Seguimos em silêncio para o elevador e subimos para o 3 andar, eu nunca havia ido nele. A porta do elevador abriu revelando um andar com um corredor extenso com as cores preta e branca, mas, ao contrário dos andares que eu conhecia, esse parecia mais movimentado e bem mais barulhento. Haviam pessoas transitando pelo corredor, passando de uma sala à outra, as portas estavam todas abertas por ali...

—Vem, vamos.- Viktor chama, eu sigo-o.

Vou olhando para as salas, haviam escritórios bem modernos e bagunçados com música tocando em cada um deles. Haviam salas que haviam algumas pessoas com os mais diferentes estilos de roupas, com instrumentos musicais, de todos os tipos. A cada sala q eu olhava curiosa, pessoas me olhavam de volta, de maneiras diferentes...

—Esse lugar é bem... movimentado, não?- Comento com Viktor.

—Hm? Ah, não é não.- Ele nega com a cabeça. Nesse momento nós brecamos bruscamente, por conta de uma baqueta que passou em alta velocidade em nossa frente, quase acertando o rosto de Viktor.

—...- Enrijeci na hora do ocorrido.

—É-É... talvez um pouco.

—... ah...

Ele continuou me guiando pelo corredor por mais um tempo, até que paramos em frente a uma porta preta que estava fechada...

—É aqui.- Ele abriu a porta revelando uma sala cor creme com um sofá vermelho num canto, em frente ao mesmo, uma mesa grande com vários botões e um notebook, havia apenas uma cadeira junto da mesa. E, em frente àquela mesa, um vidro que mostrava outra sala, uma sala com um microfone e alguns instrumentos, olho mais ao lado, havia uma porta que levava àquela sala.- Bem, espere aqui, tá bem? Eu já volto.

—Ãhn... tá.- Afirmo enquanto me sento no sofá.

Ele sai e fecha a porta, eu fico ali olhando em volta. Era uma sala bem iluminada, mas não havia janelas. Tocava uma música na sala, não era alta, mas também não era tão baixa assim.

Ouço meu celular apitar, pego-o e o olho, era uma mensagem de Kentin.

“Hoje a noite, eu, você e um sorvete imenso! E aí? Topa?”

“Só se o sorvetão for de creme.”

“E se for 2/3 morango? Ainda topa?”

“Vou pensar e te respondo mais tarde.”

“Qual é, beija-flor!”

“Pensa bem, eu poderia rejeitar.”

“Não iria, você me ama de mais pra rejeitar um convite meu.”

“E também sou esperta de mais para aceitar um sorvete com 2/3 de morango e só 1/3 de creme.”

“Maldade!!”

Eu ia responder, mas algo me tirou a atenção do celular, a porta abrindo...

—Desculpa a demora, tive que procurar uma amiga pelo lugar todo.- Viktor diz.

—Ah, não, sem problemas.- Levanto-me.

—Ailina, essa é Ashley.- Ele me apresenta a uma moça com cabelos lisos e negros meio acinzentados que iam até os ombros, seus olhos eram cinzas também. Ela era maior que eu, porém não maior que Viktor. Estava usando o que parecia ser uma camisa larga que ia até suas coxas, preta, com uma escrita branca e meio rasgada em certos pontos das coxas com um cinto preto na cintura, um tecido preto fino que ia até suas canelas “jogado” em seus ombros, uma bota de cano curto com franjas dos lados.

—Então ela é a tal?- Ela pergunta se aproximando de mim e me analisando. Eu olhava-a, sua cara era de alguém que parecia ter acordado a pouco tempo, seus cabelos estavam um tanto bagunçados, mas ainda sim eram bonitos.- Hm... tão bonitinha, né?

—...- Eu me encolhi um pouco e mordi o lábio inferior quando ela decidiu se aproximar mais de mim.

—Parece bem tímida, não acha?- Ela pergunta me olhando nos olhos, eu desvio o olhar.

—Ela é...- Viktor responde.- Mas nada como o tempo pra resolver isso.

—Ela vai precisar mais do que o tempo...- Ela afirma suspirando.- Isso é, se tiver tudo o que disse.- Virou para Viktor e apontou o indicador pra ele.

—Não, ela tem mais do que eu disse.

—Interessante...- Ashley afirma.

—... c-com licença...- Ergo minha mão, eles me olham.- M-Mas... o que exatamente eu tenho?

—Voz.- Ambos disseram juntos, eu franzi o cenho.

—Heh? Voz?

—É, voz.- Viktor fala, gesticulando.- Sabe?

—...- Eu abri a boca para questionar, então eu ergo as sobrancelhas surpresa.- O q...?! N-N-Nada d-disso!!

—Ah, vamos lá, Ailina.- Ashley passou o braço em volta de meu pescoço.- Não vai doer nada, é só soltar a voz!!

—M-M-Mas...

—Vamos, vamos! Nem machuca!- Ela me empurrou para a sala onde havia o microfone e fechou a porta, aquela sala era silenciosa, meus passos ecoavam nela.- Agora... acho que você pode começar.- Ashley fala num microfone do lado de fora.

—M-Mas...

—Cante o que quiser, sinta-se livre pra começar a hora que quiser, mas não demore muito!!- Ela sorri para mim.

Viktor e Ashley ficam me olhando, esperando alguma coisa de mim. Eu estava simplesmente paralisada no lugar, sem saber o que fazer, mexia em minhas mãos sem parar e comecei a olhá-las. Sinto meu pescoço esquentar atrás e não demorou muito para começar a suar ali e onde a franja estava. Eu comecei a me balançar para frente e para trás e a suspirar...

—Ailina?- Viktor chama, eu levo um pequeno susto e o olho.

—S-Sim...?- Pergunto ainda indo para frente e para trás.

—Não vai... cantar?

—A-A-Ah...- Olho para baixo novamente.

—Quer... que saiamos para você se acalmar um pouco?

—P-Por favor...- Falo baixinho.

Sinto a ausência dos dois me olhando, eles haviam saído. Pego meu celular quase que correndo e vou para a lista de contatos favoritos, clico sem nem pensar no primeiro número da chamada. Não demorou para a pessoa atender.

—A-Ai...lina...?— Ouço a voz do outro lado da linha, então me dou conta para quem liguei.

—...- Fiquei estática.

—P-Por... porque?

—...

—Está tudo bem? Você está bem?

—...

—...

—Ailina?

—...- Suspiro, por mais que eu estivesse mal com ele, ouvir sua voz ainda era reconfortante o suficiente para me acalmar.

—Está aí?

—...- Fecho os olhos, até mesmo sua respiração me acalmava.

—... diga alguma coisa, por favor.

—...- Suspiro novamente.- Obrigada...- Murmuro e desligo o celular.

Por menos intencional que tenha sido essa ligação, me ajudou bastante. Respiro fundo e fico pensando em algumas músicas...

—Pronta?- Ouço a voz de Ashley, eu olho para frente, ela e Viktor estavam lá novamente. Eu afirmo com a cabeça.- Então... comece.

—...!