POV. Spencer

“Eu não sei o que aconteceu... Eu escuto vozes, escuto gritos, mas não enxergo nada. Tudo que me lembro é de estar dirigindo e um cervo surgiu no meio da estrada. Pelo menos, eu acho que foi um cervo... Bom, já dá para ter uma ideia do que me aconteceu. Mas porque tem tantos gritos, eu estava sozinho. Bom... Ainda estou, eu acho.

Está tudo escuro, eu não enxergo nem minha mão diante dos meus olhos. Se é que estou com minha mão diante dos meus olhos. Me sinto pesado, e ao mesmo tempo eu não sinto nada. É como se estivesse suspenso em algum lugar estranho. Talvez no fundo da minha mente, em uma das muitas partes inexploradas. Talvez eu tenha morrido e realmente não haja nada do outro lado, só essa imensa escuridão.

Mas essas vozes, todo este barulho agonizante, o que tudo isso significa? Estou no inferno? Gritos, berros, rosnados, vozes recitando palavras desconexas. Isso parece bastante a minha ideia de inferno. Não fui uma pessoa tão boa, talvez eu mereça estar aqui.

— Eu posso ver você.

Ouço uma voz sussurrar em meu ouvido. Próximo demais pro meu gosto. Tento responder, mas eu não ouço minha voz sair.

— Eu posso ouvir você

Ouço novamente, mas é uma voz diferente. O que está acontecendo? As vozes se intensificam a minha volta, gritos aterrorizantes que me fazem tremer, rosnados ameaçadores. Eu sinto como se estivesse me encolhendo, tentando me proteger dos horríveis sons. Mas é tudo em vão.

Meu nervosismo aumenta, e estou gritando para que todos calem a boca. Os gritos desconexos se tornaram ameaças. Sinto vultos a minha volta, quase tocando em mim. Meus berros aumentam a medida que meu terror também aumenta.

Desperto berrando. Estou deitando em minha cama, sinto os braços dela a minha volta, encaro seus olhos de um azul tão claro que me relaxam automaticamente. ”

POV. Melanie

“- Spencer, você está bem?

Ele me olha, ainda levemente assustado, pode não parecer para a maioria das pessoas, mas eu realmente gosto dele, realmente me preocupo.

— Estou bem, Mel, agora estou ótimo.

Ele me beija de forma delicada e voltamos a nos deitar.

— Volte a dormir, Spen...

Eu gosto dele, mas eu preciso do seu medo para sobreviver. Eu sinto muito, Spencer, mas os pesadelos são apenas o começo.”