Para Ter Você (Divergente) escrita por Giovannabrigidofic


Capítulo 10
Capítulo 9 - Juntos


Notas iniciais do capítulo

Hello, amores! Voltei :D
Esclarecendo uma "obs" sobre o cap. anterior: o Oliver é um personagem meu, espero que gostem dele ;)
Dedico esse capítulo ás fofas Myh Senna, sazevedoeaton, husseinghosn, Cainne Pattinson e DM ♥ Obrigada, lindaaaaaas!!

Boa Leitura



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Uma brisa suave jogou meus cabelos soltos para trás dos ombros. Mesmo sob o guarda-sol, os raios da tarde acompanhado de uma ventania constante fazia com que eu pestanejasse a cada folha que caia da mesa. E eu estava com uma gigantesca preguiça de pegar uma por uma após ter feito isso meia hora antes. Sorte a minha é que um tinha colocado o estojo sobre a pilha de relatórios e quantidade delas no gramado tinha diminuído um pouco.

— O médico recomendou repouso, senhorita.

Zoe tocou meu ombro e o apertou de leve.

— Eu já estou muito melhor, posso voltar ás minhas atividades normais. Não aqui, porque daqui alguns dias voltarei para o meu apartamento, então...

Ela colocou a bandeja com um lanche sobre uma parte desocupada da mesa e enquanto punha tudo no lugar, falou:

— De qualquer forma, você precisa se cuidar.

Olhei para a minha barriga debaixo da camisa. Ela - e todas as outras roupas que eu estava usando - pertencia á Eva, a prima de Tobias que estava estudando em Yale e deixara boa parte de suas roupas por aqui, após uma longa temporada. Zoe quem tinha me falado uma hora, quando eu a indaguei sobre tantos objetos femininos naquela casa, uma vez que poderiam ser de Cara - opção logo descartada porque, de acordo com minhas suposições, ela nem devia aparecer aqui.

— Posso garantir que estamos muito bem.

Girei a caneta entre os dedos e voltei a fazer apertar suas pontas contra as teclas da calculadora, em seguida, verificando o resultado com os do relatório. Concentrada demais para observar qualquer movimento, Zoe chamou minha atenção parada e quieta, com os grande olhos verde-escuro me assistindo sem um pingo de vergonha.

— O que foi? - perguntei. Ela apertou as mãos, as massageou e limpou no avental.

— Você não tem medo? Não se sente mal pelo que está fazendo? Como vai conseguir entregar essa criança depois?

Sua palavras vieram inesperadamente para mim, como se qualquer outra coisa quanto relembrar meu pior arrependimento de estar ali, viesse á tona. Tantas perguntas, nenhuma resposta. Eu já sentia um aperto no peito só por ouvir o que temia.

  - Mulheres assinam contratos assim todos os dias. Porque seria um problema para mim?

Ela meneou a cabeça.

— Você é uma boa moça e posso ver de longe que não tem capacidade para não se apegar á criança. Vai chegar o dia que você se arrependerá de sua escolha.

— Eu não vou - disse, incomodada com o assunto.

Pigarreei e coloquei um fio solto do cabelo atrás da orelha, me remexendo na cadeira.

— Você está muito ocupada? Se não, poderia trazer para mim outra calculadora, acho que está aqui, quebrou.

Zoe inspirou profundamente.

— Claro que posso.

Ela se foi com uma bandeja vazia, deixando-me á mercê de pensamentos nada agradáveis sobre o futuro e uma calculadora com uma tecla em falta.

(...)

Eu queria evitar de todas as formas voltar acariciar minha barriga. No entanto, era inevitável enquanto me remexia na cama, sem sono algum. Não que eu estivesse enjoada ou algo assim, era uma ruga de preocupação mesmo, daquelas que você tem sem razão aparente; de todo modo, ela está lá, incomodando, fazendo "toc, toc" na sua cabeça.

Primeiro tinha sido a conversa com Zoe. Depois, ter jantado sozinha após Tobias não ter voltado da empresa; nós tínhamos planejado conversar sobre Oliver e no entanto, ficara sozinha esperando, até resolver subir.

Joguei a coberta para o lado e levantei, vesti o cardigã amarelo que deixara sobre a poltrona e dobrei os braços. Descalça, desci os degraus até o primeiro andar e caminhei até a cozinha. Bebi um copo de água e peguei uma vasilha transparente com cookies dentro. Fiquei ali, sentada na bancada passando o tempo comendo e observando os ponteiros de minuto e segundo andarem.

De repente, Tobias entrou alvoraçado na cozinha, me espantando e á ele mesmo por encontrar-me ali.

Pareceu perdido por um milésimo de segundo e após colocar a maleta que segurava na mesa, indagou:

— Não deveria estar dormindo? - seus olhos estavam vermelhos, os cabelos bagunçados e a roupa amarrotada denotavam seu cansaço evidente, ainda mais por ver-me ali.

Ele tinha chorado.

— Não estou com sono.

— Já se perguntou se ficar madrugando vai fazer bem ao bebê?

Balancei a cabeça em concordância.

— Ele está com fome, não seja chato.

Fitei meu abdomen e coloquei minha mão sobre ele. Uma sensação agradável deu partida dali e se espalhou rapidamente pelo meu corpo. Alisei-o mais uma vez, confiante.

Tobias sentou numa banqueta após pegar uma garrafa de água da geladeira. Ele bebeu quase metade do conteúdo, concentrando sua atenção num lugar qualquer. De repente, seus olhos focaram-se tão forte nos meus que abaixei a cabeça, desconcertada. 

— Li alguns dos relatórios de Michigan hoje - abri a boca para quebrar o silêncio. Ainda estava chateada pela forma que ele falara comigo dias antes e ainda por cima, o desejo de ter aquele bebê para mim estava me inquietando. Talvez fora melhor não ter falado nada á ele. Ou não. Eu já nem sabia mais o que fazer.

— Você só sabe falar em trabalho?

— Se tiver algum assunto melhor em mente... - sugeri. Eu não queria forçá-lo a falar sobre seu recente estado emocional. Mas ele respondeu e eu supus que era minha obrigação dizer algo. - Como vão as coisas com o Ollie?

Um lampejo de tristeza invadiu sua expressão.

— A guarda dele é a pior parte de lidar - esfregou as mãos no rosto.

— Mas pode arranjar um jeito de trazê-lo apenas para umas "férias", sabe? Uma estadia temporária.

— Marcus jamais permitiria isso. A não ser que... - ele analisou a situação. Repentinamente parecia estar surpreso e feliz, como se tivesse encontrado a solução para todos os seus problemas. E talvez tivesse mesmo.

Com um sorriso estonteante e largo, Tobias levantou e antes que eu pudesse simplesmente raciocinar seu ato, abraçou-me pela cintura, colocando-me de pé. Confusa, retribui o abraço, dando pequenas batidinhas em suas costas. Sem opção encostei rapidamente a cabeça em seu peito, recordando-me do odor leve da sua colônia impregnada na camisa, algumas madrugadas anteriores quando ele me carregara e agora, quando ele parecia estar realmente sentindo-se contagiante. Sorri compartilhando com ele aquele sentimento novo que repentinamente, brotara dentro de mim. Acho que depois de muito tempo aquilo se chamava felicidade. Embora eu não soubesse o motivo.

(...)

Uma tempestade despencava do lado de fora da janela. O forte retumbar de um trovão, á metros dali, me fez tremer e puxar a coberta até o pescoço. Senti um frio na espinha e a impressão que eu tinha era de estar lá fora, sentido as gotas grossas d´água baterem nos cabelos e ombros, escorregando até a ponta dos pés.

Aquela sensação medonha estava me tirando a paz restaurada horas antes, a melancolia da madrugada instalando-se em meu íntimo sem explicação alguma, embora eu fizesse esforço para voltar ao dormir. Foi quando lembrei que Tobias estava no quarto ao lado e uma inesperada vontade de pedir sua companhia me veio a mente.

— Que bobagem - falei para mim mesma. - È lógico que eu não faria isso. Nunca.

Ele estava muito feliz. Eu vira de perto que sua ideia em relação á Oliver seria concluída com sucesso e o menino não sofreria mais com a pressão contínua do pai, Marcus. Tobias traria seu irmão com o pretexto de uma estadia temporária ali, o motivo seria não deixá-lo sozinho na mansão Eaton. De algum jeito, supus, Tobias enrolaria tanto os pais que Marcus não teria alternativa a não ser permitir que Oliver ficasse com o irmão mais velho.

Minha visão sobre isso era clara: daria certo. 80% de chance, para ser mais exata.

Mesmo não conhecendo Ollie pessoalmente, eu sentia que ele precisa de ajuda, de atenção. Seria meu dever ajudar de alguma forma, até pensar nele era um jeito de demonstrar meu carinho.

Abafei um grito no travesseiro quando outro som eclodiu do lado de fora e me encolhi como um caracol.

Se o Caleb de antes estivesse aqui, talvez o medo não me assombrasse. Ele me abraçaria fortemente, contaria alguma história "nada a ver" e diria que eu era uma boba por estar aos prantos. Porque depois de pensar nele e em tudo o que tinha feito para nossa família, minhas bochechas estavam molhadas e continuariam daquele jeito por longos minutos.

Ambicioso, á princípio. Desde pequeno seu lema era mais e mais, nunca parar, sempre ter. Tínhamos afinidade por ter objetivos próximos, embora nossa diferença de idade marcasse quase 7 anos.

Ele se distanciou aos poucos, decepcionando-nos, sendo rude  e destruindo ser caráter. Eu nunca o perdoaria por ter levado nossa prima para o poço que ele se jogara. Christina era filha da mulher que dera tudo para cuidar de nós, eu não via razão para tamanha ingratidão.

Caleb me mostrou que há decepções capazes de quebrar nosso coração de uma maneira surpreendente.

Engoli o choro e fiquei estática quando batidas na porta invadiram meu quarto. Segurando o ar, fingi não ter ouvido. No entanto, elas prosseguiram e quando menos esperava, o ruído suave da porta sendo aberta aguçou meus sentidos.

— Beatrice? - sussurrou, incerto, Tobias.

Não respondi.

— Achei que a tivesse ouvido, está tudo bem? - á medida que ele perguntava, sua voz ficava cada vez mais próxima.

Ele precisava manter distância ou me veria acabada. Aquilo passou tarde demais pela minha cabeça.

— Você... - ele acariciou meu cabelo. - O que te fez chorar? - murmurou baixo. Seus dedos ágeis e gentis secaram minhas lágrimas, afastando  os fios molhados e grudados da face e colocando-as atrás da minha orelha. - Tris...

Não me contendo mais, abri os olhos, assustando-o. Ele cambaleou para trás, o rosto quase tocando o meu agora encontrava-se surpreso e distante. Mordi o lábio e fechei os olhos de novo, segurando com minhas últimas forças a enchente de soluços guardados. Eles saíram sem que eu pudesse dar permissão. Vieram me fazendo ter espasmos e ter a impressão de estar dilacerada.

Os braços fortes e confortantes de Tobias me envolveram e encostei minha cabeça em seu peito, sentindo-o acariciar meus cabelos e costas.

— Shiu... - disse baixinho. - Vai ficar tudo bem...

Não tinha como tudo ficar bem. Uma hora tudo estava ótimo. De repente desmoronava. Praticamente uma montanha russa; e como eu as odiava.

— Me-me desculpa, e-eu.... - disse, esquivando-me dele e passando o dorso da mão por toda extensão da fronte.

Ele estava sentado na cama, me fitando com a fisionomia tranquila mas preocupada.

— Não se desculpe por chorar. As vezes é preciso liberar aquilo que guardamos por tanto tempo.

Funguei.

— Certas coisas magoam muito - foi o que eu disse.

— Sou todo ouvidos.

Com toda a delicadeza possível, ele pegou minhas mãos jogadas ao lado do corpo e as segurou.

— Olha, eu estou muito emotiva, são os hormônios, não é nada demais, ok? Não precisa... - abaixei os olhos.

— Eu quero retribuir o que você está fazendo por mim, Tris. Ouvir. Somos amigos, não somos?

— Somos?

— Depende de você.

Eu esperava não me arrepender depois...

— Está com sono? A história é longa.


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Notas finais do capítulo

Tobias consolando a Tris ♥ ♥ O que vcs acharam?
Já estou terminando o próximo cap., mas ele não tem previsão, ok? Não fiquem chateadas!
Beijos de chocolate!



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