Eu estava quase na sala, quando vejo minhas coisas voarem no ar e eu sendo empurrada…

—Waah!- Caio no chão, meus materiais todos em volta de mim.

—Desculpe! Desculpe!- Vejo Castiel falar com as mãos erguidas.- Escorreguei.- Ele sorri de canto maldosamente.

Vejo um pessoal passar por mim e se juntar a ele, eles estavam rindo…

—…- Suspiro e começo a recolher minhas coisas do chão, quando termino, levanto-me e limpo minha saia, volto a andar para a sala como se nada tivesse acontecido.

Ao chegar lá, vejo as pessoas todas conversando e brincando, eu me sento ao lado da janela, na penúltima carteira, um lugar tão confortável… sempre gostei desse canto, mesmo na outra escola, só me sentava do lado da janela.

Depois de um tempo, noto a presença de um professor na sala, agradeço silenciosamente por isso, as pessoas se aquietam e a sala fica um silêncio…

—Bom dia, alunos.- Ele começa a falar.- Bem, hoje temos uma aluna nova.- Ah não…- Ailina Blanche, poderia vir se apresentar aqui na frente?

—Não.

—S-Sim…- Me levanto e vou até lá, ouço cochichos.- S-Sou Ailina Blanche, p-prazer em conhecê-los.- Falo baixo, odeio apresentações! São tão vergonhosas!

—O que?! Professor! Não tem ninguém aí!! Do que está falando? Não temos aluna nova coisa nenhuma!- Ouço Castiel zoar, a sala inteira ri.

—Calem-se! Senhor Castiel! Deveria ser mais gentil com a sua irmã…

—Que irmã? Ele é filho único professor!!- Uma garota de cabelos ruivos diz, a sala ri.

—Já chega!! Quem fizer brincadeirinhas de mal gosto vai para a diretoria!!- A sala fica quieta.

—Tudo bem… não ligo para esse tipo de coisa…- Digo baixo para o professor.

—Pode sentar-se já.- Ele diz para mim.

Eu estava indo em direção ao meu lugar quando, do nada, caio no chão, ouço mais risadas ainda…

—Senhorita Ambre!!- O professor repreende.

—Desculpe! Desculpe!- Uma loira diz, me olha e sorri maldosamente.

—Gentis, é? To vendo a gentileza das pessoas daqui…— Penso comigo, levanto-me e vou para o meu lugar.

É… isso vai demorar…

X-x-x-X

Deu o sinal que indicava o intervalo…

—Ainda bem… metade já foi.— Penso aliviada.

Levanto-me de minha carteira e vou seguindo para o pátio, ao chegar lá, vejo pessoas em grupos diferentes, não me vejo a vontade naquele lugar, então continuo andando por lá, até chegar em um canto mais afastado daquele pessoal todo, havia uma árvore ali…

—…- Sorrio ao ver natureza por ali.

Sigo até a árvore, sento-me abaixo da mesma, coloco meus fones e ligo a música, abro meu livro que peguei hoje cedo na biblioteca e começo a lê-lo, era tão interessante… eu havia adorado aquele livro!

Estava tão bom ler e ouvir música… como se eu nem estivesse ali… é como se eu estivesse onde sempre estive, no campo de flores do orfanato, embaixo de uma árvore lendo entre as flores, naquele momento, ali, no jardim de uma escola, aquilo era uma falsa realidade tão boa.

Sinto alguém me cutucar, olho para cima, vejo o loiro de hoje cedo…

—Olá.- Ele sorri.

—Ah, oi.- Sorrio.

—Ãhn… desculpe a pergunta mas… porque não está junto, ãhn… do seu irmão?- Ele pergunta, eu sorrio fraco.

—Não, obrigada, não o considero uma pessoa agradável, prefiro ficar longe dele.

—Entendo…- Ele diz com um sorriso sincero.- Posso?- Ele aponta pro meu lado.

—À vontade.- Dou um espaço para ele, ele se senta.

—Então… o que está lendo?

—Nada de mais… apenas o que gosto.

—Hm… botânica?- Ele olha para o livro, em seguida, me olha.

—É.- Sorrio.

—Você gosta de botânica?

—Amo.

—Heh… diferente.- Ele ri.- Você lê algum tipo de livro a mais?

—Ãhn… não, até hoje eu não li outro tipo de livro além de botânica.- Digo pensativa.

—Como?- Ele me olha surpreso.- Você é normal?

—Ãhn… sim?- Rio.

—Já experimentou ler romance policial?- Ele pergunta.

—Não.

—Tente um dia, é divertido.- Ele sorri, eu retribuo o sorriso.

—Claro, hoje posso ver algum na biblioteca que tem lá em casa… isso é, se eu não me perder no caminho…- Murmuro a última parte, ouço-o rir.

—Jura? Se perder em casa?

—Sim! Já viu aquele lugar? É imenso!- Digo-lhe.

—Não, nunca entrei lá.

—Jura?

—Sim.- Ele sorri e se levanta.- Bem, agora tenho que ir, até mais.

—Ah! Espera!

—O que foi?

—Ainda não sei seu nome…- Digo-lhe sem jeito.

—Ah, perdão, é Nathaniel.- Ele sorri.

—Nathaniel… bonito nome.

—O-Obrigado…- Ele desvia o olhar.- B-Bem, até mais.

—Até.

Nathaniel é uma boa pessoa, acho que a pessoa mais gentil que conheci nessa escola até agora.

Eu continuei lendo meu livro e ouvindo minha música, quando, de repente, vejo meu livro voando de minha mão…

—Eh?- Olho pro lado e vejo-o ali jogado, olho para cima do lado oposto, vejo uma garota loira com mais duas outras garotas, nenhuma delas estavam com uma cara boa.

—Oras, oras, oras… o que temos aqui?- A loira diz com cara brava.

—Está falando comigo?- Pergunto.

—Não se faça de boba! Claro que estou falando com você!- Ela diz brava, eu me levanto e vou até o meu livro, pego-o do chão, estava bem.

—Lamento… deve estar brava com a pessoa errada.- Digo-lhe.

—Não se faça de idiota!- Sinto meu livro cair de minhas mãos, a garota de cabelos castanhos o jogou no chão.

—Hey!- Protesto.- Não faça isso!

—Heh… porque não faria?- A morena ri.

—…- As três me cercaram, a loira me encarou com cara brava.

—Quem você pensa que é para ir se atirando no meu irmão desse jeito, hein vadia?- Ela pergunta, me sinto ofendida, mas…

—Quem é seu irmão?- Pergunto confusa.

—Nathaniel! Quem mais seria?- Ela pergunta me empurrando, eu cambaleio mas não caio.

—Ele é seu irmão?- Nem parecem irmãos… ele é tão gentil… já ela… não posso dizer o mesmo.

—É! É sim! E eu quero você bem longe dele!- Ela aponta o dedo indicador para mim.- Caso contrário, terá as consequências! Avisada!

—…

—Vamos meninas!- Ela estala o dedo e as garotas vão atrás dela, elas param.- Ah! Mas antes…- Elas voltam e me empurram, eu caio com tudo no chão.

—…!- Sinto a dor do chão, elas riem e vão embora.

Só… quero que esse dia acabe logo.