cores vibrantes formando um círculo em volta de suas pernas dobradas. Seu cabelo era liso e espantosamente comprido, que se não fosse pela cor de ébano poderia ser facilmente confundido com uma das camadas do seu Jūnihitoe. Seu leque estava posado em seu colo, dando assim a chance de Kagome observar bem o rosto da garota. Sua pele era muito clarinha, como se desde de bebê jamais tivesse tomado sol. Seus lábios estavam pintados de um tom de vermelho intenso, dando a todo o conjunto um ar formal demais para uma garota jovem de olhos vivos e brilhantes. 

— A quanto tempo pensa que vai ficar me espionando?- Kagome deu um salto de susto quando a garota olhou diretamente para ela.

Se sentindo completamente envergonhada, a morena deu a volta no pequeno lago sentido suas bochechas queimarem. Em pouco mais de cinco passadas, quando já estava bem perto da jovem desconhecida, percebeu que seu olhar vinha para algum ponto atrás dela. Se virou curiosa, e quase caiu no lago de susto.

—Sesshoumaru que raios você está fazendo aqui?- Kagome perguntou em voz alta, mas para si mesma do que para o rapaz.

Ela cobriu a boca com as duas mãos. Pior do que estar sonhando com o cunhado era acordar e descobrir que o namorado ciumento a ouviu chamar o nome do dito cujo enquanto dormia. Shippou tinha lhe dito que as vezes ela falava enquanto dormia e que já tinha flagrado Inuyasha fazendo perguntas sobre o Kouga para ela. Não tinha certeza, mas para o bem da sacerdotisa era melhor que o kitsune estivesse brincando.

Depois de se recuperar do susto, Kagome pode observar melhor "Sesshoumaru" que continuava parado totalmente sério no mesmo lugar. Seus olhos dourados encaravam a sacerdotisa com uma certa curiosidade. Mas seu cabelo prateado estava preso em um longo rabo-de-cavalo, e não solto como sempre esteve. O quimono e armadura formavam padrões diferentes e não tinha uma mais duas "coisinhas felpudas" descendo pelas costas. A pele era ligeiramente mais bronzeada, e apenas um par de listras ladeavam seu rosto em um tom de ciano. 

Kagome deu um passo para trás assustada. Não era seu cunhadinho.
Diante dos seus olhos estava uma versão realista do vulto fantasmagórico que encontrou quando Inuyasha e Sesshoumaru derrotaram a temível Souga. 
Definitivamente era ele, seu querido sogrão.
Inu no Taisho.

—Eu sabia que o senhor apareceria mais cedo ou mais tarde...- a garota comentou divertida- Mas sinceramente, esperava que fosse mais cedo.

—Como? - O yokai deu mais um passo para frente fazendo Kagome pular para sair do caminho.

Totalmente ignorada, Kagome descobriu que não podia ser vista ou ouvida.
Com um suspiro aliviado, ela concluiu que essa devia ser a parte bizarra do sonho.
Procurou um cantinho macio na grama e se sentou. Se sentia de volta a era moderna, assistindo a um filme em 3D. Só sentia falta de um balde gigante de pipoca amanteigada.

— Não sei... Intuição talvez? - A jovem riu completamente a vontade mesmo diante da presença quase assustadora do Yokai com postura militar. - E se minha intuição está correta, faz mais de um mês que o senhor me observa... 

Inu No Taisho não se mexia. Era como uma estátua mármore de olhos dourados desconfiados.
Kagome reparou que suas mãos estavam cerradas em punhos, mas não havia raiva em sua expressão. Ele parecia... Estar na defensiva. 

Era meio bizarro pensar que alguém tão grande e poderoso como o General tivesse medo de alguém tão frágil e inofensivo como a jovem que lhe dirigia um sorriso gentil. No entanto Kagome percebeu que as mesmas mãos que ele mantia firmemente fechadas, tremiam ligeiramente. 

A garota desviou o olhar do yokai por um instante, voltando o rosto para água.
Longos e intermináveis segundos de silêncio, a garota suspirou.

—Gostaria de lhe fazer uma pergunta... Se o senhor me permitir.
Inu no Taisho balançou a cabeça uma única vez, assentindo sem dizer uma só palavra.

—Foi o senhor que salvou minha vida de um bakemono há muitos anos?

Novamente ele gesticulou afirmativamente, sem sair nem um milímetro de sua posição original.
A garota sorriu mas não cobriu os lábios com as mangas do quimono, como era de costume.
Permitindo assim que a fileira de dentes perolados e perfeitos refletisse sob a luz do sol.
Ela era linda, Kagome admitiu. E seu sorriso iluminava seu rosto, deixando-a ainda mais encantadora. Ela se virou e voltou a encarar diretamente nos olhos do yokai.

—Fico muito feliz em vê-lo novamente senhor Inu No Taisho. Não houve um só dia em que eu não esperasse por isso.

Uma brisa gelada passou pela clareira. Apenas o som das folhas quebrava o absoluto silêncio que pairava no lugar. O vento bagunçava os longos cabelos dos dois. Como extensas cortinas prata e negra. Eles se entreolhavam com intensidade, como se tentassem descobrir o que se passava na mente do outro. Ou como se buscassem um encontro de almas, de acordo é claro com que acreditava a mente romântica de Kagome. Havia algo no ar, uma faísca que qualquer fã de dorama e manga shoujo -como era o caso da nossa garota moderna - perceberia na hora.

Um rubor crescente subiu as bochechas da jovem, que desviou novamente o olhar do yokai.
Kagome murmurou algo como "Kawaii", e voltou a roer as unhas ansiosa.
Sem dúvidas aquele era o melhor sonho que tivera, e ficaria muito chateada se não se lembrasse de nada quando acordasse.
Uma voz quebrou o silêncio vindo de longe. Kagome não pode entender mesmo enrolando a mão como uma concha no ouvido.

—Estão lhe procurando...- Inu no Taisho exclamou impassível.

A garota se encolheu. Ela não queria ir embora, mas todos ali sabiam que uma tragédia aconteceria se ela fosse vista sozinha com um yokai na clareira. Inu no Taisho se virou para ir embora é exatamente como na primeira vez ela exclamou.

—Espera...

O yokai parou por um instante muito breve e logo voltou a caminhar. Mas uma mão em seu ombro o obrigou a se virar. Kagome observava tudo com o coração na boca. Agora até ela conseguia ouvir claramente os gritos de "hime-sama". O grupo entraria na clareira chegaria a qualquer segundo.

Mas a garota não se importava. Não deixaria que seu herói sumisse novamente. Por puro impulso se levantara e correra em sua direção. Só quando ele se virou que ela percebeu que estava perto demais, a menos de um palmo de distância de seu peito. Lutando contra a onda de timidez, ela não abaixou o olhar. Sustentando o olhar intrigado do DaiYokai que passava da mão em seu ombro, para o rosto corado da jovem.

—Estou ouvindo.

Ainda meio desconcertada pela voz grave do General ela explicou.

—Não tive a chance de me apresentar naquela noite... Me chamo Fujiwara Izayoi.

Kagome deu um pulinho no lugar que estava.
Então era ela a mãe do Inuyasha. Tudo começava a fazer sentido na cabeça da jovem moderna, mas ela mal pode comemorar, pois ela agora não ouvia apenas vozes, mas muitos passos quebrando galhinhos e folhas. Queria gritar para o casal continuar o encontro em outro dia, só que mesmo que ela acabasse com suas cordas vocais não seria ouvida.

— E também queria... Lhe perguntar se vamos nos ver de novo... É que na verdade eu tenho tantas perguntas que gostaria de fazer ao senhor, se não for nenhum incômodo. De maneira alguma quero que se sinta pressionado, afinal não passa de uma curiosidade boba...

—Izayoi...- Inu no Taisho chamou, interrompendo a jovem subitamente falante. - Não se preocupe. Nos veremos novamente.

—Promete?-Izayoi olhou um pouco desconfiada.

E com um quase imperceptível sorriso nos lábios o Daiyokai assentiu.

—Prometo.

E tão rápido como um facho de luz, ele desapareceu em meio ao bosque. Izayoi ainda encarava o ponto em que ele estava até meio segundo atrás quando um pequeno grupo de guardas entrou na clareira. Eles lhe encheram de perguntas sobre como ela estava e porque ela tinha sumido por tanto tempo, mas ela apenas assentia com o rosto coberto com seu imenso leque bordado. 
Somente quando já estava saindo do jardim natural que Izayoi se permitiu olhar para trás.

Seu sorriso aberto permanecera escondido, mas para supresa de Kagome ele não se dirigia ao ponto que Inu no Taisho tinha desaparecido. Seus olhos castanhos fitaram diretamente os olhos da jovem da era moderna, cúmplices e divertidos. Kagome abriu a boca para perguntar se ela conseguia vê-la, entretanto Izayoi se virou e continuou seu caminho.
Kagome coçou a cabeça por um instante. Sem dúvidas era o sonho mais bizarro que já tivera na vida. O olhar que Izayoi lhe dirigiu era real demais. Intenso demais, do tipo quando uma amiga tem de guardar um segredo da outra. Um segredo bom, tipo uma festa de aniversário supresa ou algo do gênero. 

Kagome suspirou e se jogou deitada de olhos fechados na grama macia. Sabia que era questão de tempo para acordar. Enquanto isso pensava, o quanto tudo teria sido diferente na vida do namorado se seus pais tivessem ficado vivos. Um sorriso surgiu nos lábios da jovem. Gostaria muito de ter conhecido Izayoi. Inuyasha lhe falara poucas vezes sobre a mãe, mas sempre de uma forma muito carinhosa. E mesmo em seu sonho ela parecia ser muito legal. Não tinha dúvidas de que seriam muito amigas, principalmente dessa versão da sogra com a sua idade.

Uma gota gelada tocou a testa da jovem. Ela abriu os olhos, piscando para se adaptar a nova iluminação. Esperava encontrar o teto de madeira da cabana da Kaede. Mas estava diante de um céu de uma tarde cinza e fria. Suas costas tocavam algo macio e gelado.

Era neve. Estava nevando e ela estava na mesma clareira de antes. Mas não havia nenhum traço da tarde de verão de poucos minutos atrás. Uma cortina branca cobria toda a extensão onde havia grama verdinha. As árvores estavam sem folhas e o lago totalmente congelado.

Kagome piscou algumas vezes. Como tudo podia mudar tão rápido, e ainda sim parecer ser tão real? Ela pegou um punhado branco e apertou entre os dedos. Era exatamente a mesma textura que estava habituada. Contudo, mesmo estando com as mãos nuas, não sentia frio.

Era como se estivesse completamente vestida com um aquecedor ambulante. Mesmo estando usando nada além de suas vestes de dormir, uma espécie de quimono branco e fino. Com um suspiro ela se lembrou, que ainda estava no mundo da imaginação. Portanto qualquer coisa era possível. 

Uma risada cortou o ar chamado a atenção da sacerdotisa. Era uma risada alta, mas agradável.  Como um titilar de sinos do vento. Se sentando sob os joelhos, Kagome observou um casal embaixo de uma das árvores. A mulher usava um grosso véu rosado que lhe cobria os cabelos, e o homem usava exatamente a mesma vestimenta do último encontro. Estavam sentados lado a lado, como velhos amigos. Dividindo o espaço entre eles com várias pilhas de pergaminhos enrolados.

—Desculpe me a sinceridade, mas isso aqui está uma bagunça completa!- a garota riu novamente pegando o longo pergaminho na mãos do confuso e até meio chateado yokai. - Os traços tem uma ordem certa para serem feitos Taisho, senão fica tudo torto e desproporcional.

— Mas dá para entender, não é isso que importa?- O grande yokai bufou cruzando os braços. Suas mãos e garras estavam sujas de nanquim, mas ele não se importavam em sujas as próprias roupas. Estava visivelmente mal humorado.
Kagome o encarava de boca aberta. Estava diante de uma cópia exata de Inuyasha.

O mesmo jeito de virar o rosto, a mesma postura rabugenta. Se não fosse a ausência de orelhinhas de cachorro no topo da cabeça, Kagome teria dito um "Osuwari" para testar se não era o namorado disfarçado. 

—Com uma certa dose de concentração e paciência por parte do remetente, acredito que dá sim.- Izayoi riu mais alto quando Inu no Taisho bufou em resposta.- Queria entender como vocês se comunicam no mundo dos yokais... Não mandam cartas, não escrevem livros?

—Temos mensageiros que mandam pessoalmente as mensagens.- O general balançou os largos ombros.- Tão pouco precisamos de livros.

Izayoi franziu as sobrancelhas finas enquanto tentava agrupar os papéis para que não se molhasse na neve.

—Então como passam conhecimento ou histórias para as próximas gerações?- ela perguntou curiosa.

O DaiYokai abriu a boca para responder, apenas para logo tornar a fechá-la.
Um nuvem de pesar cruzou seus olhos dourados por um instante.

—Nós vivemos por muito tempo.- Ele respondeu por fim, sem encará-la.

—Por quanto tempo?- Izayoi mordeu os lábios se arrependo em seguida por deixar seus pensamento escaparem em voz alta.

—Muito tempo.

A voz do general ecoou sozinha pelo jardim congelado.
Era um tom profético, uma tragédia de um jeito ou de outro destinado a acontecer.
Um nó se formou na garganta da Kagome.
Somente naquele instante ela se dava conta.
Não se tratava apenas do amor trágico de Inu no Taisho e Izayoi.
A história se repetia no futuro, um maldição que nada nem ninguém poderia fazer nada poderia quebrar.
Com lágrimas nos olhos, ela percebeu que não haveria "felizes para sempre."
Uma hora, assim como aconteceria com o jovem casal a sua frente, ela iria se separar de Inuyasha.
Ele viveria muito do que ela. Inuyasha a veria envelhecer e murchar até o dia que eventualmente a morte lhe levaria para longe de seus braços.

E pela primeira vez desde que começara o sonho, ela pediu para os céus para acordar.
Não queria mais se lembrar.
Era doloroso demais perceber que estava de mãos atadas contra ao mais cruel e invencível vilão de todos...

O tempo.


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Notas finais do capítulo

E aeeee?
Meio Bad esse final né?
Mas até que teve algumas cenas engraçadinhas no meio, não é?
Opniões são lindas e a Misuinha ama, viu?*---*

Beijos e Borboletas Azuis!



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